Maria, Where Did You Go? escrita por Ldebigode


Capítulo 7
Horror film, true or dare and beer


Notas iniciais do capítulo

esse é o maior capítulo que eu já fiz oaskpaoska desculpa a demora pra postar, é que eu to viajando e a internet aqui é horrível :c ah, eu to muito feliz com todas as reviews (chegamos à 20! yaay!) e eu adoro quando vocês comentam c: eu leio todas e adoro cada uma! enfim, aproveitem a leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/184166/chapter/7

O microondas apitou e tiramos o saco com as pipocas quentes de lá. Peguei um pote grande em cima da pia, despejando toda a pipoca dentro dele.

— Anda, gente, já vai começar! – gritou Billie.

Tré e Mike pegaram duas garrafas de Coca-Cola e foram para a sala. Levei o balde de pipoca logo atrás. Quando cheguei na sala, as luzes já estavam apagadas e o filme estava começando. Pulei no sofá junto com Tré e Billie e Mike ficaram no outro.

— Qual é o filme mesmo? – perguntei.

— Jogos mortais – respondeu Mike.

— Ah não gente, terror? – disse Tré.

— Você não presta mesmo atenção no que a gente fala né? – disse Billie, fazendo eu e Mike darmos uma risada baixa – É, é terror sim.

— Ah meu Deus, dois medrosos em um sofá só – falou Mike. Eu e Tré demos a língua pra ele, fazendo-o rir.

O filme começou. Mal apareceu aquele palhaço emo chamado Jigsaw e eu já fiquei com medo. Aliás, eu e Tré. E foi assim o filme inteiro: eu e Tré nos agarrando (por favor não pense besteira) de medo e Billie e Mike se cagando de rir.

— Podem parar de rir por favor? – disse Tré em uma determinada parte do filme em que eu não conseguia largar sua mão – A situação tá crítica aqui!

— Desculpa... – disse Billie, entre risos. Mas ele não parecia se desculpar – Mas é que... É muito... Engraçado!

— Não seria engraçado se fosse com você, idiota!

— Mas não é comigo, então eu posso rir a vontade!

Finalmente aquela tortura acabou e já eram quase 22h. É, nem tava tão tarde né? Mas depois de um filme de terror, principalmente para medrosos, tudo parece tenebroso. Até de dia.

— Vocês querem comer alguma coisa? – gritou Billie, da cozinha.

— Não – falei.

— Eu quero – gritou Tré.

— Vem pegar.

Eu ri e Tré revirou os olhos, logo depois se levantou e foi até a cozinha.

— Maria – disse Mike – você tem mesmo tanto medo de filme de terror assim?

Fiz que sim com a cabeça.

— Desde pequena. É um trauma, sei lá.

— E você e o Tré em...

— Ah para! – falei rindo, e corando.

Tré e Billie voltaram da cozinha com duas garrafas de cerveja e um pacote de salgadinhos.

— Um pacote só? – perguntou Mike – Vai ter guerra.

— Podem até tentar pegar de mim, nunca vão conseguir – disse Tré, “abraçando” o pacote, nos fazendo rir – Meu precioso!

— Quer cerveja, Maria? – ofereceu Billie.

— Ahn... Não, obrigada.

Fiquei sem graça de dizer “eu não bebo” ou então “sou menor de idade”. Acho que ia parecer careta demais. Gente legal e popular sempre faz parecer que as coisas erradas são as coisas maneiras. E, de fato, são.

— Maria, cuidado – disse Tré – o Billie fica maluquinho quando ele bebe.

— Não é verdade! – defendeu-se Billie, já rindo.

— Viu? Já começou a rir. Daqui a pouco vai começar a contar histórias e quando você menos esperar ele vai estar fazendo xixi no armário.

A última parte me fez gargalhar, mais alto do que eu havia planejado. Logo todos acompanharam minha gargalhada e riram junto.

— Pô cara, vai queimar o filme do Billie com a Maria – disse Mike, ainda rindo – mas Maria, cuidado, é verdade mesmo.

— Acredito que seja mesmo.

— Ei!

— Você não bebe mesmo, Maria? – perguntou Tré.

— É, só de vez em quando.

A verdade era que eu não bebia nunca. Da primeira vez que bebi, eu tinha 15 anos. Estava na festa de 18 anos de meu primo Patrick, e os pais dele não estavam lá, vale constatar. E tinha muita bebida. Tipo, muita bebida mesmo. Se você pedisse coca-cola te achavam com cara de babaca. Daí eu bebi. O primeiro gole desceu queimando pela minha garganta e eu quase cuspi tudo. Mas comecei a beber mais, e mais e mais. Não me lembro muito daquela festa, só sei que saí tão bêbada, que a minha sorte foi que Dan me encontrou dormindo em uma sarjeta. Imagino o quão constrangedor foi aquilo, por isso eu não bebo mais.

— Ainda ta cedo, querem fazer alguma coisa? – perguntou Billie.

— Ver você ficar bêbado tá nos planos? – disse Tré, nos fazendo rir de novo.

— É sério, cara. Sei lá, verdade ou conseqüência?

— Verdade ou conseqüência? – disse Mike – isso é coisa de gente, sei lá, da sexta série.

— Desculpa né, se eu só tava tentando ajudar.

— Hm, até que não é uma ideia tão ruim – falei, e os três olharam pra mim – Ei, calma!

— Se você quer, então eu também – falou Tré. Achei isso um pouco puxa-saquismo mas deixa pra lá. Por que um cara como ele iria ser puxa-saco de uma garota como eu?

— Então ta, eu também – disse Mike.

— Ah – disse Billie, indignado – quando é a Maria que fala vocês aceitam, quando sou eu vocês só me sacaneiam né seus babacas.

Mike e Tré riram. Billie se levantou e pegou uma garrafa vazia pra usarmos na brincadeira.

— Quem gira primeiro? – perguntou ele.

Tré se ofereceu. O fundo da garrafa estava virado pra mim, e o bico para Mike.

— Verdade ou consequência? – perguntou ele.

— Verdade – respondi. A verdade dói, mas nem tanto como as consequêcias.

Mike colocou a mão no queixo e começou a pensar. Aposto que ele estava pensando em uma maneira bem cruel em me envergonhar na frente deles.

— Então, Maria, como você é nova na família – ele disse “família”? Meu Deus! – eu vou pegar leve com você ok? Mas a partir de amanhã isso muda, não se acostume – eu ri, para tentar esconder o desespero.

Jogos desse tipo sempre me deixavam nervosa. Lembro da primeira vez que beijei um garoto, foi em um desses jogos. O pior foi que a consequência era “beije o menino mais bonito da roda”, e eu beijei Jim, o menino que eu gostava na época. Eu só tinha 13 anos, e desde aquele dia os “amiguinhos” de Jim me perseguiam pra me sacanear. Depois disso eu e Jim até saímos umas vezes, ficamos, mas nada sério. Ele tinha se mudado pra algum fim de mundo, aí saiu do colégio. Eu me lembro que, no último ano dele no colégio, ele já estava pra fazer 16 anos e tinha repetido o ano. Ele virou punk, e só o chamavam de Jimmy. Isso é irônico, por causa da música St. Jimmy. Uma vez ele tocou essa música pra mim na frente da escola. Eu gostaria de encontrar Jimmy de novo, eu realmente gostava dele, acho que talvez a gente tivesse namorado se ele não tivesse se mudado.

— Então... Pessoa que você mais odeia? – perguntou Mike.

— Essa é difícil, tem muitas. Mas acho que meu pai.

Mike e Tré arregalaram os olhos.

— Como assim?! – perguntou Mike, assustado.

— Sabe como é, eu sou a pessoa mais fodida que eu conheço. Ele me bate desde que eu tenho cinco anos, o que eu faço nunca é o suficiente pra ele, e ele me trata como se eu fosse um soldado. Eu o odeio.

Silêncio.

— Então, quem gira agora? – perguntou Tré.

— Eu? – falei.

Girei a garrafa. O fundo da garrafa estava para mim e o bico para Tré.

— Verdade ou conseqüência? – perguntei.

— Consequência.

— Hm... – eu estava tentando não ser cruel e parecer muito cruel ao mesmo tempo – Então... Lambe a sola do sapato do Billie.

Mike e Billie riram muito, mas muito alto. Como eu ainda não havia visto. Tré resolveu rir junto, e eu acabei me juntando a eles.

— Ah Maria, sério?

— Aham.

— Ah, qual foi! Isso é muito cruel! – ele se aproximou de mim e sussurrou, alto o suficiente para que Billie ouvisse – Você sabe por onde o Billie anda?

— Ei! – gritou Billie.

— Ok, ok, eu escolho outra coisa.

Tré comemorou internamente enquanto eu pensava em outra conseqüência.

— Então imita uma galinha – falei. Não sei porquê, galinhas sempre me fazem rir. Quando não estão correndo atrás de mim, claro.

— Uma galinha? Não pode ser um galo?

— Ah, imita logo essa porra Tré! – gritou Mike.

Ele se levantou e começou a imitar uma galinha. Todos rimos muito, mas teria sido muito mais engraçado se ele tivesse lambido a sola do sapato de Billie. O jogo seguiu assim, Billie para Mike, Tré para Billie, Mike para Tré, Mike para Tré de novo, até que chegou Tré para mim.

— Ahá, minha vingança! – disse ele.

— Bem gente, depois dessa vocês se importam se eu dormir? – falei, bocejando.

— Já? – perguntou Billie – Tá cedo, fica mais um pouco.

— É, Maria, cuidado – disse Mike – o Jigsaw deve estar te esperando na sua cama.

Enterrei a cabeça nas mãos e comecei a rir.

— Ah, gente, para!

— Ok, ok. – disse Tré – Verdade ou consequência?

— Consequência – nada poderia ser tão ruim como quando beijei Jimmy, então resolvi pedir consequência mesmo.

— Estava esperando você pedir isso – ele sorriu maliciosamente – beije o cara mais bonito daqui.

Puta merda.

Era esse o meu trauma cara, e eu nem me dei ao trabalho de contar de quando beijei Jimmy. Ah não cara, fodeu tudo.

— Ah não Tré, porra, isso é cruel. Tu só ta fazendo isso porque eu sou a única menina aqui. Sacanagem isso.

— Pô Tré, sacanagem mesmo – disse Billie.

— Ah, qualé – disse Tré, fazendo bico – Eu só tava curioso, desculpa.

— Ta, tudo bem – falei, soltando um sorriso – Então, outra consequência.

— Ok... Então dance no meio da roda a dança mais sexy que você conhece.

Mike e Billie falaram algo como “uuuh” baixinho, esperando que eu não ouvisse.

Mas, porra, fodeu. A dança mais “sexy” que eu conheço é funk, e eu me recuso a dançar alguma coisa assim. Foi impossível que eu não corasse naquela hora.

— Valeu em, Tré. – falei.

Tré riu.

— Então, vai dançar o que?

— Calma, calma, não me apresse.

Pensei um pouco. O melhor mesmo era que eu dançasse e aquilo acabasse de uma vez. Todos estavam bêbados mesmo, amanhã não se lembrariam de nada. Então me levantei e andei até o meio da roda. Eles se afastaram um pouco pra me dar mais espaço.

— Vai querer música? – perguntou Tré, só pra me provocar.

Eu ri, mas dei o dedo do meio pra ele.

— Por quanto tempo eu tenho que fazer isso? – perguntei.

— Sei lá, um minuto? – disse Tré.

— Então contem aí. Eu não vou fazer mais que um minuto.

Daí comecei. Até hoje não acredito que dancei funk na frente de três caras naquela noite. E o pior, por um minuto inteiro. O que me confortava é que eles estavam tão bêbados que estavam rindo de qualquer coisa.

— Pronto Maria, acabou – falou Tré, olhando o relógio e rindo – Onde aprendeu a dançar assim?

— As vadias da minha escola me ensinaram.

— E você aprendeu bem – falou Billie, me fazendo corar. Pelo menos eu sabia que ele estava bêbado.

— Eu vou dormir. Boa noite pra vocês aí.

— Boa noite – disseram eles.

Fui para meu quarto. Estava muito calor em San Francisco aquela noite, e como era só eu no meu quarto, tirei a calça e dormi daquele jeito mesmo.

Quando já eram quase três horas da manhã todas as cenas do filme voltaram à minha cabeça, como sempre. Em um determinado momento eu não consegui mais dormir. Levantei da cama, peguei um shorts na minha bolsa e andei até o quarto de Tré. A porta estava aberta e o vi esparramado na cama. Andei até ele, e o chamei.

— Tré – falei, baixo, mas o suficiente para que ele ouvisse – Tré!

— Hã? – ele acordou, assustado – ah, oi Maria.

— Posso... posso dormir com você?

— Ta com medo do filme né?

Assenti, envergonhada.

— Deita aí.

Me deitei do lado dele, e ele se deitou de costas pra mim.

E depois, que nem uma criança quando dorme com os pais, eu consegui dormir tranquila.
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]-->

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Ta bom, ta ruim? Ta dando vontade de vomitar? Enfim, deixem reviews aoskapskoaksa
amo vocês, xox L