Antes das Seis escrita por Moony


Capítulo 4
Lua




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Capítulo 4 – Lua

Em tempos de lua crescente, Remus costuma ficar extremamente explosivo, e o melhor que tenho a fazer, por amor à minha vida, é permanecer longe, ou pelo menos quieto.

Estávamos, pois, entrando na semana de lua crescente. Dentro de mais sete dias Remus estaria mais uma vez se transformando em lobo e eu estaria mais uma vez o enchendo de cuidados e... Oh, merda... Como, se ele voltou a me evitar?

“Você podia ter escolhido um momento melhor, não acha? Você sabe como ele fica nessa lua, vocês vão acabar discutindo...”

“Isso acontece em qualquer lua, James...”

É, talvez eu realmente não tenha escolhido o momento certo... Mas qual seria então? Eu já tinha decidido que se fosse parar pra pensar em como acabei me apaixonando por um amigo ia acabar ficando confuso de novo, então o melhor a fazer seria simplesmente partir pro ataque... No bom sentido, claro.

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No dia seguinte acordei cedo demais. Remus, na cama ao lado, ainda dormia. Caminhei vagarosamente até lá e me sentei ao seu lado, tomando cuidado para não acordá-lo; ele tinha sono leve nessa lua. Maldita lua!

Ajeitei melhor o lençol nele, mas não sem antes perceber que o short que usava estava meio levantado, deixando aparecer boa parte da sua coxa, que, aliás, faria inveja a muita garota por aí... Remus não era tão magro, afinal... Ele se mexeu de repente, resmungando alguma coisa, e depois voltou ao silêncio. Devia estar sonhando. Voltei pra minha cama, infeliz, imaginando se um dia ele voltaria a falar comigo.

Depois de mais ou menos uma hora os rapazes começaram a despertar. Fechei as cortinas da minha cama, deixando só uma brechinha para olhar Remus, decidido a fingir que ainda estava dormindo.

Como já era previsto, Remus acordou reclamando de tudo, desde uma meia perdida, até ao sol, que segundo ele estava quente demais. James e Peter permaneceram sabiamente calados. Moony, depois de voltar do banheiro, foi se vestir. Estranho como eu nunca tinha reparado nisso... Ele se vestia afoitamente, resmungando sabe-se lá o quê, e eu apenas o observava. Não, definitivamente não era tão magro como eu imaginava... Apenas um pouco pálido e... Merlin, que coxas...

“Pad, acorda...”

“JAMES!”

Remus, que acabava de abotoar sua calça, e Peter se viraram imediatamente para mim. James ainda mantinha o braço estendido, pois provavelmente ia me cutucar pra que eu acordasse, e estava visivelmente assustado.

“Calma, Sirius, ele só ia...” - Remus começou, mas se interrompeu quando seu olhar se desviou para baixo. Ele então corou furiosamente, olhou para suas roupas jogadas na cama, pareceu se dar conta de algo e saiu correndo do dormitório com a camisa e a capa na mão.

Dez segundos depois, nos quais eu ainda não tinha absorvido o que acontecera, ele voltou, pegou a gravata, as meias e os sapatos e parou diante de mim. Pareceu pensar um pouco e então finalmente...

POFT

Remus me socou e depois saiu mais uma vez do dormitório. James ria com gosto e Peter parecia não saber muito bem o que pensar.

“Pára de rir, infeliz, e me ajuda!” - reclamei, e James me ajudou a me sentar de novo na cama; o soco de Remus tinha me derrubado. - “O que foi isso, exatamente?”

James, ainda rindo, apontou para o meu short. Olhei para baixo e então compreendi...

“Acho que você andou se animando um pouco demais com a vista privilegiada que tem dele.” - ele falou, baixinho para que Peter não ouvisse.

merdamerdamerdamerdamerda

“Relaxa, vai. Dentro de alguns dias as coisas entre vocês voltam ao normal.” - James tentava me tranquilizar. Eu, porém, ainda achava que a melhor alternativa seria me jogar da torre de Astronomia.

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Aula de Herbologia. Estávamos caminhando até as estufas e aproveitei para me aproximar de Remus, que andava a passos firmes com uma cara de poucos amigos terrível.

“Remus, eu...” - tentei. Ele apenas apressou o passo, tentando se misturar com os outros alunos, mas eu ainda o alcancei e o segurei pelo braço, o obrigando a ficar pra trás do grupo. - “Você tem que me ouvir! Precisava ter me batido?” - perguntei, apontando pro meu olho, tentando fazer com que ele sentisse ao menos remorso.

“Nem sequer ficou roxo! E se você quer saber, precisava sim! Quem mandou ficar me olhando trocar de roupa?” - ele disse, corando.

“Eu não estava... Não...”

“Não adianta, Sirius, eu sei que estava. Eu não sei o que você quer comigo, mas...”

“Como é que é? Não sabe?”

Remus revirou os olhos, com raiva, e voltou a me encarar. Deu um ou dois suspiros cansados e voltou a andar.

“Espera aí, agora se explique!” - exclamei, puxando-o de volta pelo braço.

“Explicar o quê? Você é que tem que se explicar! Eu achava que você fosse meu amigo, Sirius, mas agora parece que você acha que eu sou mais uma das suas garotinhas!”

“Remus, o quê...? É a lua que tá afetando seu cérebro?”

“Não fala assim comigo, Sirius! Olha, eu não sei o que você pensa que eu sou, mas não cair nessa de 'apaixonado' que você tá fazendo!”

E saiu para as estufas, antes que eu conseguisse detê-lo. Isso era a lua, ou o quê? Me deixei desabar na grama, confuso. Não, eu não o achava mais uma das 'minhas garotinhas'. Pra que essa revolta toda? Porque não podia ao menos me ouvir? Eu queria esperar que essa semana e a da lua cheia passassem, porque ele estaria mais calmo, mas não podia permitir que Remus passasse mais um dia sequer pensando esses absurdos.

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“Remus?”

Chamei, com cuidado. Já tinha acabado o jantar e ele estava na biblioteca, então fui atrás e me sentei ao seu lado. Quando me viu, ele bufou, irritado, e não me deu atenção. Mas eu não ia desistir.

“Eu sei que não devia ter olhado... Mas você tava bem ali, na minha frente, e nós sempre nos trocamos um na frente do outro todos esses anos. Tá, eu sei que agora é diferente, mas...”

“A questão é essa, Sirius.” - ele falou, finalmente, mas sem tirar os olhos do livro aberto à sua frente. - “Porque agora é diferente, eu me pergunto.”

“É diferente porque... Bom, porque as coisas mudaram.” - resposta idiota, eu sei. - “Antes éramos só amigos.”

“Que eu saiba, anda somos. Pelo menos antes de você começar isso, éramos.”

“Eu, começar?”

“É, sim.”

“Não é culpa minha se gosto de você. A culpa é sua por me fazer gostar!”

“Minha? Você não gosta de mim, Sirius.” - ele falou, me olhando, mas não parecia ter muita certeza no que dizia.

“Como é que 'cê pode saber? Eu te garanto que gosto sim e não admito que você fique pensando que te vejo como uma garotinha qualquer!” - disparei, irritado, mas ainda assim tomando cuidado para não falar alto.

Remus não respondeu. Apenas recolheu alguns livros na mochila, levou outros às suas devidas prateleiras e saiu da biblioteca.

Porque, Merlin, porque eu nunca conseguia fazer nada direito? Eu poderia ir atrás dele, mas algo me dizia que não seria uma boa escolha... Poderia bater a cabeça na parede, mas isso me deixaria deformado e feio, o que está totalmente fora de cogitação. E poderia esperar essas malditas semanas passarem, mas só a idéia de deixar Remus pensando horrores de mim por catorze dias me embrulhava o estômago. Mas era o jeito.

“Tudo bem?” - James me perguntou, chegando na biblioteca. - “Vi Remus sair correndo daqui.”

“Eu não presto, Prongs, não presto...” - choraminguei. - “Meu passado me condena.”

“Ah, vai, Pad, relaxe... Dê um tempo à ele.”

Ótima idéia, claro... Dar um tempo a algo que nem sequer começou... Oh, vida... Saí desolado da biblioteca e rumei para a sala comunal grifinória, em busca de paz e consolação em alguma poltrona fofa perto da lareira, mas não foi bem isso que encontrei.

“Nossa, Remus, eu nunca teria pensado nisso... Não se fazem mais caras como você, sabe.”

Comentava uma radiante Evans para Remus, que sorriu timidamente e continuou lhe explicando algo sobre os kappas.

Só me lembro de ter subido correndo a escada do dormitório, não sem antes fuzilar Evans com os olhos e desprezar Remus com toda a força que me restava. Isso não ia ficar assim.

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