20- SOS.

Justin P.O.V.:

Fugir.

Eu precisava fugir. Eu tinha de fugir.

E eu comecei a planejar minha fuga daquele cárcere. Via que, em alguns minutos do dia, a segurança de Royalton ficava mais fraca, e, bem, aquela baixa guarda era perfeita para dar uma escapada. A porta do quarto aonde eu estava “preso” não tinha tranca, era monitorada por dois guardas, que também baixavam a guarda em algum momento. O lugar ficava vulnerável ás exatas 14h, por um espaço de tempo de 10 minutos. Era perfeito. Não podia falhar.

No dia seguinte ao que eu comecei a planejar o plano da minha liberdade, eu o pus em ação. Ás exatas 14h, eu abri a porta do lugar aonde eu estava, e fui caminhando em silêncio pelo longo corredor. Quando vi que estava livre, saí correndo em disparada. Mas fui parado. Quando estava prestes a sair, fui segurado com um puxão de cabelo, que me derrubou para trás, de um homem que eu não conhecia.

- Tsc, tsc. – Um homem disse. – Aonde pensa que vai, garoto?

Eu, caído de lado no chão, só abri a boca. É, eu havia falhado. O homem me pegou pelo braço e me arrastou para o quarto aonde eu ficava. E começou uma sessão de espancamento. Eu me perguntei aonde estava o “Não quero ser violento. Só quero os chips de volta, não quero ferir você, garoto” de Royalton, por que, se ele não quisesse mesmo me ferir, teria mandado aqueles canalhas pararem. No meu segundo cativeiro, eu me lembrei que eu era meio lerdo para algumas coisas, e só depois de ter sido espancado várias vezes, eu lembrei do meu relógio computador, e consegui disfarçar a presença do meu amiguinho para as horas realmente necessárias dos homens que apareciam no cárcere aonde eu estava. Consegui mandar um SOS para Selena, assim mesmo, só SOS, e, quando eu coloquei os braços na posição normal de novo, e ficar sentado normalmente, com as pernas esticadas e as costas apoiadas na parede, o homem do cassetete, que eu descobri se chamar Mike, entrou novamente naquele lugar.

- Tudo bem, garoto, – Ele disse, se ajoelhando á minha frente. – Você não quer abrir a boca, ótimo. Só sei que eu vou partir para a agressão.

- Eu pouco me importo. – Falei. – Não vou contar nada.

- Bem corajoso, moleque. – Mike disse. Depois, ele colocou a mão em meu joelho, bem na minha patela. – Mas eu não estou aqui para coragem! – Ao dizer isso, ele empurrou meu joelho para baixo com força, como se quisesse quebrar minha perna, e eu gritei de dor, bem alto, num susto, apertando os olhos.

Ele parou, e eu abri vagamente os olhos, ofegando, e fitei Mike.

- Vamos, moleque, – Ele disse. – Aonde está toda a sua coragem agora?! – Completou, forçando mais uma vez meu joelho contra o chão. Eu gritei mais uma vez, e ele empurrou mais uma vez minha perna, com uma força descomunal. E eu ouvi um estalo alto. Pronto, minha perna direita havia sido quebrada. Eu dei um soco na parede, e pedi para que ele parasse. Mas Mike parecia o mais decidido de todos da equipe de Royalton.

- Me conte aonde seu irmãozinho está! – Ele disse, empurrando meu joelho esquerdo contra o chão. Eu gritei de novo.

- Eu não sei!! Eu juro que não sei!! – Respondi. – Eu não o vejo faz muito tempo!

- Me dê um meio de contato. – Mike insistiu.

- Não! – Falei. Ele empurrou meu joelho contra o chão novamente, e, quando eu ainda resisti, ele conseguiu quebrar minha perna esquerda. Eu gritei mais alto, a dor era pior. Muito pior.

- Vamos lá! Ceda logo! – O homem gritou. Eu respondi que não, e ele dobrou minha perna direita com força e a deixou como se eu fosse abraçá-la, e, bem, com o joelho fraturado, aquilo era terrível. Eu não agüentei a dor, de novo.

- Tudo bem, tudo bem!! – Gritei. Depois, disse o número telefone celular de Kendall, apertando os olhos, olhando para cima. – Por favor, por favor, pare!!!

Mike sorriu, e me jogou para o lado com um tapa. Caí deitado, sem conseguir mexer as pernas, a dor se alastrando pelo meu corpo. Eu fiquei na mesma posição da queda, só cobrindo o rosto com as mãos. Eu queria muito que o SOS que eu havia mandado para Selena fosse recebido logo. Não sabia mais o que fazer. Eu ia morrer. Comecei a pensar em tudo na minha vida. Eu era um idiota. Era melhor ficar com pessoas que queriam o seu bem, só não te davam tanta atenção quanto você queria, do que ficar com homens que queriam te matar, certo? Te matar por causa de míseros chips, ainda por cima.

Droga, se eu pudesse mudar meu passado, eu teria recusado a oferta de Kendall para trabalhar no FBI.

Flashback On:

-Calma, Sr. Geek... Escuta aqui, vou ser claro e direto. – Kendall disse, me empurrando na cama, para que eu me sentasse de novo. – Você gostaria de trabalhar para o FBI, no serviço de inteligência?

-Sim, claro, mas, por quê? – Eu perguntei, pensando que fosse brincadeira dele.

-Por que me chamaram para investigar uma gangue de Miami. E eu meio que preciso de você para fazer os serviços técnicos. – Kendall disse. Fiquei alguns segundos em silêncio, processando aquilo, até perceber o que Kendall havia dito, a bandeira que ele havia dado para que eu fizesse meu único prazer na vida: Judiar dele.

-Quer dizer que você precisa de mim? – Perguntei. Kendall bufou. Eu ri, num tom sarcástico de “Eu te encrenquei”.

Flashback Off;

Mas, pensando de uma forma diferente, eu nunca teria conhecido Selena, nem Mirage, nem aprendido a me achar importante (pena que aquela sensação de “eu não sou um nada” durou pouco, mas durou), descoberto meus talentos... Nada.

Pensando bem, eu só mudaria as partes em que eu dei bandeira para ser raptado. Quando eu fugi de casa, quando eu fui saciar minha fome depois de brigar com Kendall... Eu estava com um pouco de medo quanto á minha família. Só aconteceram coisas ruins comigo por causa de Kendall! Eu briguei com Kendall, saí e fui pego, eu fugi de casa depois de voltar para NY por causa que eu estava sendo abandonado pelos meus pais por causa de Kendall...

De um lado, eu o odiava, mas de outro, ele era meu irmão!

O motivo da minha vida estar daquele jeito não podia ser ele.