Olhos Cor De Âmbar escrita por maga


Capítulo 19
Doces voltas


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pelos reviews. (:D)
Eu simplesmente gosto do Aaron - leiam e entendam.



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Nunca me imaginei tão cedo naquela situação, não era como se eu estivesse me despedindo dos meus filhos, os levando pela primeira vez até aquela plataforma, então os beijando uma ultima vez e derrubando lagrimas de saudade antecipada. Mas era quase como isso.

- Vocês pegaram tudo queridos? – Molly andava de um lado para o outro nervosa, Gina, Ron e Harry concordavam pela milésima vez. Já passara pela minha cabeça que assim que o dia chegasse eles voltariam para Hogwarts e então eu seria deixada para trás, simplesmente.

Você escolheu fazer aquela prova, eu me culpava mentalmente pelo sentimento de ser excluída, ver meus melhores amigos indo para o meu segundo lar, que eu nunca mais veria, era definitivamente uma sensação excruciante.

Fred passou um dos braços pelo meu ombro e eu sorri. Ao menos você vai ficar com ele.

Gina tentava não se debulhar em lagrimas pelo fato de se sentir muito mais excluída que eu por suas duas melhores amigas não irem com ela, talvez ela tivesse razão. Talvez.

- Vou sentir tanto a falta de vocês! – ela me abraçou apertado como ela sempre fazia e senti meu ombro se molhar com as lagrimas que ela de repente resolvera deixar escapar.

- Calma ai irmãzinha, eu quero ter algo para poder levar para casa – Fred deu tapinhas camaradas nas costas dela. Que me soltou quase imediatamente, o encarou, seus olhos transbordavam ódio puro e sangrento.

- É tudo culpa sua e daquela sua copia de araque que seduziram minhas amigas e ficaram com elas para vocês. – Gina apontou para George que beijava Luna de uma forma quase violenta a prensando contra uma parede – Eu já devia saber que se eu fizesse amizade com garotas tão fantásticas vocês já iam abrir suas asinhas e cair em cima. – Harry tentou acalma-la dizendo algo que eu não consegui ouvir. Funcionou. No mínimo suspeito.

- Só quero dizer que George não me roubou de você justamente porque não temos nada serio. – Luna comentou e ele concordou coma cabeça. Nenhum dos presentes acreditava realmente na afirmação.

- Arranjem um quarto – Fred comentou me fazendo rir levemente. Gina os encarava, o mesmo ódio, mas ligeiramente contido, direcionado a ambos.

Fui até Ron e Harry que pareciam ter preferido se manterem isolados do ataque de raiva quase incontrolável da garota fabulosamente ruiva e bonita.

 - Eu quero que vocês se comportem crianças, não quero ficar recebendo cartas da escola o tempo todo me dizendo que meu queridinhos estão aprontando. – os abracei forte. – Vou sentir tanta falta de vocês. – as lagrimas que eu estava guardando começaram a cair.

- Ei, não chore, vamos ficar bem. – Harry passou uma das mãos pela minha bochecha. – Não sei quem vai nos lembrar de estudar, fazer deveres ou seguir as regras, mas acho que vamos somente beirar a morte escolar, nada grave – ele sorriu, o abracei de novo.

- Me prometam que vão se comportar, vocês já são adultos – me esforcei para impedir as lagrimas de tristeza de molharem meu rosto.

- Tudo bem mãe – Ron me abraçou – mas esse é o ultimo ano, vamos ter que nos divertir mais do que o normal. Tem certeza que você não pode mesmo vir? – ele me encarou com olhos pidões, os olhos pidões Weasley são uma das sete maravilhas irresistíveis do mundo bruxo.

- Não tente me convencer, você sabe que vocês não precisavam estar indo, podiam muito bem ser aurores sem terminar a escola – deram de ombros – eu não posso voltar para Hogwarts tenho muitas coisas para organizar na minha vida. Vocês têm vidas tão simples agora que chego a ter inveja – rimos.

Abraçamos-nos mais uma vez. Aquele não seria o fim do Trio de Ouro, com toda certeza não seria. Voltamos a prestar atenção em Gina e seu monologo sobre como seus irmãos com pênis sempre olharam para suas amigas com o intuito de rouba-las em um ato totalmente sem coração e arrasta-las para um apartamento adorável na Londres trouxa.

Continuei ao lado de meus amigos, Luna continuou se agarrando com George, Gina continuou despejando suas palavras sobre Fred, Molly continuou a perguntar se estava tudo certo, as pessoas continuaram a se movimentar e nos cumprimentar algumas muitas vezes, o tempo continuou a passar até o momento em que eles entraram.

Acenaram até que nos tornássemos pequenos pontinhos ao longe. Respirei fundo, derrubei minhas lágrimas de saudade antecipada, talvez os momentos fossem mais semelhantes do que me permiti pensar.

Fred passou seu braço pelo meu ombro mais uma vez, como sempre fazia e eu sorri, como sempre fazia.

- É estranho pensar que a garotinha que eu me lembro de ser trazida para que eu e George déssemos uma olhada assim que ela nasceu está indo para o ultimo ano e ainda vai se casar no Natal. – ele riu consigo mesmo – Achei que Ron nunca iria concordar.

- ELES VÃO SE CASAR NO NATAL E NÃO ME CONTARAM? – Fred arregalou os olhos como se tivesse dito algo que não devia, e não devia mesmo.

- Era um segredo? – ele tentou parecer mais inocente do que realmente era. Não há inocentes nessa história, só pessoas com graus diferentes de culpa. – Ela me disse que te escreveria uma carta maravilhosa onde te diria tudo e que precisava de você e Luna para ajudar a organizar, dizendo o quanto o pedido que Harry havia feito tinha sido lindo e como havia conseguido convencer Ron a deixa-los casar. Você vai contar para ela que eu disse? – havia medo em seus olhos.

-Você não se envergonha sendo um cara desse tamanho e tendo medo de uma garotinha três anos mais nova que você? – eu o perdoaria. Claro que sim.

- Essa pergunta não é seria. Temos que separar os dois antes que eles se engulam e ir para a loja. – ele fez um gesto indicando Luna e George que implicavam em continuar grudados um ao no outro. Isso com toda certeza não era coisa de amigo.

Molly se despediu de nós com beijos de mãe e foi para onde quer que ela fosse. Ele segurou o irmão e o separou de Luna, houve protestos vindos de ambos os lados. Senti vontade de bater neles por não admitirem que havia algo realmente serio começando a acontecer em algum lugar naquela relação.

- Vocês podem, por favor, admitir que sentem algo um pelo outro para podermos ir embora? – perguntei, eles trocaram um olhar de cumplicidade.

- É claro que sentimos algo um pelo outro. – George começou.

- Uma coisa realmente grande e especial – Luna continuou.

- Desejo sexual – terminaram juntos.

- Gostamos de ser amigos e compartilhar uma coisa legal como sexo. – Luna concluiu, eu e Fred ficamos boquiabertos, nada a dizer como contra-argumento.

- Fala serio. Eu não fazia sexo com você quando éramos amigos, como você pode me explicar isso? – encarei George desafiadora. Ele sorriu.

- Porque meu irmão começou a gostar de você antes de eu ter tempo de te arrastar para debaixo dos meus lençóis. – ele sorriu malicioso, Fred tossiu como sempre fazia quanto tinha ciúme, mas não queria admitir abertamente.

Luna riu, eu com toda certeza nunca, nunca mesmo, entenderia o que os dois compartilhavam.

***

O movimento na loja era pouco, os estoques estavam quase no fim, me sentia sozinha, tudo devido à volta as aulas. Vera atendia um pequeno grupo de clientes que procuravam uma boa peça para ser pregada e bruxos que iriam iniciar seus trabalhos naquela semana. Fred e George estavam enfurnados na sala de projetos há horas e eu não tinha ao menos um livro para me entreter.

Concentrei-me na porta esperando que alguém entrasse, eu iria atender com prazer e simpatia esse alguém, ele não saberia, mas estaria me distraindo imensamente de minha triste solidão e tédio. Mostraria o produto que seria perfeito, para esse alguém ou para o que ele desejasse fazer, talvez riríamos de algo que algum de nós diria sobre esse produto, algo momentaneamente engraçado, ele o compraria, iria embora feliz, eu voltaria ao meu triste descanso.

Suspirei, a porta se abriu, não tive tempo o bastante para sorrir, não era ruim, mas Draco Malfoy sorriu para mim, da maneira que ele sorria agora, e andou até mim. Cada um de um lado do balcão.

- Hermione – disse, sua voz sempre seria igual, mas agora parecia imensamente diferente.

- Draco – respondi e sorri. Por alguma razão estanha, eu mesma não me compreendo, senti vontade de abraça-lo, como se fosse um amigo de quem eu sentia saudade – o que veio fazer aqui? Comprar alguns logros? – eu sabia que não.

- Você sabe que eu não curto essa coisa de logro. – ele fez uma careta.

- Você é tão sem graça – ele me mostrou a língua, com toda certeza eu não em lembrava daquele Draco Malfoy, mas gostava dele.

- Eu quero te fazer uma proposta – agora sua voz era seria – eu sei que você ama esse Weasley por algum motivo que eu realmente desconheço...

- Porque ele me apoiava quando você me deixava arrasada? – as palavras pularam para fora, sem que eu pudesse medi-las, filtra-las ou pensar nelas.

Por um triste segundo o velho e arrogante Malfoy voltou a ele, ele abriu a boca para dizer mais de uma daquelas frases agonizantemente maldosas quando piscou com força, quando abriu os olhos ele havia voltado ao que agradava aos meus.

- Desculpe – disse baixo. Não sabia exatamente pelo que me desculpava.

- A culpa foi minha, em todo caso é uma proposta seria e eu gostaria de te convidar para um jantar para que possamos discutir tudo com mais calma, tempo e com comida de qualidade. O que você me diz? – ele sorria com os olhos apesar de tentar manter uma feição seria.

- O que acontece se eu disser não? – sorri de lado.

- Eu insisto – ele sorriu de lado, aquele sorriso ficava bem nele.

- Então não – ele riu.

- Vamos, é importante, e aposto que você não quer perder a chance de jantar com alguém tão esplendido quanto eu. – eu ri ainda mais – Desculpe, me senti ligeiramente ridículo agora.

- Eu aceito, mas antes tem que me dizer do que se trata.  – ele sorriu.

- É uma proposta de emprego, não diga nada por enquanto, pode conversar com seu Weasley sobre isso antes.

- Ele não manda em mim – o olhei ameaçadora.

- Claro que não, mas você trabalha para ele agora – deu de ombros – você parou para pensar que é como se estivéssemos flertando um com o outro? – ele sorriu. Em minha opinião o novo Draco sorria demais.

- Isso é um comentário totalmente sem fundamento.  – mas foi capaz de me fazer corar.

- Eu já vou indo – ele virou as costas, mas virou novamente, me deu um pequeno papel e enfim saiu pela porta.

- Aquele era o Draco Malfoy? O Comensal da Morte? Por que estava falando com ele? – Vera terminara de atender seu grupo de clientes que saia alegre entre risos e comentários pela porta.

- Ele era um Comensal da Morte, não é ruim quanto pensam. – ele me olhou desconfiada como se dissesse “e o Fred sabe disso?” – Não ele não sabe, e você vai ser legal e me deixar dizer para ele certo? – ela acenou com a cabeça e com a agilidade de um felino alcançou o cliente que entrava. Eu nunca, nunca de forma alguma, seria pareô para conseguir atender alguém quando ela estivesse disponível.

 Como o movimento era pouco e o tédio, em parte a curiosidade, trasbordava do meu corpo. Resolvi subir e saber o que eles estavam fazendo, o que quer que fosse. Como não julguei necessário entrei pela porta sem bater, no mesmo instante ouvi a voz da minha mãe dizendo em minha cabeça “nunca entre sem bater querida, será desagradável e poderá acarretar em coisas ruins”. Foi exatamente o que aconteceu.

No segundo em que coloquei todo meu corpo para dentro da sala me senti estranha, mais alta talvez? Era um sentimento de mudança repentina, como se tudo em mim de repente estivesse completamente errado.

- O que estão fazendo? – me surpreendi com minha própria voz, não era a que eu lembrava, havia soado muito mais grave e rouca, talvez até mesmo sexy, masculina - O que é que aconteceu? – olhei para baixo, resisti por um momento à vontade de desmaiar, então respirei fundo.

Lembrava-me claramente de ter posto uma calça jeans escura de manhã, e ela ainda estava ali, só que mais larga. Lembrava-me de ter colocado uma camiseta simples amarela, e ela também estava ali, só que ao invés de cobrir meus seios como deveria estava deixando passar levemente pelo tecido meu peitoral definido. Eu não havia somente virado um homem Eu havia virado um homem extremamente gostoso.

- Fred, eu tenho uma noticia boa e uma ruim, a boa é que deu certo, a ruim é que sua namorada é um cara quase mais gostoso que você. – já era senso popular. Eu era um cara gostoso!

- Quanto tempo isso vai durar? Eu tenho um compromisso hoje à noite – o fato de eu ser um homem complicava algumas partes da minha vida. E o pior de tudo era aquela voz, se eu ainda fosse mulher ficaria excitada ao ouvir aquela voz.

- Se você não tivesse entrado nada teria acontecido, talvez dure umas doze horas, ainda estávamos pensando em começar os testes, porém, aparentemente você se ofereceu para ser nossa cobaia você pode nos ajudar com isso – George sorriu e tirou seu avental o pendurando em um gancho na parede – pode começar tirando a roupa. – ele sorriu, sabia que estava me provocando, Fred ainda estava abalado demais para pronunciar uma palavra sequer.

***

 Tirei a roupa, não na frente deles obviamente, tudo bem, na frente de Fred.

- Você acha que eu devo me vestir de forma mais formal? – depois de algum tempo a voz já parecia normal para mim, Fred continuava totalmente incomodado – Você esta se sentindo gay ou algo assim? – girei a cabeça no que devia ter parecido um geste realmente feminino.

- Você se transformou em um cara e eu continuo sentindo o mesmo que sentia por você antes. Sim, estou me sentindo extremamente afeminado. – ele virou o rosto para não olhar para mim. Eu estava com uma das cuecas dele em frente ao espelho, eu estava muito, muito, satisfeita com meu eu masculino, e repito gostoso. – veste uma camisa, um jeans e um palito, assim você fica entre o formal e uma coisa mais casual, aquele canalha vai te levar a um lugar chique de qualquer forma. – ele estava zangado, ele tinha alguns motivos para estar zangado.

Peguei a roupa no armário. Vesti o mais lentamente possível, não sei se estava provocando Fred ou meu eu feminino que tinha vontade de morder minha bunda masculina.

- O que você acha? – perguntei assim que terminei de me vestir, não me sentia muito confortável com roupas masculinas, mas elas tinham o cheiro de Fred.

- Eu não tenho que sentir ciúmes a não ser que aquela Malfoy cara de doninha tenha altas tendências gays – deu de ombros – não acredito que vou dizer isso, mas, não deixe as garotas ficarem dando bola para você, o Malfoy com certeza vai te incentivar a uma daquelas aventuras malucas do tipo “você tem que saber como é o outro lado da coisa”.

- Por que você não vira garota e nós vemos isso juntos? – pisquei para ele antes de sacar que talvez minha nova versão talvez não o seduzisse tanto quanto a verdadeira podia ter feito.

- É melhor você ir ou vai se atrasar – me aproximei dele – nada de beijos por Merlin – eu me esqueceria ainda um milhão de vezes de que minha nova situação me tirava alguns privilégios, um deles: beijar Fred . Algo que eu realmente queria fazer.

- Até logo. – me virei e sai, algo em mim doía mortalmente.

- Você está muito gostoso – George comentou e Luna riu – aumento para 10 galeões – dessa vez ele se dirigia a ela.

Luna deu de ombros como se não tivesse algo a perder e se aproximou de mim encostando seus lábios finos nos meus por apenas uns segundos.

- Valeu? – ela se virou para George, eu estava chocada, ele haviam feito uma aposta?

- Te dou sete por isso – ele concordou e o dinheiro foi dado.

- Isso não foi nada legal, vocês podiam respeitar a situação não acham? – olhei para eles totalmente desafiadora. Desafiador, que seja.

Não esperei que eles dissessem algo, estava sem paciência então simplesmente aparatei no local que o papel com foto indicava. Minha versão masculina estava indo em um jantar de negócios/amizade com Draco Malfoy. Sempre me disseram que a vida dava voltas, nunca pensei em algo assim.

***

- Hermione? – a voz dele era tão embargada que me perguntei se ele estava engasgando. Como sempre estava muito bem vestido e já se encontrava numa mesa de dois lugares perto de uma janela grande com vista para um céu lindamente estrelado.

- Você não vai acreditar em como meu dia foi complicado – fiz um resumo rápido de como agora eu tinha um pênis e de como aquilo só duraria algumas horas.

- Você não tem ideia de quanto isso é estranho – com certeza eu sei. Não disse nada. Uma garçonete loira realmente bonita veio nos servir um vinho divino. Não sei se era coisa da minha cabeça, mas ela me comia com os olhos.

 Meu rosto possivelmente ficara vermelho, ela sorriu de lado provocante, não era como o sorriso de lado de Fred, era insinuativo demais, oferecido ao extremo.

- Eu vou querer essa lasanha – Draco chamou atenção dela que concordou com a cabeça sem parar de me constranger.

- E você o que vai querer docinho? – ela deu ênfase na palavra e mordeu o lábio inferior tentando parecer sexy, mas me provocando total e unicamente um sentimento de dó e repulsa. Pisquei demoradamente tentando encontrar a vergonha na cara que eu precisava devolver a ela.

- O mesmo obrigado – Draco respondeu por mim e ela olhou feio para ele por um milésimo de segundo antes de se virar e ir, para onde quer que fosse, não me importava, desde que demorasse a voltar.

Um silêncio constrangedor se instalou pelo que pareceram horas, eu gostaria de quebrar aquele silencio dizendo algo engraçado que desencadearia uma conversa longa e divertida durante parte do jantar, sendo a outra direciona unicamente ao que ele tinha de me dizer.  Mas eu simplesmente não tinha nada a dizer.  Não sabia nada sobre ele.

- Você me chamou aqui, devia me dizer o que de tão importante merecia um jantar num lugar tão caro como esse – olhei em volta, as pessoas pareciam ter riqueza escrito em suas testas.

- Estou esperando a comida – deu de ombros – peço que me desculpe pela garçonete se comportar como uma meretriz – pensei no assunto.

- Garçonete é uma palavra estranha. – ele me olhou confuso.

- Não é. – sorri.

- Totalmente. Repita: garçonete.

- Garçonete. Viu? Nada estranho. – começaríamos uma conversa extensa e boba sobre o tema se a moça que serve as mesas e as pessoas pagantes nelas e espera receber uma boa gorjeta não tivesse voltado tão cedo com nossos pratos. Ela sorriu para mim, pode parecer puro exagero, mas quis vomitar em cima dela.

- Pode falar agora – disse, não olhava para ele, olhava a mulher que não ganhará uma gorjeta satisfatória ir embora rebolando de forma forçada enquanto andava. Como ela havia conseguido um emprego em um lugar de classe como... Sexo. Ela havia feito (fazia) sexo com alguém importante. Uma boa hipótese.

- Bom isso é bem constrangedor, mas você é a pessoa mais inteligente que conheço – agradeci com os olhos – e como deve imaginar minha família está passando por uma crise realmente preocupante – ele fez uma pausa, concordei com a cabeça, era algo completamente obvio – e como os Malfoy não são ricos só por serem ricos e temos empresas para administrar, eu assumi e provavelmente não vou conseguir fazer tudo sozinho, então estou te convidando para ser minha...  Uma espécie de secretaria, mais como uma sócia que uma secretaria. Até podemos mudar o nome para Malfoy&Granger se preferir. – ele terminou, eu coloquei um pedaço enorme de lasanha (deliciosa) na boca para não precisar falar.

Você realmente me pegou com essa Draco Malfoy, com aqueles seus olhos preocupados e boca formando somente um traço. Havia rugas sendo formadas nos olhos dele, ele esperava minha resposta, mastiguei devagar. Ele continuava me encarando.

- Não sei o que dizer Draco, Malfoy&Granger seria irônico e no mínimo equivocado, você nem sabe se vai dar certo. – suspirei, não conseguia me levar a serio com aquela voz rouca e sexy, como se eu estivesse tentando leva-lo para cama e não tratando de um assunto serio.

- Hermione, você não entende...  –seus olhos mostravam o desespero que suas palavras tentavam esconder.

- O que eu posso fazer é ajuda-lo a organizar tudo, se der certo podemos avançar pouco a pouco e num futuro bem distante, realmente distante cogitar essa coisa de parceria. Está de acordo? – sorri, ele sorriu, demos um aperto de mão, minha mão masculina era maior que a dele.

- Você acaba de salvar a minha vida e a honra da minha família – ele sorriu novamente, parecia aliviado, o mundo da tantas voltas que acredito que seja hora de eu parar um pouco e vomitar.

- E sou um moreno lindo de morrer – dei de ombros como se não fosse nada importante.

- Estou zangado, aquela garçonete sempre ficava se esfregando em mim, é estranho pensar que fui trocado por uma mulher – ele fez beicinho e eu tive que rir de forma escandalosa.

Eu nunca, em toda minha vida, me imaginaria uma “sangue ruim”, um homem, em um jantar amistoso com um velho inimigo, ele me pedindo algo que antes não pareceria serio, alguma brincadeira de mau gosto. Mas como o destino faz questão de me mostrar sempre o quanto gosta de ser malicioso, lá estava eu.

Draco Malfoy com toda certeza poderia ser meu melhor amigo.

Harry e Ron NUNCA vão me perdoar por ter dito isso. Tive que sorrir, em minha mente se formava a imagem de ambos vermelhos quando eu lhes contasse sobre meu novo trabalho. Talvez Fred fosse o verdadeiro problema. Sim, ele seria.

Mas se tudo está bem, tende a ter um fim ainda mais agradável. Eu espero.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Seria muito legal alcançarmos a marca de 100 comentários na fic.
Até logo.