Vento No Litoral escrita por lplaura


Capítulo 3
Andrea Doria




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Maurício estava parado em frente a uma casa moderna e sofisticada,  vestindo um terno que comprar um carro popular. Estava esperando sua esposa, Leila, para irem a festa de noivado de Mariane Tedesco e seu noivo, cujo o nome ele ignorava.

Maurício fez fortuna muito jovem e resolveu se casar com uma jovem de família tradicional. Leila foi perfeita: Era lindíssima, educada, e de uma família miserável que pertencia a nata da sociedade carioca. Eram todos seus sanguessugas. Leila o amava,ou pelo menos tentava, e ele por ela só sentia indiferença. Ela era só um mero enfeite empoleirado em seus braços e em sua vida, já que seu verdadeiro amor ele havia deixado em Brasília.

— Cheguei, querido! - Leila vestia um vestido azul marinho de preço exorbitante e saltos ainda mais caros. Seus cabelo louro escuro estava em um coque e seus olhos verdes cobertos de rímel. - Vamos?

— Vamos - ele parecia estar morrendo.

No caminho, Leila começou a tagarelar.

— Ai, estou tão feliz por finalmente ver Mariane! E noiva de um homem riquíssimo, filho único de uma família dona de grandes fábricas. E, pelas fotos, de muito boa aparência! Mas querido, não tenha ciúmes - acrescentou ela rapidamente.

— Claro.

Ele estava completamente entediado. Vivia entediado. Pensou que o casamento seria fácil, já que Leila provavelmente só iria gastar o dinheiro dele o dia todo. Mas, para sua frustração, ela parecia gostar dele.

Absorto em seus pensamentos ele olhou pela janela. Seu coração foi pela boca e seus olhos saltaram quando viu quem dirigia o carro ao lado.

Maria Lúcia.

Para ele ela estava ainda mais bonita, se isso fosse possível. Uma lágrima escapou do canto do olho dele e ela também estava chorando em seu momento particular, embora não estivesse olhado pra ele ainda.

"Agora, em homenagem a recente morte de Renato Russo, tocamos a música Andrea Doria, pertencente ao amoroso álbum de estúdio "Dois".

— Renato Russo morreu??? - Perguntou Maurício perplexo.

— Sim - respondeu o motorista - Faz alguns dias.

— Maria Lúcia deve estar arrasada - ele também estava arrasado

— Quem? - perguntou Leila,desconfiada.

— Eu a amava

Leila o olhava incrédula. Ele nunca tinha dito que a amava, nem a ela nem a ninguém. Maurício olhou pela janela e o carro tinha sumido. Encostou o rosto na janela e ouviu a música que há tantos anos atrás Maria Lúcia tinha mostrado a ele, e que agora lhe fazia o total sentido.

 
Não queria te ver assim
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada

Como sentia falta de Maria Lúcia. Nunca a beijou nem tocou e nem dormiu com ela. Mas o que sentiu - e ainda sentia - era algo que ele nem conseguia descrever. Ficava emudecido só de pensar naquela noite, ambos no carro , ouvindo Legião. Mas também ficava estarrecido quando lembrava do aniversário dela em que planejava a pedir em namoro mas Johnny chegou primeiro, a conquistou primeiro, e a namorou por muito tempo. Não sabia exatamente quanto, pois praticamente fugiu de Brasília assim que acabou o colégio para escapar da visão da mulher que deveria ter sido sua. Agora era rico, casado com uma bela mulher, possuía amantes. Mas ele só teve alguma coisa de verdadeiro valor naquela noite, há tantos anos atrás , ambos no carro ouvindo legião, quando ele quase pensou que ela o amava.


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