One Last Breath escrita por Bah_Yuh, Diligere Odis


Capítulo 1
Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Kyuubi_girl
Weeee o/
Tava doida pra fazer uma fanfic de natal, mas não faria isso sozinha e a fofa da Bah_Yuh topou fazer junto comigo... Essa parceria deu muiiiito certo, tô super feliz sério... Agente deu certo pakas *0* e saiu uma história tão linda... Que nos ensina um pouco sobre aceitação e outras coisas também
Modéstia parte posso sim afirmar que ficou perfeita e nos dedicamos muito pra que essa fanfic saísse do jeitinho que planejamos e me surpreendi muito ao ver que saiu melhor...
A Bah é incrível e pretendemos fazer mais histórias juntas...
Era pra eu ter postardo ela ontem, mas aqui em casa estava impossível, cheio de gente, comida pra fazer, nem cheguei perto do meu pc D:
Não pus capa decente porque minha companheira de fanfic viajou e não deu tempo de decidirmos algo D: Talvez quando ela voltar a fic ganhe um capa fofa
Mas bem pulando esa parte esperamos de todo o coração que gostem e bem...Feliz natal!!!



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Definitivamente aquele dia estava impossível, desde ontem se encontrava naquele hospital. Nem um café estava tendo tempo para tomar, nem sabia como estava respirando... Céus existiam mais médicos naquele hospital além dele. Ouviu o seu bip apitar e leu “sala 201” no visor. O homem rodou os olhos azuis piscina dando meia volta. Definitivamente a secretária que fazia isto consigo ou o amava, ou o odiava, mais provável o segundo. O fato era que não tinha paz.

                Caminhava rapidamente pelo corredor rumo a tal “sala 201”. Provavelmente seria mais um paciente medroso cismado com algum “caroço” que descobrira em sua barriga e que acreditava veemente que fosse um tumor. Droga, não fazia idéia de quantos idiotas assim havia atendido nas últimas vinte e quatro horas. Mas era seu trabalho, estava lá exatamente para isso, decidira se tornar médico para salvar vidas. E era um tanto óbvio que em todo ofício sempre havia alguns idiotas distorcendo o real objetivo de sua nobre função.

                Passou as mãos pelos cabelos os bagunçando ainda mais, estava estressado, muito. Um paciente seu acabara de falecer e nem sequer pudera fazer algo a respeito. Precisava de um doce, quando se encontrava assim a única coisa capaz de acalmá-lo era uma boa dose de açúcar no sangue, era estranho. Era como aquelas garotinhas de televisão que quando perdiam o namorado comiam uma grande barra de chocolate para se consolarem. Fazia isto quando perdia um paciente, e funcionava, geralmente funcionava.

                Abriu a porta da sala em que fora chamado com rudeza, precisava descontar a frustração em algo. Vira um jovem olhar para trás com um olhar indiferente, não parecia ter se assustado. Ele se levantou e estendeu a mão para que a apertasse, limpou as mãos suadas no jaleco branco e a apertou. Só aí reparara que o garoto era bem maior que si, droga! Era uma questão de hierarquia, dificilmente médicos mais novos e baixos que seus pacientes eram respeitados...

                -Me chamo Uchiha Sasuke, prazer. – O garoto de olhos ônix encarou-o, sentiu um leve tremor percorrer seu corpo, mas nada alarmante, devia ser a falta de alimentação.

                -Uzumaki Naruto. – Se apresentou soltando aquela mão forte da sua, se sentia uma criança perto daquele homem.

                Caminhou rumo à sua cadeira, se pudesse ficaria lá o dia todo, ela era confortável e espaçosa. Podia dormir lá, só por cinco minutos. Sentiu seus olhos pesarem um pouco, mas rapidamente se recompôs, pegou alguns papéis na mesa e pigarreou levemente.

-Então senhor Uchiha, o que te trouxe aqui? – Começou com a pergunta que sempre fazia, a todos se exceção. Tinha medo de perguntá-la, pois já ouvira muitas coisas bizarras de pessoas que passaram por lá.

-Eu... Não venho me sentindo muito bem nos últimos dias, então fiz uma bateria de exames e bem... Fui encaminhado pra cá. – O homem respondeu tranquilamente. Logo o Uzumaki notou que o senhor Uchiha não era de muitas palavras.

-Entendo... Você trouxe o resultado dos exames? – Perguntou ao paciente à sua frente. Este o olhara com uma cara que indagava se estava o achando idiota.

-Claro que sim... Estão bem do seu lado, à direita. – O homem disse, o médico o olhara levemente surpreso. Ok não era motivo para pânico, só estava subestimando um paciente que era mais esperto do que imaginara. – À minha direita usuratonkachi. – O loiro olhou nervosamente para o moreno.

- Eu entendi... – Respondeu levemente estressado.

-Não foi o que pareceu... – Naruto iria dar uma bela de uma xinga, naquele homem prepotente mas travara completamente ao ver aquele sorriso de canto, quase invisível. – Errr... Então... O médico que você fez os exames disse algo ou apenas te encaminhou?

-Ele apenas me encaminhou, ele não precisou dizer nada, já entendi... Não sou idiota... Tenho câncer só quero saber quando faço a quimioterapia e como vai funcionar o tratamento. – Naruto se assustara com o moreno, não só pelo olhar decidido que este carregava, como se não estivesse nem um pouco abalado, mas também pelo quão direto ele fora.

-Quem disse que você tem câncer? Você está dizendo isso... Ninguém aqui te afirmou nada posso analisar os exames e te dar o veredicto? Pois afinal o médico aqui sou eu... – Naruto disse estressado, só percebera o quanto fora rude depois de tudo dito, mas horas! Tanta desilusão o estressava, onde estava aquela esperança de que tudo estava ok e de que era apenas um engano?

-Ok... Não está aqui quem falou... – O loiro apenas abriu a pasta com o resultado dos exames.

Franziu o cenho por um momento como se nunca na vida tivesse visto aquilo. O moreno apertou os dedos, no fundo estava apreensivo e cada expressão facial que o loiro fazia o deixava com mais medo. Naruto suspirou deveras alto e após um tempo olhou para o garoto à sua frente.

-Você tem câncer...

-Ótimo! Muito bom saber que eu estava certo... Isso só prova que você é mesmo um usuratonkashi. – O moreno disse sério, Naruto o olhou deveras penalizado.

-Podemos conversar como adultos agora? – Disse recebendo por parte do Uchiha um olhar assassino. – Bem... O seu caso é um tanto delicado você tem leucemia, é câncer no sangue onde não há a opção de ser maligno ou ser benigno, como há em um tumor sólido. – O loiro respirou passando as mãos no cabelo e olhando para o moreno para ver se este estava o compreendendo.

-Dentro do próprio grupo de leucemia há várias divisões e subdivisões, faremos exames mais detalhados sobre o tipo e subtipo exato da sua leucemia. Pela taxa de leucócitos em relação as suas hemácias seu quadro não é dos melhores, devia ter procurado um médico antes. Não é nada desesperador, você passará por sessões de quimio e radioterapia e também terá a opção de recorrer a terapias alternativas o que geralmente ajuda bastante. A leucemia é frequentemente tratada com doação de medula óssea, mas sempre preferimos recorrer a quimioterapias e medicamentos antes, pois este tipo de doação é complicada. É um tanto difícil encontrarmos fora do grupo familiar do leucêmico um doador, há casos em que nem os próprios pais podem ser doadores. – Naruto finalizou esperando alguma pergunta vir do moreno.

- Tá, mas se nesses casos de pais não poderem doar a medula quem doaria? – Sasuke disse com uma curiosidade camuflada.

-Bom vamos considerar que não há uma medula compatível a você disponível no banco reserva... Caso haja compatibilidade, irmãos. Geralmente eles são melhores doadores que os pais, há muito mais chances de um irmão ser compatível do que uma mãe ou um pai. Existem casos de filhos que não encontraram doadores e pais que também não podem doar e recorrem à fertilização in vitro, é extremamente antiético se formos considerar nossa profissão. Mas não deixa de ser uma hipótese a ser considerada, com uma fertilização in vitro é possível selecionar genes, espermatozóides e... Bem, a chance de nascer um bebê perfeitamente compatível com o leucêmico é imensa, inúmeras famílias já recorreram a isso... Mas olhe bem o que disse aqui é nos casos mais graves e extremos... Devemos primeiro constatar qual o seu tipo de leucemia para eu lhe afirmar algo concreto, há alguns tipos de leucemia que são tratadas apenas com remédios tomados periodicamente e com imunoterapias em casos um pouco avançados. – Naruto concluiu olhando nos olhos do moreno.

-Ok... Como faço esse exame pra saber qual o tipo de leucemia que tenho? – Sasuke perguntou não estava tão curioso pelo “como faria”, mas sim pelo “quando faria”.

-Bem... É algo rápido e quase indolor, vai ser tranquilo se não tiver medo de agulhas... O exame se chama mielograma, é feito a partir de uma pequena quantidade de sangue colhido do interior da medula pode ser feito na região externa ou na parte posterior da bacia... Vou deixar para você escolher. Eu vou anestesiar o local e a partir desse momento você não vai sentir mais nada. Nos mielogramas utilizamos de uma agulha chamada Jamshid, ela vai até o interior do osso e depois nós injetamos uma seringa comum e coletamos uma amostra do material. A única coisa que vai sentir é a picada da anestesia e um desconforto na hora de perfurar o osso, pode ficar um pouco dolorido no local após a punção, mas não é nada alarmante... – Naruto olhou para o moreno e abriu um leve sorriso, este soltou um sorriso de deboche. O loiro ficou um tanto assustado. -Disse... Algo engraçado?

-Não é que... Você se enrolou quando foi falar o nome da agulha. – O loiro riu da frase.

-Bem... Acho apenas que a medicina deveria ser menos criativa e criar nomes pronunciáveis, alguns eu realmente não consigo falar... O nome dessa agulha é simples se comparado a outros.

-Ela assusta tanto quanto o nome? – Sasuke perguntou mantendo o clima do ambiente relaxado.

-Não estou autorizado a divulgar essa informação no momento. Prefiro que meus pacientes saibam se é medonho ou não quando não tiverem mais tempo de correr para fora da minha sala. – Sasuke soltou um sorrisinho discreto. – Posso fazer a punção agora se preferir...

-Tudo bem...

-Não tem medo de agulhas tem?

-Só da morte... – O moreno disse fazendo Naruto abrir um leve sorriso.

O loiro levou Sasuke até outra parte da sala, indicou a maca para este se deitar, rumou a pia para higienizar as mãos e pegou um par de luvas descartáveis. Caminhou de volta à maca onde o moreno se encontrava deitado, abriu um sorriso calmo tentando transmitir tranquilidade. Arrastou uma mesinha com uma bandeja de metal vazia para perto deste e foi até a um armário retirando de lá alguns materiais que precisaria. Sasuke observava tudo atentamente, não estava apavorado, apenas assustado, tinha certo medo do que o aguardava pela frente. Ficou vagando em inúmeros pensamentos de sua vida, alguns tristes outros nem tanto. Só se deu conta do que se passava ao seu redor ao notar o loiro ao seu lado.

-Veio sozinho? – O loiro perguntou mantendo um diálogo com o moreno na tentativa de distraí-lo e relaxá-lo um pouco, o que fazia era de praxe.

-Sim. – Naruto suspirou, era complicado manter um diálogo com uma pessoa monossilábica. –Algum problema?

-Não... É que... Sabe a maioria das pessoas ao serem encaminhadas para médicos como eu, apavoram-se e esperam o pior da situação, apoio familiar é importante. – Naruto respondeu calmo enquanto retirava o ar da seringa para aplicar o anestésico.

-Hn.

-Então prefere que faça a punção aonde?- O loiro perguntou calmo enquanto tirava da máquina esterilizadora uma coisa que mais parecia um instrumento de tortura. Sasuke engoliu a saliva que se formara nos cantos de sua boca.

-Er... Tanto faz... – O loiro deu uma risadinha.

- Então... Pode tirar a camisa, por favor? – Sasuke prontamente atendeu o pedido, deitou-se novamente na maca com o peito alvo e levemente trabalhado à mostra. Naruto engoliu a saliva e passou um algodão com álcool no local que seria realizada a punção.

Sasuke sentiu uma leve picada no peito, já sentira dores piores que aquelas. Após o anestésico ter sido aplicado o loiro esperou por um curto período de tempo até ter certeza que poderia realizar o trabalho sem que o moreno sentisse dor. Pegou a agulha que perfuraria o osso, Sasuke engoliu em seco, não estava com medo apenas assustado nunca vira uma agulha daquele tamanho. Definitivamente odiava hospitais.

-Agora entendo o porque de você só dizer o quanto essa coisa assusta quando seus paciente já nem podem correr. –Naruto riu enquanto furava o peito alvo.

-Vai me dizer que sente algo? Só é assustador, quase morri em uma aula na faculdade, quando vi essa coisa pela primeira vez... O professor foi dar o exemplo de como usar isso em um cadáver. Minha nossa! Senti pena do pobre morto... Mas isso porque o professor não usou anestésico, eu sou um médico bonzinho. – O loiro disse rindo, Sasuke deu um sorriso de canto e olhou para o teto branco. Sentiu um leve desconforto no local, exatamente como o médico explicara, nada alarmante. Após alguns minutos vira o loiro se afastar da maca e colocar o líquido extraído em um tubo de ensaio.

-Prontinho! –Retornou colocando um pequeno curativo no local. Sasuke sentou-se vestindo a camisa.

-Em quanto tempo tenho os resultados?

-Bem... Vamos à minha sala que lá poderemos conversar melhor. – Naruto esperou o moreno levantar-se da maca e rumou para o escritório com o homem atrás de si. Ambos se sentaram. – No seu caso onde pude ver pelo hemograma que sua taxa de leucócitos está muito alta em relação as suas hemoglobinas. Vou pedir ao laboratório que me mande os resultados dentro de uma semana. Eu vou criar uma ficha sua aqui no arquivo e quando os resultados estiverem prontos eles poderão vir ou diretamente pra mim ou para você se preferir. Depois disto basta marcar uma consulta. – O Uchiha apenas concordou com a cabeça.

Naruto puxou de uma gaveta um papel com uma série de dados em branco para serem completados. Começou a fazer perguntas, procedimento de praxe. Sasuke respondera tudo extremamente entediado, só faltou perguntar se era virgem. Franziu o cenho ao notar a careta que o loiro fizera ao ouvir a idade que o moreno tinha, Sasuke sorriu de canto.

-Dobe... Tem algum problema com a minha idade? – Naruto arregalou os orbes extremamente azuis.

-Eu... Errr... Não... É só que... Você é novo só isso... – Naruto disse dando um risinho nervoso.

-Sou mais velho que você... – O loiro abaixou a cabeça desanimado. Pior não dava pra ficar.

-Eu não te contei a minha idade... – Sorriu tentando reverter a situação.

-Nem precisa! Com esse tamanho e a cara que fez...

-Tamanho não é documento... Isso é de família ok? Mãe baixinha, avô baixinho... – Respondeu um tanto nervoso.

-Ah sim... A safadeza também é? – Sasuke perguntou, estava se divertindo com tudo aquilo.

-Como?! – O loiro indagou surpreso.

-Você estava me secando... – Naruto arregalou os orbes azuis e sentiu suas bochechas queimarem.

-Não, não estava.

-Quando tirei a camisa você babou mais que um cão com raiva... – Naruto sentiu sua face ir do vermelho para o roxo.

-Não... Olhe bem sou um profissional ok... Eu... Não estava... Babando.

-Sei... Ser um profissional não te impede de dar uma secada nos outros. Eu também sou um profissional, sou gerente de produção de uma empresa e isso não me impede de babar em cima dos outros. –Naruto suava dentro do jaleco branquinho. Tinha três opções, xingar o Uchiha, terminar a conversa e chutá-lo de sua sala ou descaradamente mudar de assunto. Respirou fundo para escolher entre uma das opções quando ouvira a cadeira em que o Uchiha estava se mover.

Naruto olhou assustado para frente não vendo o moreno por lá, deu a volta na mesa assustado encontrando-o no chão. Deu leves tapinhas no rosto do jovem por alguns segundos para ver se este acordava, viu-o abrir os olhos levemente e depois fechá-los, tocou um fone chamando uma enfermeira que logo atendeu ao pedido. Dentro de poucos minutos Sasuke fora levado para um quarto de observação, o Uchiha não demorara a acordar. Após algum tempo viu a porta se abrir e o Uzumaki entrar por ela, Sasuke desligou a televisão e olhara para o loiro que puxou uma cadeira e sentou-se ao seu lado.

-Sabe há diferentes tipos de pacientes, os que acham que estão doentes de mais, os que acham que estão doentes de menos. Sem dúvidas um dos que mais odeio é aquele tipo que mesmo com agente repetindo mil vezes que eles não têm nada, eles continuam acreditando que tem... Mas tem um tipo que odeio muito, muito mais, os que têm algo e não dizem ter... – Sasuke suspirou rodando os olhos. Deitou-se na maca e olhou para o teto, céus iria ouvir um sermão de alguém mais baixinho e novo que ele. –Fazer essa cara não resolve, eu estou certo... Quando te fiz aquelas perguntas foi com a intenção de receber o maior número de informações possíveis, qualquer coisa que me puder dizer vai te ajudar lá na frente... A partir de agora não quero segredinhos entre você e seja lá qual for seu médico, ok? Se sentir uma dor... Qualquer uma, por mais idiota que seja, você VAI chamar um médico ou uma enfermeira e dizer o que está sentindo. – Naruto disse enfatizando o “vai” dando a entender que aquilo era uma obrigação para Sasuke.

-Hn. – Naruto olhou para o moreno irritado.

-Desde quando vem desmaiando? – O loiro esperou alguns minutos pela resposta que não veio. – Sasuke!

-Que é!

-Me responde! Desde quando?

-Desde... Ah não sei ok... Eu fui há um neurologista, mas ele disse que eu só precisava fazer exercícios físicos que era falta de oxigenação algo do tipo. Fiz alguns eletros e estava tudo em ordem... Isso faz uns quatro meses no máximo. – Naruto suspirou.

-E você continuou desmaiando e não procurou outro profissional?

-Não... Fui a vários médicos, todos diziam a mesma coisa até que um disse para eu fazer uma bateria de exames porque poderia ser outra coisa, daí vim parar aqui... Feliz?

-Não! Irritado, muito irritado! – Naruto suspirou alto, droga... – Me... Desculpe é só que... Isso é grave, na pior das hipóteses se for um tipo agravado de leucemia, ela tem estado se desenvolvendo há tempo sem nenhum tipo de tratamento, isso dificulta as coisas... – Naruto olhou para o moreno deitado na maca, que apenas olhava para a tela desligada da televisão absorvendo cada palavra do loiro...

-Eu... Vou morrer é isso? – Sasuke disse rangendo os dentes.

-Não disse isso... Por favor, não coloque palavras na minha boca. A única coisa que estou querendo lhe dizer é que você devia ter me informado desses desmaios assim que pisou naquela sala.

-Ia fazer diferença? Eu ia desmaiar do mesmo jeito, você ficou sabendo comigo avisando ou não... – Sasuke disse meio irritado.

-Imagina se não tivesse desmaiado? Ia sair de lá tranquilo e eu ia ficar acreditando que não era tão alarmante.

-Então quer dizer que é? É grave? – Sasuke perguntou fazendo Naruto hesitar, droga aquele era esperto.

-Agora é... Não é alarmante, mais é mais preocupante com desmaios do que sem eles. Quando a pessoa leucêmica desmaia frequentemente isso indica que o estágio da doença é um pouco mais avançado do que a que não teve desmaios ainda.

-Hn.

-Seus “hn” me irritam.

-Você fala muito... Isso me irrita. – Naruto bufou.

-Vai ficar aqui em observação até o resultado do exame chegar, não quero nem um “A” de protesto, você está doente e vai se tratar. Fui claro como água não é?– Naruto olhou para trás e abriu um sorriso travesso. – E depois sou eu que seco as pessoas hein Uchiha! – Sasuke arregalou os olhos e rapidamente voltou ao normal abrindo um sorriso de canto.

-Só estava dando uma checada... Fica melhor no jeans branco. – Naruto sentiu suas bochechas queimarem, pegou um travesseiro de uma maca perto de si e atirou-o ao moreno que o agarrou e deu um risinho de deboche. – Ao menos eu assumo quando sou pego em flagra!

-Uchiha! Cala essa merda de boca. - Naruto gritou já do lado de fora da sala, no corredor do hospital. Sasuke ouviu uma enfermeira xingá-lo. Soltou uma leve risada pela situação.

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E assim alguns dias se passaram, Sasuke não saía do hospital e Naruto frequentemente ia ver como este se encontrava. Isso até os resultados dos exames chegarem, Sasuke não os havia visto ainda, e algo em si lhe dizia que boa coisa não era. Maldito o dia em que fora conhecer as leis de Murphy e se tornar um adepto destas. Viu o loiro entrar pela porta de seu quarto com uma pasta verde na mão, seu corpo ficou um tanto tenso. Naruto puxou uma cadeira e se sentou ao lado de seu paciente, tanto um quanto o outro tinham um olhar apreensivo.

-Sasuke... Os resultados estão na minha mão...

-Legal, agora diz algo que eu não sei dobe... – Naruto olhou para ele apreensivo.

-Olha só quero te afirmar que não é boa coisa. O prognóstico não foi nada agradável, eu não esperava que fosse uma leucemia de simples tratamento, mas também não esperava isso... Você tem leucemia promielocítica aguda, é um subtipo da leucemia mileoide aguda. Existem diversas formas de leucemia e entre elas o tipo de leucemia aguda é o mais abrupto... Uma leucemia aguda se desenvolve muito mais rapidamente que uma crônica por exemplo... Mesmo sendo mais agravado uma cura é possível. Diferente de alguns outros tipos, devido ao rápido desenvolvimento, a leucemia aguda tratamos desde o início com quimioterapia e posteriormente se necessário recorremos ao transplante de medula. – Naruto disse, Sasuke ouvia cada palavra, ok... Agora sim estava assustado.

-No que... Exatamente consiste este tipo de leucemia?

-Bem, é um câncer que afeta a linha mileoide dos glóbulos brancos, ela se caracteriza pela rápida proliferação de células anormais e malignas, que não amadurecem, não desempenham sua função e ainda interferem na produção normal de outras células sanguíneas... – Naruto disse sério olhou para Sasuke que se mantinha calado. – Mas não se preocupe, você começará o tratamento com sessões de quimioterapia, faremos mais alguns exames até lá. – Naruto se levantou sorrindo.

-Ok...

-Até lá descanse um pouco... E... Corte o cabelo. – Naruto olhou para Sasuke deveras penalizado.

-Hn... Disse isso porque está com inveja por meu cabelo ser melhor que o seu... Aí você opta por deixar seus pacientes carecas. – Sasuke disse rindo levemente.

-Há... Isso foi ridículo até para alguém como você... – Naruto tentou atingir o moreno que apenas manteve sua expressão fria e indiferente. O que acabou por irritar o loiro ainda mais.

-Ridículo...

-Se você diz... –Naruto disse se retirando da sala e fechando a porta.

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- Uchiha-san. – Cumprimentou um pouco mais sério do que o de costume, pois achava aquela situação muito complicada.

                Assim que tinha constatado o câncer no moreno, o Uzumaki tinha pegado o caso já que era o melhor medico daquela especialidade no hospital e particularmente aquele era um caso bastante delicado.

                Ouviu algo monossilábico como resposta e depois o mais velho sentando-se a sua frente, com a expressão fria e indiferente, que nem mesmo parecia com a de uma pessoa com uma doença tão delicada e aquilo só deixava o médico mais nervoso quanto ao paciente.

                - Discutindo o caso com meus colegas, chegamos à conclusão que eu sou a pessoa mais qualificada para tratá-lo, Uchiha-san. – Seu tom era impessoal e muito profissional. Poucas vezes tratava um paciente  com tanta formalidade, mas aquele parecia mais um barão aristocrata do que um jovem em seus vinte e poucos anos.

                - Não acho que um pirralho como você consiga salvar a vida de alguém! – Provocou com um sorrisinho de lado e os olhos espremidos, chegando o rosto um pouco para frente.

                Desde o primeiro momento que tinha o visto não tinha gostado do rosto carregado com aquele sorriso cheio de vida. Como um médico, alguém que convive tanto com a morte, conseguia dormir em paz, sem saber se seu paciente acordaria no dia seguinte?

                - Não vou dizer que salvei a todos que confiaram em mim, pois já vi um bom número de pessoas morrendo, mas tenho completa certeza que não sou Deus e que tenho limites, mesmo sendo um médico. Posso ajudar a pessoa a melhorar, mas isso não quer dizer que sou um papai Noel que lhe trará saúde como presente de Natal. – Duro? Sim! Sabia que tinha sido, mas aquele homem, mesmo sendo mais velho que si, tinha que aprender a o respeitar, pois seria o médico que ele chamou de pirralho que poderia ajudá-lo.

                Ficaram calados por um tempo, somente se encarando. Depois daquela Sasuke soube que era a hora certa de ficar quieto, pois apesar de tudo queria ter o mínimo de boa convivência com o seu médico.

                Naruto se apresentou devidamente, falando sobre sua especialidade, câncer e alertando mais uma vez que o tratamento para a Leucemia era longo e exaustivo, tanto fisicamente, quanto psicologicamente.

                Acabaram convivendo bem naquele dia; entendiam que um precisava da colaboração do outro para tudo aquilo dar certo. No final da consulta o moreno já tinha mais requerimentos de exames e uma data marcada para sua próxima consulta.

                - Se não houvesse tanta ambição, não teria tanta desigualdade e se não tivesse desigualdade, não existiriam os piores e os melhores... Todos seriam melhores. – Arrumou sua franja, jogando-a para trás, já que ela estava impedindo-o de encarar os olhos azuis. – Agora pense: se todos tiverem o mesmo poder aquisitivo o mundo virara um caos! Se um médico e um pedreiro ganharem a mesma quantia, é óbvio que o médico dispensaria estudar dez anos de sua vida e começaria a construir casas.

                - Teme! – Bateu fortemente na mesa, levantando-se e indo para a janela, respirando bem fundo. – É óbvio que se algo do tipo acontecesse, eu continuaria a ser médico sim, então não diga besteira!

                - Você continuaria porque é um Dobe. – Gritou também, estressando-se com a ingenuidade do garoto. – Porém pense em todos os seus colegas de trabalho, da faculdade... Todos os médicos que você conhece; você realmente acha que a maioria continuaria na profissão, caso fosse essa a verdade?

                Naruto voltou a sentar na cadeira e suspirou, encarando uma pilha de papeis ao seu lado. Sabia que aquela lógica era verdadeira, que a maioria dos seus colegas optariam por outra coisa, mas custava admitir que o mais velho estava certo.

                Há algum tempo que estavam naquele relacionamento de médico e paciente, por isso tinham aprendido a se aturar, mas a busca por superioridade não passava. Sasuke não suportava que alguém tão espalhafatoso e mais novo que si pudesse ser expert em alguma coisa, enquanto Naruto não admitia um paciente ser tão cabeça dura.

                Mesmo não admitindo, gostavam de conversar sobre diversas coisas, principalmente porque discordavam de tudo, nunca tinham a mesma ideia. Conversavam sobre política, medicina, televisão, carro, filosofias... Tudo no intervalo de tempo entre o exame e o resultado deste. Daquela vez não era exceção, tinham uma pausa de meia hora e já estavam a discutir novamente.

                As enfermeiras que sempre estavam a par de tudo que se passava no hospital, estavam morrendo de inveja do doutor, pois Sasuke era lindo, e mesmo sendo hétero, Naruto tinha toda a atenção do moreno para si. Outra parte do conjunto médico tinha o oposto; o ciúme era do Uchiha, que tomava todo o tempo do doutor, mesmo quando este poderia sair pra tomar um cafezinho com os outros médicos.

                - Ah Uchiha! – Ajeitou o jaleco de forma nervosa, quase gritando no corredor do hospital. – Pare de se achar a bala que matou o John!

                - John Lennon, idiota! – Revirou os olhos e entrou no consultório, sendo seguido de perto pelo outro que se acomodou na cadeira do paciente com tal intimidade, que parecia que frequentava o lugar há anos.

                - Posso fazer o quê se nesse cérebro só entra Biologia? Estude um pouco de atualidades!

                - Falou quem não sabia nem sobre a bala de John! – Riu sacana, adorando ganhar vantagem.

                - Eu falei para estudar atualidade e não antiguidades, idiota!

                A pequena discussão continuaria se batidas na porta não tivessem sido ouvidas. Após a autorização uma enfermeira entrou no consultório. Estava toda de branco e o que destacava era seu cabelo rosa e seus olhos bem esverdeados.

                - Doutor Uzumaki, os laudos do exame. – Falou muito educadamente, enquanto olhava fixamente o paciente, analisando-o.

                - Obrigado Sakura. Já pode se retirar.

                Analisou os resultados e deu seu laudo e com isso marcaram mais uma consulta. Em breve o tratamento com quimioterapia começaria e as coisas só tendiam a piorar a partir desse ponto, já que na maioria das vezes era nesse estagio que muitos pacientes desistiam.

                Sasuke se despediu e foi embora. Naruto pediu para adiar em alguns minutos a próxima consulta, pois ele próprio não estava se sentindo bem. Hinata, a secretaria, tinha perguntado preocupadamente, se o loiro não queria que alguém o examinasse, mas bem prontamente ele disse que não, que era somente cansaço.

                O Uzumaki se levantou e trancou a porta, voltando a se sentar logo em seguida, porém dessa vez ocupou o lugar do paciente. Estava na cadeira que Sasuke se sentara mais cedo e seu coração disparou.

                Já estava a bastante tempo convivendo com o moreno, tendo suas discursões e também uns raros momentos de risadas e ah, como apreciava ser o causador de tais risadas tímidas, quase inexistentes! Tinha se dado conta que alguma coisa fora do comum esta acontecendo, mas nunca chegou a cogitar essa ideia.

                Há algum tempo seus dias pareciam mais longos e sua vontade de ficar em casa diminuta. Só queria ir para o hospital, pesquisar mais sobre leucemia e ajudar seu paciente birrento. Se fosse analisar com cuidado, até mesmo em suas horas de folga, a única coisa que conseguia fazer era procurar uma cura para o mais velho. E tudo se tornava mais evidente quando a todos os momentos se lembrava do risinho cínico, do olhar superior ou nas frases travessas... Não conseguia parar de pensar em nenhum momento no Uchiha.

                Sasuke, Sasuke, Sasuke. Era a única coisa que se passava em sua cabeça e realmente não sabia mais o que fazer para tira-lo de seus pensamentos. Já tinha devorado livros, mexido no computador, saído pra noitada para aproveitar a noite com belas mulheres, mas nem isso conseguia, pois quando ia aprofundar o contato com a moça, a imagem os olhos ônix e boca delineada o tomavam.

                Estava perdidamente apaixonado pelo seu paciente mais complicado! Ah Uzumaki, como você é um homem de sorte!

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-Feliz natal... – Um velho senhor disse para Sasuke, céus, estava bem sem ter que dividir o quarto. O problema não era exatamente a falta de privacidade, mas sim a falta de silêncio que tinha por lá.

-Ainda não é natal. Falta um mês e meio... – Sasuke disse entediado enquanto mudava o canal da TV repetidamente.

-Ahh Sim... Desculpe-me. É que não sou muito bom com datas.

-Hn – Sasuke murmurou, desligou a TV virando-se para o outro lado. Dormiria assim não precisaria ouvir toda aquela ladainha.

Permaneceu assim por alguns minutos, estava feliz, pois finalmente o homem calara a boca.

-Sabia que eu já fui atingido por um raio? – Sasuke retirou a fina coberta de cima de si. Estava furioso, céus não tinha paz. – Duas vezes, Em uma chovia muito forte e meu guarda-chuva atraiu o raio, em outra eu estava na fazenda e caiu um na cerca perto da janela do meu quarto e ele passou pra mim.

-É que bom que não morreu. – Sasuke disse sentando-se, pra ele já bastava, estava no limite. Há uma semana ouvia a mesma história, incontáveis vezes por dia. O homem o acordava no meio da noite para lhe contar pela quinquagésima vez consecutiva que havia sido atingido por um raio.

Sasuke se levantou calçando os chinelos, estava zonzo, com fome, sono, clamando por paz. Precisava solucionar aquele problema. Rumou até a sala do Uzumaki, ele era seu médico, pediria a ele que solucionasse aquele problema já que nenhuma enfermeira competente o suficiente tinha o feito. Chegou na sala do loiro e pode ouvir uma conversa, sabia que era feio ouvir por detrás da porta, mas ele parecia nervoso. Estava considerando voltar depois, mas era um Uchiha e Uchihas nunca voltavam atrás.

“-Não, não, não... Eu preciso disso urgente... Não dá pra esperar mais... Olhe bem eu sei que o tipo sanguineo é raro, mas tem que ter... Esse é o maior banco de doações do Japão! Como assim não têm?... Isso é simplesmente ridículo... Ele não tem pais... Nada deve ser órfão... Não, não é menor de idade... Droga! Eu não tenho mais de três meses... Procure! Olhe de novo! É só uma medula! O que está dizendo é completamente idiota!... Se ele for órfão como vou achar os pais dele?... Como assim vivos?...”

Sasuke ouvia tudo, estava interessado. Tudo bem que a chance do loiro estar falando de si era uma em um milhão, já que este tinha inúmeros pacientes, mas ela não era completamente nula.

“-Hm... Seu sobrenome? Uchiha... Como?!... Como assim ‘estão aqui em Tókio’?... Ah! Ok... Vou pesquisar um pouco... Obrigada de qualquer forma. Tchau.

Ok. O fato de seu sobrenome ter sido pronunciado ali era suficiente para significar que o loiro estava falando de si... Sasuke respirou e bateu na porta, após alguns segundos viu o loiro surgir diante desta. Reparou na face dele que de preocupada e frustrada mudou para surpresa e depois para uma que não pode exatamente distinguir, mas era uma expressão agradável... Feliz talvez.

-Oi... – Sasuke disse com a voz baixa, estava fraco. Aquelas sessões de quimioterapia acabavam consigo, a última vez que se olhara no espelho parecia um fantasma.

-Teme... O que está fazendo andando pelo corredor? – Naruto indagou dando espaço para este entrar.

-Assustando criançinhas com a minha fantasia de halloween. – Naruto abriu um leve sorriso. – Hoje estou de zumbi gostou?

-Isso não tem graça, você devia estar descansando, se estivesse dormindo estaria com uma aparência melhor.

-Queria falar sobre isso... – Naruto largou os papeis que ajeitava na gaveta e olhou para aqueles orbes ônix dando a entender que estava prestando total atenção. – Aquele cara que está no mesmo quarto que eu... Não me deixa dormir.

-Hm... Quem está com você é o senhor Smith? – Sasuke assentiu com a cabeça vendo a face de Naruto mudar um pouco.

-Droga... Quem o colocou lá? – Sasuke pensou um pouco, se mantendo alguns segundos em silêncio.

-Uma enfermeira aí.

-Ele tem que ficar sozinho em um quarto... Podia ter me dito antes, o senhor Smith não deixa ninguém dormir. –Naruto disse rindo. – Sempre com as suas histórias de ter sido atingido por um raio.

-Dois... – Naruto olhou para Sasuke, não entendendo. – Ele diz que são dois raios.

-Ah!... Sim. – O loiro riu alto. – Bem ele teve um tumor no cérebro e já passou por três cirurgias de remoção, depois de tudo isso não é de se esperar que ele raciocine muito bem, considerando que um dos tumores foi no córtex... Mas tudo bem, vou providenciar outro quarto para você, tudo bem se ficar sozinho?

-Por favor! Faça isso! – Naruto deu um riso de leve e puxou o telefone do gancho.     

Sasuke o viu dizer algo no telefone, mas não conseguiu ouvir. Sentiu sua cabeça rodar e seu corpo ir ao chão, esperou a dor da queda, mas nem sequer pode senti-la, uma das últimas coisas que viu foi um anjo de pele bronzeada e cabelos loiros à sua frente tentando reanimá-lo. Sentiu uma dor forte em seu estômago e sua garganta ardia, parecia queimar enquanto era obstruída. Olhou em volta, tudo estava desfocado, as cores pareciam vir de um sonho ou de uma lembrança distante. Fechou os olhos, queria mantê-los abertos, mas não tinha forças para isso. Fechou-os deixando a escuridão o engolir de vez.

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Abriu os olhos, sentindo-os ter o peso semelhante ao de uma bigorna. Piscou algumas vezes até sentir sua visão entrar em foco olhou um pouco em volta e pode ver um loiro aos pés de sua maca, reparou por curtos segundos no olhar apreensivo que aquela imensidão azul direcionava a si. Viu quando Naruto abriu um fraco sorriso, mesmo não sendo tão radiante continuava sendo lindo.

-Hei... Demorou a acordar.

-Hn. – Sasuke murmurou sentando-se na maca, sentiu seu corpo doer por inteiro, foi inevitável um gemido sair de sua garganta, Naruto correu para ajudá-lo. – O que... Houve?

-Você desmaiou...

-Porque meu corpo ta doendo tanto?

-É a quimioterapia. – Naruto disse sentando-se na beirada da maca.

-Não doía tanto assim antes. – Sasuke olhou para Naruto, pensou seriamente em chamá-lo de folgado pela invasão de espaço, mas a proximidade não era assim tão ruim. Quase podia sentir o calor emanar da pele bronzeada.

-Aumentamos as doses. Desculpe se não te avisei, mas é que tenho trabalhado dobrado nos últimos dias. – Sasuke olhou para o loiro só então reparando na face cansada que este ostentava. – Eu fiquei preocupado, pois achei que tivesse reagido mal aos medicamentos, mas não é a primeira vez que isso ocorre. Só me assustei com o desmaio, você começou a se engasgar com o vômito... Está se sentindo melhor? – Naruto perguntou pondo a mão na testa pálida. Sasuke apenas assentiu com a cabeça. – Agora vou sair, descanse um pouco, agora pode dormir tranquilo. Te vejo amanhã.

-Hn... Você também, descanse... Vai assustar criancinhas pelo corredor com essa cara, Naruto riu e fechou a porta. Sasuke viu este assentir com a cabeça antes de sumir da vista do moreno. Abriu um pequeno e singelo sorriso no canto dos lábios, agora sim dormiria tranquilamente.

Todos os seus sonhos, sem exceção. Tiveram como personagem principal um anjo de cabelos loiros macios, com uma pele dourada como o sol, lisa que de tão perfeita parecia um sonho intocável. Com olhos de um azul infinito como o céu iluminado em um dia de primavera. E de emplumadas asas brancas, asas tão claras como uma nuvem em um céu ensolarado, tão límpidas que doíam as vistas por olhar apenas de relance.

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-Sasuke... Queria saber de uma coisa. – O loiro disse adentrando o quarto, sentiu-se com uma certa raiva ao ver que este nem desviara o olhar da TV.

-Hn... Bater na porta é educado.

-Teme! Sou seu médico, pelo amor de Deus. Isso é coisa de enfermeira fazer. – Sasuke soltou uma leve risada.

-Isso porque todas elas são educadas e não andam por aí com um alto falante preso na boca.

-Oras... Seu bastardo, você ta pedindo pra apanhar!

-Bater em pacientes debilitados... Muito lindo e ético da parte de um médico não? – O moreno disse sorrindo discreto, irritar aquele loiro tinha se tornado seu passatempo favorito dentro daquele hospital.

-Quando levar uns petelecos nesse cabeção não reclame. – Sasuke olhou para ele com um olhar assassino Naruto ficou um pouco tenso.

-É mais fácil EU te dar uma coça do que você dobe. – O Uchiha disse enfatizando que ele não apanharia em uma briga

-Haha... Coitado... Enfim vou mudar de assunto que hoje meu dia está meio corrido e queria te perguntar algo. – Sasuke olhou para o loiro com certa indiferença.

-Você tem pais?

-Hn... Quando penso que você não pode me perguntar mais coisas você vem e me surpreende... Sim e não.

-Como assim... Sim e não? – Naruto olhou para Sasuke esperando a resposta... Viu o moreno pensar um pouco e se mover na maca buscando uma posição mais confortável.

-Bem eu... Fui expulso de casa aos quinze anos de idade, nessa época nós vivíamos em Tókio, com o crescimento da corporação Uchiha obviamente eles se mudaram... Não sei aonde eles se encontram exatamente, apesar de ter lido em um jornal que eles estavam trabalhando na nova filial daqui. – Sasuke concluiu, tendo sobre si os atentos olhos do loiro.

-Sim... Um amigo meu me disse que conhecia uma família de sobrenome Uchiha.

-Porque a pergunta? – Naruto olhou para o lado, pensando sobre como exatamente diria aquilo ao moreno. - Naruto...

-Bem... Eu preciso conversar com eles, você precisa de uma doação de medula óssea. Você tem irmãos? – Sasuke olhou para o loiro por alguns curtos segundos e direcionou seu olhar para a parede branca.

-Um irmão... Desista dobe... Eles nunca aceitariam. Meu pai sempre foi muito... Sistemático, preconceituoso se preferir. E minha mãe sempre foi o tipo de pessoa adorável, carinhosa e amável, mas que não tinha forças suficientes para ir contra a palavra dele, e meu irmão... Sempre foi... Aquele tipo de pessoa que nunca desobedecia a uma palavra sequer de ambos os lados, que aceitava qualquer ordem. O filho dos sonhos para todos, mas ao mesmo tempo conseguia ser o oposto de tudo. Era como se ele acatasse e desacatasse uma ordem ao mesmo tempo... Nunca o entendi.

-Hmm. Deixe-me adivinhar... Para completar a família perfeita você era o filho rebelde cansado de ouvir bronca? – Sasuke soltou uma curta risada pelo canto dos lábios, Naruto pode ver a amargura que aquele gesto carregava.

-Quase isso, mas ao invés de cansado de ouvir broncas, sempre vivi cansado de ouvir “seja como seu irmão”.

-É a coisa mais idiota que já ouvi... Imagine se... Todos no mundo fossem iguais? Por examplo, se todos fossem organizados,submissos e bonzinhos tudo bem que haveria uma ordem perfeita no mundo... Mas seria tedioso, imagina só você ir em uma boate e encontrar todos sentados e conversando como se estivessem em uma festa de gala?! Onde estaria a bebedeira, a farra até altas horas, a pegação nos banheiros sujos?! Fala sério, não seria viver... Seria vegetar...  – Naruto riu após seus dizeres, Sasuke o olhou de relance soltando um leve sorriso. – Porque eles te expulsaram de casa? Você não é tão insuportável, eu convivo com você há mais de um mês e não te chutei para fora da minha ala...

-Eu... Não era o que o meu pai queria... Ainda no colegial eu havia discutido com um cara da minha sala, só não nos socamos até a morte porque um professor interveio. Naquela mesma semana fui à uma festa, conheci um garoto, nem lembro o nome mais... Dei uns amassos nele no banheiro da boate e o maldito moleque que eu havia brigado nos viu... Ele contou para o meu pai... E eu abri o jogo com ele.  – Sasuke deitou na maca e olhou para o teto. – Eu estava pouco me fodendo, mas meu pai sempre conseguiu fazer com que eu me sentisse mal por não ser como Itachi. – Sasuke soltou uma risada de escárnio. – Tudo o que ele conseguiu com todo esse jogo psicológico, foi fazer com que eu odiasse meu irmão... Tudo dentro daquela casa era ele, ele era o bom, o perfeito... Eu era só uma peça sobressalente para caso Itachi não fosse perfeito o bastante. Quando meu pai me chutou para fora daquela casa, tenho que admitir que saí feliz e de cabeça erguida, pois não havia mais pressão, não havia mais “seja como Itachi”. Mas ao mesmo tempo me senti o pior lixo que podia existir, quando ele disse que não me considerava mais como um filho... – Sasuke disse enquanto reparava nas pequenas ranhuras do teto daquele quarto. – Depois que saí daquela casa, após um tempo li em um jornal que Itachi havia sido deserdado e que não havia sucessor algum para o grande império Uchiha, só aí entendi que ele era tão ou mais pressionado que eu dentro daquela casa... Ele deve ter se sentido mais sufocado do que eu seja capaz de imaginar, ser controlado pelo grande Fugaku mão-de-ferro não é algo psicologicamente agradável.

- Hmm... Se fosse para eu ser expulso de uma casa cada vez que beijasse um garoto. Eu já teria morado em todas as casas do Japão e em mais algumas de outros países... – Naruto disse sorrindo, Sasuke olhou sério para o jovem. – Eu sei como deve ter se sentido. Sabe... Já passei por algo parecido... Meus pais morreram quando eu ainda era um bebê, vivi em um orfanato até os cinco anos de idade quando um casal me adotou. O Ero sennin e a Baa-chan, Já leu algum livro da série Icha Icha? – O loiro indagou recebendo um aceno negativo do moreno.

- Um professor da faculdade não desgrudava desses livros... Kakashi.

-Kakashi sensei? Ele foi meu professor. Era ele que me assustava com os cadáveres na faculdade. – Naruto disse soltando um gemido desagradável.

-Hn... Sempre via ele chegando tarde, sempre lendo aquele livrinho...

-Hehe... O Ero sennin que me adotou junto a Baa-chan foi quem os escreveu, já a baa-chan era médica. Sempre achei linda a profissão de salvar vidas que ela tinha então segui os passos dela, apesar do Ero sennin sempre querer me puxar para o lado dele... Era um velho pervertido mesmo... Enfim, quando ainda estava no orfanato. Pouco antes de ser adotado um homem estranho que trabalhava lá me disse que meus pais não haviam morrido em um acidente, mas que eles haviam se matado porque não me suportavam... Hoje sei que eles me amavam e que aquele cara disse aquilo só para me assustar... Mas eu me senti tão mal com aquelas palavras... Foi como se tudo o que eu acreditasse tivesse simplesmente desaparecido e deixado no lugar apenas um vácuo escuro... E isso dói e nos faz sangrar. Imagino o quanto deve ter doído, deve ter sido quase a mesma dor que sinto desde que me entendo por gente, quando perdemos uma família fica um vazio escuro no peito, algo grande e que não dá pra tapar com nenhum outro sentimento. Algo que só pode ser curado quando trazemos nossa família de volta, pois aquele vazio, aquele espaço que fica lá é feito sob medida para ela e nenhuma outra coisa senão a família se encaixa nele...- Naruto olhou para Sasuke que tinha a visão desfocada, parecia perdido naquelas palavras ou em alguma lembrança. Viu o moreno se recuperar e se mover na maca.

-Hn... Como eu ia dizendo, não vai adiantar... Mesmo você conseguindo entrar em contato com eles, eles não vão se importar, eles não vão dar a mínima, pois a primeira e última palavra dentro daquela casa é a do meu pai e quando saí de lá ele deixou bem claro que não tinha um segundo filho... Que seja então... Sendo assim não tenho pai... – Naruto ficou tenso na cadeira, se curvou para frente ajeitando a roupa do moreno para que o cateter não o incomodasse. Sorriu para este.

-Provavelmente ele devia estar muito nervoso quando disse isso, todo pai ama seu filho nem que seja um pouquinho. Tenho certeza que ele te ama, só não deve ser muito bom em demonstrar isso. Mas quando ele dizia para se espelhar em seu irmão, sem dúvidas é porque ele sempre quis o seu melhor. - Naruto disse passando as mãos na pele alva do rosto do moreno. – E provavelmente deve ter doído muito quando ele se tocou e te viu sair pela porta daquela casa.

-Então porque ele não me pediu para voltar? – O loiro deu uma leve risada.

- Aposto que todo esse orgulho que você carrega inflado no peito, puxou dele. – Sasuke olhou para o loiro, seus rostos não estavam tão próximos, mas também não estavam tão longes um do outro. O moreno sorriu.

-Seus olhos têm umas manchinhas de azul mais escuro que o resto... – Naruto sorriu afastando-se do moreno, tinha certeza que estava corado.

-Eu vou encontrar seus pais, tenho certeza que eles virão para ajudá-lo. Você é filho deles, tenho certeza que eles não vão te abandonar... – Naruto disse se levantando, queria ficar mais tempo por lá, ao lado dele. Mas o dever o chamava, precisava salvar a vida dele, a vida da pessoa que roubara seu coração e alma de uma só vez.

-Hn... Assim espero... – Sasuke disse, Naruto deu um sorriso terno e se retirou da sala, mas não antes de dar uma última olhada para a pessoa naquela maca. Perder pessoas importantes para si não era uma opção e decidido assim se retirou daquele quarto rumando ao seu escritório a passos firmes.

...

-Kakashi?! Ah meu Deus que bom que consegui falar com você... – O loiro dizia no telefone, pegou um pequeno bloco de notas. – Preciso de um imenso favor seu... Você conhece a família Uchiha?... Preciso conversar com eles... Um número de telefone que me conseguir já é o bastante... Mas agradeceria muito se conseguisse fazê-los me encontrarem pessoalmente... Por favor... – O loiro implorava o homem do outro lado da linha podia sentir o desespero naquele tom de voz. – OK... Não só de você tentar isso por mim já está ótimo... Eu vou esperar o retorno... Muito, muito obrigada... Obrigada mesmo tchau...

E assim se sucedeu, O loiro ficou o resto do dia recluso dentro daquele escritório rabiscando e re-rabiscando folhas em branco. Prestes a perder a paciência, levantou-se impaciente da cadeira. Céus só precisava de um contato não podia ser tão difícil podia?

Começou a andar de um lado para outro ansiosamente. Olhava para o telefone de minuto em minuto, nervoso por ele não tocar, já que esse era um mau sinal. Quando o aparelho soou, o loiro quase saltitou e atendeu rapidamente, ouvindo a única voz que lhe interessava no momento.

                - Naruto, eu consegui o que você queria, mas saiba que foi bastante complicado, por isso você me deve um favor enorme, entendeu? – Mesmo com as palavras rudes, podia se ouvir a graça na voz.

                - Kakashi! Ah, não me importo de te dever o mundo, não depois desse favor! – Estava saltitante, serelepe e nem sabia se tirava o jaleco para ir embora logo ou se sentava na cadeira para gargalhar. – Conte-me mais.

                - Consegui marcar para hoje às vinte horas. – O tom antes brincalhão tinha se transformado em um serio. – Será no restaurante da família e a reserva será no nome deles, então, por favor, comporte-se. Não sei o que está aprontando, mas para me pedir algo de tanto sacrifício, deve valer apena.

                - Serei eternamente grato, Kakashi. – Estava quase chorando de felicidade e seus colegas perceberam isso, já que um grupinho de seis médicos estava encerrando o dia de trabalho. – Agora tenho que ir. Depois te explico melhor o que está acontecendo.

                Desligando o celular, correu pelas escadas mesmo, sem ter tempo para esperar o elevador. Estava pouco se importando com o que os outros médicos estavam pensando de si, pois tinha arrumado um jeito quase garantido de curar Sasuke.

                Entrou apresado em casa e nem tirou os sapatos na entrada. Foi direto para a suíte de seu quarto, tomando um banho rápido, pois só tinha uma hora para chegar ao local, que era meio longe de sua casa.

                Pegou uma calça preta, uma camiseta social azul claro e um terno esporte, também negro. Ajeitou o cabelo de qualquer jeito, pois de um modo ou de outro ele ficava revolto. Passou um pouco de perfume, calçou os sapatenis e sorriu para sua imagem no espelho. Estava realmente encantador.

                Saiu às pressas, pois tinha medo de pegar engarrafamento, o que por sorte não aconteceu. Chegou ao restaurante dez minutos antes do combinado e reparou no ambiente tipicamente japonês. O restaurante era bem conceituado e muito caro, mas claro que isso não era problema para si, já que no Japão médicos ganhavam bastante dinheiro.

                Foi à recepção e se apresentou. Assim que falou seu nome, a atendente muito simpática direcionou-o a uma sala reservada, onde poderia sentar seis pessoas. Estava ansioso e nervoso, já que ia conhecer os parentes do seu querido paciente.

                Assim que entrou, falando boa noite, viu duas figuras de porte bem nobre e não precisou reparar muito para perceber que eram os pais de Sasuke. Os cabelos negros, do homem até o ombro e da mulher até o fim das costas, e os olhos bem pretos, junto com a pele branquinha era inegável.

                - Sente-se. – O Uchiha mais velho pediu, indicando a cadeira a sua frente. – Chamo-me Uchiha Fugaku e ao meu lado é minha esposa, Uchiha Mikoto.

                - Muito prazer. – Curvou-se levemente. – Sou Uzumaki Naruto.

                Uma garçonete do lugar entrou depois de pedir licença, levando chá verde enquanto preparava os sushis e sashimi, assim como o misso. Assim que serviu aos três, a mulher saiu, deixando-os na privacidade novamente.

                O patriarca Uchiha bebericou o chá, analisando bem o convidado, percebendo claramente que o menino não era nipônico. Pensou no que um estrangeiro queria consigo e espremeu os olhos.

                - Hatake-san me informou que tinha um assunto delicado para tratar com minha família. – Começou a conversa simples e diretamente. Odiava rodeios.

                No mesmo instante Naruto se ajeitou na cadeira, olhando seriamente para o mais velho. Queria abordar aquilo de forma mais amena, por saber que estava em desvantagem. Oras, somente pelo porte do homem, sabia que ele não se renderia tão facilmente.

                - Uchiha-san, sou médico especialista em câncer e trabalho no hospital Konoha. – Sua voz tinha se tornado mais nítida e grossa e sua expressão mais séria. Agora estava a tratar do futuro de um paciente e isso era extremamente importante. – Tenho um paciente que esta em estado crítico e que precisa da doação de medula óssea para o tratamento, por isso lhes procurei.

                - Uzumaki-san, percebo que suas causas são nobres, mas não entendo no que podemos ajudar. – Mikoto respondeu bastante envergonhada, com a voz baixinha.

                - Bem... Esse paciente seria Uchiha Sasuke, filho de vocês. – Encarou o patriarca seriamente, mostrando que não se importava com os problemas de família, que independente de tudo, eles eram sim pai e filho.

                - Esse senhor não é meu filho! – Gritou Fugaku, batendo a mão na mesa, fazendo a esposa estremecer. – Eu não tenho filhos. Se o senhor me der licença, estou me retirando.

                - Contenha-se, Uchiha-san! – Também se alterou, se postando a frente do homem. – Haja como um adulto e converse civilizadamente! Imagine o quão vergonhoso seria se todos soubessem o modo com que o senhor trata seus convidados! – Apontou para a porta, onde a garçonete perguntava se estava tudo bem.

                Suspirando voltou a se acalmar, falando para o médico se sentar, pois aceitaria conversar, mesmo sabendo que aquilo tudo era inútil.

                - Não tenho filhos. Eles abandonaram a família e todas as responsabilidades que carregar o nosso sobrenome traz... Atiraram no lixo toda a dignidade que tanto os ensinei, e cuspiram o sobrenome que os dei... Depois disto passei a não ter filhos. Tudo o que é meu será herdado pelo meu sobrinho Obito. – Explicou a fala gravada. – Então é muita falta de educação de sua parte falar algo assim.

                - Uchiha-san, conheço a história da sua família, pois sou médico do Sasuke. – Viu uma careta se formar no rosto de Fugaku ao ouvir o nome. – Não quero que o re-assuma como filho, ou que passe parte de sua fortuna para ele. Eu só necessito de uma medula para que ele não morra!

                - Ele pode até ter nascido da minha esposa e ter meus genes, mas suas atitudes fizeram-no sair da nossa família. Ele que escolheu esse caminho e não nós. Se ele adoeceu fora de nossos domínios, nada podemos fazer por ele. Ele é um completo ninguém para nós.

                - Somente a medula, por favor! Um teste! Não precisa ver ou falar com ele. Se preferirem, ele nunca saberá que foram vocês a salvá-lo!

                - Não entendo por que esta fazendo isso pela vida de alguém como ele! Uzumaki-san, meu filho é gay! GAY! Todos iguais a ele devem ter esse mesmo fim! Todos são imundos e ah, como ele me decepcionou! Eu tinha esperanças nele, eu as depositei todas nele quando Itachi sumiu pelo mundo, sem nos dar satisfação, ai vem Sasuke e tem uma doença dessas? Porque sim, homossexualismo é uma doença e das mais podres!

                - Senhor, não é comprovado cien...

                - Garanta-me que curara essa doença imunda do Sasuke que eu e minha esposa lhe daremos o que precisa! – Interrompeu o médico e falou com tanta seriedade que Naruto até ficou com medo. – E não adianta falar para ele fingir gostar de moças para me enganar! Quero uma prova cientifica de que ele realmente virou homem!

                - NÃO EXISTEM PROVAS CIENTIFICAS DE QUE HOMOSSEXUALISMO É DOENÇA, ENTÃO, COMO O SENHOR QUER QUE EU CURE ALGO QUE NÃO TEM CURA? – Dessa vez tinha sido ele a se descontrolar, gritando e batendo as mãos na mesa. Ignorou o que a mulher falava do outro lado da porta. – Entenda que mais que gay, que filho, que deserdado, Sasuke é um ser humano como qualquer outro e merece viver!

                - Estamos falando de uma vida! VIDA! Finja que ele não é seu filho, finja que ele não é gay! Doe como uma pessoa caridosa, fingindo que nem sabe para quem suas medulas vão chegar. Pelo amor de Deus!

                - Deus? Não acredito nele.

                Naruto estava muito nervoso e não sabia mais o que fazer. Estava com vontade de dar umas boas palmadas naquele homem e levá-lo a força para o hospital. Como alguém podia ser tão mal? Ah, Sasuke, como uma pessoa tão incrível poderia ter pais como aqueles?

                - Se não for por Deus, pela sua consciência. Pense em como a mídia ficará satisfeita ao ver que um nobre tão famoso como o senhor estará ajudando leucêmicos! Por favor, não o deixe morrer!

                - Já falei que não! – Rosnou, arrumando o cabelo para trás.

                - Estamos perto do Natal! Pense nisso, Uchiha-san. Dê esse ultimo presente ao Sasuke. Natal é um dia tão bonito, tão especial. Por favor, faça isso pelo espírito natalino! – Não sabia mais o que fazer ou falar, estava desesperado. Em pensar que a vida de seu Sasuke dependia daqueles hipócritas!

                - Já sabe minha resposta. E não adianta pedir em nome de Deus, pois nele também não acredito. Se existisse, não me daria duas decepções como meus supostos filhos. Se nos dá licença... – Fez uma breve reverência e saiu da sala, vendo a garçonete trazer os pedidos. O loiro estava estático e sua pressão nas alturas, por isso sem se importar, levantou-se e foi para casa.

                A desilusão o corroía por dentro, aquelas eram suas últimas esperanças e se nada fosse feito ele perderia aquela única pessoa que fora completamente capaz de dominar seus pensamentos. Não sabia o que fazer e a situação não ajudava e aquele homem não era do tipo que dava o braço a torcer... Naruto olhou para o céu estrelado, se não podia salvar o moreno, faria uma única coisa que ainda era de seu alcance. Caminhou calmamente pela calçada, sentiu o frio da noite gelar seus ossos, e um buraco escuro e vazio ser cavado em seu peito bem ao lado de onde ficava o vazio que sua família deixara. Agora em seu coração havia um novo vazio, o que Sasuke deixaria cravado, nele e este doía muito mais que qualquer outro e doía muito mais saber que tudo o que podia fazer era tentar costurar aquela ferida grande e dolorosa. Seu único conforto era saber que a esperança era a última que morria em seu peito. E que ela apenas esvaeceria quando Sasuke desse seu último suspiro de vida, e até lá estaria agarrado a ela esperando um milagre. Esperando fielmente de joelhos que a vida amenizasse a amargura que experimentava naquele momento...


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Notas finais do capítulo

Kyuubi_girl
Perdóname por estar falando demais, mas é que minha companheira de fanfic viajou e me deixou pra postar pra ela
T-T
Mas tudo o que disse aqui foi por ela também (^-^)
Bem esse cap sem dúvidas ficou enorme, mas cada linha valeu a pena quando fomos escrevê-la
Ah! a parte que homem que diz ter sido atingido por um raio tenho certeza que vi algo assim em um filme uma vez, gomem por não me lembrar o nome, mas é que ri pacas com essa frase... :D
E saibam amados leitores que se não fosse vocês não estariamos aqui escrevendo... Portanto postem reviews! Isso dá um up em tudo! No nosso humor, na nossa dedicação, na nossa vontade de fazer mais fics... Então não deixem de postar um review, vai custar só um pouquinho do seu tempo e vai nos deixar muiiiito feliz ;D
E por aqui encerro meu falatório, porque já falei demais D:
Beijinhos a todos e a última parte da double-shot chega amanhã. ;D
ja ne



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