Um Presente De Natal escrita por Valentinnes


Capítulo 22
Capítulo 22




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Amber soltou um suspiro alto e revirou os olhos em minha direção com expressão derrotada, fazendo suas mechas curtas e loiras se movimentarem com a brisa fina. Jonghyun que até o momento estava com preguiça de pensar, cobriu a face com ambas as mãos e soltou um barulho que se assemelhava ao choro, mas não tinha como ter certeza. Key estava imóvel com a boca semi-aberta e Baro pendeu a cabeça o lado direito analisando falsamente o cascalho cinza do estacionamento.

– Então né? – comecei nervosa, já que ninguém tinha a intenção de falar – Amber queria me ver, Jonghyun queria ver a Amber e o Key queria ver o Jonghyun, mas é claro que a mãe da Amber sabe... Sabe de muitas coisas nessa vida, porque ela é uma mulher muito sábia... – minha tia Laura me interrompeu.

– Desculpe-me Amber, mas eu tenho que ligar para a sua mãe – disse ela buscando o celular na bolsa.

– E eu terei que ligar para os seus pais – disse minha mãe fazendo referência clara a Jonghyun e Key.

No mesmo instante, Amber me deu um soco dolorido da costela direita, me fazendo soltar um baixo ‘ai’ acompanhado de uma careta de dor. Afaguei o local dolorido fazendo inúmeras caretas e rezei para que não ficasse roxo, mas vermelho eu podia ter certeza que estava.

– Por favor tia Laura – implorou Amber – Eu mandei mensagem para minha mãe dizendo que estava bem, mas é que eu preciso ficar aqui, eu tenho que achar o... – e novamente, minha tia que estava com a pele mais corada por causa do sol, interrompeu uma fala.

– Nem pensar – respondeu ela pousando o celular na orelha.

A essa altura minha mãe provavelmente estava ligando para a casa de Jonghyun. Embora a situação fosse super tensa, chamei Sooyoung e dei a ela a triste notícia, MinHo havia sido sequestrado. Tudo bem que aquilo não era uma verdade absoluta, mas para ele não ter voltado até o momento, não tinha explicação melhor.

– E o que vocês vão fazer? Vão ficar ai parados de braços cruzados? – perguntou minha prima em um sussurro ríspido.

– Ninguém aqui tem forças para ficar de braços cruzados – respondi fazendo bico – Mas nós tínhamos a intenção de ir lá sabe? Porque eu sei para onde ele foi e onde é a casa do primo dele, ou seria a casa dele? De qualquer forma, com toda essa confusão, não tem como irmos atrás dele... Peninha né? – disse fingindo muito bem uma careta triste.

– Vocês não vão sem mim – sussurrou ela séria e se levantou.

Tia Laura conversava com alguém pelo celular, provavelmente a mãe de Amber, enquanto minha mãe esperava que alguém a atendesse. Sooyoung que parecia muito decidida, aproximou-se do tio Chilhyun tocando dramaticamente a testa com a mão esquerda e andando com um pouco de dificuldade.

– Acho que estou com insolação... – disse ela com a voz baixa e esganiçada despencando na direção do seu pai.

Tio Chil-Hyun, que tinha feições coreanas semelhantes a uma mistura louca de Siwon com Zhoumi, pegou Sooyoung no ar e chamou tia Laura, que ainda conversava distraidamente ao celular, mas ao ver a filha desacordada ou pelo menos fingindo estar, ela disse que ligaria mais tarde e foi ao encontro de Sooyoung.

– O que aconteceu? – perguntou ela orientando ao marido que a pegasse nos braços e tomasse cuidado, para que a cabeça da minha prima ficasse voltada para cima.

– Ela disse que estava com insolação e simples desmaiou – respondeu meu tio nervoso pelo estado da filha. Até mesmo Baro parecia preocupado, mas estava sem coragem para se levantar.

– Venha, leve-a para o quarto – disse minha tia mais afobada ainda, abrindo caminho que já estava livre.

– Fiquem ai – ordenou minha mãe e saiu atrás dos meus tios desligando a chamada.

Olhei fazendo uma careta para o meu pai e os três pirralhos e tive que concordar com o comentário sussurrado de Jonghyun, minha prima era da máfia, mas de qualquer forma, ainda tínhamos meu pai para atrapalhar na nossa fuga, afinal, contornar os três pirralhos seria fácil, era só correr, mas com meu pai...

– Pai, e o dinheiro para a pizza? – questionei fazendo o bico mais cheio de fofura que eu conseguia.

– Considerando o número que vocês são, tenho que ir buscar com sua mãe – respondeu ele sem se mover do centro do estacionamento. Eu espera por aquela resposta.

– Então vá pai, estou com fome e nem me venha falar nada, porque ultimamente os senhores andam me abandonando ao relento, sem comida e sem casa, eu me sinto como uma indigente - disse me sentindo a merecedora do oscar de melhor atriz.

– Para de drama Duda – falou meu pai sorrindo, mas insisti falando que estávamos com fome – Então tudo bem, mas se sair daí sua mãe vai matar a você e a mim, escutou bem? Você morrer não tem muita importância, mas eu zelo pela minha vida.

– Ahh... Valeu pai! – disse fazendo poker face – E não se preocupe, não vou colocar sua vida em risco – disse soltando um forçado e perfeito sorriso angelical ao fim.

Nem preciso dizer que todo mundo abriu no mundo quando ele foi todo inocente atrás da minha mãe não é mesmo? Eu sei, muita maldade com o meu pai, mas estávamos falando de Minho, Yesung e Onew, então tínhamos que correr o risco. Os três pirralhos, em especial os gêmeos Min, não queria nos deixar ir, mas éramos cinco contra três, então foi fácil literalmente derrubá-los e sair correndo feito crianças que querem chegar primeiro no balanço. Descobrir onde ficava a saída da cidade, também foi fácil, mas tínhamos que esperar por Sooyoung. Ficamos todos bem escondidos a duas ruas da pousada, até que ela finalmente ligou no celular de Baro querendo saber onde estávamos e em cinco minutos, ela pareceu ofegante e transpirando.

– Agora eu também estou na lista de morte, então vamos de uma vez atrás do MinHo – disse ela olhando para os lados como se fosse uma fugitiva, o que de fato devia ser, pois meus tios não deixariam ela sair assim tão facilmente.

Vendo a poker face que Baro fez e sem ter idéia da confusão que estava sendo armada na pousada, apenas concordei e seguimos em direção a saída da cidade, rezando para que ninguém nos encontrasse antes disso. Quando eles diziam saída da cidade e apontavam sempre reto, era realmente sempre reto, porque tivemos que andar por alguns minutos na rodovia movimentada por causa do fim de ano, até encontrar um campinho de futebol encostado em um galpão antiquado. Era possível ver que o lugar estava iluminado, o que ao mesmo tempo nos trazia conforto e medo.

– Meu Minho! – exclamou minha prima parando subitamente com as mãos nas bochechas.

– Vamos de uma vez – disse Amber séria, puxando-a fortemente pelo braço esquerdo.

– Ai! – soltou minha prima em meio a uma careta de dor, por causa do puxão forte de Amber – Espera, precisamos de um plano.

– Esse vento está acabando com o meu cabelo – retrucou Key com os dedos delicadamente pressionando as mechas na cabeça - Eu concordo com a Amber, vamos de uma vez – completou ele tomando a frente.

Concordando com Key, até porque corríamos o risco de sermos atropelados no acostamento, sai rapidamente atrás dele sendo seguida por todos, até mesmo Sooyoung, que estava preocupada com o fato de estarmos indo com a cara e a coragem. Ganhávamos o campinho de futebol tendo como luz apenas os faróis dos carros, quando o smartphone de Amber tocou. Rapidamente ela o buscou em sua bermuda e atendeu com um sonoro e baixo ‘alô’.

– Como é que é? – ela perguntou fazendo uma curta pausa – Mas nós estamos aqui no campinho e as luzes do galpão estão acessas – retrucou ela no celular – Tudo bem, nós vamos dar uma olhada só para ter certeza ok? - disse a loira molhando os lábios e rapidamente finalizou – Até.

– O que foi? – perguntou Jonghyun curioso.

– A Danielli acabou de me ligar dizendo que o Minho não encontrou nada e só não ligou antes porque tinha perdido o celular.

– Então vamos embora – disse Sooyoung tomando rapidamente a direção oposta.

– Nem pensar – disse sem tirar os olhos do galpão – Há algo muito estranho acontecendo aqui e de um modo ou de outro, nós vamos descobrir o que é.

– Mas não podemos entrar com a cara e a coragem – falou Amber bolando um plano tão rápido quanto era possível e rapidamente tratamos de colocar em prática, mas antes aconteceu um fato que sem dúvidas deve ser comentado – ...vocês ficam do outro lado, entenderam bem? – perguntou Amber para os meninos.

– Sim – respondeu Jonghyun pelos outros, mas rapidamente acrescentou – Mas antes eu queria fazer algo – disse ele dando alguns passos em direção a Amber, parando defronte com ela.

– O que pensa que vai fazer? – perguntou ela semicerrando os olhos perigosamente para ele.

– Eu não sei se sairemos vivos daqui, então eu preciso demonstrar tudo o que eu sinto por você – disse ele da forma mais dramática possível, e passou a mão direita por trás do pescoço de Amber e a mão esquerda por suas costas a trazendo para si.

Ela ainda tentou se esquivar, mas pela distância na qual se encontrava, ela não teve escolha, a não ser fechar os olhos e aceitar os lábios de Jonghyun pressionando os seus com força. Eu decididamente não sabia se caia na risada ou se imitava a careta assustada de Key. Foram segundos com os lábios de ambos apenas sendo pressionados, quando Jonghyun suspirou e afastou de Amber aéreo, mas levou um tapa tão forte do lado esquerdo da face, que até nós sentimos.

– Ninguém vai morrer hoje – afirmou ela tão séria, que novamente nós quatro sentimos seu tom, recuando discretamente.

– Desculpa – pediu Jonghyun ainda sem rumo, enquanto massageava sozinho o maxilar dolorido.

– Agora vamos – disse Amber bufando e caminhou para mais perto do galpão, visualizando uma de suas janelas, que eram todas bem altas e feitas de vidro, então só havia um jeito de visualizar algo ali dentro.

– Vai Duda – disse Amber em um sussurro pela terceira vez e com os dedos entrelaçados para que eu subisse. Defronte com ela e também com as costas levemente curvada para que eu conseguisse pisar em suas mãos, estava Sooyoung, mas não me parecia nada seguro subir naquelas duas.

– Calma – sussurrei de volta sentindo minhas mãos tremerem. Mediante a impaciência de Sooyoung e Amber que estavam pisadas no mato que circundava o galpão, apoiei no ombro da segunda, e pisei em sua mão, dando impulso para cima e rapidamente pisando na mão da minha prima, que reclamou dizendo que meu tênis estava sujo – Fica de boa ai – resmunguei de volta, já que por votação unânime, as duas havia decidido que como eu era a mais magra, eu devia subir em suas mãos.

Apoiei na parede e estiquei os braços para a janela esperando que elas me erguessem. Com um pouco de dificuldade, elas me levantaram de forma instável até a altura mais ou menos do pescoço. Eu começava a desconfiar que ou as duas juntas eram muito fortes ou eu era muito magra.

– Oh My Shisus! – soltei boquiaberta vendo a cena que acontecia dentro do galpão.

Em resumo a cena era bem simples e perturbadora, ainda mais quando se tem alguém de beleza tão exuberante como daqueles sequestradores, mas tentei me focar nos detalhes como por exemplo, o número de pessoas presentes. Dentro do galpão empoeirado havia pelo menos cinco pessoas contando com o meu lindo presente, que ainda usava as roupas do meu pai e estava sentado quietinho em uma cadeira no centro do galpão, com as mãos amarradas para trás e com a cabeça voltada para baixo. Sua expressão era triste e eu podia ver um leve inchaço na sua bochecha esquerda ou talvez fosse só o vidro sujo, eu esperava que fosse a segunda opção. Próximo da cadeira, estava uma mesa de madeira em muito mau estado de conservação, mas estava aguentando bem uma caixa de isopor mediano, um notebook, um caderno pequeno acompanhado de caneta ou seria lápis? E uma máquina fotográfica que com certeza devia ter sido usada para gravar o vídeo do pedido de resgate. Ao lado da mesa e próximo a porta de entrada, estava o grupo, que discutia em sussurros ou pelo menos tentava discutir por meio de sussurros, pois o garoto que estava de costas para mim e possuía o cabelo idêntico ao de MinHo, não estava com paciência para aquele tipo de joguinho.

– Eu já disse, não tem como alguém nos escutar aqui – disse o garoto de forma que eu conseguisse ouvir, sem dúvidas aquele era o MinHo sedução e defronte com ele, estava o meu belo moreno alto e forte de encantadores olhos verdes. Aquele mesmo que havia me segurado para que eu não avançasse na Sooyoung. E devo reconhecer que aquilo era muito preconceito, logo os mais bonitos eram os criminosos.

Ao lado de MinHo, reconheci Onew com as mãos apoiadas na cintura e dando algumas fungadas como se tentasse recuperar o fôlego. Entre Onew e o meu moreno alto que eu não sabia o nome, estava um jovem, que eu também não sabia quem era, mas conseguia notar que ele possuía a pele bronzeada e cabelos castanhos um pouco mais claros nas pontas, típico de surfistas. Do lado direito do moreno, havia mais um jovem, mas eu não conseguia ver porque eles estavam muito próximos da entrada e eu estava mais ao fim do galpão, para que minha face não fosse pega pela luz. O moreno alto, que parecia ser o líder daquela gangue de meninos bonitos, disse algo em tom inaudível, mas pela sua expressão facial, parecia repreender MinHo.

– Vocês sabem quanto tempo demora uma viagem da Coréia do Sul até aqui? - perguntou Onew em um fôlego só, sendo obrigado a fazer uma curta pausa – Muito tempo, e vou logo avisando que não vou dormir aqui.

– O que está vendo? - perguntou Amber em um sussurro curiosa.

– O presente está aqui – respondi de volta em outro sussurro, tentando de todas as formas ver quem era o garoto que estava a direita do líder e se algum deles estavam armados, mas pelo o que eu via, eles estavam tão indefesos quanto nós.

– E o MinHo? - perguntou Sooyoung preocupada.

– Sinto lhe informar, mas seu namorado é um criminoso – respondi com uma paz imensa dentro do meu coração, eu sabia que MinHo tinha que ter algum problema para sair com a minha prima, mas a reação da minha prima foi pior do que eu esperava.

– Não é possível! - exclamou ela me soltando e juntando as mãos ao peito, me deixando completamente sem apoio.

Perdi o equilíbrio, indo de encontro ao chão. Isso porque ainda fiz um esforço para manter minhas mãos na pequena borda da janela, mas meus dedos não foram capazes de suportar todo o peso do meu corpo, pelo menos não segurando daquele jeito, fazendo-me afundar no mato que se reunia ali.

Sentindo meu corpo ir de encontro com a terra, soltei um grito baixo e abafado de dor e olhei em volta preocupada. Com o mato e mais mato me rodeando, tive que abrir um verdadeiro caminho até chegar ao gramado mal cuidado, mas assim que cheguei a ele, desejei ter ficado bem escondidinha no mato.

– O que vocês estão fazendo aqui? - perguntou o moreno alto com indiferença e um canivete que refletia a luzes dos carros em mãos.

De seu lado direito estava Onew e MinHo e do outro estava o surfista. Pelo jeito estava a gangue inteira ali.

– Jogando futebol – respondi rapidamente, perdendo uma oportunidade de ficar calada.

Tivemos nossas mãos amarradas e fomos levadas para dentro o galpão. A primeira coisa que procurei ao entrar no galpão empoeirado foi a face de Yesung. Sorri ao encontrá-la, mas naquele momento eu tinha a certeza, alguém havia lhe dado um tapa ou quem sabe até mesmo um soco, na face do meu presente. Antes que eu disse algo, escutei a grande e velha porta de madeira do galpão ser fechada, aquilo não era nada bom.

– Yesung! Você está bem? O aconteceu com sua face? – perguntei obrigando-o a olhar para mim e tentei correr em sua direção, mas Onew que havia me conduzido até ali, apertou meu braço esquerdo mais ainda, não permitindo que eu fosse ao seu encontro.

– Duda? Por que está aqui? – ele perguntou demonstrando aflição – Vá embora, será melhor assim.

– Primeiro seu Yesung fugiu, por isso foi castigado, então seria de muito bom grado se o mandasse se comportar e segundo ninguém sai daqui – disse o líder sério caminhando de forma calculada até a mesa.

– E o que vai fazer? Matá-las? – perguntou o surfista, que estava ao lado de Sooyoung, brincando.

– Se for preciso – respondeu o líder virando-se para o surfista com a sobrancelha esquerda arqueada, engolindo a risada do outro.

– Eu esperava por algo assim... – disse Amber, que estava bem na entrada e ao lado de Minho, em seus próprios pensamentos – Mas nós não cairemos antes de lutar – sua última palavra foi acompanhada de um movimento rápido e hábil de mãos. Plano B entrando em ação, mas devo confessar que eu não gostava muito do plano B.

Com habilidade anormal, Amber cortou a corda com um canivete próprio que ela sempre carregava consigo, mas se manteve a segurando. Na verdade esse era o motivo por ela não ter oferecido quase que resistência alguma quando fomos encontradas. Se Yesung estivesse no local, nós entraríamos como indefesas reféns. Rapidamente ela passou a corda por cima da cabeça MinHo, a prendendo no pescoço do mais alto e puxou para trás, o deixando sem ar. Com o garoto se debatendo a sua frente e vendo o surfista correr em sua direção, ela lançou Minho para o lado soltando a corda da mão esquerda com velocidade, e deu um impulso com ela para frente, acertando a corda como um chicote na face do surfista, que recuou atordoado e passando a mão pela face que agora exibia um grande vermelho.

Vendo a distração do líder e de Onew, mas ainda com as mãos amarradas, afastei do segundo e peguei o notebook que estava sobre a mesa, dando um meio giro e acertando com tudo a cabeça do moreno. No mesmo instante ele desabou no chão. Onew olhou para mim assustado e ficou na indecisão se me atacava ou não, mas Sooyoung pareceu atrás dele prendendo seu pescoço com as cordas que ainda amarravam suas mãos.

– O canivete – lembrou ela.

Rapidamente busquei pelo canivete afiado no bolso do líder, enquanto Onew tentava se livrar da minha prima e cortei com um pouco de dificuldade minha própria corda. Vendo os dois ainda em uma disputa louca e a face do coreano ficando vermelha, corri para Yesung que observava tudo atônito.

– Viemos te resgatar – disse sorrindo e olhando mais uma vez para trás, a tempo de ver Amber dando um soco de direita no surfista. Eu não queria ser ele. A lâmina rapidamente ganhou as cordas de Yesung e comecei a cortá-las vorazmente - Vai ficar tudo bem Yesung – disse tentando transmitir-lhe confiança, mas era o sorriso doce dele, que me trazia paz.

– Todos parados! – ordenou uma voz alta e firme – Se não eu atiro! – completou a pessoa no mesmo tom desesperado.

Yesung parou de sorrir no mesmo instante e eu me virei para o lado, buscando a face do homem. A sexta pessoa, aquela que eu não havia conseguido ver. Abri a boca incrédula tentando dizer o nome, mas era impossível. Eu não tinha fôlego para conseguir dizer uma palavra sequer. Com todos paralisaram, ele olhou para mim apontando sua desert eagle e ordenou que eu me afastasse de Yesung. Olhei para Amber sentindo meu coração acelerar e a vi assentir levemente com a cabeça.

– Eu vou levar os duzentos mil e vocês não vão dar um pio quanto a isso – disse Taemin se aproximando de Yesung com os olhos fixos em todos e movendo a arma para todas as direções, até mesmo de seus amigos.

Recuei alguns passos. Neste instante o teto tremeluziu em cima da cabeça de Taemin e despencou, trazendo junto consigo Jonghyun. O nocaute foi perfeito. MinHo que também havia levado um soco de Amber, tentou correr, mas assim que abriu a porta, deu de cara com Key e Baro com pedaço gigantescos de madeira e foi nocauteado por Key. Eu nunca havia visto Key tão macho quanto naquele momento. Sooyoung terminou de derrubar Onew e os cinco foram amarrados.

– Por que você me disse onde o Yesung estava? - perguntei fazendo uma careta para Onew, se ele fosse responder o que eu pensava, era uma estratégia perigosa.

– Queriamos parecer inocente e se o Yesung não tivesse fugido, nós teriamos ligo de imediato, mas tivemos que correr atrás dele pelo mato e o MinHo acabou perdendo o celular com o número da Danielli. Então até achar... É tudo culpa do Yesung - conclui ele semicerrando os olhos para o meu lindo presente.

–Inocente ou não, Isso é para você nunca mais chegar perto do Yesung! – disse Amber séria e finalizando com um soco em Onew.

– Nós só queríamos ganhar dinheiro, vocês também podem ficar com uma parte. Vamos fazer um acordo – propôs o líder que ainda estava um pouco tonto pela pancada na cabeça.

– Eu nunca esperava isso de você MinHo – disse Sooyoung com os olhos ficando úmidos e deixou o galpão correndo.

– Vocês são sujos – retrucou Amber dando um soco no líder também, agora todos estavam quites por ter batido no pobre do meu presente – Espero que gostem de dormir fora de casa – completou ela com um sorriso malicioso ao ouvir os apelos para que os soltassem, mas tudo que fizemos, foi pegar a arma de Taemin e o canivete do líder para dar um sumiço em ambas e deixá-los ali.

Enquanto vencíamos o campinho indo de volta para a pousada, Baro correu para alcançar Sooyoung que ia mais a frente e Amber tratou de ir mais atrás com Jonghyun, que reclamava de dor no braço esquerdo. Na companhia de Yesung e Key e segurando fortemente a mão do meu presente, questionei sobre como ele havia sido sequestrado.

– Eu não sei – disse ele primeiro tentando se recordar dos fatos – Eu me lembro de estar na mesa com você, a Sooyoung e o Baro e do nada eu estava andando na calçada sem rumo, quando alguém cobriu meu nariz com um lenço e eu apaguei novamente.

– Você não se lembra de onde estava indo? – perguntei franzindo o cenho – Você se lembra do seu manager Kim Jung Hoon?

– Manager? – ele perguntou intrigado – Por que eu teria um empresário?

E novamente ele havia se esquecido do Super Junior. Tudo de que ele se lembrava, era de uma multidão gritando por seu nome emocionada, dos pequenos flashes que ele havia tendo. Meus pais e tios estavam loucos atrás de nós e depois de levarmos uma bronca daquelas, fomos dormir. O que era um mês sem mesada não é mesmo? Jonghyun e Key foram para o quarto de Baro, enquanto Amber e Yesung foram comigo e Sooyoung para o nosso.

– Eu quero uma história para dormir – pediu Yesung sorrindo, depois de tomar um banho morno.

– Duda – chamou Amber sentada na cama de Sooyoung – Depois do recebimento de mais vídeos, a SM decidiu que nenhum membro do Super Junior viria ao Brasil, por falta de confirmação e por causa do show da virada. Depois eles voltaram a se dedicar ao caso do Yesung. Bando de mercenários - completou ela por conta própria.

– O que é isso tudo? – ele perguntou pousando sua cabeça em meu colo.

– É a história que contarei a você. Ela é bem bonita – disse sorrindo com ternura – É a história de um lindo garotinho chamado Yesung que sonhava em ser um grande cantor famoso.

– E ela tem final feliz? – perguntou Yesung com seus olhos brilhantes pousados em minha face e um sorriso contagioso em seus lábios delicados.

– Não sei, primeiro temos que chegar ao final, mas agora continuando de onde eu parei – falei afagando seus cabelos negros com cuidado – Yesung decidiu que queria ser cantor muito jovem e sua poderosa voz encantava a todos a sua volta...

E assim eu continuei com uma feliz história sobre ele mesmo, mas ele dormiu antes do fim. No dia seguinte nenhum de nós estava com disposição para acordar cedo. Eu mesma fui acordar por volta das nove e ainda vi uma das cenas mais fofas, Amber e Sooyoung dormindo abraçadas, mas preferi não acordá-las. Eu havia dormido sentada acariciando os cabelos de Yesung, então quando tentei me levantar, ele sentiu o movimento e piscou os olhos algumas vezes até se acostumar com o sol que entrava pela janela e clareava todo o cômodo.

– Bom dia Duda – disse ele com um sorriso preguiçoso, enquanto se espreguiçava.

– Bom dia Yesung – respondi com um sorriso torto e lhe dei um beijo rápido na testa, o que o fez sorrir. Aproveitei para me levantar, mas desejei continuar sentada, minhas costas não estavam nada boas de passar a noite encostadas na cabeceira de madeira.

– O que vamos fazer hoje? – ele perguntou sentando na cama.

Pensei um pouco em sua pergunta e sorri ao concluir uma resposta.

– Tomar banho de mar – respondi animadamente.

Pouco depois do almoço, a mãe do Jonghyun apareceu para buscar os três fugitivos, pelo menos dessa vez não era eu e Baro que estava o acompanhado.

– Até o ano que vem – disse com um sorriso torto para a Amber.

– Até Duda, e vê se cuida direito do Yesung – finalizou ela me dando um forte abraço.

Jonghyun parou todo animado ao nosso lado, mas ele pareceu não me notar, tudo que fez foi contornar a cintura de Amber com seus braços e se inclinar em sua direção selando seus lábios com um curto beijo. Imaginei de imediato o forte tapa que ele levaria, mas ao invés disso, Amber sorriu o puxando para mais um beijo. Eu não podia estar me sentindo uma fogueira maior e mais confusa. Eu olhava desconfortavelmente para os lados, quando Jonghyun sorriu para mim e me abraçou.

– Cuida do Yeye – disse ele sorrindo de força contagiante e abraçou a Amber apenas com o braço direito ficando ambos de lado.

– Que desconfiança descabida – disse fazendo uma careta.

– Agora eu sei porque não tem animais de estimação – falou Key surgindo atrás de mim.

Em meio às risadas, não me contive e abracei ao Key lhe desejando uma boa viagem. Como já era de se esperar, ele não correspondeu meu abraço, apenas se manteve imóvel e assustado e quando finalmente o soltei, ele resmungou que eu ia bagunçar o cabelo dele. Depois das despedidas a vida voltou a sua calma. Minha mãe obviamente estava brava comigo, mas mesmo assim marquei de encontrar com Danielli na praia e uma hora depois, apenas para dar tempo de fazer digestão, lá fomos nós cinco. Eu, Sooyoung, Yesung, Baro e Jinyoung. Como eu estava como um pimentão bem vermelho, preferi ir de calça jeans para não correr o risco de ser jogada no mar e além do que, tinha a virada de ano, que na verdade, para mim não fazia muita diferença do lugar onde eu estaria, mas teria fogos de artifícios na praia, e como uma criança, Yesung estava empolgado para ver.

– Por que não me chamaram? – perguntou Danielli depois que contei do resgate de Yesung.

– Você poderia estar dormindo e... – Yesung me interrompeu.

– A mensagem e a cigana não estão conectadas, não sei, está faltando algo – disse ele com o cartãozinho vermelho em mãos.

– Você tem medo do que pode acontecer na virada? – perguntei sentindo um nó se formar na minha garganta.

– Um pouco – respondeu ele em tom bem baixo.

Ele não era o único.

A movimentação na praia estava mais intensa do que nos outros dias e em um dado momento, eu podia ter certeza que vi MinHo nos seguindo, mas talvez fosse só coisa da minha cabeça. De qualquer forma, eu não me desgrudaria de Yesung por motivo algum. E a movimentação apenas aumentava, muitas pessoas vestidas de branco e eu de amarelo e jeans para atrair dinheiro.

Procurava junto de Yesung algum lugar mais calmo pela areia quando uma mão forte agarrou meu braço direito. Senti minha alma vibrar com aquele aperto e virei calmamente para a pessoa. Senti meu coração acelerar bruscamente e minha respiração ofegar ao perceber que era MinHo.

– Onde está sua prima? – ele perguntou pacificamente.

– O que você quer com ela? – perguntei de volta temendo pela segurança de Sooyoung. Tudo bem que ela era meio mala, mas ela era minha prima e estava andando por ai com o Baro e o Jinyoung, então eu também não ia revelar sua localização assim tão rápido.

– Eu quero me desculpar com ela por toda a besteira que eu fiz. Eu só estava pensando no dinheiro, eu me esqueci completamente que o Yesung era uma pessoa, um ser vivo, que não devia ser tratado como uma mercadoria – disse ele de forma bem convincente soltando o meu braço – Duda, eu não sou o único arrependido, os outros garotos também estão te procurando e procurando ao Yesung para se desculparem.

– Eu vou ficar bem sem o pedido de desculpa deles – respondi rapidamente.

– Você não confia em nós? – ele perguntou com um sorriso torto formando em seus lábios.

– Não! – disse da forma mais sonora possível.

– Garota esperta – respondeu ele rindo – Mas de qualquer forma, não foi nenhum de nós que saiu correndo com o Yesung enquanto conversávamos... – disse ele deixando as palavras jogadas ao vento.

Olhei em volta entrando em desespero, mas não havia sinal do meu presente.

– Quem foi? – perguntei aflita.

– A Danielli e um picolé de abacaxi – disse ele fazendo uma careta de incrédulo.

Novamente o picolé de abacaxi? O Yesung tinha que parar de ser comprável por tão pouco, ele devia pelo menos pedir uma moreninha ou um sundae de chocolate. No mesmo instante meio que agradeci a MinHo pela informação e sai correndo atrás de Yesung. Havia duas coisas que implicavam em minha busca, uma boa e outra ruim. A ruim era que havia muita gente ali e a iluminação era as dos postes, então quando mais próximo do mar, mais escuro era e a boa, era que Yesung estava com uma blusa azul marinho de Jinyoung, o que fazia dele bem mais reconhecível naquela multidão de pessoas usando branco. Fiquei procurando por ele por um longo tempo, bem longo mesmo, mas não havia sinal dele e muito menos da minha prima ou dos pirralhos, não havia ninguém para eu pedir reforço.

A cada minuto que se passava, aumentava ainda mais meu desespero, eu não conseguia pensar em outra coisa, a não ser em Yesung virando purpurina. Aquilo não era nada animador. Fiquei correndo de um lado para outro até faltar poucos minutos para a meia-noite. Depois de correr por horas, eu queria apenas respirar um pouco antes de voltar à busca, mas o ar entrava e saia tão rapidamente dos meus pulmões, que eu achava que não teria como continuar. Fiquei ali, ofegante, até que escutei uma voz gritar por dentro da multidão uma repetida frase. Eu, que estava com as mãos apoiadas nos joelhos, levantei minha cabeça e tentei olhar por cima da multidão, mas minha altura não ajudava muito.

– Eu entendi, eu entendi a mensagem! - exclamou Yesung correndo em minha direção levantando areia e desviando das pessoas que estavam aglomeradas naquele pedacinho de praia.

Senti meu pulmão pular para fora do meu corpo, mas me limitei a manter a calma e fazer uma curta pergunta, já que eu não estava com fôlego para falar mais que aquilo.

– E qual é? - perguntei sem me mover do meu lugar e ainda um pouco perdida no assunto.

– Você! – disse ele afoito - Eu sou o seu presente, então eu preciso que você me liberte, pois cada vez que eu tento voltar para a Coreia do Sul ou que eu fico sabendo de muita coisa sobre minha vida, algo de ruim acontece. Eu preciso de você, eu preciso que você me mande de volta antes da meia-noite, senão eu ficarei aqui para sempre – disse ele ofegante.

– E isso não é bom? - perguntei forçando um sorriso torto, sentindo meus olhos umedecerem.

– Eu preciso voltar Duda – disse ele como se fosse um apelo e rapidamente completou – Você se lembra da mensagem? Nela dizia “Feliz Natal Duda, faça bom proveito de seu presente, mas não se esqueça, a decisão correta nem sempre é a mais fácil”, eu sei que essa não é a escolha mais fácil, eu mesmo gostaria de ficar aqui com você, mas essa é a decisão correta.

– Por quê? Por que você quer voltar para um mundo do qual você não faz ideia de como funciona? Do qual você nem sabe se era feliz? - perguntei sendo o mais egoísta possível, ele era o meu presente, eu não podia perdê-lo, não sem um bom motivo.

– Eu realmente não sei como é ser um cantor e dançarino, mas eu sei que eu tenho um monte de fãs que vibram comigo quando eu estou em cima do palco, eu não sei como explicar, mas eu consigo sentir aqui dentro – disse ele tocando a região do coração – Eu consigo sentir a vibração dos gritos, das lágrimas e dos corações de cada um dos meus fãs e eu não faço ideia de como será daqui para frente, mas eu sei que eu preciso voltar, se eu não voltar para os meus fãs, eu nunca serei feliz – seus olhos estavam tão úmidos e brilhantes, que mais algumas palavras e ele choraria.

– Yesung... - comecei sentindo o nó se formar na minha garganta.

– Cinco! – gritaram em coro pela praia.

– Duda! - pediu ele com os olhos sentindo urgência na minha decisão.

– Quatro! - gritaram ansiosos pela virada.

– Eu... - disse tocando a face de Yesung com ambas as mãos, mas fiz uma breve pausa para tomar fôlego e escutar o eco dos gritos das pessoas a nossa volta.

– Três!

– Te liberto – disse deixando com que uma lágrima mimosa escorresse por minha bochecha direita.

– Dois!

Yesung sorriu mantendo seus olhos fixos aos meus e delicadamente puxei sua face para mim, me colocando nas pontas dos pés. Delicadamente ele pousou ambas as mãos sobre minha cintura e se inclinou em minha direção fechando seus belos olhos negros.

– Um! - gritaram o último número, sendo abafado pelo barulho dos fogos que iluminaram o céu, com sua beleza magnífica.

Nesse instante fechei meus olhos sentindo a respiração quente de Yesung em minha face e pressionei delicadamente seus lábios. O ar fugiu dos pulmões, e os macios lábios do meu presente, borbulharam como espuma de champanhe me trazendo uma sensação boa, mas ao mesmo tempo senti suas mãos imitarem o mesmo movimento dos seus lábios e me afastei dele abrindo os olhos suavemente. A imagem de Yesung se tornava clara e brilhante e rapidamente me lembrei de uma coisa. Busquei no bolso dianteiro da minha calça jeans a fita que todo esse tempo havia ficado guardado nela. Tão vermelhinha, mas estava um pouco amassada.

– Duda... - chamou Yesung desaparecendo aos poucos.

Rapidamente puxei sua mão direita e depositei o laço que havia vindo em sua cabeça, fechando em sequência. Com os olhos úmidos e um sorriso torto, pedi que ele não me esquecesse. Ele sorriu pela última vez, da forma inocente e infantil que eu conhecia e desapareceu como uma pequena fada brilhante. Como o Papai Noel era ruim aponto de pegar meu presente de volta. Sooyoung que por todo esse tempo se manteve desaparecida, apareceu correndo e parou ofegante ao meu lado.

– Onde está o Yesung? - ela perguntou fitando minha face.

– Ele... - comecei sentindo o nó aumentar em minha garganta e notei algo pequeno vermelho no chão. Com um sorriso saudoso, me agachei ao lado do lugar onde segundos antes Yesung estava e peguei o cartãozinho vermelho que havia vindo preso a sua calça. Calmamente me levantei deixando com que mais algumas lágrimas rolassem por minhas bochechas e sorri para Sooyoung – Ele voltou para casa.

– Como? Ele virou purpurina? - perguntou minha prima fazendo poker face.

Ri baixo com a pergunta, no fim eu havia acertado, ele havia virado purpurina, eu só esperava que ele chegasse bem em casa.

– Feliz ano novo Sooyoung – disse com um sorriso torto para a minha prima ainda deixando com que as lágrimas vertessem por minha face e os fogos a iluminassem e a abracei fortemente.

– Feliz ano novo Duda – desejou ela de volta com sinceridade me apertando fortemente em seus braços.

E o desejo de um próspero e feliz ano novo ao próximo, invadiu a praia por completo. Todos se abraçavam e desejavam tudo de bom para o ano que começava, sem nem conhecer quem estava abraçando. Até minha prima desapareceu na multidão, desejando um ‘feliz ano novo’ para quem entrasse em seu caminho. A felicidade da expectativa, a esperança ardente dentro de cada um e o sentimento de paz, que não poderia ser abalado por nada. O céu ainda era colorido por alguns fogos solitários, quando notei Jinyoung olhando para frente com uma careta que se assemelhava a repulsa. De primeiro instante, apenas me aproximei dele para lhe desejar um feliz ano novo, mas olhando de relance a cena que ele observava, fiz a mesma careta.

– Depois de Jonghyun e Amber, eu devia esperar por isso – comentei ainda fazendo minha careta, enquanto observava Sooyoung e Baro agarrados alguns metros à frente.

– E nós aqui sozinhos... - comentou Jinyoung sem dar muita importância, mas desfazendo a careta lentamente, ele passou os olhos por mim, com um sorriso sugestivo se formando nos lábios.

Também repeti sua ação, virando-me para ele com um sorriso malicioso, mas nos dando conta dos nossos pensamentos, balançamos ao mesmo tempo a cabeça negativamente.

– Não daria certo – comentou ele primeiro.

– Não mesmo - concordei ainda balançando a cabeça e o fitei constrangida – Acho que vou andar um pouco – disse fazendo uma outra careta para tentar esconder o meu constrangimento, mas eu não era a única que tentava isso.

– Eu vou na direção oposta – disse Jinyoung igualmente nervoso e saímos cada um para um lado.

Muito infantil da nossa parte, eu sei, mas assim era melhor. Alguns passos depois e eu encontrei com Taemin, que usava branco da cabeça aos pés e exibia um super sorriso, ele parecia um pai de santo com aquela roupa. Imaginei que seu sorriso ia se desfazer ao me ver, mas ao invés disso, ele abriu os braços e caminhou em minha direção.

– Feliz ano novo Duda! – desejou ele me abraçando fortemente como se há um dia, ele não tivesse apontado uma arma para mim, uma arma mais usada para caçar elefantes para ser mais especifica – E me desculpe por toda aquela confusão – disse ele me soltando – Aquela arma nem era de verdade - disse ele como se conseguisse ler meus pensamentos e completou - De qualquer forma, acho que aprendi a lição – comentou ele afagando a cabeça. Ainda devia estar dolorido pela expressão que ele fez.

Fiz uma careta me contendo para não rir.

– Tudo bem – respondi me concentrando em seus olhos escuros.

– E onde está o Yesung? Quero lhe desejar um feliz ano novo e pedir desculpas é claro – disse sorrindo todo animado.

– Acho que vai ter que fazer isso por twitter – respondi fazendo uma careta.

Pouco depois e quem chegou foi MinHo e Danielli de mãos dadas. Inicialmente eu queria dar uma surra nela por sumir com meu presente, mas segundo ela, ela estava tentando protegê-lo do MinHo e quando o MinHo a encontrou e disse que estava tudo bem, que ele não faria mal algum ao Yesung, ela saiu como louca atrás de mim, mas o Yesung acabou me encontrando primeiro e ela não quis atrapalhar nossa conversa. No fim, tudo, ou pelo menos quase tudo, havia acabado bem, mas eu sentia o vazio que a perda do Yesung me provocou. Eu gostava tanto daquela criança, seria muito chato não ter quem perder a cada cinco minutos. Abraçando ao meu próprio corpo, sentei na areia sozinha observando o mar agitado e logo ganhei a companhia de Jinyoung que sentou ao meu lado com seu sorriso doce.

– É uma pena que o Yesung tenha ido embora, mas pelo menos aconteceu algo bom – disse ele deixando uma ponta de mistério no fim.

– Com certeza aquela macumba serviu para algo – concordou Baro sorrindo – Feliz ano novo – falou ele se ajoelhando ao meu lado e me deu um forte e demorado abraço que foi muito bem retribuído por mim.

– Feliz ano novo – disse com um sorriso torto e esperei que ele sentasse ao meu lado, para que voltasse a fitar o mar.

Sooyoung que até segundos atrás estava de mãos dadas com ele, sentou-se ao seu lado na areia. A festa ainda estava animada, mas estávamos longe do píer e era lá que ela se concentrava.

– Você ainda odeia areia, sol e mar? – perguntou Sooyoung ajeitando os cabelos.

– Até que eles são simpáticos – respondi rindo.

Talvez o Yesung realmente tivesse vindo com a missão de me tornar mais humana ou talvez, o Papai Noel só estava muito louco e sem querer havia me dado o meu presente. De todo jeito, eu teria a noite inteira para pensar naquilo a não ser por um detalhe.

– Duda... – chamou a voz fina e estridente da minha mãe tocando levemente meu ombro direito. Calmamente me virei para ela me levantando. Apesar dos conflitos, e bota conflitos nisso, aquele pimentão em forma de gente era a minha mãe, não tinha como eu não amá-la – Você andou se comportando muito mal nesses últimos dias... – disse ela com as duas mãos nas costas, mas não em importei, apenas agarrei ao seu corpo, lhe dando um forte e demorado abraço que há tempos eu não dava.

– Feliz ano novo mãe – sussurrei em seu ouvido ainda abraçada ao seu corpo.

– Ei Duda – disse ela surpresa, mas retribui ao meu abraço contornando meu corpo com seus braços vermelho – Agora deixa eu te entregar o presente do Papai Noel – disse ela sorrindo ao se separar de mim.

– Presente do Papai Noel? – perguntei intrigada – Não está muito tarde para presente de Natal? – perguntou franzindo o cenho.

– É que sabe como são as coisas né filha? Com tantas pessoas no mundo, o Papai Noel manda seus presentes por correio e não é sempre que o correio entrega no dia, esse presente mesmo, eles entregaram na hora que eu e seu pai estávamos saindo para o aeroporto, mas por causa da nossa discussão, preferi entregar em outro momento – disse ela me esticando o embrulho fino e retangular – Espero que goste – completou ela com um sorriso.

Franzindo o cenho mais confusa ainda, peguei o presente e abri cuidadosamente o embrulho vermelho com listras verdes. A primeira coisa que notei, foi um reflexo que quase me cegou, mas mudando a posição do presente, consegui ver pela luz do poste do que se tratava. Soltei um grito alto de felicidade e abracei a minha mãe emocionada.

– Obrigada mãe! Obrigada! – disse quase a derrubando de felicidade.

– E é bom que se comporte esse ano, senão não terá presente de Natal – avisou ela sorrindo.

– Claro mãe, pode ter certeza que vou me comportar, é uma promessa – disse a abraçando mais uma vez e foquei meus olhos no meu lindo CD do Super Junior. Eternamente meu, com Yesung seduzindo na capa todo de preto e com uma máquina fotográfica em mãos. É claro que havia outros Super Junior’s na capa, mas abracei ao CD pensando apenas no meu presente.

Aquele sem dúvidas não poderia ser um final melhor. Depois fiz questão de ir atrás do meu pai e meus tios para lhes desejar um feliz ano novo. Aproveitando-me da presença dos gêmeos Min e do pirralho do MinWoo, sorri para eles e dei um beijo em cada testa lhes desejando também um feliz ano novo.

– Eu não preciso de beijos para ser feliz - resmungou MinWoo assim que soltei sua face.

– Mas nós precisamos - disseram os gêmeos em coro me dando um forte abraço.

Durante o dia tínhamos que trendar a hashtag do Sungmin, que com certeza devia estar a maior animação no twitter, mas por enquanto, aquele momento na praia, era tudo que importava, tudo que fazia sentido. Voltei para perto dos três, que agora estava todos de pé e fiquei observando o mar, já que ficar vendo Baro e Sooyoung se agarrando estava me deixando traumatizada.

Sem tirar os olhos do mar e notando com os cantos dos olhos Sooyoung e Baro se distanciarem junto, me afastei um pouco de Jinyoung e chutei um pouco de areia em seu tênis apenas pelo tédio. Que pessoa usava tênis na areia? Eu pensava com os meus botões.

– Ei, por que fez isso? – ele perguntou me fitando indignado.

– Sei lá, deu vontade – respondi dando de ombros.

– Vou te mostrar o que é jogar areia – disse ele dando um passo com o pé direito para trás.

Recuei no mesmo instante, esticando os braços em sua direção, pedindo que parasse.

– Agora você quer parar né? – disse chutando areia em minha direção, mas dei um salto para trás conseguindo escapar.

– Vai ter que fazer melhor que isso – provoquei sem me lembrar que eu estava falando com Jinyoung, o irmão mal humorado do Baro.

– Implore por sua vida – disse ele de modo extremamente sério que me fez correr.

Eu tinha esperança que ele não fizesse aquilo, mas ele saiu correndo atrás de mim o mais rápido que podia, me alcançando em poucos metros. Ele me agarrou pela cintura e me puxou para trás, o que me fez desequilibrar e quase cair, mas ele aguentou bem ao meu peso, não me deixando cair.

– Quando vai me chamar para ouvir seu CD? – ele perguntou em um sussurro malicioso na minha orelha com sua voz tão bela, que me fez arrepiar.

– Quando você me alcançar – disse me soltando de seus braços e voltando a correr feito criança na areia.

Ele sorriu divertidamente ao meu ato e saiu correndo atrás de mim.


Fim...


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou muuuuuito grande, mas eu não queria dividi-lo, então espero que a leitura não tenha sido cansativa e que vocês todos tenham gostado do final. Eu sei que a fic deu uma desanimada ao fim, mas eu sempre dei o meu melhor para que ela ficasse agradável e é por isso mesmo, que agora eu venho agradecer a todos que acompanharam e comentaram bastante nessa fic ^-^ . Sinceramente foi muito bom escrevê-la e principalmente ter a companhia de vocês. Obrigada! Sem vocês essa fanfic não iria até o fim. E nem liguem para a quantidade de poker face, andei escutando muito Glee qq HSUHAUSHUAHUSHUS . Espero continuar vendo vocês em outras fics minhas. Fiquem a vontade para darem suas sinceras opiniões. Tem um capítulo extra sendo fabricado, espero gostem. Um grande obrigado a todos! Foi realmente bom ter vocês nessa jornada. Eu me sinto viva e feliz! Obrigada :D
by: Mc =]