Um Presente De Natal escrita por Valentinnes


Capítulo 20
Capítulo 20




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- E qual é? – perguntei franzindo o cenho incomodada.

- Aqui está escrito “faça bom proveito de seu presente”, isso quer dizer que eu sou o presente e vou desaparecer, por isso que é para você fazer bom proveito, porque eu não vou ficar aqui para sempre e faz sentido eu desaparecer a meia noite... Um momento, o que me trouxe aqui? – ele perguntou subitamente mudando de assunto.

Olhei para os lados boquiaberta e pensativa, porque ele vinha com aquela pergunta logo agora?

- Verdade, como ele veio parar aqui? –perguntou Sooyoung me encarando séria.

- Então né? É que, bem, é que... – fiz uma pausa dramática sentindo um nó se formar na minha garganta impedindo com que eu puxasse o ar – Eu pedi ele de presente para o Papai Noel do shopping – disse por fim, segurando-me para não correr.

- Isso é ridículo! – protestou Sooyoung.

- Por isso que eu o chamo de macumba, não tem como o Papai Noel ser desocupado o suficiente para pegar um adulto da Coréia do Sul e trazer para uma garota brasileira sem motivo algum. Alguém deve ter jogado uma praga da Duda, só pode – argumentou Baro sério.

- Mas a questão não é essa, a questão é que enquanto ele está aqui sem memória correndo pela praia, os outros membros do Super Junior estão preocupados com ele, isso não é uma explicação, não tem como ele ter simplesmente brotado aqui – retrucou Sooyoung.

- Duda... – começou Yesung com os olhos fixos na mesa, mas então seus olhos pousaram em minha face – Me empresta o seu cartão? Vou ligar para o Kim Jung Hoon – soltou ele fazendo uma careta abatida.

Puxei o ar fortemente para os pulmões sentindo como se várias agulhas penetrassem nos meus pulmões e apenas assenti com a cabeça buscando o cartão no bolso traseiro da minha calça jeans. As unidades estavam acabando e nem ligar para o Key eu havia ligado ainda, mas tudo que eu tinha a fazer, era apoiar a decisão de Yesung. Ele guardou o cartãozinho vermelho no bolso e pegou o cartão telefônico saindo em direção ao orelhão. Fiz menção de acompanhá-lo, mas ele pediu para ir sozinho. E o silêncio retornou a mesa.

- O Yesung vai mesmo embora? – perguntou Sooyoung desanimada depois de algum tempo de silêncio, fazendo eu e Baro voltarmos nossos olhos para ela. Aquela era uma boa pergunta.

- Não... – antes que eu conseguisse dizer o ‘sei’, o celular de Baro tocou alto em seu bolso me interrompendo.

Rapidamente ele buscou o celular que tocava uma música animada do 4minute e atendeu. Uma careta surpresa se formou em sua face assim que o celular pousou em sua orelha.

- Você está mesmo aqui? – ele perguntou sem acreditar. Depois de uma curta pausa, ele assentiu com a cabeça – Certo, certo, eu estou indo te buscar tudo bem? Dez minutos no máximo eu estou ai – e novamente ele fez uma curta pausa escutando a voz do outro lado – Certo, estou indo Amber.

- Amber? – perguntei franzindo o cenho confusa.

- Isso mesmo, ela veio fugida de casa pra cá para poder ver a macumba antes que ele virasse... Purpurina? Isso é sério?

- AAAAh! Que máximo, então vamos buscá-la! – disse sendo mais animada que o normal, eu estava bem feliz que ela estava ali, tudo bem que o fato de ela ter fugido de casa não era nada bom, mas talvez se meus pais conversassem com os pais delas, as coisas ficariam resolvidas. Eu me levantava da cadeira quando Sooyoung me parou com suas palavras.

- Espera, temos que ir atrás do Yesung primeiro.

- Verdade – comentei pensativa – Então vamos fazer assim, vocês dois vão buscar a Amber seja lá onde ela estiver e eu fico aqui no quiosque esperando o Yesung e vocês voltarem tudo bem? Fica muito mais rápido.

Sooyoung moveu-se desconfortavelmente na cadeira, enquanto eu novamente me acomodava a ela.

- Tudo bem, vamos Sooyoung – disse Baro se levantando decidido do seu lugar.

Escutei um suspiro vindo da minha prima e apenas sorri vendo aqueles dois saindo juntinhos. Até que eles formavam um belo casal, mas ainda tinha o MinHo... Onde será que estava o Taemin? Indaguei em pensamento, seria legal vê-lo novamente, ainda mais o Jinyoung que estava desaparecido com seu pai... Deixei com que meus olhos pousassem no mar enquanto eu pensava em todas essas coisas. Havia muito que pensar, principalmente nas palavras da cigana, mas Yesung já havia feito outra teoria a cerca de seu retorno ao seu país, então como as coisas prosseguiam?

E o tempo simplesmente corria. Quando você está entediada a tendência é ele passar bem devagar, mas quando você está entretida com algo, ele passa tão rápido que você se assusta quando olha no relógio, e foi exatamente o que aconteceu. Eu estava totalmente absorta em pensamentos quando alguém tocou meus ombros deixando sua voz sonora e conhecida ecoar no ar.

- Duda! Como você está? – perguntou Amber aparecendo em meu campo de visão super animada – Onde o Yesung está? – ela perguntou olhando em volta com entusiasmo. Não só sua face demonstrava entusiasmo, suas roupas também estavam no clima da animação e praia. Ela usava um boné branco com detalhes pretos que deixava suas mexas loiras a vista, uma regata justa na cor verde água e uma bermuda xadrez sendo sua cor principal o marrom. Ela também carregava sua costumável mochila de costas preta.

- Amber! – exclamei animada me levantando. Como agora eu estava legal, isso significava também ser afetiva com as pessoas, então me levantei com a mesma animação e a abracei – É tão feliz vê-la por aqui, se bem que seus pais vão querer te matar, mas tudo bem, eu pensei que meus pais podiam ligar para os seus e dizer que estava tudo bem e tentar convencê-los a deixá-la aqui, de qualquer forma, o Yesung foi fazer uma ligação e já volta.

- Ele ainda não voltou? – perguntou Sooyoung ficando séria por instantes.

- Ainda não – respondi sem dar importância, ele devia ter muito assunto para falar com o manager dele.

- Mas já faz quase trinta minutos que ele saiu, uma ligação internacional consome unidade que nem água, não tem como ele estar todo esse tempo fora.

Meia hora? Tudo isso de tempo? Mas eu não havia visto esse tempo passar em momento algum. Sentindo meus batimentos aumentarem, mas em contraposto minha respiração falhar, pensei apenas na única coisa que sempre acontecia ao meu presente.

- Danielli o sequestrou – disse em um fôlego só, sem conseguir expressar emoção alguma.

- Por que alguém ia querer sequestrar aquela macumba? – questionou Baro – Vamos procurar pela orla, talvez ele tenha se perdido, nada demais – sugeriu ele dando de ombros.

- Isso, vamos pensar positivo – comentei sentindo meus músculos tremerem silenciosamente – Vamos – repeti por empolgação e sai sendo seguida pelos outros.

Por que mesmo o Yesung havia pedido para ir sozinho? Talvez ele estivesse bravo comigo e desaparecido de propósito, mas se Danielli ou qualquer outra fã tivesse o achado, então ele poderia estar em qualquer lugar da cidade, sendo muito bem cuidado, penso eu, mas ele era o meu presente, no cartãozinho não dizia “Faça bom proveito de seu presente”? Então ele era meu, meu e mais meu. Eu não poderia estar tendo pensamentos mais egoístas quando vi uma coisa retangular no chão. No mesmo instante me apressei até ele e agachei para pegá-lo.

- Ohh! – soltei surpresa, atiçando a curiosidade dos outros – É o cartão telefônico que emprestei ao Yesung.

- E porque ele deixaria jogado no chão? – questionou Sooyoung de imediato.

- Não sei, talvez ele tenha acabado com todas as unidades e jogou fora – respondi tentando pensar no melhor, embora jogar coisas no chão fosse feio e Yesung era bonzinho e inocente demais para fazer coisas assim.

- Mas isso é fácil de saber, é só ir ao orelhão e verificar as unidades – disse Baro dando de ombros, eu não desconfiava que ele fosse tão esperto, mas concordei com sua idéia e corremos todos para o orelhão mais próximo que não era tão próximo assim.

Ele devia estar a uns quinhentos metros à frente, o que me deixava mais preocupada, afinal, se ele fosse mesmo jogar o cartão no chão, por que esperaria tanto? Além do que, havia diversas lixeiras pelo caminho, então não fazia sentido. Quando alcançamos ao orelhão, uma nova surpresa, estava a quantidade de unidades que havia sobrado depois de eu falar com Jonghyun, nem uma a mais ou a menos, era o número exato e eu reconhecia a figura do cartão, na verdade eu havia escolhido a ele exatamente pelo desenho, então não tinha como ser outro.

- Então ele deixou o cartão cair no chão antes de conseguir fazer a ligação, mas ele não voltou para buscá-lo e muito menos voltou para o quiosque, isso não faz sentido – disse Amber aflita.

- Alguém além de mim desconfia da Danielli? – perguntei calmamente fitando especialmente a Sooyoung que havia presenciado ela levar Yesung com um simples picolé de abacaxi.

- Vamos nos separar – sugeriu Sooyoung – Eu e a Duda vamos em direção ao píer procurando por Yesung e a Danielli enquanto vocês dois seguem de volta para o quiosque fazendo a mesma coisa.

- Espera, eles não conhecem a Danielli – disse rapidamente antes que a duplas se dividissem – A Amber vai comigo e vocês vão juntos tudo bem? – perguntei sentindo uma animação súbita dentro de mim, novamente eles ficariam juntinhos – Mas não acho que se foi ela, ela ficaria apenas na praia... De toda forma, vamos procurar por aqui, interrogar as pessoas e depois nós vamos procurar pela cidade tudo bem? Aqui não é tão grande assim e é tudo bem calmo, acho difícil não encontrá-lo.

Minha prima assentiu com sua face corada e seguimos nas direções opostas, agora era só achar Yesung. Próximo ao píer, reconheci os gêmeos Min e ao pirralho do meu primo tendo aula de surfe, então já havia passado das três da tarde. Como o tempo corria, pensei em silêncio. Em um quiosque reconheci MinHo conversando com um garota. Imediatamente procurei por Taemin, mas a única pessoa que reconheci ali, foi Danielli, que era a garota com qual ele conversava. Avisei a Amber e corremos naquela direção.

- Danielli, devolva o Yesung! – exigi parando sem fôlego ao seu lado.

- O quê? – perguntou ela assustada – O que está fazendo aqui demônia? – ela perguntou recuando.

- Nós sabemos que você está com o Yesung oppa, então trate de devolvê-lo – disse Amber muito mais séria e confiante que eu, chegando a dar medo, como era bom tê-la como amiga.

- Mas eu não estou com o Yesung, eu estou com o MinHo desde o almoço, eu não sei onde o Yesung está – disse erguendo as mãos em forma de rendição.

Perguntei a MinHo se aquilo era verdade e ele concordou. Pousei a mão direita na cintura ainda respirando ofegante e bati com a mão esquerda na testa preocupada.

- Legal, das duas uma: Yesung fugiu ou foi sequestrado por outro fã.

- Como você me perde o Yesung? – gritou Danielli desesperada ao meu lado.

- Vamos continuar a busca – sugeriu Amber já olhando na direção para a qual ainda não havíamos ido.

- Certo, vamos lá.

- Eu vou junto – decidiu Danielli se afastando de MinHo.

- Por quê? – perguntei surpresa.

- Porque eu não vou deixar o Yesung perdido por ai, que a propósito está sem memória que eu percebi. Não sei o que você fez com ele ou se ele é mesmo o Yesung verdadeiro, até porque ele fala português muito bem, mas não posso deixar ele abandonado assim – argumentou ela tão séria e decidida que não tive outra escolha a não ser concordar.

- Quanto mais ajuda melhor.

- Espera, você não é a prima da Sooyoung? – perguntou MinHo se referindo a mim.

- Sou – respondi sem dar muita importância, eu nem sabia que ele sabia disso e não tinha como ele concluir que éramos primas pela aparência, já que ela havia puxado seu pai que era coreano, mas tudo bem, eu tinha coisas mais importantes com qual me preocupar.

- E quem é Yesung? – ele perguntou curioso.

- Vem comigo MinHo que eu te explico no caminho – disse Danielli que pelo jeito já havia virado intima dele. Será que ela havia ido mesmo com a Sooyoung encontrá-lo?

E assim seguimos, eu e Amber continuamos pela orla, enquanto Danielli e MinHo procurariam em parquinhos, sorveterias, docerias e qualquer outro lugar que pudesse atrair ao meu presente. Era por volta das cinco da tarde, quando eu e Amber sentamos cansadas na calçada.

- O que será que aconteceu com o Yesung hein? Será que uma das outras duplas o encontrou? – perguntei fitando o mar vagamente.

- Vamos procurar por notícias na internet – sugeriu Amber colocando a mochila em seu colo e tirando o notebook.

Mesmo achando que ela não encontraria nada, não contestei. Tivemos que ficar procurando um ponto onde pudéssemos roubar internet de alguém e quando finalmente achamos, ela sentou-se a calçada na frente de uma casa e digitou o endereço do site brasileiro com notícias do Super Junior. Sentei calmamente ao seu lado, eu precisava realmente de uma pausa. Talvez por causa da distância, demorou um pouco para carregar, mas assim que abriu, ela separou os lábios surpresa.

- Saiu agora pouco que os sequestradores de Yesung finalmente entraram em contato. Eles mandaram um vídeo no qual o refém dizia ser solto em troca da quantia de duzentos mil dólares, mas um membro do Super Junior teria que ir sozinho até o Brasil fazer a troca. As autoridades e investigadores ainda estão analisando a veracidade do vídeo. Veja ele abaixo - leu Amber em tom normal, mas completamente pasma.

Ela abaixou a página e colocou o vídeo para carregar.

- Ele está falando em coreano... Tem como ser ele? – perguntou Amber com a voz trêmula, assim que o vídeo acabou.

- Ele está usando as roupas do meu pai... É ele – respondi sentindo meu coração apertar, alguém havia sequestrado Yesung e nós íamos ser chamados de país de terceiro mundo, de pretos, pobres e sequestradores, nenhum grupo k-pop ia querer fazer show aqui.


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Notas finais do capítulo

Nem acredito que vai fazer dois meses que estou postando essa fic '0' . Primeiramente quero agradecer a todos que estão acompanhando a fic, independente de estar acompanhando desde o início, meio ou desde agora. Obrigada! E a quem sempre me mandou reviews, agradeço também, eles realmente me deixaram mais forte para continuar, muito obrigada! Não percam o próximo capítulo ;D
by: Mc =]