Come Back escrita por sankdeepinside


Capítulo 50
E eu sozinho, pensando nos bons tempos, e porque eles se vão


Notas iniciais do capítulo

Esse é o penúltimo capítulo gente, quem já tiver lido a fanfic em outra época, aviso que a continuação está sendo postada no Social Spirit. Ainda estou cogitando a possibilidade de postar aqui no Nyah também, mas os leitores da categoria de bandas se reduziram tanto com a exclusão aqui, o que vocês acham? Postar ou não postar, that's the question.
Vou por o link da continuação lá embaixo.
Super Beijo.



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“A percepção da mudança leva à ideia do futuro, já que é o único território do tempo no qual podem ocorrer as mudanças. O futuro é um território temporal aberto. O tempo pode ser novo, pois não é somente a extensão do passado. E, dessa maneira, a história pode ser percebida já não só como algo que ocorre, seja como algo natural ou produzido por decisões divinas, ou misteriosas, como o destino, mas como algo que pode ser produzido pela a ação das pessoas, por seus cálculos, suas decisões, portanto como algo que pode ser projetado e, consequentemente, ter sentido.”

(Aníbal Quijano, 1988)

Assim que encontrei o tal lugar, uma loja pequena, com vidraças um pouco embaçadas e fachada pintada em verde escuro. Fiquei parado, estático, sem ação, eu não sabia bem o que fazer. Meus pulmões pareciam se chocar contra meu peito implorando por um pouco mais de ar, respirei fundo e me sentei na calçada do outro lado da rua, minhas pernas tremiam muito para permanecer de pé, eu estava ardendo de febre.

Naquela hora parecia que eu tinha levado um choque muito forte e meu corpo estivesse oscilando entre correr na velocidade da luz e parar de vez. Meu velho companheiro de guerra já estava me dizendo que ali era o fim, batendo mais forte e descompassado do que nunca, ele não suportaria muito mais, nem eu.

Puxei o ar que os meus pulmões tanto queriam e olhei para o céu de Madison, tão azul que parecia até um pecado sentir tristeza debaixo dele. Apertei os olhos e deixei que um último soluço preso tremesse em meu peito, eu sentia a umidade do sangue na minha camisa do Metallica colando em minha pele, querendo se unir ao que estava por baixo dela, mas isso era o de menos, isso iria acontecer dali a alguns instantes de qualquer forma. Eu ainda tinha uma última missão a cumprir e talvez com pouco de sorte, tudo isso se anularia, tudo. Mas por que era tão difícil? Tudo o que eu pensava era nela, me segurando com tanta força que eu mal podia respirar, as lágrimas molhando meu ombro, o pedido de desculpas perdido no ar. Será que ela não entendia no quanto eu era grato por tudo? Eu só queria que as coisas tivessem sido diferentes, não ela, nem eu, mas as circunstâncias.

Encolhi minhas pernas e enfiei o rosto entre os joelhos, não queria que ninguém na rua prestasse atenção em mim, porra eu estava chorando. Um homem de trinta e poucos anos chorando, o quão embaraçoso isso pode ser? Mas eu não me sentia capaz de fazer nada muito diferente. Ficou um pouco pior quando eu pensei na minha filha, com a mesma droga de doença que eu tinha, sem mãe, sem amigos, ela vai crescer sem entender nada disso e eu simplesmente não vou poder estar lá para explicá-la, para mostrar que esse mundo podre ainda tem alguma coisa que valha a pena. Meu coração trincou dentro do peito, o lado esquerdo do meu corpo começava a adormecer, estava acontecendo.

Levei os braços às costas e puxei a camisa pela cabeça quase como se o tecido me queimasse, a apertei entre as mãos e senti o frio úmido do sangue dela, não queria pensar nele agora, eu não podia pensar. Eu estava muito febril e tremendo de frio, eu estava morrendo. Enxuguei grosseiramente as lágrimas das bochechas e me coloquei de pé, alguns pedestres me lançaram olhares furtivos, mas agora aquilo nem importava mais. Atravessei a rua, empurrei a porta de vidro da pequena loja de produtos agrícolas da família Wade e entrei, o ar gelado do ambiente pareceu me dar mórbidas boas vindas.

A garota no balcão folheava uma revista preguiçosamente, os cabelos castanhos estavam presos em um coque meio torto no topo da cabeça, mas só de olhá-la achei que fosse despencar até chão. Ela voltou os olhos para mim, assim que encostei a porta, estava estupefata de ver o ídolo sem camisa aparecer como um milagre na sua loja, ela não fazia a menor ideia de nada do que aconteceria dali a alguns meses. Tão jovem, mal sabia o que era a dor, como eu a invejava.

– T-the Rev? – balbuciou timidamente, seus olhos estavam inundados.

– Hey Alison. – esbocei um sorriso quase infantil e ela parecia ainda mais impressionada por eu saber seu nome. – Será que tem um minuto?

– Pra você? – ela riu de um jeito nervoso e incrédulo, fãs são seres muito incríveis. – Eu tenho minha vida inteira se você quiser! – ela brincou, mas aquilo me entristeceu profundamente.

– Venha até aqui, eu tenho algo a pedir pra você.

Não precisei pedir duas vezes, ela deu a volta no balcão quase correndo e se jogou em meus braços aos prantos, naquele misto de amor, emoção, calor e êxtase que apenas os fãs que conhecem seus ídolos têm a sorte de experimentar. Apertei-a junto ao meu peito, olhando para o teto e piscando inúmeras vezes, dando o meu melhor para não fazer o mesmo que ela e chorar copiosamente. Era agora, tudo ia acabar.

2014 – Lali

É engraçado como até o mais imprestável dos homens se torna um anjo quando adormecido. Tinha os olhos fechados, a respiração lenta e morna sobre minha barriga, ele devia ser a criatura mais linda que eu já tive a chance de conhecer em toda a minha vida. O fato da cabeça dele estar sobre a minha barriga deixava minha respiração entrecortada e eu não conseguia dormir, mas não ousava me mover e despertar ele daquele sono tão lindo. Pela primeira vez na minha vida eu estava feliz, de verdade. Eu o amava. Acho que demorei demais para me dar conta disso, mas estava feliz por não ter levado uma vida toda. Passei a mão por seus cabelos castanhos, ele se remexeu e depositou um beijinho sobre meu umbigo, ainda dormindo.

Sorri sozinha e então ele finamente se mexeu, saindo de cima da minha barriga e virando de bruços. Puxei o ar com força, já que estava respirando mal e depois o trouxe mais para cima, onde meus olhos pudessem apreciá-lo mais de perto. O abracei e aninhei meu rosto junto aos seus cabelos, sentindo o perfume âmbar que exalava deles.

Estava quase adormecendo quando a campainha tocou, Brian apenas se remexeu outra vez, sem acordar, então me levantei e me enrolei em um roupão do hotel, caminhei até a porta e a abri.

– Zacky?

Ele expressou certa surpresa em me ver ali, esboçou um sorriso, mas estava claro que ele estava sendo perturbado por alguma coisa.

– Oi Lali, fico feliz de te ver aqui, acho que isso deve significar que alguma coisa aconteceu né? – disse sorrindo e eu corei.

– Acho que sim. – fiz sinal para que ele entrasse.

– Onde está o Gates?

– Dormindo, quer que eu o acorde?

Zacky pareceu ponderar um pouco, mas depois concordou com a cabeça, o que quer que estivesse acontecendo, parecia não poder esperar. Deixei-o no outro cômodo da suíte e voltei para o quarto, Brian ainda estava na mesma posição que eu o havia deixado.

Me sentei na cama e depositei um beijo em sua maçã do rosto, sacudindo-o levemente pelo ombro.

– Brian, acorda. – Ele grunhiu algo incompreensível e eu o sacudi mais uma vez. – O Zacky está aqui.

– Lali? É você? – ele não abriu os olhos.

– Sim, sou eu.

– Você ficou. – ele abriu um sorriso enorme e abriu os olhos. – Você ficou, Whisper.

– O Zacky chegou antes que eu pudesse fugir. – brinquei.

– Mentira, você enfim se rendeu aos meus encantos, não ia fugir.

– Não, eu não ia, nem vou. – beijei os lábios dele com ternura, ele ainda estava completamente nu e se eu já estava começando a desejar que Zacky não estivesse ali. Interrompi o beijo, com o restante de juízo que eu ainda tinha. – É melhor ir falar com o Zacky, ele parece preocupado.

Ele suspirou e se escondeu atrás do travesseiro.

– Que horas são, meu deus?

– São cinco da tarde, já passou da hora de levantar.

– O que ele veio fazer aqui afinal?

– Vá lá e descubra.

Ele grunhiu alto e se levantou, também se enrolou em um roupão e foi até a sala, hesitei em acompanhá-lo, não podia ficar me metendo em conversa alheia, então fiquei no quarto, me enfiei de volta na calça jeans e peguei uma blusa do Brian, assim que terminei de vesti-la, Brian me chamou.

Assim que cheguei na sala, notei que a expressão de Zacky tinha ficado mais irritada, ao contrário de Brian que parecia muito divertido.

– Lali, vamos precisar da sua ajuda pra resgatar a ex-mulher do Zacky de um jantar romântico com um cara muito mais rico e bonito do que ele.

Abri um sorriso divertido.

– Vá se vestir Brian, vou pegar o carro.

Max

Frio dos infernos. Não existe pior estação do que o inverno, não existe. Depois que voltamos do orfanato fomos direto para o laboratório, eu praticamente morava lá agora, minha vida estava resumida ali afinal, o único problema era o frio, não sei por que ainda insisto em morar nessa cidade.

A claraboia acima da minha cabeça estava coberta pela neve e eu não podia ver o céu do final da tarde. Sentei na cadeira giratória e a puxei para perto da máquina, branca, grande e horizontal como um caixão, aquilo devia significar alguma coisa. Recostei no encosto da cadeira e descansei os pés sobre a máquina, cruzei os braços e tentei me esquentar um pouco mais, os aquecedores não estavam funcionando muito bem, eu ia morrer congelado, como o Jack do Titanic.

Batidas suaves na porta e a voz doce dela veio em seguida, minha doce Rose.

– Senhor?

– Feche a porta quando entrar. – fechei os olhos enquanto ouvia os sons que ela fazia para ir até onde eu estava.

A porta foi suavemente fechada e... trancada? Ah isso ia ser bom. Caminhou passos lentos, que não demoraram muito a cessar. Abri os olhos e a encontrei diante de mim, tão linda.

– Por que não me contou que era órfão?

– Você não sabia? – ela negou com a cabeça e eu dei de ombros – Não é nada demais, bom, costumava ser, quando você é criança e não tem pai nem mãe, é um pesadelo, mas agora isso já não significa muita coisa, depois de uns anos você se acostuma.

Eu não gostava em pensar na minha família biológica, eu tinha passado muito tempo imaginando os motivos de estar sozinho, mas imaginar nunca me levou a nada. Quando eu estava no orfanato conheci alguns garotos que juravam pela própria vida que iriam atrás dos pais quando saíssem dali, cada um dizia que ia fazer uma coisa diferente quando os encontrasse, mas no fim das contas todo mundo só queria ter um rosto pra se lembrar e uma explicação pelo abandono. Considerando os garotos que viviam comigo, acho que acabei tendo um pouco de sorte, mas não mais do que aqueles que tinham sido adotados.

– Ninguém adotou você?

– Os pais da Allie tentaram, mas a renda deles não era suficiente pra cuidar de duas crianças. Eles e a Alison são o mais próximo que eu já estive de ter uma família. Eu consegui bolsa pra escola de superdotados e me emancipei com quinze anos, Alison saiu de casa pra ser minha vizinha alguns meses depois.

Sarah parecia em choque.

– E-eu não sabia.

– Como eu disse, não importa mais.

– Eu me preocupo com você.

– Eu sei, eu te pago pra isso.

Ela fez uma carranca de desaprovação.

– Eu não quis dizer isso.

– Eu sei que não. – sorri para ela e rapidamente ela virou o rosto, corando ligeiramente.

– Você acha que está seguro agora? Com Catelyn aqui?

– Não, mas eu acho que era meu destino contratá-la, isso faz sentido?

– Nenhum, eu não confio nela e nem você! Por que se entregar tão facilmente na mão de alguém assim?

– Como eu disse, destino... – O meu comentário pareceu irritá-la, segurei em seu pulso e fiz com que me encarasse. – Sarah, sabe qual é a função dessa máquina?

Sarah demorou a responder, ela estava desviando o olhar, pude ver que queria chorar, mas jamais o faria na minha frente.

– Você viu que isso ia acontecer?

– Sim.

– Então por que não tenta fazer com que as coisas sejam diferentes?

– Por que não é assim que as coisas funcionam, eu demorei pra entender isso, mas algumas coisas deviam ficar como estão.

– Você não pode decidir esse tipo de coisa, você não pode morrer, está se entregando!

Neguei com a cabeça.

– Não fui eu quem decidi isso. – depois que eu disse isso, ela se quebrou.

Em toda a minha vida eu nunca tinha conhecido mulher mais teimosa, carrancuda e grossa como Sarah era, ás vezes era fácil esquecer que ela era uma mulher como todas as outras, principalmente quando ela apontava uma arma na sua cara. Acontece que, ela não era nenhuma mutante e sentia como qualquer outra mulher. Sarah começou a chorar e a única coisa em que eu pensava era no quanto eu estava apaixonado por ela. Me aproximei dela e segurei suas bochechas com minhas mão geladas.

– Eu amo você.

– Isso não é engraçado, Max! – disse soluçando, como se eu tivesse dito uma loucura qualquer.

– Eu amo você, amo, amo, você é linda, eu desejo você, só você. – O rosto dela saiu de tristeza para perplexidade em um segundo, fui obrigado a sorrir, e depois a beijei. Era ótimo beijá-la, especialmente quando ela sorria, mas normalmente aquele sorriso sempre acabava com ela me afastando, eu aproveitava as pequenas oportunidades. Sarah me abraçou com força, percorrendo minhas costas de maneira meio alvoroçada, ela nunca tinha me abraçado com tanta... paixão? – Vai deixar que eu te tenha hoje? – falei meio ofegante junto ao seu ouvido.

Afundou as mãos em meus cabelos e me segurou tão junto de si que de repente eu já nem sentia frio mais.

– Idiota... por que acha que eu tranquei a porta?

Kail

A garota não podia ser mais desinteressante. Linda, mas extremamente entediante. Dava um gole suave no copo de whisky enquanto ela timidamente contava sobre seu casamento idiota. Eu não dava a mínima, só esperava que ela acabasse na minha cama mais tarde.

– Sinto muito pelo seu casamento. – pousei minha mão sobre a sua e abri meu segundo melhor sorriso (o melhor sempre era o malvado), aquilo pareceu tocá-la, pois ela sorriu timidamente e corou um pouco.

– Obrigada.

– Quer mais champanhe?

– Sim, por favor. – enchi sua taça e a observei dar um gole delicado na bebida.

Quando o jantar chegou, meu telefone vibrou no bolso, um número restrito. Eu sei que podia ignorá-lo, ainda mais quando eu estava em meio a um jantar com uma mulher que eu pretendia impressionar, mas era nessas horas que minha curiosidade me traía.

– Preciso atender Gena, só vai levar um minuto.

Ela concordou com a cabeça e logo voltou o olhar para o jantar. Me levantei da mesa e caminhei até uma parte isolada do restaurante.

– Quem é? – atendi a ligação.

– Tinha me esquecido do quanto você era gentil.

Reconheci a voz imediatamente e meu melhor sorriso passou pelo meu rosto.

– Cat! Por que está me ligando? Fiquei sabendo que mudou de lado.

– Tão bonito, tão burro. Como tem vivido sem alguém pra pensar por você?

– Antes sem cérebro do que seguindo suas ideias estúpidas.

Ah, a hostilidade, como eu a adoro! Catelyn parece que também gosta, já que riu bastante ao telefone.

– Kail, como anda a sua sede de sangue?

– Insaciável, por quê?

– Eu tenho uma proposta pra você.

– Ah, você tem?

– Os amigos do Max chegaram aqui ainda há pouco, eles descobriram que você andou fazendo a cabeça do bonitinho do Sam e não do Agente do FBI, como eu gentilmente os tinha feito pensar.

– Oh, quer dizer que foi você? – uma leve lembrança veio a minha mente. – Não acredito! Você matou a Grace!

– Viu? Eu continuo sendo leal até quando me chutam.

Eu queria rir, gargalhar, aquela mulher era uma sádica, exatamente igual a mim.

– Totó bom.

– Eles estão ligando pro FBI agora, amanhã pela manhã aqui vai estar cheio de agentes.

– Entendo, o que quer em troca? Você não está fazendo isso por gentileza.

– Digamos que, eu realmente quero meu emprego de volta.

Desliguei o telefone e caminhei de volta para a mesa, teria que deixar a garota para outro dia, tinha assuntos mais importantes. Acontece que quando cheguei de volta à mesa, a garota não estava mais sozinha, e havia uma velha conhecida entre sua companhia.

Allie

– SAM? VOCÊ DEVE ESTAR DE BRINCADEIRA! – os punhos dele chocaram com violência contra a mesa de mármore, eu conseguia entender a frustração dele, fora traído por um amigo tão próximo. – EU VOU MORRER POR CULPA DELE!

– Não, você não vai, nós não vamos deixar! – Jimmy vociferou.

Não dava pra saber se Max tinha sequer escutado o que ele dissera, ele caminhava aflito pela sala, puxando os cabelos castanho-claros para o alto.

– Ele não teve escolha Max... estavam ameaçando fazer mal a mim e a Shannon, você o conhece.

– Ele devia ter contado pra mim.

– Eu sei, mas agora não tem muito que ele possa fazer. Precisamos nos fortalecer, estamos vulneráveis.

– Vou ligar pra FBI. – a segurança loira parecia devastada, notei que ela trocou um olhar significativo com Max e ele meneou a cabeça, autorizando. A mulher se retirou a passos vacilantes e logo a outra entrou, com um ar despreocupado, quase feliz, o que aquela mulher estava fazendo ali?

– Tentamos falar com a Lali, mas ela não estava em casa, não sei onde ela está.

– Lali também me enganou, foi ela que me disse que o espião era o Ray, ela sabia!

– Não sabia não. – Catelyn se manifestou. – Eu fiz com que ela acreditasse que era o cara do FBI, eu sabia que você o mandaria ir embora.

Eu e Jimmy trocamos um olhar espantado, Max de repente pareceu se acalmar.

– Foi você?

– Sim, eu entreguei a ficha falsa a ela.

– E por que ela acreditaria em você?

– Ela não tinha muitas opções.

– De que lado você está afinal? – Perguntei irritada e pela primeira vez ela pareceu notar nossa presença na sala.

– Eu não estou no lado de ninguém, só do meu.

– Aquela história de vingança era mentira, então?

– Oh não, essa é a única verdade meu querido. Kail está vindo pra cá, e eu vou matá-lo com minhas próprias mãos.

– VOCÊ O QUÊ? – me coloquei de pé, sentindo os pontos no pé da minha barriga repuxarem.

Max mantinha os braços cruzados e olhava a neve cair lá fora, de repente ele parecia tão velho.

– Chame a Sarah, vamos nos armar e nos trancar na sala da máquina. – ele voltou o olhar para mim e para Jimmy. – Vocês dois, voltem pra casa, pra suas crianças. Diga a eles que eu os amo. – ele fez uma pausa e voltou o olhar para mim. – eu amo vocês.

– Eu não vou a lugar algum! EU VOU LUTAR POR VOCÊ! VOCÊ É MINHA FAMÍLIA.

Max então caiu aos meus pés e me abraçou pela cintura.

– Eu amo você, por favor vai embora. – ele estava chorando e eu já estava sem chão, olhei para Jimmy, mas ele fitava os pés, era difícil saber o que estava passando na mente dele. – Você é minha única família, não fique aqui pra morrer.

– Eu coloquei você nessa situação Max, se não fosse por mim e minha ideia de criar a porra dessa máquina nada disso estaria acontecendo.

Max se colocou de pé, o rosto agora irritado.

– Não diga idiotices, vão embora, vocês dois!

– Ninguém vai deixá-lo Max, nós vamos ficar. – Jimmy levantou o rosto para mim, os olhos azuis opacos muito expressivos.

Abracei Max com força e afundei o rosto em seus cabelos desgrenhados, eu não podia ter medo, mas eu me sentia completamente culpada. Me lembrei de algo que Jimmy me disse quando estávamos em sua casa e um arrepio terrível percorreu minha espinha.

“Aquela máquina pode causar uma guerra Allie, são muitas vidas pagando pelo preço de uma.”

Lali

Gena estava de pé, brigando arduamente com Zacky, mas meus olhos estavam vidrados em outra pessoa. Olhar para ele me fazia tão mal que eu sentia vontade de vomitar.

– Você é o acompanhante dela? – minha voz soou mais vacilante do que eu gostaria.

– Lali, que surpresa!

– Você conhece esse cara? – Brian falou evidentemente aborrecido por não estar entendendo nada.

Não respondi, na verdade eu parecia paralisada, eu conseguia ver o ódio materializado no olhar de Kail, o sorriso debochado e cabelo acobreado dançando no vento. Eu quase podia sentir minhas cicatrizes sendo rasgadas até reabrirem e sangrarem, a dor era quase palpável.

– Gena, minha querida, o que está acontecendo aqui?

– Me desculpe Mikail, eles simplesmente apareceram aqui e começaram a gritar! – olhou enfurecida para Zacky.

– Eu não gritei! Eu estou tentando evitar que cometa um erro! – Zacky falou totalmente histérico. Gena voltou o olhar para ele com o rosto repleto de decepção.

– VOCÊ É TÃO HIPÓCRITA ZACKY!

– Tire-a daqui Zacky, esse homem é um monstro.

Kail não dava a mínima para aquilo tudo, colocou algumas notas sobre a mesa, enfiou as mãos no bolso e começou a andar tranquilamente em direção à saída, como se aquela situação nem existisse.

– De onde você conhece esse cara? – Brian disse próximo ao meu ouvido, eu estava meio estática, ainda me sentia mal.

– Foi ele... foi ele que deixou todas aquelas marcas no meu corpo, foi ele quem me torturou, ele é um assassino. – falei sem nem me dar conta do que realmente estava fazendo.

Eu pisquei e logo vi Brian indo atrás de Kail, oh meu deus, o que eu fiz?

– ZACKY! – eu gritei e logo o moreno olhou meio confuso para mim. – Vem comigo!

Ele veio, mas não sem arrastar Gena com ele, corri na frente até a saída, ainda tempo de ver Brian acertar um soco certeiro no queixo de Mikail.

– SEU FILHO DA PUTA! COMO PODE FAZER ISSO COM ELA? – Ele se preparou para acertar outro soco, mas dessa vez Kail já previra seu movimento e de um jeito incrivelmente ágil, agarrou os punhos de Brian e o chutou para longe, fazendo com que ele tombasse no chão.

– Sai do meu caminho!

– Brian, deixe-o em paz! – tentei puxar Brian de volta, mas ele me afastou com uma mão, se colocando de pé novamente.

– Esse cara machucou você, caralho Lali, ele torturou você, e ainda tenta protegê-lo?

– Ele fez o que com ela? – Gena se agarrou ao braço de Zacky.

– Eu não estou protegendo ele, estou protegendo você!

– Blá blá blá, vocês estão me atrasando. – Kail cuspiu uma porção de sangue e sem que ninguém previsse, ele sacou uma pistola da bainha.

– Você, sai da frente. – Ele apontou para Brian e rapidamente o empurrou, em seguida, senti meus cabelos sendo puxados para o alto com violência. Me coloquei de pé, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. A pistola encostou em minhas costelas e o braço dele envolveu meu tronco, me usando como escudo. – Todo mundo para trás, você vem comigo lindinha, vamos matar um pouco da saudade.

Começou a caminhar em direção ao carro, me puxando consigo, eu estava tendo espasmos de medo, estava acontecendo outra vez, ele ia me machucar, ele ia rir de mim, eu ia morrer. Estava difícil até pra respirar.

– NÃO! VOCÊ NÃO VAI LEVÁ-LA! EU VOU LIGAR PRA POLÍCIA! – Brian foi puxado por Zacky com força para trás. – ME SOLTA! ELE VAI MATÁ-LA!

– Ficou maluco Haner?

Troquei um olhar com Brian antes de ser jogada para dentro do carro, ele era tão lindo, eu não conseguia gritar, minha voz estava presa em um nó na minha garganta.

– Fique seguro, eu amo você. – murmurei tão baixo, acho que ele não ouviu, estava irritado demais para perceber.

Depois disso fui jogada dentro do carro, com Kail apontando a arma para mim o tempo inteiro.

– Pra onde senhor? – o motorista perguntou, sem dar à mínima ao que estava acontecendo.

– Pro laboratório do Turner. – meu corpo estremeceu inteiro, o que ele estava fazendo? Não, ele não pode! – Fique quieta Lali.

– EU NÃO VOU DEIXAR QUE FAÇA ISSO!

– Não vai deixar? – ele achou graça. – Idiota, eu já fiz.

Jimmy

– Algum de vocês sabe como usar uma arma?

Ergui a mão.

– Eu sei. – eu estava com tanta febre, meu corpo tremia por inteiro, mas eu precisava me manter forte.

A garota loira me entregou uma arma comprida.

– É semi automática, acha que consegue usar? – Concordei com a cabeça. – Ótimo, fique lá em cima, use as máquinas como escudo não deixe que eles desçam pela claraboia.

– Okay. – Enchi os bolsos com munição enquanto ela terminar de atar o colete a prova de balas em mim.

– E você Allie, sabe usar alguma arma? – olhei esperançoso para Alison, mas era difícil lê-la naquele instante, estava extremamente perturbada.

– Não, eu não sei usar.

– Aqui – Sarah mostrou a pistola, era pequena e fácil para que ela manejasse – Você carrega ela assim, destrava assim e aperta o gatilho, entendeu?

– S-sim, eu acho.

A segurança entregou a arma para Alison, que pareceu estranhar o objeto em mãos.

– Dê uma faca para ela, com uma arma ela pode atirar no próprio pé. – a mulher de cabelos curtos era a única que não parecia nem um pouco apreensiva.

– Ela precisa estar muito perto do oponente pra usar uma faca, ela não tem treinamento nenhum...

– Dê a faca para ela, todo mundo sabe usar uma faca, mas deixe-a com a arma também, só tente não mirar na gente. – Max apareceu na sala, agora mais recomposto, mas ele tinha a expressão tensa.

– Allie, quero que fique perto de mim aqui embaixo, ainda está de resguardo e é perigoso que fique sozinha. – Sarah falava, enquanto a ajudava com o colete.

Ela ia ficar longe de mim, aquilo me deixou perturbado.

– Jimmy. – Max parou ao meu lado.

– Sim?

– Posso te pedir uma coisa?

– Claro.

– Não é qualquer coisa Jimmy, o que eu vou pedir... é sério.

– Pode falar.

Max soltou um suspiro pesado e abaixou o tom da voz.

– Se as coisas ficarem muito ruins... – ele fez uma pausa e abaixou os olhos, Max não era mais um garoto, estava forte, tinha o rosto coberto com um pouco de barba, os olhos fundos e o ar mais maduro, a dor o envelhecera, assim como a mim. – Se as coisas ficarem muito ruins, eu quero que você entre na máquina e evite que eu a construa Jimmy, eu sei que isso também te afeta, acho que pode pensar em algo que salve todo mundo? Será que pode fazer isso por mim? Por que.... eu não posso fazer muito.

– Claro Max. – lancei um olhar breve a Alison, no outro lado da sala. Se eu voltasse no tempo e impedisse que a máquina fosse criada, Max não morreria, Alison ficaria a salvo, todos ficariam a salvo, mas Shannon não existiria, nem Joe, e é claro, eu morreria em 2009. – Tudo vai ficar bem, não se preocupe.

Ele acenou ligeiramente com a cabeça, parecia descrente.

– Obrigada.

Depois que ele se afastou, Allie se aproximou de mim.

– O que ele queria?

– Eu amo você. – me inclinei para frente e a beijei com urgência, sentindo o sabor de seus lábios mornos na minha boca mais uma vez, talvez a última. Alison me abraçou e o calor de sua pele quase penetrou dentro de mim.

– Eu amo você mais, muito mais. – ela murmurou com o rosto encostado no meu peito. – Eu morreria por você.

– Não diga idiotices. – suas unhas cravaram nas minhas costas.

– Tudo deu errado, eu sinto muito.

– Cale a porra da boca, não acabou ainda.

– Eles estão aqui. – a russa de cabelo castanho falou para todo mundo e ao mesmo tempo para ninguém.

Olhei para eles ali, Max beijava a garota loira na testa e murmurava algo que daquela distância não dava para eu saber e depois ele olhou para mim.

– Vão para os seus lugares, e tentem não morrer em vão.


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Notas finais do capítulo

Come Back Again: https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-avenged-sevenfold-come-back-again-3686956



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