Come Back escrita por sankdeepinside


Capítulo 49
Nunca vivi com medo, eu sabia que iria morrer qualquer dia




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– Senhor? – permaneci de olhos fechados, girando languidamente na cadeira.
– Achei que tivesse dito que não queria ser interrompido.
– S-sei disso senhor. – a voz da secretária era oscilante – chegaram notícias da sede na Rússia.
Abri os olhos e lhe lancei um olhar rígido, a jovem, que era assustadoramente parecida com Catelyn, magra, de cabelos castanhos e curtos, trazia uma pasta branca em mãos e mantinha uma distância segura da minha mesa (um comportamento que a verdadeira Catelyn jamais teria).
– Ponha sobre a mesa e saia.
A mulher se apressou em cumprir minhas ordens e não muito depois, eu já estava sozinho novamente. Tomei a pasta em minhas mãos e continuei girando na cadeira, agora com um pouco mais de ânimo.
Na pasta continha a autorização assinada pessoalmente pelo chefe da organização, eu já tinha permissão para tomar o laboratório, também continha a ficha de cada um dos 20 agentes especiais que estavam chegando hoje na América, armamento, granadas e equipamento de espionagem. Li e reli o ofício cuidadosamente, me atentando a cada detalhe, por fim, joguei a pasta novamente sobre a mesa. A espera finalmente acabou, ainda bem, já estava cansado da América há meses.
Precisava de férias, sentia o desgaste incomodando até meus ossos, estava quase arrependido por ter demitido Lyn, ao menos eu tinha com quem dividir um pouco dessa responsabilidade, sem falar que ela não abaixava a cabeça para mim tão fácil, era divertido. Agora é diferente, todo mundo se encolhe quando eu passo, o poder me deixou maior (não fisicamente, ainda continuo em perfeita forma), mais forte, mas temível e isso era bom, eu gostava disso, mas acontece que o poder às vezes é muito solitário. Estava precisando sair.
Abri uma das gavetas, vasculhei em meio a uma porção de blocos de papel e pastas e encontrei uma revista playboy antiga. A capa era uma belíssima jovem loira, de olhos azuis sorridentes e seios fartos, aparentemente, vencedora de um concurso da revista. Eu adorava aquela garota, que linda ela era. Ela deveria servir.
Peguei o telefone e disquei o ramal da recepção em que ficava minha secretária.
– Pois não, senhor?
– Quero que entre em contato com uma mulher chamada Gena Baker, veja se ela está disponível para sair para jantar comigo, estou entediado.
– Tudo bem senhor, mas o que quer que eu fale quando for marcar o encontro?
– Não sei, faça você mesma uma boa propaganda.
– Ahm, certo Sr. Veselov, mas ahm... E quanto à sede russa?
– Ah não se preocupe, daqui pra frente tudo estará ao nosso favor.

Max


– Por que eu tenho que ficar aqui do lado de fora enquanto a loirinha vai com você? Isso não é justo. – o tom dela era irritantemente tranquilo, parecia rir da minha cara.
– Não vou demorar, além disso, eu não confio muito em você.
– Ouch! Essa doeu! – brincou e abriu a porta do carro – Tudo bem, eu fico aqui então, mas, por favor, não me deixe virar uma pedra de gelo.
Catelyn se enfiou dentro do carro e ligou o aquecedor, era melhor que eu fosse breve se ainda desejava ter alguma bateria no carro para voltar para casa.
A neve caía sem pressa, se acumulando timidamente sobre meus ombros. Estávamos fora de Madison, a cerca de uns cento e cinquenta quilômetros, nas redondezas da cidade. Erguia-se diante de nós um enorme prédio de pedra escura, já gasto, mas resistindo bem à ação do tempo. O orfanato havia sido construído há quase cem anos, possuía uma porção de janelas em toda a sua extensão, uma para cada quarto, um quarto para cada três crianças. O pátio estava vazio, apenas coberto pela camada de gelo que salpicava de branco o chão de cimento. Minha casa.
Me encaminhei à entrada, ouvindo os passos suaves de Sarah bem atrás de mim. Ultimamente aquele ruído era a única coisa que eu ouvia dela e isso era frustrante. Apertei a campainha e os sinos ressoaram alto por todo o pátio, era um som doce, me senti com doze anos outra vez. Aguardamos por um longo instante e logo uma fresta da pesada porta foi aberta, o zelador ainda era o mesmo, um homem calvo, de olhos cinza, nariz adunco e lábios finos, se a memória não me falha, o nome dele era Garret.
– Oi, ahm, eu sou Max, essa é a Sarah, será que poderíamos falar com a madre superiora?
O homem me lançou um olhar desconfiado.
– Eu não conheço você? – ele perguntou.
– Talvez. – abri um sorriso e dei de ombros.
– Hum, pode entrar, eu levo vocês até o gabinete dela.
Ele abriu mais a porta e nos guiou pelo interior do prédio, avistei apenas um par de crianças passando apressadas e enroladas em uma porção de roupas de frio. O gabinete ficava ali mesmo no térreo, guardado por uma porta de madeira avermelhada com um crucifixo logo acima da placa com o nome da Irmã Elizabeth. O homem abriu a porta e enfiou a cabeça para dentro do gabinete, pude ouvi-lo falar.
– Irmã, têm umas pessoas querendo lhe ver.
– Oh, mande-as entrar.
Ele escancarou a porta e entrei na sala, junto com Sarah, a freira me reconheceu imediatamente.
– Max, é você? – abri um sorriso largo e confirmei com a cabeça, ela logo se colocou de pé para me abraçar. – Oh meu deus, como você está lindo e forte, oh, como vai a vida?
– Muito bem irmã. – ah, não estava nadando em um mar de rosas, mas eu não ia preocupar a pobre da velha né? – e a senhora?
– Ah, tudo na paz de deus, meu querido, tudo na paz de deus. – ela se voltou para Sarah. – É sua esposa, meu querido? Oh que linda!
– E-eu não... – ela puxou Sarah para um abraço apertado e notei seu rosto enrubescendo.
– Linda não é? Em pensar que ela quase não queria casar. – Sarah lançou raios laser imaginários contra minha cabeça, mas continuei impassível, tentando ser o mais convincente possível.
– Isso mesmo querida, não se pode dar o braço a torcer fácil assim não, e qual o seu nome?
– Sarah. – a voz dela era um sibilo tímido.
– Oh Sarah, que Deus abençoe vocês com muitos filhos! – pronto, era o fim, achei que Sarah ia enfiar o rosto no chão. A irmã nos ofereceu os lugares diante de sua mesa e nos sentamos, Sarah permaneceu toda a conversa cabisbaixa de vergonha. – O que veio fazer aqui Max? Outro dia vi no jornal que sua casa tinha incendiado, está tudo bem mesmo, meu querido?
Eu queria dizer que não, mas não podia despejar meus problemas, assim dessa forma, nos outros. Não havia nada que ela pudesse fazer.
– Ah, aquele incêndio foi um milênio irmã atrás, não tem com que se preocupar. Estou aqui porque queria pedir uma coisa para senhora.
A Irmã Elizabeth tinha a pele desbotada e cheia de pintinhas da idade, os olhos eram duas pedras castanhas atrás de um par de óculos de aro fino, ela esticou o rosto para frente e sorriu docemente para nós.
– Pode pedir meu querido, se estiver a meu alcance, eu atenderei.
Sorri de um jeito meio nervoso, tirei a luva de uma das mãos e a enfiei no bolso do jeans. Senti o toque frio do pequeno objeto e puxei a pequena caixa para fora, era de um material especial que houvera levado um tempão para projetar, um material que não se afetaria com as mudanças do tempo causadas pela máquina, dentro da caixa estava todo o conhecimento necessário para construir uma máquina do tempo.
– Irmã, será que pode guardar um objeto de valor para mim?
– Claro meu filho, quer que eu ponha no cofre daqui da instituição?
Ponderei por um instante e deixei meu olhar cair sobre Sarah, ela tinha as mãos sobre o colo e as fitava fixamente, os cabelos estavam protegidos por um gorro preto, mas os fios dourados escapavam em leves ondas até seus ombros, tão linda.
– Não irmã, eu quero guardar no meu antigo quarto.

Zacky

Levantei os olhos para o espelho, meu rosto estava pálido, o sangue tinha sumido das minhas bochechas, os olhos eram de um verde pasmo, opaco, sentia o corpo dolorido. Olhei de relance para a cama e avistei a garota da noite anterior, morena, esbelta, o cobertor mal escondia seu corpo. Soltei um suspiro pesado, o que eu estava fazendo? Caminhei até a garota e lhe sacudi o ombro de leve.
– Nia? – a chamei falando baixo, ela abriu os olhos e sorriu para mim.
– Hey lindão.
Sorri de volta, mas um tanto nervoso.
– Desculpa te acordar, mas precisamos ir, eu te levo pra casa.
– Já? – ela cobriu o rosto com as mãos do mesmo jeito que outra pessoa que eu conheço fazia. – Ah, me deixa dormir só mais um pouquinho?
– Desculpe Nia, a Val não gostou muito de eu ter dormido com você aqui.
– Ugh, eu pensei que essa Val era mais legal. – ela se levantou e pegou a roupa espalhada pelo chão.
– Ela só fala isso por causa do menino dela, é normal. – e também por que ela era uma das melhores amigas da Gena. – Está com fome?
– Estou faminta! – sorriu para mim, já quase completamente vestida.
– Vamos tomar café em algum lugar então. – esbocei um sorriso de leve e a acompanhei até a saída, a casa inteira ainda dormia.
Paguei um café para ela e depois a deixei em casa, eu não era namorado dela nem nada, mas ultimamente ela tinha sido uma boa companhia. Dirigi de volta para casa, bem devagar, estava cansado, mas estava uma manhã fria, nublada, e por mais que eu amasse morar em uma cidade quente, apreciava muito os dias nublados.
Acabei decidindo tomar um caminho mais longo naquele dia, passei por uma rua que eu não passava há algum tempo e parei o carro, não desci do carro nem abaixei o vidro, fiquei ali meio escondido, só pra ver se ainda tinha um leve vislumbre dela.
O cabelo agora estava longo, mas seu ar de Pin Up continuava lá, até em sua postura, seu caminhar, seu modo de se vestir. O salão estava sem movimento naquela hora da manhã e ela se espreguiçava sobre uma das cadeiras. Já fazia algum tempo que não conversava com ela, eu havia pisado na bola e ela havia deixado claro que não queria que as coisas fossem como eram durante o namoro. Nós estávamos casados e eu agi mal, mas nenhum papel havia sido assinado, ainda dava pra tentar resolver as coisas, certo?
Enchi os pulmões de ar e saltei do carro, e ela aparentemente notou enquanto eu atravessava, pois consegui vê-la se levantando da cadeira com o olhar um pouco espantado. Abri a porta do salão e entrei, notei a atmosfera de reprovação dos colegas dela, mas o que me importava ali não era o olhar deles.
– Hey.
– Zacky... o que... o que veio fazer aqui?
– Vim te ver. – ela quase sorriu, mas talvez tenha se sentindo intimidada pelo olhar dos amigos do salão, eles me odiavam. – Você está bem?
– Sim e você? – acenei com a cabeça.
– Será que tem dez minutos pra tomar um café?
– A primeira cliente já está quase chegando Zacky...
– Entendo. Podemos conversar ali fora então? Não vou tomar muito do seu tempo.
Ela concordou e então saímos até a calçada do salão.
– E então?
– Gena, esse tempo vai durar até quando? Eu sinto sua falta.
O rosto dela se fechou em uma expressão magoada.
– Você tem certeza disso? Por que a última vez que me contaram algo a seu respeito, disseram que estava fodendo uma tal de Nia.
– Você sabe que isso não significa nada pra mim, eu amo você! – suspirei um pouco impaciente, sabia exatamente onde aquela conversa ia dar.
– Significa muito pra mim! Pelo visto sua mente não mudou muito depois de quase um ano de tempo.
– Gena... – segurei o braço dela, mas rapidamente ela se desvencilhou.
– Eu tenho um encontro.
– Um encontro? Com quem?
– Você não conhece, ele é russo. Vai mandar um jato me buscar hoje à tarde, ele está em Madison.
– Ah... Suponho que seja um cara bem rico não é?
– Deve ser.
– Você o conheceu onde?
– Eu não o conheço.
– Espera, vai deixar que te levem em um jato pra se encontrar com um cara que você nem sabe se existe? Ou se é perigoso?
– Você não sai com quem quer? Eu posso muito bem sair com quem eu quero também.
Segurei seu pulso novamente, agora com mais firmeza.
– Gena, por favor, não faça algo que vá se arrepender pro resto da vida!
Ela virou o rosto furiosamente pra mim, os olhos azuis cintilavam cheios de lágrimas a ponto de transbordar.
– E eu não já fiz? Eu me casei com você, não casei?
Senti meus dedos se afrouxando em torno de seu braço e ela imediatamente saiu correndo para dentro do salão novamente. Ainda fiquei alguns minutos ali de pé, atônito, me sentindo o último ser humano da face da terra. Tinha sido tão ruim assim para ela?
Caminhei meio trôpego de volta ao carro e permaneci mais alguns instantes tentando me livrar daquele peso que agora se formava em meu peito, ela não podia estar falando sério. Peguei o telefone e disquei o último número que eu havia ligado.
– Zacky? Isso lá é hora de ligar para os outros?
– Johnny, precisamos ir pra Wisconsin.
Ele riu na minha cara.
– Você está meio atrasado, os caras partiram pra lá há umas duas semanas!
– Eu sei... mas eu preciso ficar de olho na Gena.
– Oh man, não faça isso.
– Não, você não entende, eu estou preocupado.
– Hum, eu não posso viajar, a Lacey já reclamou que eu passo pouco tempo com ela, também duvido que o Matt vá... Você viu como o moleque dele está esperto?
Agitei a cabeça rapidamente.
– Tudo bem, eu vou sozinho então.
– Zacky, bro, não faça nada estúpido okay?
– Tá. – desliguei o telefone e liguei o carro, eu estava com um pressentimento ruim.

Allie


O frio o tinha deixado meio febril, mas ele se recusava a admitir que não estivesse muito bem.
– Permaneça deitada okay? Ainda está de resguarda.
– Eu já consigo me locomover James, você é que está quase caindo estatelado no chão. Anda, sente aqui comigo. – Ele veio quase arrastando e se sentou na cama, levei a mão a sua fronte, estava ardendo. – Está sentindo alguma coisa, Jimmy?
– Não, já disse que estou bem.
– Pare de mentir, me diz logo o que sente.
– Meu peito está doendo, o ar está difícil de puxar, estou cansado.
– Deite um pouco.
– Não posso, preciso buscar Shannon na escola, você não pode dirigir.
Puxei o tronco dele para trás e o obriguei a se deitar, seus olhos se fecharam e pude sentir sua respiração pesada saindo descoordenada pelo nariz e boca.
– Vou ligar para o Sam, ele busca a Shay pra você.
– NÃO! – ele ergueu o tronco, mas eu o puxei de volta. – Peça para o Max.
– Ele não está na cidade, fique tranquilo okay? O Sam não morde.
– Eu o odeio. – foi a primeira vez que o ouvi dizendo aquilo com tanta certeza.
– É só por hoje okay? Você não está bem.
Me coloquei de pé e engoli um gemido de dor, peguei o celular e liguei para Sam, pedindo que ele pegasse Shannon na escola às 15h. Jimmy estava fazendo uma careta, mas não dava para saber se era de reprovação ou de dor.
Abri a gaveta do criado mudo e peguei o Diazepam dele, já havia uma garrafa de água ali então só o mandei enfiar o comprimido goela abaixo. Umedeci uma toalha e coloquei sobre sua testa, e assim que o fiz ele soltou um gemido de gente doente.
– Estou morrendo.
– Já? Há dez minutos estava se fazendo de fortão.
– Cale a boca.
Sorri e então ouvi Joe chorando no quarto ao lado. Caminhei o mais rápido que consegui até ele e o peguei no colo. Ele chorava, mas seu choro não era estridente, Joe era um bebê pouco barulhento, quase como se tivesse vergonha de incomodar. Usei meu corpo para esquentá-lo, estava muito frio, talvez uns 2ºC, nevava levemente lá fora e o aquecedor não fazia milagres, aos poucos o choro dele foi diminuindo.
– Você deve ser o garoto mais tranquilo do mundo, Joe. – sussurrei para ele e seus olhinhos me fitavam quase sem piscar. Ele era uma criança linda, não importa o quanto digam que bebês recém-nascidos têm cara de joelho, ele era lindo. Mas eu não podia deixar de sentir um pesar em meu peito, ele vinha sempre, era um pesar rápido que desaparecia tão depressa quanto vinha, mas esse pesar existia. – Não se preocupe meu amor, eu amo você.
Beijei a testa dele e o carreguei comigo até o outro quarto. Jimmy já tinha apagado. Abri uma pequena fresta da cortina e comecei a cantar Unbound The Wild Ride bem baixinho para ele, enquanto vislumbrava a neve embranquecendo a rua. Um pouco depois um carro parou na frente de casa e Sam saiu dele junto com Shannon, eu não precisava abrir a porta, ele ainda tinha a chave. Olhei para Jimmy, que ressonava um pouco alto, estava meio gripado e o peito ainda subia e descia com dificuldade, era bom que ele dormisse, ainda mais porque eu precisava ter uma conversa séria com Sam, e com ele acordado as coisas poderiam ficar horríveis.
Joe, assim como Jimmy já estava adormecido, ouvi Shannon gritando por mim lá de baixo.
– MAMÃE ESTÁ NEVANDO! ONDE ESTÁ O WOLFIE? WOOOLFIEEEE!?!? – Levei Joe de volta ao berço e quando estava saindo do quarto Shannon já estava na porta com a raposa nos braços. – OLHA MÃE, ESTÁ SAINDO FUMAÇA DA MINHA BOCA!
Eu comecei a sorrir, esse não era o primeiro inverno dela, mas a animação nunca mudava.
– Fale baixo meu amor, Jimmy e Joe estão dormindo.
– Posso ir brincar lá fora?
– Pode, mas se agasalhe melhor, não quero que pegue um resfriado.
– YAAAAY – ela saiu correndo e a raposa ainda rosnou em seu colo, mas o pobre do Wolfie já estava acostumado.
Desci as escadas devagar e ao me ver, Samuel deu apoio para que não me esforçasse muito já que eu tinha que caminhar com muito cuidado para não abrir os pontos da cirurgia, que aliás doíam feito o inferno.
– Não devia estar descendo escadas.
– Eu sei, mas preciso conversar com você.
– Se é sobre a pasta que você encontrou...
– É claro que é sobre a pasta que eu encontrei Sam! Que porra era aquela? E por que tinha fotos do incêndio na casa do Jimmy? Você tem alguma coisa a ver com aquilo Sam? Não minta para mim.
O rosto dele estava próximo do meu, pude ver as pequenas nuvens que se formaram quando ele soltou o ar pelo nariz.
– Eu não posso te falar Allie, mas você precisa entender que eu jamais faria nada que pudesse machucar você a Shannon, eu amo vocês.
– Eu quero a verdade Sam! Já não basta o Max e o Jimmy com o segredo deles, você também vai esconder coisas de mim?
– Alison, por favor, não insista.
Agarrei o colarinho dele e o puxei para ainda mais perto de mim.
– Me conte!
– E-eu... eu não posso.
– POR QUE NÃO PODE?
– Eu não quero que me odeie mais do que já está me odiando agora. – os olhos dele penetraram os meus – Eu vi a criança, eu sei que ela não é do Jimmy, eu sei que isso deve estar matando você! – agitei a cabeça de um lado para o outro tentando dispersar as lágrimas que subiam aos meus olhos – Por favor, Alison, deixe as coisas como estão.
– ME CONTE! – gritei enquanto o sacolejava abruptamente pela gola da camisa.
– Me desculpe. – a voz dele era vacilante, quase chorosa.
– O que você fez Sam? Me conte agora!
– Eu entreguei o Max, eles vão matá-lo.
Imediatamente soltei a camisa dele e dei um passo para trás.
– O-quê?
– Me desculpe, mas eles estavam ameaçando machucar você e a Shannon, eu não quis dizer nada, mas então colocaram fogo na casa dos Sullivan, eu fiquei com medo que pudessem fazer algo pior com vocês! Eu não podia arriscar, então eu contei tudo a eles!
– O que você contou a eles Sam? – eu quase não consegui falar, minha voz era um fio sem vida.
– Eu contei tudo o que eu sabia sobre a máquina, como ela funcionava e essas coisas, eles vão invadir o laboratório e vão matá-lo.
– QUANDO? A GENTE TEM QUE IMPEDIR! EU NÃO VOU DEIXAR QUE MATEM MEU IRMÃO!
– E-eu não sei Alison, eu dei as informações há meses, eles podem matá-lo a qualquer momento.
Solucei alto e passei a mão pelos cabelos tentando pensar em algo.
– Como você pode? Ele era seu amigo!
– Acha mesmo que eu não me odeio por isso? Mas eu não podia permitir que acontecesse alguma coisa com você. Me perdoe. – ele se aproximou de mim e tentou pegar minha mão, mas o afastei.
– Se o Max morrer, a culpa vai ser sua. – caminhei em círculos por um breve instante e olhei para o topo da escada, as crianças estavam tão bem, tanto Shay quanto Joe, eu ainda estava andando meio torta, mas não podia ficar ali sem fazer nada. Lali ainda estava na cidade, talvez ela pudesse me ajudar. – Eu preciso fazer alguma coisa.
Caminhei até o armário e peguei um casaco e um cachecol.
– O que vai fazer? Você não pode sair! Você está de resguardo. Eu vou com você!
– Você vai ficar aqui com Jimmy e as crianças.
– Allie não seja idiota, isso faz mal pra sua recuperação!
– Foda-se!
– Espere por mim Allie, eu dirijo pra você. – Jimmy estava escorado no topo da escada, parecia meio grogue.
– Você está febril James.
Ele desceu as escadas, meio empertigado, tentando mostrar que estava em boas condições.
– Você não vai sair daqui sozinha.
– VOCÊ NÃO ESTÁ EM CONDIÇÕES!
– MUITO MENOS VOCÊ! – ele normalizou o tom de voz – Eu não vou deixar que nada aconteça com você. Nós vamos juntos, okay?
Shannon entrou pela porta com as botas cheias de neve.
– Pra onde vocês estão indo?
Sam olhou para mim e Jimmy com certo pesar e depois sorriu de leve para Shannon.
– Eles vão conversar com seu tio, eu vou ficar aqui com você e o seu irmãozinho.
– Por que estavam gritando?
– Só... só estamos empolgados em vê-lo. – Jimmy piscou para ela.
– Tire essas botas Shay, vou fazer um chocolate quente pra você.
Caminhei até ela e lhe dei um beijo na bochecha.
– Seja uma boa garota e obedeça ao Sam, okay? Eu amo você meu anjinho.
– Eu também amo você mamãe, e o papai Sam e o papai gigante, também amo meu irmãozinho. Quando ele vai poder brincar comigo?
– Em breve meu amor, em breve. Diga a ele que eu o amo okay?
Ela concordou com a cabeça, Jimmy foi até ela e lhe abraçou com força, sussurrou algo em seu ouvido que a fez sorrir e depois se juntou a mim.
– Vocês voltam a tempo do jantar? – Sam perguntou, eu ia responder dizendo que sim, mas Jimmy foi mais rápido.
– Não.


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