A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 42
Capítulo 41 - Conflitos


Notas iniciais do capítulo

OI GENTEEE! Não morri e nem Casa de Klaus! Estamos vivinhos e esperando para matar você. Aqui vai mais um capítulo da sua, da minha, da nossa fic!



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Nessie

           

            -Tem algum sete?

            -Não. Pode comprar.

            Eu disse, mexendo nas minhas cartas desanimadamente. Ele comprou uma carta e observou-a. Elijah baixou a carta e olhou para mim. Olhei para ele por cima do leque de cartas que eu tinha na mão.

            -O que foi?

            -O que estamos jogando?

            Ele perguntou, jogando suas cartas sobre o monte de descarte. Dei de ombros, jogando as minhas também.

            -Não tenho ideia. Há quanto tempo estamos fazendo isso?

            Ele olhou no relógio de pulso.

            -Eu sei lá... Uma hora?

            Tapei o rosto com as mãos, me contorcendo por cima das cartas e deitando a cabeça sobre o seu colo. Sua mão acariciou meu cabelo.

            -Somos dois vagabundos, Elijah.

            Ele riu.

            -Não somos vagabundos. Você é. Estou só sendo solidário. - Sem abrir os olhos, lhe dei um tapa no rosto, onde ele agora deixava uma pequena barba crescer. Deixara escapar que lhe deixava sexy, e agora ele recusava-se a barbeá-la. – Ai!

            -Por ter sido mau.

            Ele riu e segurou minha mão e beijou minha palma. Fingir que se está apaixonado é muito mais fácil quando nos lembrávamos do tempo que já estivéramos apaixonados. E embora Elijah nunca me beijasse nos lábios, sempre fazíamos coisas de casal e quanto mais público, melhor. Era uma das nossas regras.

            Mas ultimamente, algo dentro de mim tensionava todas as vezes que estávamos juntos, uma vontade incontrolável de fugir e me esconder. Mas não era dele. Eu sabia que era a culpa e o remorso entrando em erupção entrando em erupção dentro de mim. Não queria que Jake tivesse que ver o que eu tinha que fazer para sobreviver. Não queria que visse o que me tornara. E não queria que tivesse que sofrer por mim mais do que fizera nos anos em que eu estivera desaparecida.

            -Qual o problema?

            Ele perguntou, interrompendo o silêncio. Abri os olhos, encarando suas íris azuis.

            -Problema?

            -Você está distraída. Normalmente você se concentra em uma coisa de cada vez, mas agora está... Em toda a parte.

            Suspirei, tentando esvair a tensão. Então esfreguei o rosto.

            -Eu não tenho dormido desde... Você sabe...

            Ele assentiu. Calou-se por um segundo e suspirou. Eu sabia que ele estava tão desconfortável quanto eu com essa situação. Afinal das contas, fora a lembrança de Jake que nos separara completamente. Saber que seu maior rival, em pele e osso, andava por aqueles mesmo corredores não estava agradando-o, embora eles não houvessem se encontrado de frente até agora. Se eu pudesse, os manteria afastados para sempre. Mas, como colegas de casa involuntários, em algum momento, um encontro aconteceria, e essa possibilidade me assombrava. Como um reagiria ao outro?

            -Sabe o que devíamos fazer?

            Fechei os olhos, cansada.

            -Dormir?

            Ele roçou os dedos pelo meu pescoço, fazendo-me cócegas para me despertar. Eu ri, afastando-o.

            -O quê?!

            -Um piquenique.

            Arqueando as costas, olhei para a grande janela de dois andares acima da única pesada porta de madeira. O céu prateado e de nuances negras cuspia violentamente água contra a janela e piscava com trovões estrondosos e clarões.

            -Está chovendo.

            Observei, relaxando sobre seu colo. Ele tocou meu nariz com a ponta do dedo.

            -Não lá fora, bobinha. Aqui dentro. Podemos fazer o almoço, estender uma toalha no carpete e chamar a Liz. – Ele sorriu – Com sorte, derramaremos alguma coisa que manche. Klaus odeia quando precisamos limpar o carpete. Precisa apagar a memória dos funcionários e isso levanta perguntas.

            Eu ri.

            -Posso imaginar. Está bem, então... Vamos dar um trabalho a ele.

           

            Preparamos o almoço e o servimos sobre uma toalha quadriculada perto de um dos sofás. Chamamos Lizzie, que estudava no nosso quarto, para se juntar a nós, e o cheiro de comida chamou Elena, Bonnie, Damon, Nahuel, Logan e Meredith. Logo estávamos todos alimentados e felizes.

            -Acho que eu nunca comi tanto na minha vida...

            Gemeu Lizzie, caída no chão, mole. Ri dela, acariciando seu cabelo.

            -Só uma coisa pode deixar esse piquenique melhor.

            Disse Nahuel, encostando as costas contra o sofá e pousando as mãos sobre a barriga inchada.

            -Já estou anos a sua frente.    

            Respondeu Elena, tirando um rádio do bolso e movendo seus botões para sintonizá-lo enquanto ele chiava baixinho. Bonnie franziu o cenho.

            -Você carrega um rádio portátil no bolso?

            Ela deu de ombros, compenetrada na sintonização. A chuva e a distância de centros urbanos não ajudavam.

            -Você carrega uma faca. - Eu e Elijah trocamos um olhar, mas achamos melhor não perguntarmos – Consegui!

            Ela exclamou, aumentando o volume. Uma voz com auto-tune inundou nosso pequeno núcleo de amigos. A próxima música eu conhecia. Era antiga, de algum tempo antes de eu ‘desaparecer’.

            -Adoro essa música!

            Eu disse, sorrindo e puxando os joelhos para perto de mim. Fazia tanto tempo que eu não ouvia músicas diferentes das que tinha no pen-drive que trouxera de casa... Elijah se levantou e estendeu a mão na minha direção.

            -Então vamos dançar.

            Encarei sua mão por um segundo, então dei de ombros e sorri, aceitando sua mão, pondo-me de pé. Lizzie abriu os olhos em uma fenda, sorrindo de leve. Apesar de agora saber da verdade, Lizzie não deixava de gostar de mim e Elijah juntos. Ela bateu palmas no ritmo da música enquanto Elijah me conduzia ao redor da toalha de piquenique. Elena se aproximou de Damon, que a abraçou de leve, e Bonnie encolheu as pernas contra o peito, cantarolando baixinho.

            Durante uma ponte na música, Elijah me girou uma, duas, três vezes ao redor de mim mesma, fazendo-me gargalhar. Quando o refrão retornou eu estava tonta e risonha. Cambaleei para o lado, segurando-me no ombro de Elijah. Quando o chão parou de chacoalhar, meu olhar se fixou na escada. Na base da escada, Jacob nos observava, de braços cruzados, encostado ao pilar de mármore branco ao redor do qual a escada se espiralava para cima. Cambaleei uma ultima vez, mas não tinha nada a ver com a tontura. Vê-lo na Casa ainda me causava certa surpresa.

            -Jake. – Eu disse, engolindo em seco e me endireitando. Meu corpo reagiu a ele. Meu coração se acelerou e minhas palmas suaram. Meu estômago fechou-se em um nó. Todas as partes em que meu corpo tocavam o de Elijah queimaram e eu soltei sua mão, juntando minhas mãos em frente ao corpo. – Eu não... Não vi você ai.

            Ele deu de ombros, descendo o ultimo degrau, vindo na nossa direção.

            -Hey Lizzie.

            Ele cumprimentou, sorrindo e olhando para ela, estirada no chão. Ela sorriu de volta e acenou para ele.

            -Oi Jake.

            Ela respondeu, tentando pegar seus calcanhares, no que ele desviou habilmente. Ela não parecia guardar ressentimentos por ele ter separado seu OTP. E antes que eu pudesse evitar, Elijah avançou, estendendo sua mão na direção de Jake. Pude ver seus braços cruzados tremerem. “Afaste-se, Elijah. Por favor.”.

            -Olá, colega. Sou Elijah. É um prazer finalmente conhecê-lo. Nessie só fala de você o tempo todo. – Ele me lançou um olhar cínico. – Literalmente. O tempo todo.

            Dei de ombros, ligeiramente envergonhada. Esperei a reação de Jake. Não precisava ser meu pai para ler seus pensamentos. Eles estavam estampados em sua face para quem quisesse ver. “Não sou seu colega”. Suspirei, tensa. “Por favor, meu pequeno Mikaelson. Por favor, afaste-se”. Por um segundo, pensei que Jake fosse explodir em um lobo castanho em plena sala. Tive medo que ferisse Lizzie – mesmo que por acidente – e perseguisse Elijah. Mas para a minha completa surpresa, ele assentiu e estendeu a mão, com os tremores perfeitamente controlados. Senti-me orgulhosa dele.

            -Sou Jake.

            Ele se apresentou, apertando a mão de Elijah. Pela expressão deste, o aperto não era do mais amigável. Reprimi o riso. Por fim, Jake o soltou e Elijah disfarçou ao máximo a dor com um sorriso no rosto.

            -Hum Jake – Eu disse, distraindo a atenção de Elijah para que ele pudesse esfregar nervosamente a mão até que a circulação voltasse – Estes são Elena, Bonnie e Meredith. – Eu apresentei gesticulando na direção delas, que acenaram timidamente. Ele lhes dirigiu um sorriso frágil e um aceno de cabeça – E estes são Damon e Logan. Eu suponho que você se lembra de Nahuel.

            -É claro. Cabeludo.

            Ele disse, assentindo para ele. O clima ficou tenso por alguns segundos.

            -Junte-se a nós! A comida ainda deve estar quentinha.

            Convidei, sentando-me. Ainda esfregando a mão, e meio emburrado, Elijah também voltou a se sentar. Logan e Damon trocaram um olhar, observando a tensão entre ele e Jake, enquanto este pegava um prato e servia-se. Logan deu uma desculpa e se foi, e Meredith depois dele. E dois quartos de hora depois, surpreendi-me ao me encontrar sozinha com os dois na toalha de mesa. Até Lizzie me abandonara para ir à TV do outro lado do Hall para assistir Hora de Aventura.

            -Você não pode assistir no bloco da noite?

            Perguntei, desesperada. Ela deu de ombros.

            -Mas de noite não é Hora de Aventura. Até o Finn e o Jake dormem de noite. Agora é Hora de Aventura. Vamos Nessie, pergunte.

            -Não precisa Liz, eu sei que horas são.

            Respondi, rabugenta.

            -Está bem então. – Sem se abalar, ela virou-se para Jake – Jake, pergunte que horas são.

            -Que horas são?

            Ele perguntou, de boca cheia, mais como uma confirmação do que falar do que uma pergunta de verdade. Lizzie socou o ar acima dela como se segurasse uma espada e gritou.

            -É HORA DE AVENTURA!

            E então abriu os braços e saiu cantarolando a música de abertura. O silêncio ficou tão denso depois que ela partiu que até mesmo respirar pareceu ficar mais difícil. Só piorou quando Jake terminou de comer. – o que levou algum tempo, mas não o suficiente para pensar em um assunto que não fosse estranho.

            -Então... – Ele disse, brincando com os talheres sobre o prato vazio. – Namorados, huh?

            Ele perguntou, tão desconfortável quanto nós. Incapaz de ir embora sem ser rude, incapaz de deixar a situação menos estranha. Se Jesus Cristo descesse a terra para nos ajudar naquele momento, não conseguiria deixar a situação menos estranha. Mas rezei para que ao menos tentasse.

            -É o que parece...

            Respondi, baixinho. Estava tensa como a corda de um arco. Ele assentiu. Claramente nãos sabia como agir. Não era o único.

            -Legal... Legal... – Ele disse, deixando os talheres de lado e unindo as mãos nervosamente. Elijah permanecia calado. Jake olhou para ele ao perguntar – Como... Como é que isto... – Disse, gesticulando nós dois com o dedo. – Funciona?

            Ele sussurrou, olhando em volta. Elijah lançou-me um olhar cauteloso. Éramos um relógio bem oleado. Funcionávamos meticulosamente e qualquer peça estranha ou sobressalente abalava nosso funcionamento.

            -Nós... Temos regras.

            Ele respondeu, no mesmo tom sussurrante.

            -Regras?

            Assenti e enumerei-as na mão.

            -Sem beijos. Sem DR ou qualquer tipo de drama. Sem tentativas de retorno. Quanto mais público melhor. Cuidar um do outro, sob qualquer circunstância. Cuidar de Lizzie sob qualquer circunstancia. Quem chega primeiro na sala de aula, pega os livros. Quem cozinha não lava a louça. Silêncio durante a leitura. Alternar semanas para ficar de olho em Boi e em Sage.

            -Sage?

            Elijah ergueu a mão de leve.

            -Minha menina. É uma husky ruiva.

            Jake assentiu.

            -Eu entendo. Uma bela e grande família feliz – Disse, mas não soou como Lizzie quando ela nos descrevia como tal. Soou soturno. Mas o silêncio não durou muito dessa vez – Ela é alérgica a nozes, você sabia disso?

            Corei fortemente e desejei desaparecer. Que tipo de pergunta era essa?! Elijah uniu as sobrancelhas e olhou de mim para Jake, confuso.

            -Não eu... Não sabia disso.

            Respondeu, balançando a cabeça. Jake fez que sim e bufou.

            -Imaginei.

            A expressão de Elijah se tornou dura.          

            -O que isso deveria significar?

            Jake deu de ombros, cínico. Desejei, pela primeira vez na minha vida, socá-lo ao invés de abraçá-lo com força. Porque atacar Elijah? Ele era tão pequeno... E alem de tudo, a culpa era minha. Minha e inteiramente minha! Eu o fizera se apaixonar para mim – como, eu não estava certa , mas fizera. Ele não tinha o direito de acusar Elijah.

            -Não importa o que significa. Jake, comporte-se.

            -Está bem, Nessie. Serei seu cãozinho fiel. Como sempre.

            Suspirei e esfreguei o rosto, cansada.

            -Você está bravo. Está certo. Tem todo o direito de estar. – Baixei as mãos, deixando-as caírem sobre o colo, exaustas – Mas é comigo que está bravo, não com Elijah.

            -Deixa ela lutar suas batalhas ao invés de protegê-la delas, nanico?

            Ele perguntou, provocando Elijah, o eco de um garoto de cinco anos. Elijah projetou-se na direção dele, com o punho em riste. Empurrei-o para trás, em direção ao chão.

            -Parem com isso!

            Gritei, com a voz esganiçada.

            -Venha até aqui e eu lhe mostro como luto minhas batalhas!

            Ele gritou, ignorando-me. Ambos se puseram de pé. Rastejei para fora da toalha e para longe de suas sombras conflitantes, temendo ser pisoteada. O som de carne contra carne me fez fechar os olhos, aterrorizada de saber que qualquer um dos dois tivesse sido atingido pelo outro. Ver qualquer um dos dois doeria demais.

            -Ela pertence a mim, moleque!

            Gritou Jake.

            -Ela me ama!

            Retrucou Elijah, no mesmo tom. Eu não podia ficar ali. Fazê-los conviver era um sonho utópico, e eu devia saber desde o início. Jake lutara com meu pai pela minha mãe, mesmo que não tivesse um imprinting por ela. Ele não desistiria enquanto respirasse. E Elijah nunca fora realmente amado. E só Deus sabia como aquela sensação era boa, e eu sabia que ele também não me deixaria partir com facilidade. Eu significava algo para ambos, mas não podia significar para os dois.

            -Parem com isso AGORA MESMO! – Gritei, abrindo os olhos, me pondo de pé e deixando as lágrimas reprimidas escorrerem – Vocês não podem brigar por mim como dois cachorros por um osso. Eu não sou um troféu!
            -Néss, é claro que n...

            Disse Jake, avançando na minha direção, transformado em uma pessoa completamente diferente em questão de segundos. Levantei a mão para detê-lo e lancei-lhe um olhar gélido para que ele permanecesse no lugar. Ele recuou um passo. Observei-o por um segundo, mas dessa vez, com novos olhos, como se ele me fosse estranho.

            Ele era impulsivo, destemido – o que podia ser perigoso para ele, e abertamente bem humorado. Super protetor também. Fogo personificado. Quando ele me tocava, eu explodia. Desviei o olhar para Elijah. Seus olhos claros estavam preocupados. Era o que ele era: Doce, sarcástico, reservado. Também era super protetor, é verdade, mas de uma forma mais restritiva, ciumenta e sufocante. Ele era gelado, à espera que alguém o derretesse. Mas quando estávamos juntos eu não sabia se era capaz de tal proeza.

            Deixei duas lágrimas escorrerem pela minha face.

            -Como é que eu posso amar duas pessoas tão diferentes?!

            Perguntei, antes que a pressão sobre o meu peito fosse demais e eu corresse em direção à escada. Ouvi-os gritarem meu nome atrás de mim, e até Lizzie pediu que eu voltasse, mas não parei de correr. Quando dei por mim, já pressionava as costas contra a porta do meu quarto. Estava a um passo de me trancar, antes que me lembrasse que Lizzie estava lá embaixo. Então fui até o banheiro e tranquei a porta.

            Atrás de mim, Boi gemeu, deitado na banheira, seu lugar favorito para dias de chuva. Dei-lhe um sorriso trêmulo e escorreguei de costas com a porta até o chão, onde puxei as pernas na direção do meu peito, chorando com o coração na mão. 


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