A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 34
Capítulo 33 - Rebekka


Notas iniciais do capítulo

BU! ESTOU AQUI MAIS CEEDO! TERMINEI MINHAS 50 000 PALAVRAS ANTES DO TEMPO! APROVEITEM AMORES! QUE SAUDADE!



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Nessie

            -Vamos fugir.

            Disse Elijah sentando ao meu lado, não mais do que de repente.

            -O que?! - Perguntei, cuspindo meu suco de laranja. – Estou me recuperando do que pode ter sido um ataque cardíaco e você me vem com uma dessas?

            Sussurro para ele, em reprimenda, mas ele nem liga, pegando minha mão.

            -Vamos fugir! – Repete – Encontraremos Rebekka, e ela vai nos ajudar!

            Encarei Elijah, séria, esperando que ele começasse a rir da minha cara a qualquer momento. Mas os segundos se passaram, e seu olhar animado não desvanecia. Quem, em nome de tudo o que ainda era sagrado naquele mundo, era Rebekka.

            -Espere... Elijah, nós... Você... Quem é Rebekka?

            Ele suspirou, olhando em volta.

            -É minha irmã.

            Uni as sobrancelhas, sobressaltada.

            -Sua irmã? Você... Você tem uma irmã? Mas... Então ela fugiu da Casa? Mas você disse que ninguém nunca...

            -E Rebekka é ninguém. Para Klaus. No dia em que Scott não a encontrou no meio das árvores, ela se tornou uma ninguém. Uma lenda, alguém que nunca existiu. E a Casa não existia ainda. E, não sei se você não notou, mas não estamos mais na casa. Não estamos nem no Colorado.

            -Mas... – Continuei, ainda focada no assunto “Yo, eu tenho uma irmã e ela vai nos tirar daqui.”.- Porque nunca me falou dela?

            Ele suspirou, baixando o olhar. Ele a amava, eu pude ver. E o fez para protegê-la.

            -Foi difícil, sabe? Não falar nada. Ela é incrível. Mas Klaus fica aborrecido quando falo nela. E com você por perto... Não quis arriscar.

            -Como foi que ela fugiu?

            Perguntei, curiosa. Ele sorriu.

            -Como eu disse, a Casa não existia. Klaus havia acabado de descobrir sobre os híbridos. Rebekka era sua arma favorita. Ela era tudo o que Klaus queria que ela fosse, e tudo o que eu sou quando... Você sabe...

            Fiz que sim. Elijah levantou-se de repente do balanço da varanda em que conversávamos.

            -Eu vou dar uma volta.         

            Disse.

            -Achei que estávamos conversando...

            Disse confusa. Qual era o problema daquele garoto?

            -Nós? Não.

            Ele disse, pousando o indicador sobre os lábios. No segundo em que o retirou, Scott saiu de dentro da casa.

            -O que os dois estão aprontando.

            Perguntou o idiota, com seus dois únicos neurônios desconfiados. Dei de ombros.

            -Estou esperando um esquilo aparecer para tomar um lanchinho. E Elijah vai dar uma vlta.

            Scott virou a cabeça de lado, analisando Elijah, e deu de ombros.

            -Ele não vai se arriscar com você aqui. Só fique perto, bastarda.

            Disse, indiferente. Elijah acenou para mim e desapareceu entre as árvores, deixando-me mais confusa do que já estava.

            -Um relacionamento normal. Será que é pedir demais?

            Perguntei, olhando o suco de laranja, pensando no sonho com Jake mais uma vez.

           

Elijah

            Olhei para trás através das árvores para ter certeza de que ninguém tinha me seguido. O bosque era silencioso, a não ser por um ou dois esquilos pulando de árvore em árvore. Virei-me para o riacho que delimitava nossos limites no período que estivéssemos por ali. Mais um passo e tudo acabava.

            -Será mesmo? – Pensei, em voz alta, encarando a água cristalina. – Grande irmã de Mikaelson, para sempre vou te esperar. Porque se não você, quem é que vai me amar?

            Recitei, lembrando-me como se tivesse sido no dia anterior, do temor que senti ao pensar que um dia poderíamos nos separar. Durante uma centena de anos depois que Scott me encontrou naquele arbusto, não ousara pronunciar essa frase. Em parte porque doía o fato de Rebekka nunca ter voltado para me buscar, em parte por medo de entregá-la a Klaus caso ela viesse. Quando aprendia a ler, procurava nos livros a letra dos versos e o formava na minha mente. Assim aprendi a escrever. E a primeira palavra que escrevi na vida foi “IRMÔ. Lotei páginas de caderno com esta palavra e depois com a frase, e fui espancado por isso. Klaus exigia que eu fosse um guerreiro, não um poeta.

            Depois disso, passei a guardar a frase para mim. As coisas pioraram. Klaus foi derrotado na batalha de Volterra. A Casa foi criada. Passei a chamar por Rebekka toda a noite, na segurança do meu novo quarto. Se Scott me ouvia fazendo isso, ele me batia. Tentava dizer a ele que estava rezando, então ele me chutava e dizia que se Deus existisse, não criaria demônios como nós dois. Então conheci Tyler, e passamos a ser amigos. Experimentei naquela época, a infância que nunca tive. Tyler adorava brincar. E cachorros. Às vezes cuidávamos deles, nós dois, e ele cuidava de mim, como o irmão mais velho que Rebekka costumava ser. Ter Jules e Mason por perto também me fazia sentir amado. Tudo ficara bem por alguns anos.

            Então Tyler se transformou pela primeira vez, e seu gene de lobo quase o enlouqueceu, e eu sabia que eu não podia ajudar nisso. Não sabia como ele se sentia. E novo relacionamento ficou frio. Eu aprendi a me cuidar sozinho. Então Nessie viera... Ah, ela mudara tudo... Lembrava-me de Rebekka de tantas maneiras... Não pude evitar-me sentir atraído por ela. Rebekka já havia partido havia tanto tempo...

            E a verdade é que agora, eu não fazia ideia do que fazer. O medo de perder Nessie foi muito real, e eu sabia que se perdêssemos a oportunidade de fugir agora, isso logo aconteceria. Rebekka era nossa única esperança, mas eu não sabia como encontrá-la. Ela podia estar a quilômetros de distância, podia estar morta, presa, ou casada, com filhos, e esquecida do irmão que deixou para trás. Mas eu tentaria da forma que ela me ensinara quando éramos pequenos, do mesmo jeito que Klaus e Angela costumavam fazer. Recitando nossos versos.

            Suspirei. Já era noite. Klaus logo estaria curioso sobre minha ausência, e Nessie e Lizzie deviam estar preocupadas.

            -Grande irmã de Mikaelson, para sempre vou te esperar... Porque senão você, quem é que vai me amar?

            “Nessie, Lizzie, Tyler... Até Boi. Muito mudou desde aquele tempo.” E então, não me sentia mais tão sozinho.

            -Onde você estava?! Seu louco! Achei que tinha cruzado a fronteira!!!

            Disse Nessie, no instante em que pus o pé para fora das árvores.

            -Meu passeio se estendeu um pouco. Só isso.

            -Só isso? Onde você estava?

            -No bosque. – Dei de ombros – Nada demais.

            Ela fez que não com a cabeça, como se não pudesse acreditar, cruzou os braços e deu as costas para mim, saindo pisando forte na direção das barracas montadas no lado de fora da casa de Bonnie. Alcancei-a e segurei seu ombro, virando-a de volta para mim.

            -Qual o problema?

            -Qual o problema?! Você sumiu o dia todo!

            -Esse não é o problema. Eu ficava longe na Casa também, e você nunca ficou assim.

            Ela respirou fundo e baixou o olhar. Então o desviou como se não suportasse olhar para o sapatos. E desviou-os do nada. E novamente. E quando a fiz olhar para mim, ela tinha lágrimas nos olhos.

            -Qual o problema? Sou eu, Nessie. Você sabe que pode me contar qualquer coisa.

            Mas ela permaneceu em silêncio e me abraçou pela cintura, prendendo-me fortemente a ela. Passei os braços por suas costas.

            -Shhh...

            -De manhã você falou em fugir, me mandou fazer silêncio e então sumiu... Eu achei que... Eu... Eu achei... Eu...

            -Que eu tinha te deixado? – Apertei-a mais contra mim. – Eu nunca vou te deixar. Nunca.

            Repeti, enfatizando a palavra. Ela se calou, escondendo o rosto em minha camisa, procurando se acalmar.

            -Você é tudo o que eu tenho. Sabe disso, não sabe?

            Fiz que sim. Eu sempre me esquecia da sua idade. Apesar de aparentar uma maturidade, precisava me lembrar que ela só tinha a metade da sua aparência Apesar do corpo adulto, tinha um coração infantil, louco para ir para casa, agarrando-se com todas as forças em quem amava e procurando apoio nisso para que pudesse se levantar cada vez que era posta para baixo.

            -Desculpe. Eu devia ter confiado em você.

            Ela pediu baixinho.

            -Tudo bem. Tudo bem, eu entendo. Vamos para dentro.

Rebekka

            -Alguma coisa?!

            Perguntei, aflita por aquele silêncio mortal na sala.

            -Ela não vai encontrar nada, Bekka.

            Disse Lexi, duelando com aquele odioso IPhone para tentar se distrair.

            -Calada. Ela vai achá-lo. Tem que achar.

            Disse, mordiscando a unha do polegar.

            -Bekka, faz 200 anos que você e o seu irmão se perderam... E pelo que você me contou sobre seu pai, mantenho sérias dúvidas de que ele ainda esteja vivo.

            -Ele está – Teimei, dura. Disso eu tinha absoluta certeza – Klaus sabe que não pode mexer com Deus. Um genocídio assim o faria se torturar até a morte. E ele não morre.

            Lexi bufou, abrindo um jogo qualquer com um fantasma pulando sobre rios de lava. Revirei os olhos. Francamente, a industria de jogos digitais não tinha mais o que inventar... Cruzei os braços. Eu sabia que Elijah estava vivo. Podia sentir no fundo da minha alma quando recitava nossos versos antes de dormir. Aquilo não podia ser só impressão.

            -Oh! – Ofegou Antoniette, pegando a mão que ela mesma ferira. Arfei de dor. Ela piscou, cega. – Eu encontrei Bekka, eu o encontrei!

            Um sorriso quase infantil se abriu no meu rosto.

            -Onde ele está?! Como ele está?! O que está fazendo?!

            Perguntei, desesperada por notícias.

            -Está... Difícil de ver... Ele está sob a proteção cerrada de alguma bruxa. Mas com certeza é ele. A conexão de você dois é forte. – Ela disse, apertando os olhos como se ele estivesse logo a sua frente. – Ele está sentado... Há um rio... Ele está... Recitando poesia?    

            -Poesia? Repete o que ele diz.

            -Irmã de Mikaelson... Para...

            -Para sempre vou te esperar.

            Ecoei, lembrando-me das palavras.

            -Porque se não você, quem é que vai me amar?

            Dissemos em uníssono.

            -A conexão está se quebrando! – Exclamou ela, de repente – Um mapa, rápido!

            Pediu. Virei-me para Lexi, e ela já trazia o rolo de papel e o estendia sobre a mesa. Andy fez meu sangue pingar sobre o papel. Ela começou as palavras ancestrais de sua maldição. Sob nossos olhos, o sangue se agrupava sob o comando de Andy. Ele se conduziu através do país como um imenso verme vermelho até estacionar acima de uma pequena cidade no interior da Virginia.

            -Fell’s Church. É no meio do nada. O que ele está fazendo lá?

            Fiz que não.

            -Não sei. Mas vou descobrir. Ele não está longe. Partimos ao amanhecer.

            Elijah

            Saí da barraca só depois do meio dia. Dormira feito uma pedra, o que não era do meu costume. Talvez fosse só o alívio de soltar algo há muito preso dentro de mim.

            -Bom dia, dorminhoquinho...

            Disse Lizzie quando me viu, sentada à mesa de piquenique disposta no meio do jardim, cheia de comida e sobrenaturalidades que a devorava. Não encontrei Nessie entre elas.

            -Ela está na cozinha – Disse Lizzie, quando percebeu que eu a procurava. – Se eu fosse você não ia lá não. Levei uma colherada de pau quando tentei provar alguma coisa.

            Ri, alcançando um prato e sentando ao seu lado.

            Depois do almoço, Lizzie foi brincar com os antigos brinquedos de Bonnie no sótão. Nessie almoçou dentro da casa. Eu a vi comendo com as amigas quando ajudei a recolher as mesas. Acenei para ela e ela sorriu contidamente. Solitário, voltei ao bosque, cantarolando uma antiga canção da minha infância.

            -Preto e castanho, e coberto de pêlo... Um urso, um urso, um urso...

            (N/A.: Os fãs de Game Of Thrones piram).

            Segui o curso de água do rio. Eu estava acostumado a ficar sozinho. Mas ainda assim, porque me sentia tão mal? Ouvi um galho se quebrar do outro lado do rio, por sobre o barulho da água corrente.

            -Quem está aí?

            Perguntei, dando um passo atrás. Com sorte, seria um cervo... Me alimentar novamente seria agradável. Podia fazer uso de uma boa caçada para passar o tempo... Um olhar azul saiu de trás de uma árvore do outro lado do rio, com as mãos para cima. Os cabelos caramelo caiam pelos ombros, lisos e pesados.

            -Desculpe. Não era minha intenção assustá-lo. Eu só estou procurando meu irmão. Você o viu?

            Estreitei os olhos. Os feitiços de Greta deviam confundir os mortais ao redor da área e fazê-los se desviar. Só poderia vir ali quem tivesse certeza do que encontraria, como Klaus e Scott.

            -Seu irmão? Quem?

            -O nome dele é Elijah. Ele deve ter sua idade. Eu gostaria de lhe dizer mais... Mas não o vejo há muito tempo.

            Estreitei os olhos, tentando ao máximo entender porque meu coração se acelerava.

            -Bekka?

            Perguntei, incrédulo que eu tivesse essa sorte toda. Ela uniu as sobrancelhas.

            -Como sabe meu nome?

            Perguntou, desconfiada. Não me reconhecia?

            -Bekka, sou eu. Elijah.

            Eu disse, dando um passo a frente. Ela estreitou os olhos, como eu fizera. Tive medo que ela não me reconhecesse. Afinal, eu mudara muito em 200 anos. Ela deu um passo a frente.

            -Pequeno Mikaelson?

            -Não cruze o rio – Avisei, olhando para trás. Não parecia haver ninguém. – Scott pode aparecer à qualquer momento. O bosque está protegido por magia.

            -Oras, eu também. – Ignorando meu aviso, ela pulou para a minha margem do rio. – Achou que eu viria sem proteção procurar por você? – Ela me abraçou com força. Abracei-a de volta, sentindo-me um bebê novamente, perdido, molhado e tremendo, fugindo da vida horrível à que era submetido. – Que saudade, pequeno Mikaelson... Nem acredito que é você... Me deixe te ver... – Disse, empurrando meus ombros para me analisar. Ela pousou a mão em meu rosto. – Olhe só para você... Tão crescido... Mas esses olhos de Angela não mentem...

            Sorri, desviando o olhar.

            -Senti muito a sua falta, Bekka.

            Disse, baixinho. Ela levantou meu rosto para ela, parecendo preocupada.

            -O que ele fez com você?

            -Quer por ordem alfabética ou cronologia? Quando ele me encontrou? Quando me recusei a segui-lo? Quando tentei fugir? Ou em algum outro momento dos últimos 200 anos?

            Ela baixou os olhos.

            -Eu tentei, irmão. Eu juro que tentei. Segui vocês por semanas. Mas Klaus nunca deixava que você se afastasse muito e mesmo quando deixava você queria estar perto, tentando agradá-lo. E quando vocês partiram para o mar, eu não podia simplesmente entrar no mesmo navio que vocês. Scott me encontraria na hora. Então eu perdi você e todas as bruxas que encontrava se recusavam a me ajudar, e se alguma eventualmente tentava, não o encontravam.

            -Klaus protege a casa com suas próprias bruxas.

            Expliquei. Ela umedeceu os lábios.

            -E então, eu tive esse pressentimento horrível duas semanas atrás, de que você precisava de mim. E desde então estou feito louca atrás de você.

            Neguei com a cabeça.

            -Ele não fez nada. Quase, mas não fez.

            Ela uniu as sobrancelhas, desconfiada.

            -Klaus não é o tipo de homem que se contenta com um quase.

            -Nós o convencemos, está bem?

            -Nós?

            Sorri torto para ela, desviando o olhar.

            -Você já não é a única mulher disposta à me proteger Bekka.

            Disse a ela, corando de leve, quando vi um grande ponto de interrogação em frente ao seu rosto.

            -Meu irmãozinho... Tem uma namorada?

            Dei de ombros.

            -Não é nada demais, sabe? As pessoas namoram casualmente esses dias... Quer dizer, não pensamos em casamento e nem nada.

            -Mas você à ama?

            Não precisei pensar.

            -Sim.

            Ela suspirou, com o olhar agoniado, e olhou em meus olhos seriamente.

            -E se eu te pedisse para deixá-la? – Uni as sobrancelhas – Minha bruxa pode nos tirar daqui. Mas só a nós dois.

            -Só nós?

            Suspirei, olhando para trás. Pensei em Nessie e o modo como se preocupara comigo e em Lizzie e no seu jeito meigo de ser. Eu não podia simplesmente deixá-las como se não tivessem significado nada. Eram minha família. E por mais que eu odiasse Klaus e que por 200 anos tivesse desejado me ver livre dele... Isso só aconteceria quando a Casa caísse, e Klaus estivesse morto. Aí então estaríamos livres. Realmente livres, todos nós. Era algo pelo que valia a pena esperar.

            -Eu esperei 200 anos...

            -Eu sei, querido...

            -Posso esperar mais. Elas precisam de mim.

            Os olhos de Bekka se encheram de lágrimas e ela ergueu a mão para acariciar meu rosto.

            -Você tem certeza? Não há nada que eu possa fazer?

            Fiz que não.

            -Quando eu precisar, eu lhe chamo.

            Ela deixou cair uma lágrima que escorreu pela sua pele clara como um diamante, brilhando à luz da lua.

            -Então eu vou esperar. Pequeno irmão de Mikaelson, não deveis temer.

            -Vencendo as advenças, logo estarei com você.       

            Completei. Abracei-a e ela me abraçou de volta, chorando. Eu não queria magoá-la, mas na Casa, eu tinha um propósito maior. Proteger Nessie e Lizzie da ira do nosso genioso pai. Bekka respirou fundo e deu um passo atrás.

            -Klaus... Ele...

            Levantei a camisa de modo a deixar à mostra meu abdômen marcado por hematomas antigos e cicatrizes de antigos cortes e feridas.

            -Aquele pai amoroso que você conheceu não existe mais, Rebekka. Ele morreu no dia em que matei Angela.

            Seus olhos tristes discordavam.

            -Ele te ama, Elijah. Acredite. Eu sei.

            E num piscar de olhos, ela pulava o rio e desaparecia entre as árvores. Baixei a camiseta e respirei fundo, observando minha irmã e minha única chance de escapar irem embora em poucos segundos. Soquei uma árvore com força o bastante para que todos os pássaros que a habitavam voassem. Então voltei à casa de Bonnie.

            -Elijah!

            Gritou Lizzie quando me viu, correndo na minha direção e pulando em meu colo. Apertei-a contra mim e beijei o topo de sua cabeça. “Se tivesse partido, teria deixado para trás essa doce menininha à mercê de Klaus.”

            -Oi Liz. Como foi sua brincadeira?

            -Você está triste?

            Respondeu-me com outra pergunta, desviando completamente o rumo de nossa conversa.

            -Triste? Como eu poderia estar triste com a menininha mais bonita do mundo no colo?

            Ela sorriu e depositou um beijo carinhoso na minha bochecha.

            -Nessie está na barraca. Eu acho que você devia ter ido falar com ela.

            Disse séria.

            -Por quê?

            Ela deu de ombros.

            -Ela está estranha.

            -Nessie?

            Chamei, entrando na barraca que dividíamos. Ela se recusara a ficar no antigo quarto de Bonnie mais do que o necessário. Ela ressonava suavemente sobre seu saco de dormir de Nylon. Sorri e deitei ao lado dela, passando o braço por sua cintura, envolvendo-a. Ela se moveu, pegando minha mão e sorrindo.

            -Hei... Onde estava?

            Hesitei. Contava ou não a ela? Não. Melhor não. Se ela soubesse que desistira da chance de fugir por ela, se sentiria culpada. Era melhor manter aquilo de lado.

            -No bosque.

            Ela bufou.

            -Você é pior que Boi em território novo. Não sossega antes de cheirar tudo por sim mesmo.

            Eu ri mesmo, aproximando meu rosto de seus cachos castanhos-acobreados.

            -Acho que é a convivência com cães... Klaus, Tyler, Scott, Boi... – Ela riu – Qualquer dia desses, você vai me encontrar roendo um osso por aí.

            Rindo, ela se virou para mim e me beijou, alcançando meu cabelo com as mãos de dedos finos e brincando com as pontas pequenas de cabelo castanho em minha nuca.

            -Se comporte, Elijah Mikaelson, ou vou te colocar em uma coleira.

            E no próximo beijo, eu já estava completamente convencido de que havia feito a escolha certa.


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Notas finais do capítulo

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