A Dama no Santuário escrita por Danda


Capítulo 2
Capítulo 2




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Acordou com a luz do sol, que entrava por uma freta da janela. Por minutos voltou a hipótese de aquilo tudo ter sido um sonho.

Levantou, dirigindo-se ao quarto.

- Não…não era um sonho – Falou, levando a mão direita a frente dos olhos e abanando a cabeça.

- O que é você? – Perguntou olhando a moça que dormia.

- Uma Oceanide – Calipso respondeu.

- Oceanide? – Kamus estranhou, mas a moça se revirou e continuou a dormir.

Vendo isso, Kamus foi em direcção ao armário e tirou uma camisa azul do cabide. Foi em direcção a menina que dormia tranquila. Retirou a coberta e passando a mão pela sua nuca levantou-a, colocou-se atrás para que ela não voltasse a cair, apoiando a cabeça ruiva sobre seu ombro com o intuito de lhe vestir a camisa. Com alguma dificuldade conseguiu passar o braço direito pela manga e depois o esquerdo. Saiu ainda segurando a moça pela nuca e delicadamente depositou-a novamente na cama. Abotoou a camisa.

- Uma criança – Respondeu para si mesmo sem perceber o que se passava. – Não posso te deixar aqui…

Estava preocupado. E se Miro ou um dos outros cavaleiros entrassem sem pedir licença, iam se deparar com a imagem de uma bela moça, em sua cama. O pior…uma criança. Como iria explicar?! Ia dizer que tinha acordado no meio da noite encontrando-a na poltrona lhe fitando!? “Interessante”, diria o Cavaleiro de Escorpião, com aquele sorriso malicioso e irritante que só ele conseguia fazer.

Com os olhos fechados esboçou um sorriso ao imaginar a cena.

- Ridículo. – Falou. Voltando a olhar a moça e seguindo em sua direcção disse em seu tom de voz normal, frio e calmo – Vou te levar lá para fora…vou te sentar no jardim e quando você acordar conversamos. – Disse isso enquanto pegava com cuidado Calipso no colo.

- É menos provável que te vejam lá. – Disse já caminhando em direcção a porta.

Seguiu em direcção ao jardim. Saiu pela porta, já estava a alguns metros do pequeno lago quando sentiu uma presença, algo o acompanhava. Não era a mesma sensação que experimentara na noite passada em seu quarto. Um frio percorreu-lhe a espinha. Olhou para o lado devagar. Dois olhos vermelhos o observavam…um rosnar aterrador fez-se sentir e enormes presas ficaram visíveis. Eram enormes.

“mas que…raio…”

Logo começou a pensar que não vestia sua armadura dourada e carregava no colo uma adolescente. Ou seja, não tinha como se defender. A única e sensata reacção era dar uns passos para trás, dar uma meia volta rápida e começar a correr em direcção a porta. Assim fez. Os grandes olhos vermelhos se levantaram e começaram ferozmente sua caçada. A menina abriu os olhos e começou a gritar.

- A porta!!! – Gritou Kamus num impulso.

Atravessou a porta, largou a moça, fechou a porta em um acto desesperado. Sentiu a porta ser empurrada violentamente durante alguns minutos.

Calma. Novamente…silêncio. Kamus estava sentado no chão apoiado com as costas na porta, de olhos fixos na moça, assustada, apoiada em um dos pilares do recinto, com a respiração ofegante.

- Isso só pode ser um sonho. – Disse, em um desabafo desesperado, colocando as mãos na cabeça.

Ficou assim durante algum tempo, até perceber que alguém entrava na casa de aquário. Rapidamente levantou-se, agarrou nos braços de Calipso e a conduziu até a porta do quarto.

- Aqui não há perigo. Fique aqui até eu voltar. Pode ser? – Perguntou Kamus um pouco ofegante.

- Tudo bem – Responde Calipso entrando no quarto.

Dirigiu-se para o saguão principal já com a armadura de aquário a encobrir seu corpo. Parou na porta, observou o homem sorridente que se encontrava no meio do saguão. Hesitou um pouco…

- O teu amigo se divertiu muito ontem a noite, tanto que tive que carregá-lo de volta – começou o Cavaleiro de Virgem – Você devia ter ido com ele, assim eu não teria que carregá-lo nas minhas costas.

- Suponho que ele tenha chegado até a casa de Virgem de rastos, não é Shaka!? – Disse com um pequeno sorriso.

- A sim…estava pensando em deixa-lo dormindo nas escada…mas fiquei com pena…

- Obrigado! – Disse seco, Kamus.

- Não é de você que eu quero esse obrigado. Vim porque acho que você é o único que pode aguenta-lo quando ele acordar. Era bom que você estivesse…

- Posso te fazer uma pergunta? – Kamus interrompeu.

- O que? – Se surpreende Shaka.

- O que faz uma Oceanide no meio dos homens?

Shaka estranhou a pergunta de Kamus. Demorando a responder.

- É muito raro… - Shaka começou franzindo a testa e olhando para o alto como quem lembra algo – Mesmo muito raro isso acontecer. Contam-se histórias do porque elas virem…

- Que histórias? – Interrompeu Kamus com muito interesse.

- O que é esse interesse súbito pelas filhas dos titãs? – Shaka pergunta, intrigado.

- Nada – responde Kamus perturbado com a indiscrição do homem mais próximo de Deus. – Curiosidade…apenas.

Shaka sorri. Fez um sinal de consentimento e começa:

- Elas são muitas. É muito difícil ver uma, porque estas não saem do reino de seus pais. Quando saem é por um motivo muito forte. Apenas por uma pessoa… Essa pessoa quando cruzar os olhos com os olhos da Oceanide, terá seu destino mudado. Mas isso não é tão fácil como parece. A muito tempo Tártaro ambicionava ter as belas Oceanídes para ele. Houve um julgamento e este perdeu, como se era de esperar. Em um momento de fúria Tártaro criara os chamados Teufels com a promessa que nenhuma delas poderia sair da água. Essas criaturas foram criadas para matar as Oceanídes.

- Como elas podem escapar dessas criaturas? – Pergunta Kamus que mostrava excessivo interesse. Lembrava da criatura que o perseguira a momentos atrás.

- Não sei te dizer, apenas sei que nas histórias contadas, no mundo dos deuses também há regras até para as coisas mais abomináveis. Depois que a Narfa encontra a pessoa destinada não poderá ser atacada pelos Teufels – Respondeu Shaka se divertindo com o interesse do amigo. – Tenho que ir agora, se puder vá ver como Miro está – Disse isso já de costas e se dirigindo para a porta.

Kamus ficou observando o Cavaleiro de Virgem partir. Ficou ali parado até perceber que este não voltaria mais. Rapidamente dirigiu-se para o quarto.

Quando abriu a porta deparou com seu quarto de “pernas para o ar”, Calipso tinha revirado tudo. Se encontrava no meio do quarto, sentada no chão, cheirando um dos muitos perfumes que ela deixará aberto. Kamus pasmou diante da cena que se encontrava diante de si. Uma cólera subiu e logo desapareceu quando olhou para o rosto daquela menina que percebera que tinha feito algo errado. Kamus fechou os olhos e deu alguns passos em direcção a Calipso.

- Você procura alguém aqui? – Perguntou abrindo os olhos e olhando-a friamente.

Calipso consentiu piscando lentamente os olhos.

- Quem? – Disse ajoelhando em sua frente.

Calipso continuava olhando com um ar inocente sem sabe o que responder.

- Você sabe quem é?

Mas uma vez não disse nada apenas balançou a cabeça para os lados em sinal negativo.

- Você sabe pelo menos um nome?

- Não. – Respondeu com a cabeça baixa.

- Nem sabe onde esta? O que faz? Alguma coisa…

- A princípio era um, depois tornou-se dois. O bem e o Mal lhe habita…lutam entre si.

Kamus soltou um sorriso de desconsolo. Nada fazia sentido. Levantou e ainda de olhos naquela que agora sabia ser uma Oceanide e disse:

- Fica aqui – olhou a volta com as sobrancelhas arqueadas e balançando a cabeça – aproveita ai a bagunça. Eu tenho que sair. Depois eu volto.

Calipso viu Kamus sair pela porta e continuou o que estava fazendo antes dele chegar.

Continua…


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Notas finais do capítulo

N/A: Duas cenas foram tirada do filme e adaptadas aqui.



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