Acordou ainda no meio da noite. Teve um sono agitado e se sentia cansado. Fitou a escuridão do teto durante minutos até perceber que tinha mais alguém no quarto, mais precisamente a sua direita, na penumbra, sentado na poltrona que ficava no canto, do outro lado do quarto.

Levantou e sentou na cama tentando identificar quem era, quando pisou o chão descalço e sentiu-o molhado.

Estranhou. O vulto na penumbra não se mexia.

Kamus estava apenas com a calça do pijama e suado pela noite perturbante. Chegou a cogitar que aquilo era um sonho.

Levantou e caminhou de encontro a poltrona. Arregalou os olhos perante a imagem que ficou nítida.

Uma jovem.

-“não deve ter mais que 15 anos”, pensou ainda, em choque. Estava nua e encolhida com os dois pés em cima da poltrona. Tinha uma pele muito branca e delicada, cabelos vermelhos compridos até a cintura, com uma ondulação que ele definiu como “perfeita” encaracolado nas pontas, seus olhos brilhavam na penumbra …uma cor amarelada.

- Eu não estou sonhando? – pensou alto.

- Não - ouviu uma voz baixinha.

- Como chegou aqui? – Kamus perguntou confuso.

- Pelo lago, lá fora – Ela disse.

Kamus balançou a cabeça. Do lado de fora da Casa de Aquário havia um pequeno lago rodeado de flores e grama bem cuidadas. As como aquela menina teria vindo de –lá.

Quando saiu de seus pensamentos para lhe perguntar o que ele chamaria de “verdade” ela estava dormindo.

Kamus suspirou olhando para a menina. Estava cansado mas não podia deixa-la ali. Se aproximou e viu uma lágrima correr-lhe pela face branca.

Por momentos ficou com pena daquela menina, não sabia porque, mas ficou.

- Amanhã conversamos. – Disse pegando-a no colo.

Colocou-a na cama com cuidado e cobriu-a. Fitou-a mais um pouco tentando entender o que aquilo significava.

Passou a mão pela cabeça dela.

- Quem é você? – Perguntou baixinho.

- Calipso – Kamus ouviu ela dizer enquanto se aconchegava virando para o outro lado.

- Calipso? – Kamus repetiu baixo.

Tomou um bom banho, no qual o fez perceber que aquilo não era um sonho estranho. Dirigiu-se para o sofá da sala onde não tardou a adormecer.

Continua…