Corpus Inversion escrita por Miller


Capítulo 29
Quando Merlin fez a coisa certa... Part. I - Capítulo Vinte e Sete.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Biia e Lilá Di Angelo pelas recomendações PERFEITAS que fizeram para a fanfic! Sério, amores, vocês são umas lindas.
Desculpem por não ter mandado uma MP agradecendo como sempre faço quando os leitores recomendam, mas eu tive um problema com minhas MPs e eu mandei um pedido pelo suporte e estou esperando que eles arrumem. Até lá, não posso mandar nada para ninguém :(

Enfim, OBRIGADA suas lindas! Fizeram de mim uma pessoa muito mais feliz depois de ler aquelas preciosidades ali ♥

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NÃO É O ÚLTIMO CAPÍTULO, embora eu tenha dito que seria.

Como eu sou uma alma caridosa e muito legal com vocês, para não demorar ainda mais, decidi dividir o capítulo por que ele estava ficando REALMENTE GRANDE e, como a fanfic foi toda escrita em capítulos curtinhos, não seria legal (até seria, mas não faria muito sentido) se, no último, viesse oito mil palavras assim, do nada haha

Então, aliviem seus corações, pois não é o último. Ainda.

Well, vou deixá-los ler, nos vemos lá embaixo!

Enjoy!



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Marlene McKinnon

A sensação dos lábios de Sirius sobre os meus, era doce e leve. Arrepios percorreram por toda a extensão de meu corpo e foi muito automático esticar minhas mãos para seu rosto a fim de puxá-lo para mais perto.

Sentia minha mente girar, nada a não ser o gosto de seu beijo penetrava em meus pensamentos. Não fazia ideia de quanto tempo estávamos ali, apenas que as mãos quentes de Black, uma em minha cintura e a outra apoiando minha cabeça, causavam-se calafrios prazerosos. Eu não queria que aquilo acabasse. Sentia como se pudesse beijá-lo o dia inteiro e ainda assim não enjoaria.

Ele sabia o que estava fazendo. Diabos! Ele era Sirius Black! Era óbvio que ele sabia o que estafa fazendo, afinal de contas ele tivera anos de prática na arte de seduzir e beijar toda e qualquer garota a qual cruzasse em sua frente.

O pensamento pareceu me despertar e, tão rapidamente quanto o havia puxado para perto, tirei minhas mãos de seu rosto e coloquei-as sobre seus ombros.

— Que droga você pensa que está fazendo, Black? — indaguei assim que o empurrei para longe, encarando-o de olhos arregalados e com a respiração acelerada.

— Te beijando — ele disse e rolou os olhos como se aquela fosse a coisa mais óbvia do universo. O que realmente era afinal, porém não era àquilo que me referia.

Quero dizer, desde quando Sirius Black me beijava? Desde quando eu retribuía? E, o pior, desde quando eu gostava?

Havia alguma coisa muito estranha ali e eu queria saber o que era.

— Olha só, Black, não sei se você pensa realmente que eu vou cair nessas suas brincadeiras estúpidas, mas, francamente, não seja tão infantil — resmunguei enquanto me levantava de onde estivera deitada no chão sobre uma toalha. Meus cabelos estavam grudados em meu rosto devido à umidade do solo e eu sabia que deveria estar com uma aparência tenebrosa.

Black ergueu-se também, encarando-me com os olhos arregalados, como se não acreditasse no que eu estava falando.

— Lene, eu não estou brincando com você — ele disse cada palavra lentamente, como que para confirmar, como se estivesse falando com uma criança pequena que não entendia quanto era dois mais dois. Babaca. Ele não podia estar falando sério.

— Francamente, Black! Não sei o que está pretendendo com tudo isso, mas eu não vou ser uma das suas idiotas! — resmunguei, sentindo minha irritação crescer a cada instante ao observá-lo me encarando como se eu estivesse falando uma blasfêmia. Dei as costas para ele e comecei a caminhar em direção ao castelo.

— Lene! — ele chamou, vindo atrás de mim e segurando-me pelo braço. Voltei-me em sua direção, encarando-o sem conseguir entender o porquê de me sentir tão irritada com a sua atitude. Quero dizer, eu sabia que ele não era tão ruim assim, afinal eu passara mais um longo tempo convivendo com ele nos últimos dias. E, também, sabia que ele poderia ser realmente legal quando queria.

Mas, ainda assim, ele continuava sendo Sirius Black. E não fora exatamente por conta disso que eu passara grande parte do meu tempo em Hogwarts evitando-o? Dizendo para eu mesma me manter longe?

Merlin, por que precisava ser tão complicado?

— O que é? — indaguei ao perceber que ele estava apenas abrindo e fechando a boca sem saber o que falar. — Olha, Sirius, eu sei que passamos grande parte das últimas semanas juntos e que, por conta disso, talvez tenhamos nos tornado algo como amigos. Mas, em momento algum isso passou a significar que você poderia... Poderia... Sair me beijando desse jeito!

— Não! — Sirius finalmente pareceu encontrar sua voz, seus olhos cada vez mais arregalados. — Não! Você está entendendo tudo errado! Ouça... Eu... Gosto de você, Lene — ele disse e não parecia acreditar que as palavras estavam saindo de sua boca. — Merlin, não acredito que estou falando isso, mas... Lene, eu nunca tinha passado tanto tempo com uma garota sem... Sem fazer nada...

— Oh, é claro que não. — rolei meus olhos para ele. — Na primeira oportunidade que você tem, dá um jeito de dar uma de dementador para cima de qualquer pessoa que tenha peitos — bufei. — e você só não fez isso comigo por que não estava possibilitado. Ah, me esqueci, você tentou. — estreitei meus olhos para ele, me lembrando da vez que me prensara contra a parede, fazendo com que todos nos encarassem.

Black corou até a raiz de seus cabelos, num comportamento que com certeza deveria ter herdado de sua estadia no corpo de Lily.

— Bem, é — ele meneou a cabeça. — mas aquilo foi um deslize...

— Sério?

— Olha, Lene... Ah, pelo amor de Merlin! Aquilo foi um erro, okay? Eu estava de TPM, por Deus, sem falar que aquela ruiva tem um temperamento que não é normal. Você não pode me culpar por ter... Bem, extrapolado um pouco as coisas.

— Um pouco? — arqueei uma sobrancelha.

— Isso não vem ao caso! — ele suspirou. — O negócio é que eu gosto de você. Não apenas por você ter peitos... Embora...

— Pare de olhar para os meus peitos, seu cachorro! — resmunguei enquanto cruzava os braços sobre meu peito, sentindo minhas bochechas corarem.

— Desculpe... O que eu estava falando mesmo? Ah, sim — ele então tentou esconder o sorriso e voltou a me encarar. — Lene, você foi muito boa comigo. E eu não estou falando isso de forma pejorativa! — ergueu as mãos como em rendição. — O que estou querendo dizer, é que, como nunca antes... Eu estou gostando de alguém e isso é de verdade. E eu não estou falando por falar, ou por que quero apenas te usar pra largar depois... Não, Lene, eu não estou fazendo isso. Eu estou falando sério.

Franzi meu cenho, sentindo um mar de confusão se alastrar por mim. Aquilo não podia estar realmente acontecendo, certo? Tudo fora um sonho idiota e em pouco tempo eu acordaria para perceber que nada daquilo acontecera realmente.

— Você não trocou de corpo com a Lily. Você não passou um mês dormindo na cama ao meu lado. Você nunca disse que gostava de mim — repeti comigo mesmo, fechando os olhos e respirando fundo antes de voltar a encará-lo.

— Você tem certeza de que está bem? — ele perguntou com o cenho franzido.

Você tem certeza de que está bem? — indaguei, analisando-o enquanto o encarava. Ele parecia estar bem. Todo bonitão como sempre, aquele sorrisinho idiota transbordando de seus lábios. Mas ele não falava como alguém que estivesse bem.

Pelo menos não como o Sirius Black normal ao qual estava habituada.

Ele passou a mão pelos cabelos e deu de ombros logo em seguida.

— Para te falar a verdade, estou ótimo. Nunca pensei que fosse me sentir assim depois de declarar o meu amor eterno — deu de ombros novamente.

— Você não declarou o seu amor eterno — rolei os olhos.

— Mas para um cara como eu, admitir que gosto já é, basicamente, um atestado de óbito. Portanto seria bem bacana se você respondesse, sabe? Ou eu posso ficar pensando que eu estou levando um fora, o que só vai contribuir para que eu acabe odiando esse negócio de relacionamentos ainda mais e, por conta disso, terminar me tornando um cara frio e sem coração que vai usar todas as garotas com as quais se relacionar e depois irá embora sem nunca mais mandar uma carta que seja.

— Isso parece bastante com o “antigo” você — disse-lhe.

— Lene! — ele resmungou. — Você não pode, pelo menos, me dar uma chance?

— Você sabe que essa conversa está ficando realmente muito esquisita, não sabe? — indaguei, um pouco para desviar de assunto e outro pouco por que estava achando tudo realmente muito estranho.

— Olha, depois de jorrar sangue por uma vagina, nada mais parece estranho para mim — Sirius assentiu com seriedade.

E, é claro, eu ri. Por que, francamente, quem iria conseguir ficar sério depois de tudo aquilo?

— Você... Merlin, Sirius. Você é um idiota — rolei os olhos enquanto ria mais um pouco.

— E você fica bonita rindo — ele disse fazendo com que a risada parasse em minha garganta. Mais uma vez eu não soube o que responder.

Black então se aproximou, sem nunca desviar os olhos dos meus.

— Sirius... — comecei a falar, mas ele me interrompeu.

— Escute, Lene. Eu só preciso de uma única chance, certo? — ele pediu e seu olhar era sincero.

Oh, Merlin, que diabos eu faria? Mas, antes, porém, que pudesse responder, uma voz interrompeu nossa conversa:

— Sirius! — ao voltar-me para ver de quem se tratava, avistei James caminhando em direção onde estávamos.

— Potter — eu o cumprimentei enquanto Sirius empalidecia. Senti-me imediatamente irritada.

Aquele maldito cara estava, não apenas destratando Sirius nos últimos dias, assim como tratando a minha melhor amiga com toda a frieza do mundo. Francamente, quem ele pensava que era?

— Oi, Lene — James então me cumprimentou, franzindo o cenho ao ver minha expressão. — Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou.

— Você e suas babaquices. Isso que aconteceu, Potter! — lhe respondi imediatamente. — O que é que você quer aqui, afinal de contas?

Potter pareceu assustado com minha raiva repentina e Sirius também parecia abismado.

— Eu quero falar com o Sirius — Potter respondeu depois de algum tempo, a voz parecendo receosa. — Mas eu posso fazer isso outra hora, caso vocês estejam ocupados e...

— Estamos — eu disse ao mesmo tempo em que Sirius respondia “tudo bem”.

Voltei-me para Black, encarando-o com uma sobrancelha arqueada.

— Você não vai mesmo falar com esse idiota depois de ele te fazer sofrer esses últimos dias agindo como um infantil, certo?

— Ei! — Potter reclamou, mas encarei-o de olhos estreitos e ele parou de falar.

— Ótimo, vocês dois. Ótimo! Mas, se por algum acaso, voltarem a me incomodar com essas babaquices de “ah, meu Deus, meu amigo não me contou tal coisa” e “ah, ele não está mais falando comigo”, eu juro por Merlin que eu escalpelo os dois e ainda corto fora o seu siriustick, Black — encarei os dois com o máximo de raiva que poderia deixar transparecer e então dei as costas, caminhando a passos fortes pelos jardins em direção ao castelo.

— Lene! — quando eu estava quase subindo as escadas para a entrada, ouvi Black me chamar. Voltei-me para ele bufando.

— Que é? — indaguei irritada.

— Que tal Sábado, as nove em Hogsmead? — perguntou. — Posso ser realmente convincente se você deixar.

Rolando os olhos para ele, dei as costas.

— As dez, Black. E não se atrase.

Não pude evitar um sorriso em meus lábios enquanto caminhava para dentro.

Até que aquela história de corpos trocados não fora de todo ruim. Não mesmo.

James Potter

Eu pude ver o brilho nos olhos de Sirius antes de ele voltar-se para mim e ficar sério novamente.

— Então... Lene? — indaguei meio incerto sobre o que falar. — Hogsmead?

Sirius deu de ombros, parecendo tão desconfortável quanto eu naquele momento.

— Pois é — disse e deu de ombros. — digamos que nós temos um encontro.

— Legal. — assenti.

E então ficamos em um silêncio completamente desconfortável.

As palavras de Lily ainda estavam martelando em minha cabeça, cada uma delas fazendo seu caminho até minha mente. Eu sabia que ela estava certa, afinal de contas eu não estivera sendo muito justo com Sirius nos últimos dias, destratando-o e ignorando-o apesar de suas constantes tentativas de me pedir desculpas.

Mas eu estava irritado e magoado. E saber que, apesar de todo o tempo sendo o melhor amigo de Sirius, ele ainda assim escondera algo tão importante de mim, deixava-me ainda mais inconformado com aquela situação.

— O que foi, James? — Sirius finalmente quebrou o silêncio. Ele nunca fora um cara de enrolar. Ele sempre ia direto ao ponto. — Pensei que estivesse conversando com a Lily.

— Eu estava — assenti.

— E...? — ele indagou, parecendo interessado.

— E que ela parecia estar prestes a arrancar minha cabeça fora caso eu não viesse aqui e ajeitasse as coisas entre nós — falei com um sorrisinho tenso em meus lábios.

Sirius soltou uma risadinha também, rolando os olhos logo em seguida.

— Isso é bem o tipo de coisa que ela faria — disse de forma descontraída. — Suponho que ela tenha te convencido, já que você está aqui.

Meneei a cabeça.

— Algo assim — concordei e então, mais uma rodada de silêncio desconfortável.

Sirius passou as mãos pelos cabelos e suspirou.

— Escute, Prongs. Eu sei que não fui um bom amigo esses tempos e deveria ter te contado sobre a inversão, mas você precisa entender que as coisas... Elas não estavam exatamente fáceis para mim ou para a Lily — ele me encarou com os olhos cheios de arrependimento. — Sabe, eu estava menstruando — parecia horrorizado.

— Ugh! — resmunguei.

— Exatamente! Ugh é a palavra certa para descrever — ele passou novamente as mãos pelos cabelos em um gesto adquirido, com certeza, de mim nos longos anos de amizade que havíamos compartilhado.

— Isso deve ter sido uma experiência e tanto, imagino — comentei então, começando a caminhar na direção dos jardins. Sirius me acompanhou, observando a floresta ao longe.

— É, foi. Mas, bem, graças a Merlin eu estou de volta ao meu corpo. Ou, melhor, graças a Morgana. Lily tem implicância com Merlin, sabe lá por quê. Ela é doida — rolou os olhos.

— Ela me disse que vocês são amigos, agora.

Sirius lançou-me um olhar de esguelha antes de responder.

— Sim, nós somos. Digamos que tem algumas coisas que não dá para fazer junto sem acabar virando amigo — deu de ombros. — e trocar de corpos é uma dessas coisas.

— Ela disse algo assim — disse-lhe. — Vocês estão assustadoramente parecidos, você sabia?

— Remus disse que parecemos gêmeos siameses — Sirius riu. — mas o Moony também é doido.

Ri também e passei as mãos pelos cabelos. Estávamos chegando à beira do lago, o lugar onde passávamos grande parte do tempo quando não estávamos em aula – ou aprontando alguma coisa, mas aquilo não vinha ao caso.

— Sirius, você deveria ter me contado — eu disse, por fim.

— Eu sei, James — Sirius concordou. — e você não faz ideia de como me arrependo por não ter te falado nada. Mas eu estava tão assustado e irritado e menstruando e com uma vagina. Você tem noção do que... Não, você não tem... Deixa pra lá — Sirius suspirou. — O problema é que tinha muita coisa na minha cabeça. Fora a Lily que parecia estar pirando, sério. Ela odiou a ideia ainda mais do que eu e não queria, de jeito algum, contar — Sirius parou de andar e me encarou. — Nós pensávamos que íamos nos livrar de tudo aquilo rapidamente, mas as coisas foram saindo tanto de controle e nós passávamos brigando...

— Espera, e a Dorcas? — algo me ocorreu repentinamente, encarando-o de forma estranha. — Ela e a Lily não...?

— Ugh, não, cara! — Sirius estremeceu. — Embora, possa dizer que seria bem interessante presenciar uma coisa dessas e...

Sirius! — resmunguei e então voltei a arregalar os olhos e encará-lo. — Você falou vagina... Você... Você não...?

Sirius se era possível, parecia ainda mais assustado com o pensamento do que eu.

— Não, cara, sério. Eu olhava para cima. Eu, para te falar a verdade — ele suspirou. — cara, não acredito que estou mesmo dizendo isso: mas eu sentia nojo, sabe? Nossa, eu sentia muito nojo daquilo.

Antes que eu pudesse me controlar, comecei a rir. A expressão de horror no rosto de Sirius perante os fatos era se não a coisa mais engraçada que eu já vira na vida, estava bem próxima.

— Não ria, James — ele meneou a cabeça, parecendo mais pálido que o normal. — Isso é sério.

— Eu só... Sirius Black sentiu nojo de uma vagina — voltei a cair na gargalhada. — nunca pensei que fosse viver para ouvir isso.

— Patético — Sirius resmungou de forma mal humorada. — diz isso por que não era você com aquilo lá. Merlin, eu juro que estou com sérios problemas de pensar em me aproximar daquilo novamente.

— Falando assim, eu quase acredito — resmunguei e rolei os olhos. — E a McKinnon?

— O que tem ela? — Sirius desconversou com sua expressão ficando mais séria.

— Bem, vocês têm um encontro — meneei a cabeça. — E você nunca teve encontros.

Sirius ficou em silêncio por algum tempo então, encarando o lago de forma pensativa.

— Algumas coisas mudaram bastante desde que eu troquei de corpo, sabe? — ele disse, por fim. — E a Lene, bem, ela me ajudou bastante em toda essa loucura.

— E aí você a chamou para sair?

— Não foi assim. Eu gosto dela, James — ele ergueu os olhos para mim e, de forma totalmente surpreendente, pude ver sinceridade lá. — Pela primeira vez na minha vida eu realmente, realmente estou gostando de uma garota. A Marlene é diferente e eu não quero estragar as coisas entre nós.

Por um momento, contrariando qualquer irritação que eu pudesse ter para com Sirius referente a todas as coisas que tinham acontecido no último mês, eu senti orgulho dele. Ele parecia exatamente o mesmo, mas extremamente diferente do que era um mês atrás.

— Então talvez essa troca de corpos tenha realmente feito alguma coisa boa.

Sirius sorriu para mim e assentiu.

— E então, como ficamos? — ele perguntou.

— Eu deveria estar muito chateado com você e tudo o mais, realmente — dei de ombros. — Mas eu ainda me lembro da expressão de Lily quando praticamente me expulsou daquela sala. E McKinnon parece assustadora o suficiente para me convencer que é melhor eu voltar a ser seu amigo do que ter uma morte lenta e torturante.

— Boa escolha, meu rapaz, boa escolha. Eu, certamente, teria feito a mesma — Sirius disse em um tom falsamente pomposo, fazendo-me rir novamente.

— Sabe, Sirius — falei então, encarando-o. — Eu senti sua falta, cara. Mesmo que você tenha passado, mais ou menos, o mês inteiro comigo, acho que uma parte minha sabia que não era você. E, nossa, isso não faz sentido algum.

— Não faz mesmo, mas fico feliz que tenha voltado atrás, Prongs — Sirius sorriu. — Estou me sentindo muito gay em admitir isso, mas eu senti muito a sua falta, cara.

— Huh, Sirius... — arregalei os olhos. — Por falar em gay...

Sirius imediatamente empalideceu e balançou a cabeça em negativa.

— Cara, não vamos falar disso, certo?

Soltei a respiração que nem fazia ideia de que estava segurando.

— Certo.

— Okay. Essa é uma parte que deve ser apagada das nossas vidas.

— Não posso concordar mais com você.

Lily Evans

— Então você está me dizendo que vai ir à Hogsmead com Sirius Black e nenhum de vocês dois teve a capacidade de me contar uma coisa importante como essa nesses últimos dias? — indaguei, encarando Lene de forma irritada.

— E nem para mim — Dorcas, que estava sentada ao meu lado sobre as cobertas bagunçadas (e maravilhosamente furtadas do dormitório masculino) de minha cama. — Merlin, como foi que isso aconteceu?

— Algo como uma conversa próximo ao lago — Marlene, que estava se arrumando em frente ao espelho, disse de forma desinteressada. Por favor, pela maneira com que ela estava passando aquele rímel nos olhos, era possível dizer que ela estava tudo menos desinteressada. Francamente. — E então ele me chamou para sair e eu aceitei. Pronto.

— E por que, por Morgana, você não me contou sobre isso? — perguntei novamente, erguendo-me de onde estava sentada, sentindo-me inquieta.

— Ora, por quê?! Por que eu estou indo para um encontro com Sirius Black — Marlene voltou-se para mim, encarando-me com as bochechas coradas. — e eu jurei que jamais iria sair com ele. Achei que se eu não contasse a verdade pareceria menos dolorosa, mas não, meu orgulho está esmigalhado.

Rolei meus olhos para seu drama.

— Francamente, Marlene. Vocês dois passaram o último mês juntos, dormindo no mesmo quarto, fazendo as mesmas coisas — dei de ombros. — Uma hora ou outra, vocês acabariam se matando, ou saindo juntos — meneou a cabeça. — Confesso que, à princípio, imaginei que vocês iriam se matar, mas como não aconteceu...

— Também apostava na primeira, mas fico feliz que tenha sido a segunda — Dorcas pronunciou-se, também se erguendo da minha cama e olhando para o relógio em seu pulso. — Bem, são quase às nove horas, eu tenho de ir. Você vem, Lene?

— Sim, eu vou — Marlene disse rapidamente, olhando-se no espelho uma última vez antes de caminhar na direção da porta. Quando estava quase saindo, Dorcas atrás de si, Marlene voltou-se para mim. — Você tem certeza de que vai ficar aqui?

Sorri para ela.

Sim, Lene, eu tenho. Sabe a quantidade de deveres que Sirius deixou por fazer nessas últimas semanas? Eu sinto como se tivesse um mês inteiro de coisas para aprender — suspirei. — Divirtam-se, sério. E me tragam cerveja amanteigada!

— Se comporte — Marlene disse antes de sair.

— Se cuida, Lily. Nos vemos mais tarde — Dorcas comentou e fechou a porta atrás de si.

Senti o sorriso desvanecer de meu rosto e atirei-me sobre a cama bagunçada, encarando o dossel acima da minha cabeça.

A verdade era que eu estava mal. Ou tão mal quanto uma pessoa que passou a vida inteira odiando outra pessoa e, de repente, descobre que está gostando dela, possa se sentir quando as coisas parecem decididamente estragadas.

Mas o que mais eu poderia fazer, afinal de contas?

As coisas estavam bem. Muito melhores do que um mês atrás, aliás. Remus, Sirius e, para minha completa falta de sorte – depois que ele e Sirius resolveram as coisas –, James faziam parte de nosso “circulo de amigos”. O que significava que, além de ter de conviver com as piadinhas idiotas de Sirius, a sabedoria extrema de Remus, – o qual eu percebera logo, odiava estar errado – ainda precisava aturar James Potter e todas as coisas as quais ele causava sobre a minha pessoa pelo simples fato de existir no mesmo universo.

Como aquilo acontecera? Em que momento da minha vil existência as coisas começaram a sair tanto do controle?

— Talvez desde o dia em que você nasceu, Lily — resmunguei comigo mesma. Afinal nada nunca fora exatamente normal para mim.

De qualquer forma, era sábado. Dia de passeio em Hogsmead. E eu estava tão desmedidamente sem humor que preferira ficar na escola a ter de ver Sirius e Lene em um encontro meloso ou Dorcas e Remus parecendo finalmente estarem levando as coisas a um ouro nível.

Eu não queria estragar as coisas para eles. Não quando tudo parecia finalmente estar indo pelo caminho certo.

E, pelo modo como as coisas tinham se comportado no último mês, ao que parecia, eu era um imã para problemas.

— Morgana, desse jeito vou ficar depressiva, francamente — disse e então ergui-me da cama, suspirando enquanto encaminhava-me na direção da porta.

Eu iria dar uma rápida caminhada até a biblioteca, pegar alguns livros – porque eu não mentira ao falar para Marlene que precisava mesmo fazer os exercícios (afinal de contas, que diabos Sirius fizera todo o tempo no qual estivera dentro do meu corpo? [okay, isso soou muito estranho {mas, francamente, quê diabos ele fizera, por que, ao que parecia, ele passara noventa por cento do tempo no qual estivera invertido, reclamando}]). – e depois voltaria para a Sala Comunal me afogar em livros até que minha mente estivesse cheia demais para conseguir pensar em qualquer problema relacionado com inversões corporais. Ou James Potter.

Principalmente James Potter.

Caminhei rapidamente pelos corredores vazios, sentindo um grande alívio em não ter de aturar piadinhas idiotas cada vez que caminhava por ali. Francamente, as pessoas não enjoavam dessa história de hermafrodita, não?

Morgana, eu queria colocar cada uma delas numa fogueira e dançar em volta enquanto os via queimar. Aquilo tudo já estava ultrapassando todos os limites da minha paciência.

Por Deus, até mesmo na última reunião dos monitores, onde eu era a monitora-chefe, tive de ouvir piadinhas sobre “Ei, seu Lily... Digo, dona Lily”. Desde quando essas idiotices eram engraçadas?

Adentrei a biblioteca, sentindo-me maravilhada por poder caminhar entre as prateleiras sem ouvir cochichos nada discretos enquanto estava por perto.

Selecionei alguns livros que poderiam me ajudar e voltei até a Madame Pince, saindo logo em seguida da biblioteca, pensando em todos aqueles malditos temas que Sirius havia deixado por fazer.

Qual era o problema em fazer os temas de casa, afinal de contas?

— O que eu deveria mesmo fazer, era pegar todas aquelas porcarias que eu fiz enquanto estava na droga do corpo do Sirius Black e deixar aquele cachorro imbecil sem porcaria nenhuma. Idiota — resmunguei comigo mesma assim que adentrei novamente a sala comunal, atirando os livros de qualquer jeito sobre uma mesa próxima à lareira e suspirando logo em seguida. — E enquanto aquele infeliz fica lá se divertindo, cheio de gracinhas para cima da minha melhor amiga, eu fico aqui refazendo as porcarias que ele estava ocupado demais agindo como uma mulherzinha pra fazer... Francamente! Sirius Black, eu te odeio — estava quase sentando em uma poltrona quando me lembrei de que tinha deixado a mochila com as penas e tinteiros no dormitório e, suspirando como uma velha asmática, ergui-me novamente, voltando-me em direção às escadas do dormitório. Só para soltar um grito de susto logo em seguida. — QUE MER... POTTER! Você vai me matar do coração desse jeito, caramba!

É claro que eu estava com o coração acelerado e não era apenas pelo maldito suto que o maldito Potter me dera ao aparecer de repente logo atrás de mim. Oh, claro que não era apenas por aquilo.

Merlin deveria pensar “ela é uma droga de uma azarada mesmo, então por que não piorar um pouco mais? Eu estou entediado mesmo...”, sério. Não era possível que aquelas coisas acontecessem justo comigo.

Eu deixara de ir para a droga daquele passeio até Hogsmead – o último antes do Natal, aliás – apenas para evitar encontrar com James Potter e, então, como uma piada cósmica que já perdera a graça há séculos, ele estava bem ali, na minha frente, quando deveria estar em Hogsmead beijando mais alguma garota-não-sei-quem para acrescentar na sua maldita lista de pretendentes.

Por um momento a ideia de imaginá-lo beijando outra naquele momento me perturbou, mas eu afastei o pensamento e tentei manter o foco.

— Que é? — indaguei após finalmente perceber que ele estava me encarando de olhos arregalados.

— Está... Está tudo bem? — ele perguntou meio hesitante.

— Se está tudo bem? Está ótimo, maravilhoso. Estupendo. Nossa, fazia séculos que não usava essa palavra... Estupendo. Isso faz me lembrar da minha mãe e... Nossa, eu realmente preciso mandar uma carta para ela. Acho que já faz mais de um mês que eu não mando nada para ela. Eu sou uma filha muito desnaturada mesmo. E... Nossa, eu estou falando demais. O que é, Potter?

James, que parecia franzir o cenho um pouco mais cada vez que eu falava mais uma palavra, soltou um sorrisinho abafado ao me encarar.

— Eu queria falar com você. — ele disse então.

Sentindo minhas bochechas corarem – alguma novidade nisso? Não, Lily, nenhuma. – eu arqueei uma sobrancelha.

— Achei que já estivesse falando — disse-lhe.

— Estava mais para você falando pelos cotovelos enquanto eu observava, mas... — percebendo minha expressão, Potter parou de fazer graça, suspirando logo em seguida. — Eu realmente quero falar com você, Lily. E é sério.

Oh, que maravilha. Uma ótima programação para um sábado à tarde: falar de um assunto sério com o cara por quem estou com algo que deixou de ser uma queda para ser um penhasco inteiro. M-a-r-a-v-i-l-h-a.

Merlin, definitivamente deveria estar brincando comigo lá em cima. Sério.

Continua...

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Notas finais do capítulo

HEEEEEY, PEOPLES! Eu sei, eu sei. Disse que este seria o último, mas não foi.

Acontece que são quatro horas da manhã e eu tinha prometido a mim mesma que iria escrever e postar alguma coisa em CI até o amanhecer. O dia já está quase saindo e eu estou meio longe de concluir o capítulo inteiro e, por conta disto, decidi dividi-lo ao meio e postar para vocês.

Assim, além de vocês não precisarem me xingar pela demora, eu também tenho mais tempo para evitar sofrer com o final de uma fanfic #todaschora

GENTE, O PRÓXIMO TÁ QUASE PRONTO.

Tipo, falta apenas a revisão e o acréscimo de mais algumas cenas (Doremus e, lógico, Jily).

SE vocês forem bons leitores e divos como sempre e me contarem o que estão achando, prometo que posto até amanhã (Domingo) à tardinha. O que me dizem?

Acho que é uma ótima proposta, não acham? Heim? Rs'

SOBRE JILY:

Gente, antes que vocês venham falar alguma coisa sobre o beijo Jily, já vou esclarecer: essa fanfic nunca foi sobre Jily. Claro que, uma hora ou outra ocorreria, mas o foco principal sempre foi a troca de corpos e as consequências disso.
Até o momento não houve nenhuma interação Jily realmente, realmente verdadeira, exceto, como minha querida leitora Amelia J Pond, vulgo Viiih, disse: um beijo ocasionalmente gay.
Então eu estou adiando esse momento Jily oficial por que ODEIO essas coisas que acontecem do nada, tipo do nada mesmo, entendem?
Portanto já vou adiantando à vocês que, embora Jily vá ficar junto no último capítulo, isso não vai significar que eles estarão eternamente apaixonados e felizes para sempre.

CLARO QUE O EPÍLOGO TÁ AÍ PARA ISSO.

Então, como a Jily shipper incurável que eu sou, obviamente, recompensarei vocês pela escassez de Jily durante a fanfic, no epílogo. Então, meus bebês, preparem seus corações, pois o epílogo vem tão cheio de açúcar que os diabéticos irão desmaiar rsrs'

Brincadeiras à parte, espero que tenham entendido o por quê de eu estar evitando tanto este momento jily.

Bem, eu espero que tenham gostado do capítulo, pois eu sofri bastante escrevendo (por que pensava que seria o último ahha) e fiz de todo coração.

No próximo, muitas emoções estão por vir.

PS: gente, assim que eu voltar a vida, vulgo acordar, amanhã (são quase as cinco agora), responderei a todos os comentários do capítulo anterior, certo?

Bem, era isso.

Dúvidas, sugestões, indagações, apressar a autora e etc, estou sempre no ask.fm/millwinchester e no twitter.com/millwinchester ♥

Beijinhos e até breve ♥