Corpus Inversion escrita por Miller


Capítulo 28
Sempre tenho razão - Capítulo Vinte e Seis.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado á black, Indomável Sonhadora e ThaisMedeiros, as quais já agradeci devidamente via MP, mas estou agradecendo novamente por que me fizeram muito feliz ♥

Obrigada, suas lindas! Saber que gostam tanto da fanfic ao ponto de recomendá-la é o que me motiva a continuar sempre tentando dar o meu melhor, viram?

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PENÚLTIMO CAPÍTULO DA FANFIC. POSSO COMEÇAR A CHORAR AGORA?

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Enjoy!



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Sirius Black

— O dia está realmente lindo, Black. Você tinha razão — Marlene disse assim que sentamo-nos à beira do lago sobre uma toalha. O sol brilhava, mas não estava muito quente. O céu estava de um azul limpo refletindo no lago de forma a deixar tudo mais claro.

— Eu sempre tenho razão — eu lhe respondi, respirando profundamente e fechando os olhos.

Eu me sentia extremamente cansado. Não conseguia dormir tão bem como antes, pois ficava tentando pensar em maneiras de concertar as coisas com James.

Mas o que é que poderia fazer, afinal de contas?

Quero dizer, que culpa eu tinha? Tudo bem que o feitiço de Lily havia sido cinquenta por cento minha culpa, mas eu estava desesperado! Eu nem sequer conseguia imaginar como contar para ele.

E então, depois que ele me beijou – também por minha culpa, admito. – eu não conseguia sequer pensar na possibilidade de contar a ele o que havia feito, pois assim ele descobriria que havia beijado a mim e não a Lily.

A lembrança me causou náuseas. Mas, bem, era James! Meu melhor amigo. O cara que sempre esteve do meu lado, até mesmo quando ninguém mais estava. O amigo que me dera um lar quando eu havia fugido. Aquele que me conhecia melhor do que eu mesmo.

Como eu poderia ficar bem sendo que ele estava obviamente magoado comigo?

Não que eu não tivesse tentado me desculpar, é claro. Mas em nenhuma das mil tentativas James dissera qualquer coisa em resposta.

Ele simplesmente ouvia o que eu tinha para dizer e então desviava os olhos e ia fazer qualquer outra coisa como se nada estivesse acontecendo.

Claro que, em outros tempos, eu havia achado aquela atitude dele realmente hilária – quando não era para comigo -, porém, no momento, eu a estava odiando.

— Pare de se martirizar, pelo amor de Merlin — Marlene arrancou-me de meus pensamentos. Voltei meus olhos para ela que me encarava com uma sobrancelha arqueada. — Pare com isso. Simplesmente pare.

Bufei para ela, afastando os cabelos da testa.

— Para você é fácil falar já que não foi a sua melhor amiga que ficou brava com você porque trocou de corpo e não contou — encarei-a com mau humor.

Marlene rolou os olhos para mim, deitando-se na grama úmida. Estava mais frio, o inverno estava por chegar e as coisas não tinham previsão alguma para melhorarem.

Que merda de vida.

— Bem, mas foi o cara mais insuportável que trocou de lugar com a minha melhor amiga — ela disse, encarando-me com aquele seu olhar superior. — O que é quase tão ruim quanto a sua situação no momento. Francamente! Ter de conviver com você por apenas um mês quase me matou, imagine o James depois de quase sete anos? Já era de se esperar que, uma hora dessas, ele estourasse, tadinho — seu tom de voz era debochado enquanto sorria para mim.

— Vá se ferrar, McKinnon — resmunguei para ela, observando-a enquanto ela encarava o céu com um sorriso no rosto.

— Sabe... — McKinnon começou a falar novamente, voltando seus olhos escuros para mim. — Eu ia gostar muito que a Dorcas e o Remus ficassem... Bem, ficassem juntos, sabe? — ela disse.

Sorri para ela, mas meu sorriso era fraco.

— Eu também, Lene. Mas o Remus... Bem, ele é complicado — concluí.

Marlene apoiou-se no braço para poder me encarar melhor, seus cabelos estavam levemente úmidos após tê-los deixado em contato com a grama molhada. Ela estava linda.

Merlin, que tipo de pensamentos era aqueles?

Foco, Sirius.

— Complicado? O que quer dizer com complicado? — indagou sem nunca desviar os olhos dos meus. — Quero dizer, lógico que percebi que ele nunca ficou com uma garota por mais do que uma semana, apesar de ser super sério e, sem sombra de dúvidas, o mais relacionável de vocês três...

Relacionável? — interrompi seu fluxo de palavras.

Um pouco para cortar o assunto e outro pouco por ter me irritado com o que havia dito.

Ah, fala sério, quem eu estava querendo enganar? Eu havia interrompido cem por cento por que havia ficado irritado com o que ela disse. Francamente. Como assim o Remus era o único “relacionável”?

E o que, diabos, isso quereria dizer?

— O que quer dizer com relacionável? — bufei, encarando-a com o cenho franzido. — E essa palavra nem existe!

— Lógico que existe, idiota — ela rolou os olhos para mim como se me achasse um babaca. Fala sério!

— Parece errada quando eu falo — eu disse sem qualquer sentido e, mais uma vez, ela rolou os olhos. — E você ainda não me respondeu: o que quis dizer com relacionável?

— Ora, Sirius, isso é óbvio — me encarou.

— Se estivesse óbvio eu não estaria perguntando. O que você quis dizer?

— Que o Remus é o único de vocês qualificado o suficiente para ter uma relação — concluiu como se fosse mesmo uma coisa óbvia. Meneou a cabeça então. — E, bem, James também, parece até ser decente... Tirando esses últimos dias que ele está parecendo um demônio... Mas...

— E eu? — interrompi-a mais uma vez.

Não sabia por que aquela conversa estava me incomodando tanto, mas, bem, estava. E muito, aliás. A ideia de que ela imaginasse James ou Remus como se fossem mais decentes do que eu – e, por isso, relacionáveis – causou rebuliço em minhas entranhas.

Tudo bem que até, talvez, quem sabe, pudesse ser levemente, quase nada, verdade. Mas, francamente, não era como se eu odiasse relacionamentos, certo?

Na verdade eu vivia cheio deles! Nada muito duradouro, tudo bem, mas ainda assim, eram relacionamentos!

Marlene riu como se eu tivesse acabado de contar uma piada.

— Você? — perguntou, encarando-me com as bochechas rosadas do riso. — Ora, vamos falar sério, Sirius: quando você teve um relacionamento que durou mais do que dois dias? — sua pergunta era, obviamente, retórica, mas me senti compelido a responder.

— Com a Dorcas!

Lene encarou-me completamente desacreditada.

— Mas nem ao menos era você! — disse-me e riu. — Francamente! Que coisa mais idiota para se dizer.

— Você fala como se eu fosse um insensível — disse-lhe, irritando-me cada segundo mais. O que ela pensava que eu era, afinal de contas? Um sem coração? Um idiota insensível que só usava as garotas?

Ok, tudo bem que, talvez – e um talvez bem “talvez”–, eu pudesse ter dado um ou outro motivo para que ela pensasse aquilo, mas, ora, eu não era um idiota cafajeste sempre.

Quer dizer, eu me importava (às vezes), oras! E ela não podia dizer que eu não servia para ter relacionamentos, afinal sair com várias garotas não deveria significar justamente o contrário? Eu gostava delas demais e, por isso, tentava arranjar tempo para todas. Assim todos nós saíamos felizes. Não saíamos?

Hm, talvez não necessariamente, pensando bem. Ainda me lembrava de Sarah Rogers chorando por que eu havia “terminado” (sendo que nunca tivéramos tido nada mais do que alguns amassos na biblioteca por dois dias seguidos), ou então de Lucia McVann gritando a plenos pulmões o quanto eu era um babaca por tê-la usado.

Ora, mas eu nem sequer havia prometido qualquer coisa para nenhuma das duas! Elas que haviam se iludido com meus interesses (inexistentes).

Marlene, ainda sorrindo, ainda me encarando incrédula, meneou a cabeça como se não pudesse acreditar em minhas palavras:

— Ora, Sirius! Sejamos sinceros: você nunca poderia ter um relacionamento por que você, simplesmente, gosta de estar sozinho e nunca seria capaz de gostar de uma garota. Não de verdade pelo menos — rolou os olhos.

Outch. Eu senti aquilo como um belo soco no estômago.

Daqueles que te fazem fugir o ar e te deixam zonzo e cheio de dor.

— Mas é claro que eu seria capaz... Como você... O que você...

— Não minta para si mesmo, Sirius... — ela disse toda cheia de arrogância.

— Quem você pensa que é para dizer que eu nunca seria capaz de gostar de alguém, McKinnon? — indaguei e cerrei os punhos em irritação. — É lógico que eu seria capaz de gostar de alguém! Para falar a verdade, eu gosto!

McKinnon pareceu levemente chocada com a informação, porém, após se recuperar do choque, aumentou o sorriso.

— É? E quem seria a felizarda? — perguntou enquanto seus ombros sacudiam de tanto rir.

— Você — as palavras simplesmente escaparam de meus lábios e eu quis me bater.

Marlene parou imediatamente de rir, seus olhos arregalando-se tanto que pareciam nunca mais ser capazes de voltar ao tamanho normal. Ela encarava-me sem conseguir acreditar, abrindo e fechando a boca diversas vezes sem proferir qualquer palavra.

— O quê? — após o que pareceu ser uma eternidade, ela perguntou com a voz fraca e quase inaudível.

“O quê?” era justamente a pergunta a se fazer. Que merda eu estava pensando, por Merlin? E que droga era aquela de dizer para McKinnon que eu estava gostando dela quando aquilo era a maior mentira do mundo?

Francamente! Tudo bem que Marlene era realmente bonita e divertida e engraçada e ficava muito linda quando suas bochechas coravam de irritação, ou quando me xingava por alguma idiotice. Ou então enquanto dormia, parecendo muito menos propensa a matar um dragão enquanto estava com os olhos cerrados. Isto para não falar em como ela havia me ajudado por todo o tempo em que estivera trocado com Lily – mesmo que, em muitas das vezes, ela não o fizesse com muita vontade. As conversas durante a noite, o modo como ela me aturava até mesmo – e principalmente – quando tinha meus ataques de TPM (e, por Merlin, pensar nisso nunca pararia de ser estranho). Isto para não falar na vez em que – estando no corpo de Lily – prensei-a contra a parede no intuito de beijá-la. A proximidade de seu corpo ao meu tinha sido tão intensa que eu conseguia me recordar perfeitamente, como se tivesse acabado de acontecer.

— O que você disse, Sirius? — ela perguntou novamente, mais uma vez arrancando-me de meus devaneios. Seus olhos estavam fixos sobre os meus; completamente confusos e incrédulos.

O que eu havia dito? Que eu gostava dela? Mas, bem, não. Não mesmo. Quero dizer, que sentido aquilo podia fazer? Só por que eu havia convivido quase um mês com ela, não significava nada. Nadica de nada. Nada mesmo... Ah, a quem eu estava mesmo tentando enganar, francamente?

Antes que pudesse pensar muito sobre o que estava fazendo, aproximei-me de Lene que ainda estava apoiada sobre o braço, e senti sua respiração bater de encontro com a minha.

— Eu disse isso — falei e então a beijei.

Lily Evans

Segui atrás de Potter até que ele adentrou em uma sala de aula vazia. Era a mesma que geralmente utilizava para ter aulas de quadribol com Sirius. A lembrança daqueles momentos – os quais eu passava mais de noventa por cento sem entender bulhufas do que Sirius estava querendo dizer – me fizeram sorrir levemente. De todas as coisas que eu poderia esperar daquele ano, era que me tornaria amiga de Sirius Black.

Bem, eu também não estava esperando acabar me apaixonando pelo babaca do James Potter, mas o destino tinha dessas infelicidades, afinal.

Potter então, após eu fechar a porta atrás de mim, recostou-se uma mesa e cruzou os braços, encarando-me de forma a dar entender que estaria esperando para ouvir o que eu iria falar.

Morgana, por ele precisava ser tão babaca? Era naquele tipo de momento que eu me lembrava dos motivos de eu odiá-lo tanto.

Francamente, ele precisava mesmo ser assim tão arrogante?

Tive vontade de dar as costas para ele e ir embora, afinal de contas eu não tinha por que ter de ficar aturando aquele tipo de idiotice. Mas então eu me lembrei de Sirius e de como ele estava mal por causa de toda aquela situação que, basicamente, fora culpa minha.

Suspirando, recostei-me a outra carteira e respirei fundo antes de começar a falar.

— Ouça, Potter... — comecei a falar, mas então parei novamente. O que, por Morgana, eu diria, afinal?

— O quê? — ele perguntou ao ver que eu não sabia o que falar. — Ande logo, Evans. Eu tenho mais o que fazer do que ficar aqui te ouvindo.

Senti minha boca abrir em um perfeito ‘o’. Mas que cara mais babaca!

— Você precisa mesmo ficar agindo como um poço de arrogância de segundo em segundo para se sentir bem, ou é impressão minha, Potter? — indaguei, arqueando uma sobrancelha enquanto encarava-o furiosamente.

As bochechas de Potter avermelharam, mas ele continuou com a sua postura.

— Só não gosto de perder tempo com pessoas sem importância, Evans — ele retrucou e foi minha vez de sentir minhas bochechas corarem.

Francamente, como eu podia gostar daquele babaca?

— Oh, o tão requisitado Potter — rolei os olhos para sua indolência. — Então não vou roubar muito do seu tempo, Potter, não se preocupe. Também não gosto de perder tempo com babacas — disse-lhe.

Potter abriu a boca para responder, mas eu percebi que estava muito cansada para continuar com aquilo.

— Não, pare. Escute, okay? Não precisa falar nada, nem fazer nada se não quiser, Potter. Apenas escute o que vou falar e depois, se quiser ir embora, fique à vontade — disse e suspirei. — Certo — encarei-o. — Sirius está sofrendo.

— Eu realmente não me importo se ele está sofrendo ou não. — ele disse e deu de ombros. — Ele mentiu para mim.

— Ele não... Olha, Potter, ele não mentiu para você, okay? — falei e passei as mãos pelos cabelos tentando pensar no que falar. — É só que... Imagine você, todo arrogante como é, de repente, de um dia para o outro, se transforma em uma garota — encarei-o.

— Eu teria contado a ele se acontecesse — Potter, mais uma vez, me interrompeu.

— Mas se eu fosse a garota com quem você trocou de corpo, tenho certeza de que não contaria. Francamente, Potter! Eu estava potencialmente desesperada! E eu pensei que pudéssemos encontrar o contrafeitiço logo, porém, não foi. E, quando nos demos conta disso, já era tarde demais.

— Tarde demais? Tarde demais para contar ao melhor amigo dele que tinha, por acaso, trocado de corpo com Lily Evans? — ele jogou as mãos para cima em irritação. — Por Merlin, Evans! Ele não podia ter escondido isso de mim! Todo esse tempo...

— Ele não queria esconder, Potter. Eu é que estava ficando louca. Troquei de corpo com um cara que eu não gostava, tendo que dormir no dormitório masculino junto de outros caras de quem eu também não gostava. Isso para não falar em quão constrangedor seria caso você soubesse que era eu quem estava no corpo de Sirius. Não, obrigada! — suspirei novamente, encarando o tampo da mesa em que estava escorada para me entreter. — Eu só quis poupar mais problemas, entende? Eu achei mesmo que iríamos nos livrar de tudo muito rápido, afinal eu sou Lily Evans, certo? Sempre dou um jeito... Mas as coisas começaram a sair de controle...

— Sair de controle? Evans, você, além de não dar um jeito, ainda por cima piorou tudo.

Tentei controlar minha irritação perante suas palavras, ou acabaria pulando em seu pescoço.

Acalme-se, Lily. Apenas termine o que começou.

— Eu... Sei — disse e, mais uma vez, suspirei. — Só que o Sirius não parava de chorar e explodir o tempo todo e eu meio que acabei irritando-o ainda mais. Nós brigamos — rolei os olhos. — E, bem, ele te convidou para sair estando no meu corpo, sabendo o quanto aquilo me irritaria. E irritou.

— É disso que estou falando! Ele me convidou para sair enquanto era você! Ele sabia que eu aceitaria e mesmo assim teve a audácia de me convidar!

— Por que você ac... Esquece. Potter ele pensava que iria se livrar do feitiço rapidamente! Ele acreditava nisso, mesmo! Então ele te convidou, por que faltavam ainda duas semanas para o próximo passeio à Hogsmead e, também, por que achou que até lá eu já estaria em meu corpo e não teria coragem de negar sair com você! Ele queria te deixar feliz!

— Me deixar feliz? Oferecendo justamente o que eu sempre quis? De uma forma totalmente errada? — Potter desencostou-se da mesa, encarando-me com um sorriso debochado nos lábios. — E isso é preocupação de um melhor amigo? Por que, se eu deveria ver isso como algo bom, me desculpe, Evans, mas só consigo pensar numa palavra quando lembro que ele fez isso comigo: traição.

— Eu não... Ugh! Potter! Pare de ser babaca! — eu disse, desencostando-me da mesa também, encarando-o furiosamente. Eu queria tanto dar um soco em seu lindo rostinho.

— Babaca? Pare você de tentar defender algo completamente errado, Evans! Vocês dois são uns vermes e se acham que vou perdoá-los depois do que fizeram, bem, estão errados!

— Verme! Verme é você e sua capacidade cognitiva, Potter. Que não entende porcaria nenhuma e já sai falando como a vítima da história! — disse-lhe e apontei um dedo para ele. Eu estava próxima o suficiente de perder o controle. — Sirius não contou por que eu não deixei! Entendeu?

— Mas eu pensava que a amizade de Sirius comigo era muito mais importante do que ficar de segredinhos com você! — Potter bradou.

— Segredinhos? Ah, Morgana, dai-me forças — olhei para o teto, respirando fundo antes de continuar. — Potter, Sirius estava menstruando! De que forma você acha que ele teria cabeça para pensar em te contar quando tinha sangue escorrendo pelo meio das pernas?!

— Eu não... Eu...

— Você não entende! É isso, Potter! Você prefere ficar aí se martirizando e agindo como a única vítima sem, em momento algum, parar para pensar no quanto toda essa merda deve ter sido difícil para Sirius! — foi minha vez de jogar os braços para o alto em irritação. — Não parou para pensar no quanto ele, Sirius Black, com todo aquele jeito de cafajeste, sofreu tendo que ir para o corpo da maldita certinha da Lily Evans! Ou como ele teve de lidar com o fato de estar de TPM, com hormônios explodindo dentro dele de segundo em segundo, chorando por qualquer coisa de segundo em segundo. Parou para pensar no quanto deve ter sido difícil para ele ficar longe do seu símbolo master de virilidade? Ou ter de conviver num quarto cheio de garotas falando sobre cabelos e todas essas bobagens enquanto tudo o que ele queria era poder voltar para a merda do corpo dele e dormir? — rolei os olhos, sentindo-me a cada segundo mais irritada. — Ou, ainda, Potter, caso não esteja lembrado, vou relembrar para você: ter de ver o seu corpo, sendo usado por uma garota, e não poder participar da droga do jogo de quadribol enquanto vê sua fama de melhor artilheiro ir para o brejo, por que eu simplesmente não conseguia pegar a porcaria da goles por mais de dois segundos sem cair da vassoura ou bater em alguém.

— Isso não...

— E, sabe o que é ainda pior? Ele acordava todos os dias de madrugada para ir me ensinar essa porcaria de jogo, por que não queria te decepcionar. Por que ele sabia o quanto aquele maldito jogo era importante para você! E então, apesar de eu não possuir um pingo de sangue quadribolesco dentro de mim, ele insistia em me ensinar.

— Mas vocês estavam sob o efeito da Poção Polissuco no jogo e...

— Sim, Potter, ou você acha mesmo que eu iria deixar Sirius na mão? Eu fui até a porcaria da sala de Slughorn durante a noite e roubei a poção para que Sirius pudesse jogar e salvar a grifinória.

— Vocês parecem ser amigos — ele disse então, após alguns segundos de silêncio em que trocamos olhares irritados.

— Existem algumas coisas que não dá para fazer sem acabar se afeiçoando a pessoa, Potter — suspirei. Ele mesmo era um caso daqueles, afinal a convivência junto dele me fizera perceber o quanto eu... Okay, Lily. Não é o momento. Nunca será o momento. — De qualquer forma, Sirius nunca quis te magoar.

— Mas magoou.

— É claro que sim, Potter! Ele não te contou algo superimportante, lógico que você ficou magoado. — disse-lhe. — Mas em nenhum momento você se preocupou em pensar no tanto que ele sofreu ao não te contar? Ele fazia qualquer coisa e já pensava “o James vai me matar”. O cara estava mal e agora, apesar de não estar mais de TPM, praticamente chora pelos cantos (e não diga a ele que te falei isso, se não ele me mata). Ele acha que a culpa de toda essa merda é dele, quando na verdade é minha. Fui eu quem fez a porcaria de feitiço. Eu que não deixei Sirius contar para você — encarei-o firmemente. — E ele também está magoado com você, Potter. Por que você está sendo egoísta e agindo dessa forma sem nem ao menos se dar ao trabalho de ouvi-lo. Então por que você simplesmente não vai até lá, conversa com ele como os amigos que vocês sempre fora, e se resolvem como dois homens maduros?

Potter encarou-me por alguns instantes como se avaliasse o que eu havia acabado de falar. Abriu e fechou a boca diversas vezes antes de suspirar e dar de ombros.

— Olha, Evans, eu realmente agradeço por você vir até aqui, mas... Eu não consigo — ele disse. — Eu... Toda vez que penso no que aconteceu e... Eu beijei Sirius! Você entende? — balançou a cabeça sem falar mais nada.

— Ora, francamente! Achei que já tínhamos passado por isso, Potter! — rolei os olhos. — Ele não cancelou o encontro por que não queria te magoar. Morgana sabe que Sirius pensava que você gostava de mim — rolei os olhos novamente. — E, por idiotice, admito, ele não quis cancelar por que achou que aquilo te magoaria. E queria fazer algo bacana por você! Olha, eu não entendo essa história e, francamente, não estou nem aí. Mas eu tenho certeza, assim como você, que conhece Sirius a muito mais tempo do que eu, deve saber que ele fez tudo com boas intenções. Ele nunca te magoaria, Potter. Achei que você, de todas as pessoas, perceberia isso.

Encarei-o por alguns minutos, esperando por sua resposta que nunca veio. Potter parecia completamente perdido em pensamentos e eu estava cansada. Tudo o que eu queria era deitar e dormir até que todo aquele cansaço, a dor e os hematomas em meu corpo, sumissem.

— Certo — falei quando percebi que ele não iria falar nada. — Escute, Potter. Eu nunca fui muito com a sua cara, mas, bem, nesse último mês eu percebi que você não é tão ruim assim — ele ergueu os olhos para os meus, parecendo chocado com as minhas palavras. — Sei que, lá no fundo, você é uma boa pessoa. Passei quase sete anos da minha vida vendo vocês dois para cima e para baixo tramando, explodindo coisas. Rindo de piadas que só vocês entendiam. Desferindo socos para todos os lados para proteger um ao outro — passei a mão pelos cabelos, sem desviar dos olhos dele. — O que quero dizer é que vocês dois são melhores amigos. Morgana sabe o quanto sempre admirei a amizade de vocês! E então, eu tenho certeza absoluta, de que uma coisinha minúscula como uma inversão de corpos, depois de mais de seis anos de amizade verdadeira, não pode colocar tudo a perder, certo?

O olhar no rosto de Potter ficou menos nebuloso.

— Talvez você tenha razão — ele disse.

Rolei os olhos para ele.

— Eu sempre tenho razão, Potter — disse-lhe.

Pela primeira vez em muito tempo, ele sorriu para mim.

Isso, com certeza, você herdou da convivência com o Sirius.

Rolei os olhos mais uma vez e sorri levemente.

— Provavelmente. Mas e aí, vai ficar nessa sala o dia inteiro ou vai atrás do Sirius e dizer para ele que parou de ser um babaca idiota e ajeitar as coisas? Hum?

O sorriso no rosto de Potter aumentou.

— Certo — disse e então começou a caminhar na direção da porta. — Ah... Evans? — me chamou.

Voltei-me para ele. Ele tinha um olhar estranho ao me encarar.

— O quê?

— Obrigada — disse e então deu as costas e saiu, deixando a porta aberta ao passar.

Com um suspiro, recostei-me novamente na classe.

— Morgana, dê-me forças — resmunguei e fechei os olhos por alguns momentos. Depois, afastei-me, saindo da sala pela porta aberta e encaminhei-me para a Torre da Grifinória com a consciência bem mais leve do que me lembrava de ter estado em um longo tempo.

Eu iria aproveitar o fato da maioria das pessoas não estarem na sala comunal àquela hora, para pegar de volta as cobertas e travesseiros do dormitório masculino. Afinal, era realmente injusto que os garotos – que dormiam até mesmo em cima de uma pedra – tivessem roupas de cama melhores que as nossas.

Francamente, onde estava a justiça no mundo?

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Notas finais do capítulo

Blackinnon ♥

Agora precisamos saber como a Lene reagiu ao beijo, né? Vai que ela tenha dado um belo de um tapa no lindo rostinho do Sirius, hm?
E... Jily? ♥

Por que sou má, deixei o melhor para o último. Sorry not sorry.

Mas, como sou uma pessoa boa também (não muito, mas ok), vou tentar não demorar muito, viram?

E VAI TER EPÍLOGO! Yay! Como a maioria de vocês pediu, decidi - um pouco por que estou com muita dor no coração de concluir CI - que irei fazer :/

Eu espero que tenham gostado do capítulo, meus amores!

Não vou me estender muito por aqui, pois estou de saída.

Vou responder aos reviews do capítulo anterior assim que chegar em casa, ok? É que tenho aula agora e, embora eu preferisse milhares de vezes ficar aqui e responder a todos vocês com todo o amor/carinho/atenção que merecem, tenho que ir :/

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Enfim, amores, não esqueçam de me contar o que acharam, viu? Fiz o capítulo de coração para vocês! (e ficou bem grandinho até!).

PS: os links acima são de outras fanfics minhas! Se acabar se interessando, não esqueça de me contar o que achou!

Beijinhos e até breve ♥