Brian POV

- Pai... Eu posso explicar. – Falei olhando para o rosto vermelho do meu pai
- Eu disse pra você nunca mais olhar na cara desse lixo humano Brian, você quer acabar como ele?! – Apontou para Zacky.
- Eu não sou nenhum lixo tá bom?! – Zacky se pronunciou e meu pai o encarou.
- E você não dirija a sua palavra suja a mim seu nojento. – “Seu nojento”. Agora eu sei como isso soa ruim.
- Pai, o Zee estava cuidando de mim enquanto você estava fora. – Falei e ele me olhou incrédulo.
- Essa coisa está aqui desde o dia que você apanhou?! Aqui na minha casa?! E o James?!
- O Jimmy está trabalhando. O Senhor Baker deixou o Zee tirar folga pra ficar comigo.
- Claro! O Baker não podia perder essa chance. O filho dele é um corrompido e ele quer fazer o mesmo com o meu!
- Pai, não fala assim. Se não fosse o Zee eu podia estar morto agora, foi ele quem me salvou na praia.
- Deve ter sido um plano dele com algum amiguinho bicha dele pra te corromper Brian. Você não entende?! – Meu pai tá louco.
- Pai, não viaja. Você devia agradecer os Bakers. – Olhei para Zacky e ele estava encolhido no sofá.
- Agradecer aqueles ali?! Você está louco! Que tipo de remédio esse menino está de dando?!
- Você tá achando que eu tô drogando o Brian?! – Zacky levantou ofendido.
- Não duvido. – Meu pai olhou com nojo para ele.
- Olha Brian, foi legal enquanto durou okay? Mas eu vou indo. Só me deixa saber como você está.
- Meu filho nunca mais vai falar com você seu nojento! – Meu pai disse. – Agora sai da minha casa!
Minha madrasta abriu a porta e Zacky saiu rápido. Olhei para o meu pai e ele estava voltando à cor normal. Kenna estava parada na porta da cozinha, olhando para ele assustada.
- Eu nunca mais quero te ver com aquele garoto. Você sabe o que falam daqueles que andam com ele? São todos da mesma espécie. E aquele grandão ainda mora com ele. Não sei como os Bakers deixam isso, é uma vergonha.
- Você tem noção das coisas Brian? – Minha madrasta se pronunciou. – E se alguém viu esse menino aqui com você? E se os pais da Gena ou a própria viu? O casamento vai por água abaixo. Você não pode perder essa chance, ela é uma moça de família.
- Ouça a sua mãe Brian, ela tem razão. – Haner disse. – Se alguém te ver com esse menino, você vai ser chamado de viado por ai e a Gena não vai mais querer nada com você. Aqui eles julgam muito pela aparência.
- Julgam mesmo. – Eu disse. – Cansei de ouvir essas bobagens. Kenna, me ajuda a ir subir as escadas?
Ela assentiu e se aproximou. Levantei e caminhei calmamente até as escadas. Ela me ajudava a subir devagar.
- Bobagens Brian? Se eu te ver com aquele menino de novo, nós vamos ter uma conversa bem séria. Daquelas que nós tínhamos quando você era mais novo.
Meu pai tá dizendo que vai me bater ou é impressão minha? Ele não é louco de fazer isso comigo.
Fui direto para o meu quarto. Eu disse a Kenna para pegar as coisas do Zee no quarto de hóspedes e foi o que ela fez. Trouxe tudo para o meu quarto e organizava tudo na mochila dele. Estávamos em puro silencio. Até ela quebra-lo.
- Você mesmo vai entregar ou quer que eu leve? – Perguntou.
- Eu levo. Quando o pai e a mãe não estiverem pela sala, eu saio e levo para ele. – Deitei na cama devagar.
- Mas você teve sorte. Sua enfermeira era gostosa. – Riu da própria piada, e eu tive que acompanhar.
- Sabe, eu passei uma semana direto com ele. Ele não é uma pessoa ruim por ser diferente, e também não é afetado, nem nada.
- Nossa, descobriu a Ásia! – Que?! –Vai voltar a ser amigo dele?
- Já voltei. – Sorri. – Eu acho. Bem, eu só tenho que aprender a lidar com o Benji, por que não gosto dele.
- Você tem ciúmes dele. – Riu. – “Como pode o Zee ter dado o primeiro beijo gay dele com outro cara?! Eu estava ali o tempo todo e nada!”.
- Bem nessas mesmo. Porra, qualquer um, mas o Benji? Poupe-me. – Revirei os olhos. Ela me olhava chocada. – O que?
- Você concordou! Você concordou que tem ciúmes. Que o primeiro beijo gay dele devia ser com você!
- Não concordei não, eu só disse que podia ser com qualquer pessoa, menos o Benji.
- Aham, tinha que ser com você, isso sim.
- Nem vem Kenna! – Me deitei de lado, ignorando o sorrido débil na cara dela.
- Okay, eu vou lá embaixo e quando a mãe e o pai saírem para ir ao marcado eu te chamo okay?
Kenna deixou o quarto e eu fiquei ali sozinho. Fazia tanto tempo que eu não ficava sozinho que eu até tinha esquecido como é. Se o Zee estivesse aqui agora ele provavelmente estaria fazendo alguma piadinha ou simplesmente estaria deitado ao meu lado.
O que já seria o suficiente.
Porra, faz cinco minutos que ele foi embora, para com isso!
Fechei os olhos e tentei dormir um pouco, só tinha que esperar a Kenna me avisar.
Algum tempo depois eu acordo com alguém me balançando desesperadamente.
- Nós estamos saindo. Vai lá, você tem uma hora mais ou menos. Beijo. – Disse isso e saiu correndo.
Levantei com dificuldade e fui ao banheiro arrumar meus cabelos. Saí dali, peguei a mochila do Zacky e desci as escadas. Sai de casa e fui à casa ao lado, chegando lá toquei a campainha.
- Oi Brian, como você está? – Sra. Baker me recebeu.
- Bem, o Zee está?
- Sim, está na no quarto dele. Ele chegou um pouco chateado da sua casa, mas não disse nada. O que houve?
- Meu pai chegou e falou coisas nada agradáveis. Bom, eu vou lá conversar com ele.
- Tudo bem querido, ainda é o mesmo quarto. – Ela sorriu e eu devolvi.
Por que todas as casas que eu vou tem escada? Não podiam fazer uma casa grande e com um andar só? O universo contra mim novamente.
Bati na porta branca e recebi um “entra” como resposta. Então eu entrei.
- Me desculpa. – Já cheguei falando. – Meu pai foi um idiota, eu realmente não queria fazer você passar por isso.
- Oi. – Ele sorri enquanto largava o vídeo game.
- Oi... – Falei tímido.
- Cara, tudo bem, foi seu pai quem disse. Eu tô bem, não me abalo. – Sorriu de novo.
- Zee, você ficou abalado sim. Por Deus, ele achou que você estava me drogando! – Sentei na cama e ele sentou ao meu lado. – Suas coisas.
- Obrigado. – Ele jogou a mochila em qualquer canto. – É, isso me deixou puto, mas eu não diria que me deixou magoado.
- Você não se abala com essas coisas né? Eu queria ser forte como você pra mandar todo mundo se foder e viver como eu quero, sem se importar com a opinião dos outros.
- Também não é como se eu fosse inabalável. Se fosse você falando aquelas coisas eu provavelmente estaria chorando no ombro na minha mãe agora. Quando você fala parece que dói mais. – Abaixou a cabeça.
- Zee, eu nunca falaria aquelas coisas.
- Mas já disse várias vezes. – Me olhou. Seus olhos verdes opacos.
- Eu sei, me desculpa. – Sentei de frente para ele na cama, todo torto sentado em cima da minha própria perna.
- Okay. – Disse e sentou no mesmo jeito que eu, sorrindo.
- Nós somos amigos agora né? – Perguntei, colocando a cabeça no ombro dele.
- O que você quiser Brian. – Ouvi ele rir baixinho. – Você não se importa com o fato de eu ter beijado o Benji?
- Nem me lembre disso! Por que o Benji hein? Eu não gosto dele, podia ser qualquer outro cara, menos o Benji.
- Podia ser você? – Riu de canto. Senti minhas bochechas ficaram vermelhas.
- Você não presta mesmo. – Cruzei os braços e fiquei reto, tirando a cabeça do ombro dele.
- E iria fazer diferença se fosse outro cara? – Cruzou os braços.
- Não, eu ia ficar puto e odiar essa pessoa pelo resto da vida de qualquer jeito.
- Então o problema é você. – Ele deu os ombros e sorriu arteiro.
- Você que não sabe escolher direito. – Ri.
- E você sabe né? A Gena e a Michelle são as melhores mulheres do mundo mesmo. – Revirou os olhos.
- Eu sei escolher. Quer ver?
- Ah quero, por que nesse dia vai chover! – Riu.
Coloquei a minha mão trêmula sobre a bochecha dele e ele parou de rir no mesmo instante. Me aproximei olhando naquela imensidão verde, olhei mais para baixo e ele mordia seu snakebite no lábio inferior.
- Bri... – Chamou minha atenção, falando baixinho. – O que você está fazendo?
- Não sei, mas não estraga. – Passei a mão pelo seu rosto e ele fechou os olhos.
- Okay...
Me aproximei um pouco mais e encostei meus lábios nos dele. Os piercings gelados davam uma sensação boa. Nos separei alguns segundos depois, e o olhei. Ele mantinha a boca entreaberta e os olhos fechados.
- Bri... – Ele abriu os olhos e me olhou. – Não precisa ter medo.
Passou os dedos pelo meu rosto e levou a mão até a minha nuca, me puxando devagar para perto dele.
Logo eu já sentia seus lábios nos meus novamente, eles pareciam perfeitos um para o outro e eu nunca fiquei tão nervoso beijando alguém. Senti sua língua pedindo passagem e cedi, afinal pra quem chegou até aqui eu não iria desistir agora.
Por mais que algo dentro de mim grite que isso é errado, tem outra coisa mandando isso se foder e me entregar ao momento. O beijo era calmo e diferente. Talvez o melhor até hoje.
Também, com a boca que esse cara tem.
Muito gay Brian, muito gay.
Ele foi parando o beijo com calma, com alguns selinhos e então me olhou, encostando a testa dele na minha.
- O que foi isso?
- Não tenho a mínima ideia! – Falei desesperado.
- Calma okay, foi só um beijo. – Riu, provavelmente do meu desespero.
- Ninguém pode saber disso. Meu pai me mata Zee! – Segurei os braços dele.
- Eu sei. – Segurou meu rosto com as mãos. – Ninguém vai saber.
- O Jimmy vai me matar.
- A Kenna vai ficar feliz.
- Ele vai cortar meu corpo em cubinhos.
- O Matt vai rir tanto.
- Vai contar por Matt? – Perguntei.
- Claro, eu conto tudo pra ele, é meu melhor amigo. Vai contar pro Jimmy?
- Tenho medo de ele fazer comigo o que eu fiz com você. – Abaixei a cabeça.
- Agora eu te desculpo sobre isso. – Sorriu.
- Meu pai tinha razão, você queria era me corromper sendo tão legal todos esses dias. – Ele riu.
- Eu estava te seduzindo. – Gargalhei.
- Eu não mereço. Tenho que ir Zee.
- Até, e cuidado, teu pai pode sentir o cheiro dos Baker em você. – Ele riu da própria piada.
- Nem brinca. Tchau Zee.
- Tchau. – Ele levantou e selou nossos lábios. Caminhou até a porta e a abriu, dando espaço para eu sair.
O que foi que você fez Brian?!