Zacky POV

Havia se passado quase um mês. Eu voltei ao trabalho naquela mesma semana e Brian voltou faz dois dias. Agora ele não me xinga mais, apenas olha e sorri, mesmo sem dizer nada além de “bom dia Zee”.
Eu acho bom o bastante para ser sincero, não posso exigir muito.
Matt riu muito aquele dia e Kenna me olha e ri, acho que Brian sendo a anta que é, deve ter deixado algo escapar.
Agora eu estou no estoque, arrumando, e comendo, as bolachas que chegaram. Ainda não acredito que meu pai me colocou nesse emprego. Não tem câmeras aqui dentro!
- Essas bolachas são muito boas, cacete eu vou ficar ainda mais gordo. – Falei enquanto comia mais um biscoito.
- Impossível você ficar ainda mais gordo. – Ouvi uma voz atrás de mim. Brian.
- Impossível você ficar mais chato. – Falei.
- Quando você ficar magro eu fico legal. Oh, eu nunca vou ser legal e é culpa sua.
- Isso não foi muito inteligente, porque você acabou de assumir que você é chato.
- Tanto faz. – Sorriu. – Meu pai quer me mudar de quarto por acha que eu converso com você pela varanda. O clima tá horrível lá em casa. – Suspirou.
- Desculpa por isso. Eu devia ter deixado você morrer... Seu pai é tão irracional.
- Eu sei... Faz dias que eu não falo com o James, tenho medo de deixar algo escapar e ele nunca mais olhar na minha cara. – Abaixou a cabeça.
Eu acabei com a vida da pessoa. Que legal.
- Eu acho que você devia contar. O Jimmy não é como você.
- Será? Será que ele não vai me xingar e contar pra todo mundo?
- Acho que não, mas e se ele fizer? Eu acho que você merece.
- Como você é malvado. Com a diferença que seus pais são legais, os meus tiram o meu couro, assam minha carne e me comem no jantar.
- Que nojo... Enfim, no pior do pior, você ainda tem a sua mãe. – Sorri.
Katherine Johnson, uma hippie, e que eu não sei como algum dia foi casada com o Brian Pai. Totalmente da paz e cheia de boas vibrações. O Brian não deve falar com ela há mais de quatro anos e ela deve estar muito triste com ele.
Eu adorava passar o final de semana na casa dela, pois era tudo liberado e nós podíamos brincar na rua quando nós quiséssemos e até a hora que nós quiséssemos. Ela apenas ficava na varanda da casa de madeira tocando violão e dando risada quando nós caiamos. Depois nos dava umas comidas estranhamente deliciosas e nos colocava pra dormir, contando de como a infância dela foi boa.
Eram os melhores finais de semana.
- Eu sinto saudade dela. As vezes a minha madrasta é tão fria comigo. Sabe, tem muita diferença do jeito que ela trata a Kenna para o jeito que ela me trata. Não sei se ela realmente me considera um filho.
- Então ela é muito sem coração, por que o Matt está lá em casa há uns quatro meses e minha mãe já trata ele como um filho.
-Sua família é bem diferente da minha.
- Você não vai trocar de quarto né?
- Não. – Sorriu. – É o único lugar com sossego na casa, a minha varanda. A nossa varanda né?
- É... – Ah, fiquei sem graça de lembrar o final daquele dia...

Flash Back. Zacky pov.

Eu estava sentado na minha varanda, enquanto tocava um pouco de violão. A janela do Brian estava aberta e as cortinas brancas, que ele sempre teve, estavam voando para fora do quarto. Imaginei que ele não estivesse ali, já que eu não ouvia nenhuma musica ou som de vídeo game ou filme. Brian sempre foi muito exagerado com volumes.
- Pai, me deixa. Eu só vou ver um filme! – Ouvi Brian falar.
- Brian, eu devia ficar de olho em você todos os dias! Se eu te ver falando com aquela coisa você vai ver! – Consegui, depois de prestar muita atenção, ouvir Brian Pai gritar.
- PARA PAI, ME DEIXA EM PAZ! – Brian gritou e bateu forte a porta.
Larguei o violão e decidi fazer algo que eu fazia quando era criança, mas naquela época eu era mais... Atlético.
“Okay, você sobe aqui Zacky.” Subi na grade da minha varanda. “Coloca o pé ali naquele tronco da arvore”. Dei um pulo olímpico e me agarrei na arvore.
- E agora você morre gordo filho de uma boa mãe, que ideia de merda Zachary! – Me xinguei.
Coloquei o pé na grade da varanda do Brian e me joguei lá pra dentro, caindo com tudo no chão e por pouco não batendo a minha linda cara no chão.
- Ai, eu estou vivo ou o céu parece o quarto do Brian? – Me levantei. – Tenho que parar de falar sozinho...
Olhei para dentro do quarto e ele não estava ali. Resumi que estava no banheiro. Entrei no quarto com cuidado e me sentei na cadeira no computador.
Ele demorava demais e eu levantei para trancar a porta e olhar algumas fotos que havia no mural. Não gostei de ver fotos de quando éramos crianças com um imã na minha cara e bigodes no Johnny.
Fui para o lado pra porta do banheiro e esperei ele sair dali, só para assustar ele mesmo, ele merece.
Ouvi a porta sendo aberta e pulei na frente dele.
- BU!
- CRÊINDEUSPAITODOPODEROSO! – Ele foi para trás falando. – Você quer me matar? O que tá fazendo aqui menino? E se alguém aparece?!
- Não quero te matar. Estou vendo se você tá vivo, por que não deu mais sinal de vida e eu tranquei a porta. – Sorri. – Eu disse pra me mantar informado! – Cruzei os braços.
- Meu pai tá de férias ainda cara, não sai do meu pé. Faz quantos dias que ele chegou? Uma semana né? Então, faz uma semana que eu tô aguentando ele me seguindo para todos os lugares. Eu não posso ir pra rua nem pra pegar um solzinho na varanda.
- Seu pai é um monstro Bri. – Sentamos na cama dele.
- Ultimamente ele tá insuportável mesmo. Até com a Kenna ele tá rígido demais.
Então aquele silencio desconfortável pairou no quarto. Ele balançava as pernas e eu olhava as paredes azuis do quarto, que antes eram verde Ben 10.
- Lembra quando nós ficávamos horas sentados, cada um na sua varanda conversando? – Ele sorriu. – Mas eu sempre acabava indo para a sua. A nossa varanda, na verdade.
- As duas varandas eram nossas, por que tudo que era seu era meu.
- Mentira, você não gostava de dividir a sua mãe. – Concordei e ele riu.
- Como você tá lidando com o seu psicológico? Depois... Você sabe... Daquele dia?
- Estou ficando louco. – Sorriu estático. – Não quero falar sobre isso.
- Quer fazer isso?
- Hã? – Me olhou confuso. – Como ass...
Me aproximei e selei nossos lábios. Aquela velha sensação de borboletas brincando de pega-pega no meu estômago me invadia. Era só chegar a pensar nele que elas começavam a brincadeira.
Ele pousou a mão no meu rosto de desacelerou o beijou, me fazendo arrepiar com o fato de ser tão lento e intenso. Ficamos assim por muito tempo, ou pelo menos pareceram vários minutos, como se tudo tivesse simplesmente parado.
- Brian, você não está com fome? A mamãe fez um bolo estranhamente bom. – Ouvimos Kenna na porta.
- Ah... O que? – Ele olhou pro nada e eu me segurei muito pra não rir.
- Tá se masturbando ai garoto? Presta atenção na sua irmã! Sai daí seu emo e vamos comer alguma coisa. Depois eu vejo Bob Esponja contigo.
- Eu não quero ver Bob Esponja tá? Ela tá brincando. – Falou baixinho para mim. – Já vou Kenna, só vou me vestir.
Ah que idiota! Eu tive que colocar o travesseiro na cara para não rir alto.
- Espera, é que eu tomei banho, eu não tô me masturbando!
- Que nojo Brian, eu não vou encostar em você hoje. Te larguei de mão mano. – Ouvimos ela sair correndo.
Depois de parar de rir e respirar fundo eu me levantei e o olhei, Brian ainda estava um pouco perplexo.
- Eu me odeio sabia? Por gostar disso. Isso vai completamente contra todos os meus princípios.
- Mas nós somos só amigos. Amizade colorida.
- É desse colorido que eu tenho medo Zee...
- Bom, eu vou indo. – Me aproximei e selei brevemente nossos lábios. Eu quero deixar ele bem confuso mesmo. – Até qualquer dia.
- Até.
Fui até a varanda e com um pulo radical eu... Cai com tudo no chão.
- ZEE?!
- Eu tô bem Bri, tô bem...

Flash Back Off

- Seu tombo foi o melhor. Você ficou atirado no chão, imóvel por uns dois minutos.
- E seu pai lutando boxe com a porta do seu quarto.
- Foi depois desse dia que ele ficou mais desconfiado ainda.
- Meu pai tá querendo sair no tapa com o seu. – Ele me olhou assustado. – O que? Seu pai me ofendeu. – Coloquei a mão no peito.
- Ah desculpa por isso! – Se escorou na parede, com a cabeça baixa.
- Tem um jeito que você pode se redimir. – Me aproximei.
Ele me olhou e respirou fundo, como se estivesse se preparando mentalmente para algo.
- Lembra aquele dia lá na casa? – Sussurrei na orelha dele. – Que eu te puxei pra perto? – Coloquei minhas mãos no quadril dele e o puxei. – Você disse que não gostou, mas você gostou, não foi? – Passei meus lábios nos dele e mordi meu snakebite.
- Err... – Ele travou e eu me segurei para não rir. – Eu nem lembro Zee... – Sorriu amarelo.
Filho da puta!
- Como assim? Foi o nosso primeiro beijo! – O olhei sério.
- Eu não conto aquilo como primeiro beijo, eu conto aquele da sua casa.
- Ah você não conta?
- Zee, só dá o nosso terceiro beijo e pronto. – Revirou os olhos.
- Quarto Beijo. – Dei um selinho.
- Você me irrita. – Sorriu antes de eu o puxar para um super beijo em pleno horário de trabalho.
Brian, como a menina que é, hehe, passou os braços pelo meu pescoço e eu envolvi meu braços na cintura dele.
Ficamos assim por muito tempo, e como sempre o tempo parecia parar quando eu estava com o Brian.
O apertei mais, o fazendo ofegar baixinho. Eu disse que ele gostava disso.
- Zachary Baker, estão te...MAS O QUE É ISSO?!
Brian me empurrou como se ficar perto de mim queimasse.
Oh droga...