Everlasting escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 20
Capítulo 19: Lar


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, pessoas!

Como vocês estão? Espero que todos estejam muito bem.

Então, aqui está mais um capítulo de "Everlasting". Creio que muita gente vai se surpreender com os rumos tomados aqui, mas ele é de extrema importância. É curtinho, mas vital para a nossa história.

Por favor, leiam todos os capítulos, daqui em diante, com "Iris" do Goo Goo Dolls em suas cabeças. A fanfic foi baseada nela e, basicamente, entramos em sua reta final.

Bem, boa leitura!



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03 de Dezembro de 2012. Um hotel qualquer na estrada, longe de Lima.

“And the fight for you is all I’ve ever know... So, come home.”

(Come Home, OneRepublic)

A neve ainda não caía, porém, pela fresta entre as cortinas escuras, enxerguei o céu fechado permeado por preguiçosos raios solares. O clima esfriara durante a noite e eu estava acordada há várias horas. Porém, o sono e o calor que emanava do corpo de Rachel estavam me entorpecendo. Sem dores. Sem pesadelos. Sem desespero.

Eu estava entorpecida por uma aura que há muito tempo não sentia: tranqüilidade. Aquele quarto assumira outro significado. O local não mais me prendia e me sufocava com o medo de enfrentar a realidade lá fora... Agora, ele era um refúgio que, somado ao corpo pequeno enganchado ao meu só me davam ainda mais forças para enfrentar qualquer que fosse o perigo do lado de fora. Cada pedaço do meu corpo parecia melhor, rejuvenescido... E minha alma não estava mais aos pedaços.

Rachel me reconstruíra, mais uma vez. E novamente, ela retirara todos os cacos de vidro que ainda estavam fundo em minha pele e tratara de cada perfuração. De novo, ela pegara meu coração machucado e desacreditado e com um ato simples, de total devoção e do mais profundo amor (o qual eu ainda achava não merecer), injetara nele a mais pura vitalidade. Eu não deveria mais temer e muito menos, duvidar. Eu nascera para amá-la e não havia mais nada que pudesse nos separar.

Porque nossas almas se uniram quando, materialmente, nossos corpos se fundiram. Porque a respiração pesada e ofegante dela era o mais belo som que eu já tinha escutado. Porque o corpo trêmulo dela aninhado ao meu próprio corpo fazia o meu próprio tremor parar. A pele quente dela trazia o calor que a minha há muito perdera. As batidas do coração dela calavam o tique-taque maldito em minha cabeça... A vida de Rachel se perdia na minha. Ela me fazia viva. Materialmente, emocionalmente, sentimentalmente... Para sempre.

Respirei fundo e olhei para cima, encarando o teto. Eu sabia que tinha um sorriso bobo em meu rosto. Mas estava impossível conter toda aquela energia que se instalara no meu peito desde a noite passada. A conexão estabelecida entre mim e a Rachel, simplesmente reanimou tudo que estava morrendo dentro de mim e isso nada tinha a ver com o caráter físico e emocional e sim, com a entrega... Ela se entregou em mim, ela confiou em mim. Só isso bastaria. Mas não, ela trouxe mais. Ela trouxe mais amor em cada gesto e em tudo que trocamos ontem.

Eu não poderia estar melhor.

– Já está pensando, amor? - A voz falha e levemente arrastada de Rachel soou como melodia aos meus ouvidos. Eu não precisei nem olhar para baixo para perceber que ela estava com sono e, provavelmente, um pouquinho irritada por ter acordado. Ri baixinho e afaguei seu braço que estava enganchado no meu quadril e suspirei, antes de responder:

– Não era nada demais dessa vez. Só me lembrando da noite passada.

– Tem certeza que quer só lembrar? - Rachel soou extremamente desperta agora, ela ergueu o corpo e logo estava sobre mim, olhando-me com um olhar divertido e um sorriso malicioso. Pude sentir o calor chegar até minhas bochechas. Ela realmente não sabia como estava sensual com os cabelos bagunçados e os olhos brilhando. - Poderíamos reforçar suas lembranças fazendo, novamente, a noite passada acontecer. O que acha?

Eu não tive tempo para responder, pelo menos, não verbalmente. Mais uma vez, eu e Rachel colidimos. A boca dela encontrou a minha e mal tínhamos nos sentido quando começamos a batalhar por espaço dentro da boca uma da outra. Eu a puxei mais para perto pela cintura e respirei fundo, sentido o cheiro dela entorpecer cada pedaço da minha mente. Inverti nossas posições e me coloquei sobre ela, ainda estávamos nuas e eu conseguia sentir cada pedaço da pele dela junto a minha. E o calor de Rachel não mais me queimava, agora, ele aquecia e penetrava em minha pele, chegando ao meu coração.

Afastei-me em busca de ar e abri os olhos, um pouco perdida diante de tantos toques vivos e quentes em mim, meus olhos encontraram os castanhos de Rachel que estavam diferentes dessa vez. Eu já os tinha visto de muitas formas: cansados, nervosos, perdidos, preocupados, apaixonados... Mas aquela profundidade, aquela energia que eles irradiavam... Eu não saberia descrever nem se soubesse o que ela sentia. Continuei a observá-la e ela sorriu, preguiçosa, beijando-me em seguida para perguntar curiosa:

– O que você tanto observa?

– Seus olhos. É a primeira vez que eu não consigo interpretar o que você sente através deles. - Respondi ainda observadora e pude ver rugas se formarem na testa da minha morena, beijei-lhe ali e logo ela relaxou. Sorri para ela e entremeei minha mão em seus cabelos castanhos, puxando-a para mim de novo.

Eu não podia lê-la naquele momento, mas estava sentindo-a. Rachel exerceu ainda mais o controle sobre o beijo, aprofundou-o de tal forma que me vi apertando sua cintura e descendo minhas mãos por suas coxas. Eu estava perdendo o controle, minha mente estava nublada e eu não sabia se era o amor ou o desejo ou ambos que guiavam meus instintos. Rachel inverteu novamente nossas posições, no nosso familiar jogo de quem dominava e se afastou, lentamente. Eu não a deixei ir tão longe e meu corpo inclinou-se em sua direção até que eu estava sentada na cama, com ela em meu colo. Afaguei suas costas e ela desacelerou o beijo, separando-se de mim com um sorriso e contemplando minha careta frustrada com gargalhadas. Franzi a testa e ela, carinhosamente, beijou minha têmpora. Em seguida, me abraçou e murmurou, rouca, em meu ouvido:

– Eu sinto tudo isso, Q... Desde o desejo a segurança, passando pelo amor, pelo carinho e pela devoção. Eu não sei te explicar o que meus olhos significam, nem te dizer o que eu sinto. É impreciso, é único, é tudo e, principalmente, é seu.

Minha visão ficou embaçada e eu não pude recebê-la de outra forma, senão, engolfando-a em meus braços. Aquele corpo pequeno se encaixava tão bem ao meu que não havia outra explicação, sem ser a divina. Alguém realmente me criara para ela e ela para mim. Nada podia ser tão perfeito como era conosco. Respirei profundamente e puxei seu rosto para mim, beijando-a com desejo e deitando-a, novamente, na cama.

Estávamos tão presas em nosso mundo que as batidas na porta nos fizeram afastar uma da outra, assustadas. Rachel olhou para mim buscando respostas e eu sabia que meu olhar estava semelhante ao dela. Minha morena me empurrou levemente e caminhou até a porta. Olhou através do olho mágico e suspirou aliviada, virando-se para mim com um sorriso decepcionado, antes de dizer com um sorriso de lado:

– Salva pelo gongo, Q.

Eu fiquei estática na cama, observando-a caminhar até o banheiro e se trancar lá dentro. Eu respirei fundo e me levantei, coloquei minhas roupas da noite anterior escutando mais batidas, a pessoa estava impaciente do outro lado da porta. Caminhei em direção às batidas, tentando dar um jeito em meu cabelo enquanto andava. Abri a porta de supetão, confiando no julgamento de Rachel e não consegui ver quem era no meio dos meus cabelos.

– Alguém transou hoje! - Escutei uma voz feminina e irônica que, repentinamente, me assustou. Assentei meus cabelos da melhor forma que eu pude conseguir em meio a pressa e olhei para as três pessoas paradas na soleira do meu quarto de hotel.

Santana Lopez estava escorada no batente, com um sorriso sacana no rosto e uma expressão maliciosa, proveniente do que acabara de falar. Noah Puckerman estava atrás dela, com o olhar vidrado no meu pescoço, tinha certeza que ele observava um dos roxos deixados por Rachel na noite passada. Brittany S. Pierce estava agarrada ao braço de Santana e dava pulinhos de satisfação enquanto sorria.

Eu tinha certeza que abrira e fechara a boca diversas vezes. Estava assustada demais para falar alguma coisa. Como eles tinham nos encontrado? Não era para ninguém vir atrás de nós... Ainda mais agora que tudo estava, finalmente, dando certo. Estava engolindo em seco quando senti braços finos envolverem minha cintura pelas costas. Rachel surgiu atrás de mim, ainda abraçada ao meu corpo e com um sorriso cansado. Minha morena suspirou e respondeu atrevida:

– Nossa vida particular não lhe diz respeito, Santana!

– Olha só, Fabray... Tá comendo a Berry direitinho, ela até está mais corajosa! - Santana comentou sarcástica enquanto Rachel corava e escondia o rosto em minhas costas. Noah riu que nem um idiota, e Brittany deu um sonoro tapa no braço da namorada que rapidamente fechou a cara. Eu suspirei e perguntei irritada:

– O que estão fazendo aqui?

– Você realmente precisa aprender a desligar o GPS do seu celular, Q! - Brittany bronqueou com um sorriso brincalhão e eu não pude deixar de retribuir e me aproximar, envergonhada da minha falta de noção, e abraçá-la. Britt me envolveu em um abraço caloroso e beijou o topo da minha cabeça, me separei dela sorrindo e Santana se aproximou. Porém, eu a impedi de se aproximar, erguendo minha mão e disse séria:

– Ainda não, Lopez. Você não tá merecendo depois de destilar seu veneno.

Santana fez uma careta e mesmo assim se aproximou de mim, contra a minha vontade, me abraçando e dando um beijo estalado no meu rosto. Eu dei risada e logo, nosso abraço acabou envolvendo os outros. Ficamos, um bom tempo, abraçados até que Rachel me puxou levemente pela cintura e nos afastamos, olhando para os três. Santana entrou no nosso quarto e olhou com nojo para a cama antes de perguntar:

– Vocês transaram aqui?

– Ah, cale a boca, Lopez. Sente logo! - Noah se pronunciou pela primeira vez, entre risadas, e empurrando a minha amiga para a cama. Santana mal tinha se sentado quando pulou de novo, xingando Noah em espanhol de todos os nomes possíveis. Brittany parou ao meu lado e de Rachel e perguntou séria:

– Como vocês duas estão?

– Estamos bem. - Rachel respondeu com um sorriso mais tranqüilo, mas sem tirar os olhos castanhos de mim. Eu a apertei junto a mim e senti Brittany afagar meu ombro, olhando com aprovação para nós duas. Era irônico, mas Britt parecia nossa mãe naquele momento. - Nossos problemas já foram resolvidos.

– Resolvidos na cama, aparentemente. - Noah comentou entre as próprias risadas e as gargalhadas de Santana. Eu olhei feio para os dois e eles rapidamente se seguraram, só para desatarem a rir depois, dessa vez, mais escandalosamente. Observei Britt caminhar até Sant e dar um tapa no braço dela, minha amiga latina logo ficou séria e Noah se assustou. Os três nos olhavam sérios naquele momento, Santana respirou fundo e nem parecia mais a mesma louca que ria quando disse:

– Seus pais estão preocupados.

– Ah claro, foram eles que pediram para você vir atrás de nós? - Perguntei exaltada, saindo do meu controle. Rachel entrelaçou seus dedos com os meus e eu respirei profundamente, procurando me acalmar.

Mas eu estava, de novo, com medo de que a situação com nossos pais pudesse estragar tudo. Eu era fraca e tinha medo de que, mais uma vez, eu sucumbisse aos meus surtos e acabasse descontando em Rachel.

Os três olharam incrédulos para nós. Santana parecia exaltada que nem eu, sua expressão estava fechada, ela estava prestes a descer o Lima Heights em cima de mim. Noah percebeu o clima pesado e respondeu sincero:

– Pelo contrário, S já sabia onde vocês estavam e ficou quieta quando perguntaram se um de nós três sabíamos de vocês... Viemos antes para tentarmos levá-las de novo para Lima.

– Por que deveríamos voltar? - Dessa vez, Rachel quem saiu um pouco do controle e esbravejou entre dentes. Eu a puxei para perto de mim e ela me encarou furiosa antes de se aconchegar no meu abraço. Beijei-lhe o topo da cabeça e ela pareceu se acalmar, ao menos, a respiração ritmou normalmente. - Não é como se eles realmente quisessem que fôssemos ser felizes em Lima.

– E não é fugindo que vocês resolverão os problemas, Berry. - Santana bronqueou madura e me surpreendendo, ela parecia realmente estar se esforçando para colocar algo em nossas cabeças. Trocamos olhares e, antes mesmo que ela falasse, eu sabia que ela estava certa. Essa era uma estranha conexão que possuíamos. - O que vão fazer quando tiverem problemas de novo? Não adianta fugir. Vocês têm que voltar atrás e enfrentar tudo. Do que adianta viver em função uma da outra? Para onde irão quando brigarem entre si?

Por mais que eu e Rachel tentássemos parecer impassíveis e decididas, as palavras de Santana mexeram com a gente. Minha morena respirava profundamente e não mais tinha o olhar obstinado em relação à Santana, agora, ela encarava o chão aos seus pés e apertava minhas mãos que envolviam sua cintura. Em relação a mim, eu estava estranhamente tranqüila, pois Santana estava certa, ela dera voz às questões que eu mesma vinha me perguntando. Nós tínhamos que voltar a falar com nossos pais.

– Rach, os senhores Berry choraram a noite toda depois que perceberam que você não ia voltar. Eles recorreram até ao Mr. Schue. - Noah falou preocupado e se levantando da cama, ele se aproximou de Rachel e ela soltou-se de mim para abraçá-lo. Eu fiz uma careta, literalmente enciumada, mas Noah agitou a cabeça negativamente e fez sinal para que eu ficasse calada.

Santana e Brittany me levaram para fora do nosso quarto de hotel e nos sentamos em um velho banco de madeira no corredor. Cada uma passou um braço sob meus ombros e eu bufei, não sabia se era por ciúmes ou qualquer outra coisa, só não estava satisfeita com Rachel procurar conforto e consolo em outros braços. Britt bateu em minha têmpora e disse meiga:

– É disso que falamos. Vocês não podem viver uma em função da outra... Existe um mundo lá fora, Q. E vocês terão que enfrentá-lo juntas.

Não pude deixar de pensar que, na verdade, quem enfrentaria aquele mundo era Rachel e ela enfrentaria tudo sozinha, sem a minha presença e meu apoio. O meu relógio vital estava correndo, o tique-taque estava batendo e cada hora passada refletia em minha mente e em meu coração. Por mais que Rachel me desse todo o amor necessário para me devolver à vitalidade, eu estava condenada a amá-la pela eternidade, não estando com ela durante boa parte da sua vida. Inconscientemente, eu chorei e me entreguei aos braços calorosos de S e B. Respirei fundo entre os soluços e suspirei pesadamente, quase me afogando em minhas próprias lágrimas.

Eu me comprometera a dar o melhor que eu pudesse dar a ela naquela curta segunda chance que me fora dada. Mas parecia que, quanto mais era dado, mais se era tirado de mim. Eu faria qualquer coisa para ficar mais tempo com ela... Eu desistiria da promessa da eternidade só para passar mais quarenta, cinqüenta, sessenta ou mais anos com ela. Eu queria tocá-la, eu queria abraçá-la, eu queria beijá-la... Mas no tempo presente, no nosso presente, sem ter que esperar mais todo esse tempo para tê-la.

Segundas chances vinham para mudar o destino, porém, existiam momentos em que elas vinham apenas para piorar as situações. Eu não reclamaria, jamais, da chance que estava tendo... Mas eu pedia mais generosidade, mais compaixão para aquele ou aquela que me colocara nessa situação. Eu queria mais tempo, eu precisava de mais tempo... Eu sabia: eu não estava pronta para dizer adeus a Rachel.

B acariciava os meus cabelos e ainda o fazia quando, enfim, ergui minha cabeça. Me surpreendi ao ver que ambas também choravam. A porta do quarto foi aberta e Noah saiu por ela, puxando Rachel pela mão. Meus olhos focalizaram os dois de mãos entrelaçadas e eu apenas desviei o olhar, sentindo um amargo gosto em minha boca. Rachel arregalou os olhos quando percebeu que eu chorara e se ajoelhou entre minhas pernas, segurou meu rosto entre suas mãos e apenas seu olhar foi capaz de me desarmar.

Respirei fundo e olhei para meus três amigos e disse:

– Tudo bem, nós vamos voltar.

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Notas finais do capítulo

O que acharam?

Bem, posso dizer que consegui retomar as rédeas e me colocar no lugar da Quinn, estava sentindo falta disso por aqui.

Porém, perceberam que existem alguns subtextos no capítulo, certo? Espero que vocês os tenham encontrado. Aguardo comentários sobre isso!

E entenderam por que é tão difícil para Quinn aceitar a inevitabilidade de seu destino? :) "Everlasting" já tá funcionando como uma espécie de terapia diante de tantos conflitos emocionais HSAUSHUASHUAS

Pois comentem, quero feedback!
E mais, fico muito contente de, finalmente, ter voltado a pegar a mão dessa história.

Beijos e até a próxima,
FerRedfield



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