Everlasting escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 2
Capítulo 1: Frio e Sangue


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Antes de tudo, queria agradecer a todos pelos comentários... Eu não esperava que "Everlasting" fosse agradar por causa do prólogo, mas fico feliz em ver que vocês estão sempre abertos para novas histórias *-*
Bem, quero deixar claro, mais uma vez, que essa fanfic é um conjunto de crenças MINHAS e somente MINHAS. Não quero ferir ninguém com o que eu escrevo, quero apenas escrever um bom romance.
Boa leitura!



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            A única coisa da qual eu me lembro antes da minha consciência ser puxada para fora do meu corpo terreno é o meu agonizar. Eu fiquei tremendo e soluçando por alguns bons minutos antes de alguém passar por aquela rua deserta e ver meu carro capotado. E conseqüentemente, ouvir o meu choro naquela noite silenciosa e fria.

            Eu me lembro de sentir as lágrimas congelarem em meu rosto enquanto uma neve fina começava a cair... Também me lembro da dor, daquela dor lascinante que, praticamente, tomava meu corpo por inteiro. Também me lembro de me olhar em um caco do espelho retrovisor e ver meu rosto arranhado e ensangüentado enquanto sentia o gosto do sangue em minha boca.

            Depois de minutos sozinha no frio e no silêncio, veio o som ensurdecedor de outro carro a derrapar no asfalto liso, seguido por uma voz que perguntava se estava tudo bem... Era claro que não estava tudo bem, mesmo com a dor cegando a mim e aos meus pensamentos, eu podia sentir que as coisas não estavam boas.

            Na verdade, estavam péssimas. Eu quase não podia sentir mais o meu corpo e a Terra.

            Mas no meio da dor, do desespero e da sensação de estar morrendo... Eu reconheci aquela voz. E eu também reconhecia o ronco do motor ainda ligado próximo a onde eu estava. Por isso, não me surpreendi quando vi (mesmo diante da minha visão embaçada) o moicano de Noah Puckerman e a careta de espanto dele.

            - QUINN?! QUIIIN? FALA COMIGO, POR FAVOR!

            Eu não podia, eu não conseguia falar com ele. Tentei dar um sinal de vida, esticar o braço... Mas eu não consegui. Tudo ficou intensamente branco por alguns instantes e eu pude ver o rosto amedrontado dele antes de meus olhos se fecharem.

            No instante seguinte, eu senti.

            Um puxão no umbigo e minutos depois, eu vi que já não estava mais na Terra. E parecia tudo tão claro e tão livre ali... Era como um porto seguro após todos aqueles minutos de agonia e desespero. Eu podia olhar tudo e todos, mas enquanto ainda permanecia ligada com a Terra, eu vi tudo que as pessoas, com as quais eu me importava, faziam.

            Puck andava de um lado para o outro, desesperado enquanto ligava para a emergência. Eu sorri triste diante da atitude dele. Meus pais estavam sentados na sala de estar, olhando incomodados para o relógio e se perguntando onde eu estava. Kurt e Mercedes faziam compras com Blaine, eu senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto enquanto via suas risadas. Frannie estava discutindo com o marido porque ele chegara tarde em sua casa, os olhos furiosos dela me lembravam meu pai...

            E por último, ela me veio à mente. Rachel andava de um lado para o outro e mordia as unhas em desespero, no seu quarto, a nossa foto estava ao lado de sua cama. Eu sabia que tinha morrido, mas eu não pude deixar de sorrir diante do nervosismo dela, ela era adorável e eu sequer dissera isso a ela. E foi nesse momento, ao vê-la atender um telefonema e sair desabalada pela porta que eu entendi a intensidade do que acontecera: eu estava morta e não havia nada que pudesse mudar isso.

            Eu nunca voltaria a estar com ninguém e principalmente... Eu não estaria mais com Rachel. Eu tentei voltar, eu desci do galho em que estava sentada observando tudo e corri desesperada para onde meu corpo estava. Eu me ajoelhei, eu esperei sentir alguma coisa me puxando de volta... Mas não havia nada. Apenas aquela leveza, aquela paz que agora já não me pareciam certas.

            Mas eu não queria aquilo!

            Eu queria todo aquele estardalhaço e aquela loucura de estar viva. Eu me levantei e fiz uma coisa que achei ser idiota: eu parei em frente a Puck e tentei fazer alguns sinais. Cheguei a tocá-lo, mas só pude ver as lágrimas dele e nenhuma compreensão. Eu me sentei no asfalto frio com a cabeça entre os joelhos.

            Ouvi a ambulância chegar e vi todos os esforços deles em me salvar. Puck era segurado por um policial que acabara de chegar e cercar o local. Ele gritava e chorava cada vez que olhava para o acidente, eu só não queria que tivesse sido ele a me encontrar...

            Minhas lágrimas escorriam e eu mordia o lábio. Pensei em gritar para que me ouvissem, mas eu sabia que era impossível. Mesmo ardendo em cada pedaço de mim, eu pude ver meus machucados se fechando enquanto eu deixava a Terra aos poucos. Eu voltei a me afastar da cena, caminhando a passos pesados quando escutei a voz dela:

            - Aquele é o carro da Q! Puck, o que está acontecendo aqui?

            - Rach... Eu... – Puck não conseguia falar, mas eu tenho certeza que ela leu nos olhos dele o que tinha acontecido. Ela forçou passagem entre Puck e o policial enquanto eu caminhava e me colocava ao lado dela. Eu podia sentir o que ela sentia, diferentemente de ver o que o Puck fazia. Rachel estava desesperada e eu pedia, mudamente e olhando do policial para Puck, que eles a segurassem.

            Eu queria que Rachel se lembrasse de mim como eu estive com ela na nossa última vez: sorrindo, pele quente, lábios vermelhos e sem arranhões. A Q que cortara um monólogo extremamente irritante sobre as Nacionais jogando uma almofada nela enquanto víamos o The Voice em sua casa.

            Rachel pareceu ter cansado de tentar, para meu alívio. Puck a pegou em um abraço de urso e ninou-a enquanto tentava permanecer forte por ele e por ela. Meu Puckssauro olhava firme para o meu carro capotado, as lágrimas chegavam aos seus olhos, mas ele parara de chorar desde que Rachel chegara ali.

            Uma pequena multidão se formara e tudo que eu queria era que eles fossem embora. Eu não era nada para eles, nada comparado ao que era para aqueles dois. De uma forma macabra e desconhecida, eu fiquei mais calma quando percebi que ninguém se preocupara em avisar meus pais. Eles não precisavam disso, pelo menos não agora que, pelo que eu pude ver, tinham começado a jantar.

            Eu fiquei ao lado de Puck e Rachel por todo o tempo. Eu observei quando o paramédico veio até os dois e, com uma expressão cansada e derrotada, anunciando que eu não estava mais ali. Eu vi Rachel desabar nos braços de Puck e tentar se desvencilhar dele e ir até o meu carro... Eu senti a dor dela como se fosse a minha.

            Puck a apanhou e a segurou mais forte.

            - Rachel, ela não ia querer que você visse isso. Por favor, você precisa ir para casa. Eu ligo para os outros e falo com os pais dela.

            - Eu não vou deixá-la sozinha aqui, Puck! – Rachel murmurou soluçante e cada lágrima que caiu na face dela provocou um revirar em mim. Eu tentei tocá-la novamente, mas não consegui. Eu mesma estava me segurando para não sair correndo dali. Puck suspirou e limpou as lágrimas que escorriam do próprio rosto, meu Puckssauro parecia tão pequeno agora, tão inseguro... Ele afagou o rosto dela e disse severo:

            - Eu sei o quanto você a amava e também sei o quanto ela estava te protegendo agora... Mas Rachel, ela não quer que você veja isso.

            Como assim? Rachel me amava? Eu olhei para ela em busca de respostas, mas senti que ela batalhava com seus sentimentos. Entre o acreditar e o não acreditar... Ela não me queria longe dela e eu não podia deixá-la.

            Rachel deu uma última olhada para o carro, mas eu sabia que ela tinha desistido. Ela acenou com a cabeça e foi de encontro aos pais que estavam a esperando. Rachel foi abraçada por Hiram e Leroy enquanto eu observava tudo. Eu me aproximei deles e me coloquei ao lado dela.

            Estendi a mão para tirar um cabelo dela que estava caindo em seu olho, uma mania que eu tinha quando ela ria e eu perdia o foco daqueles olhos castanhos... E como mágica, eu senti o calor da pele dela em meus dedos. Os olhos de Rachel se arregalaram e ela olhou por cima do ombro a procura de algo que eu sabia que ela não encontraria.

            Tentei tocá-la de novo, mas meus dedos não alcançaram sua pele novamente.

            - Você está bem, estrela? – Leroy perguntou preocupado e eu pude ver que ele também tinha lágrimas nos olhos enquanto olhava a filha, Hiram chorava abertamente em seu ombro. Rachel derramou mais algumas lágrimas e entre soluços, respondeu:

            - Eu acho que ela ainda está aqui, comigo.

            - Ela sempre vai estar, querida... Ela prometeu, lembra-se? – Leroy sorriu triste e eu pude ver que era ele quem sustentava aquela família de pé. O coração dele estava intacto enquanto o de Rachel e de Hiram estava destruído... Rachel tornou a chorar enquanto agarrava a camisa do pai.

            Eu prometi estar do lado dela, só não sabia se aquilo era justo comigo e com ela. 


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Notas finais do capítulo

Bem... Espero que tenham gostado. Esses capítulos em POV da Quinn são bastante necessários. Esse tipo de escrita não é meu, eu me baseei em Alice Sebold no livro "The Lovely Bones" para fazer essa observação terrena para Quinn.
Aguardem que nos próximo capítulo, teremos uma grande revelação. O por que de apenas Rachel senti-la.
Bem, enquanto isso, escrevam reviews!
Beeijos (: