Everlasting escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 18
Capítulo 17: Medo


Notas iniciais do capítulo

Madrugaaaaaaaada, galera! :)))
Como vocês estão?
Eu estou bem, ainda de férias e com um bloqueio incrivelmente difícil de transpor. Principalmente com "Everlasting" :/ Engraçado que, antes, eu tinha uma facilidade absurda de escrevê-la, mas agora... Tá complicado.
Mas enfim, escrevi o capítulo e ele é menor porque é uma continuação do capítulo passado em que achei que os sentimentos não foram bem expostos. Portanto, se preciso, leiam o anterior de volta :D
Enfim, boa leitura!



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Noite. 01 de dezembro de 2012. Em algum lugar na estrada.

“I was made to keep your body warm but I’m cold as the wind blows... So, hold me in your arms.” (Kiss Me, Ed Sheeran)

            - Vamos parar um pouco, por favor? – Rachel perguntou um pouco sonolenta quando viu a placa que indicava um posto de gasolina a alguns metros. Eu desacelerei o carro e o conduzi para o acostamento, respirando fundo e apertando o volante de tal forma que meus dedos estavam pálidos. – O que foi, meu amor? Não quer parar?

            - Não, está tudo bem, Rach... Temos que abastecer mesmo. – Respondi um pouco fria, quebrando um pouco o clima dentro do carro. Pude sentir os olhos castanhos de Rachel me estudando, assim como escutei o sonoro suspiro que indicava perfeitamente que ela estava um pouco irritada comigo.

            Sorri quando parei o carro e puxei o freio de mão. Ela estava prestes a descer do carro quando eu a puxei, levemente, pelo pulso. Os olhos castanhos me focalizaram com irritação, eu dei um sorriso de lado e beijei seus lábios, mordiscando-os em seguida. Rachel sorriu entre o beijo e risonha, me perguntou:

            - Por que você, sempre, vira as discussões ao seu favor?

            - Porque eu tenho boas técnicas de te manter calada. – Respondi com um ar sarcástico e arqueando a sobrancelha, exatamente do jeito que ela gostava. Rachel fez um bico e ganhou mais um beijo nos lábios, dessa vez, foi ela que me mordeu no queixo antes de sair correndo do carro e ir para a loja de conveniência do posto.

            No exato instante em que Rachel saiu do carro, pude ver pelo retrovisor que a minha expressão mudou completamente. Foi como se a frágil máscara de felicidade se rompesse... Aliás, sempre era assim. Eu só estava feliz quando Rachel estava próxima a mim, ela funcionava como um antídoto passageiro para todo o veneno que me consumia desde aquele dia em que compreendi o que eu estava vivendo.

            Quanto mais tempo eu passava perto dela, mais meu coração se aquietava e meu interior se preenchia daquela energia quente e viva... Mas em pequenos momentos, como aquele, em que ela se afastava, eu podia sentir toda a escuridão disposta a me levar novamente. Eu podia escutar o conflito dentro de mim porque, mesmo que eu estivesse fazendo-a feliz naquele momento, nada superaria a dor que ela teria que carregar depois.

            Mais uma vez aqueles malditos pensamentos... Quantas vezes, durante aquela estadia na Terra, eu teria que passar por tantos conflitos?

            E por que, justamente hoje, quando enfim fugimos e fomos buscar nossa felicidade, as coisas tinham que se tornarem ainda mais grotescas dentro de mim?

            Balancei a cabeça negativamente e fui até a mangueira de gasolina para abastecer o carro. Enquanto observava os ponteiros da bomba de combustível se mexer, observava a loja de conveniência. Rachel estava parada ao lado de uma prateleiras de guloseimas e olhava tudo com bastante nojo, eu ri, com certeza, os preciosos produtos vegans dela não estavam ali.

            Houve um pequeno bipe avisando que o carro estava completamente abastecido. Retirei a bomba e a coloquei no lugar, depois, tranquei o carro e tirei a carteira do bolso. Fui até a loja de conveniência e me coloquei atrás de Rachel, ela, instintivamente, me abraçou de lado e entregou os produtos que escolhera: uma garrafa de suco e um pacote de biscoitos orgânicos.

            - US$ 11,74 senhoritas... – O atendente disse prestativo até demais, com um sorriso de orelha a orelha para Rachel. Eu arqueei a sobrancelha enquanto a minha garota corava, envergonhada. Crispei os lábios e o ingrato ainda teve a capacidade de piscar descaradamente a ela. – Posso ajudá-las em mais alguma coisa?

            - Ah não só pode, como deve. – Respondi bruscamente, no maior estilo cheerio. O rapaz virou-se abruptamente para mim, ele tinha espinhas por todo o rosto e deveria ser mais novo que nós duas. Senti Rachel apertar minhas costas, em um pedido calado para que eu parasse, mas eu não ia parar enquanto aquele babaca não cessasse com as gracinhas. – Quero que coloque esses produtos junto com a conta da bomba no 3 e também quero que espere, porque vamos comprar mais algumas coisas.

            - Você não vai pagar pelo que eu vou consumir, Q. – Rachel protestou um pouco emburrada e fazendo beicinho. Eu não resisti e me aproximei dela, sorrindo. Ela sorriu de volta e trocamos um selinho ali mesmo. Acredito que o rapaz, provavelmente, deve ter tido uma ereção, porque quando me virei para ele novamente, ele só acenava com a cabeça e fazia os cálculos em silêncio.

            Com o melhor dos meus sorrisos malvados, conduzi Rachel até a seção de guloseimas e apanhei dois pacotes de batatas fritas, alguns chocolates e algumas garrafas pequenas de refrigerante. Lógico que ela olhou feio para o meu cardápio improvisado, eu apenas dei de ombros e apertei-a mais próxima a mim, sentindo calor do seu corpo fazer milagres em minha pele fria.

            Antes de ir ao caixa, meus olhos encontraram um terminal bancário eletrônico próximo à caixa. Uma ideia lampejou em minha mente e eu parti imediatamente para executá-la: um desaparecimento só era considerado como tal quando a pessoa sumia por mais de 24 horas. E eu tinha certeza que meus pais não bloqueariam minha conta até amanhã. Por isso, rapidamente e surpreendendo Rachel, fui até o terminal e entrei em minha conta.

            Uma quantia razoável fora transferida, obra dos meus pais, é claro. Mas ainda existiam cerca de US$ 2500,00 no saldo. Saquei todo o dinheiro e o coloquei dentro da bolsa sem cerimônia. Depois me encaminhei ao caixa e coloquei os produtos sobre o balcão, o rapaz sequer olhou para mim e Rachel dessa vez. Simplesmente passou os produtos e anunciou:

            - US$ 78,45, senhoritas.

            Entreguei o dinheiro contado a ele, não iria dar gorjeta nenhuma aquele descarado. Depois, puxei Rachel comigo e saímos da loja de conveniência. Abri a porta do carro a ela e retomamos viagem. Depois de 5 minutos em que somente o som de Greg Laswell preenchia o carro, ela respirou fundo e temerosa, perguntou:

            - Você não ficou brava comigo, não é?

            - Claro que não, por que ficaria?! – Respondi rápido demais e seca demais, por assim dizer. Com os olhos pregados na escuridão da estrada, eu pude senti-la me observar com os olhos cansados. Eu me perguntava quantas vezes eu a magoaria antes de machucá-la de vez...

            - É que você estava com ciúmes e eu...! – Fiquei esperando-a, mas ela não disse nenhuma frase. Apenas terminou com um suspiro e um chacoalhar da cabeça. Parecia estar escondendo ou temendo dizer algo. Uma espécie de alarme apitou dentro de mim, algo a perturbava. Eu apertei as mãos no volante e perguntei preocupada:

            - Você o quê, pequena?

            - Eu só... – Rachel travou de novo, dessa vez ela engoliu em seco e baixou o olhar para as mãos que estavam entrelaçadas sobre o colo. Ela, então, olhou para a janela e mais alguns quilômetros passaram entre nós. Resolvi não pressioná-la, Rachel precisava de um tempo para ela, aparentemente.

            Eu respirei fundo, o gosto amargo já tradicional preenchia a minha boca. Eu tinha uma leve ideia do que se passava na mente dela naquele momento e também sabia que, quando chegasse a hora, ela sofreria e talvez, não se reergueria. Nada tirava da minha cabeça que ela podia jamais se recuperar. Nada tirava de mim que eu estava sendo egoísta e nada podia mudar meus pensamentos, pois eu tinha certeza que somente aqueles poucos dias não lhe valeriam a felicidade de uma vida inteira.

            Focalizei a estrada, controlei meu coração e minha mente... O estrago estava feito, eu joguei as cartas e venci a rodada, mas não o jogo. Naquele jogo, todos sairiam perdendo, principalmente ela. Por que eu voltara? Eu não sabia lidar com aquilo. A cada dia que passava, eu me via fazendo mais besteiras... Afastava-a de seus amigos e seus pais, eu desviava o foco de seus sonhos, eu a fazia acreditar em algo irreal... Que tipo de merda eu estava fazendo?!

            - Só tenho medo de te perder.

            Enfim, ela disse.

            Ela proferiu as palavras que eu não queria que ela dissesse. E assim que essas palavras entraram em meus ouvidos e foram interpretadas pelo meu cérebro, o que doeu, foi meu coração. Ele quase explodiu, na verdade. Meus olhos se encheram de lágrimas diante da realidade de saber do meu futuro trágico quando ela acreditava que seria feliz comigo para sempre.

            Eu respirei fundo, pois o choro chegou aos meus olhos e os soluços chegaram a minha boca. Me foquei na estrada e uma placa de um hotel apareceu subitamente em meu campo de visão, dirigi pelo acostamento com ela a me encarar. Estacionei o carro na frente da cabine da gerência e sem lhe responder, saí do carro.

            Olhei por cima dos ombros, ela estava grudada a minha janela, com os olhos cheios de lágrimas... Rachel era sensível às emoções alheias e se tratando de mim, não era preciso ser um gênio. Ela conseguia me ler como se eu fosse um livro infantil. Eu me expunha por completo para ela. Eu era transparente diante dela, eu a deixava entrar, eu a deixava ver. Ela me tinha e sabia exatamente o que eu sentia.

            Sorri, tentando lhe passar tranqüilidade e ela retribuiu com um sorriso enviesado e preocupado. Caminhei de costas, fiz um gesto bobo com as mãos que resultou em um coração. Pronto, agora ela rira de verdade. Para reforçar, murmurei “Eu te amo” e ela retribuiu com um “Eu te amo também”.

            Depois, dei às costas e voltei ao meu caminho. O de sempre, cabeça baixa e ombros caídos. A postura de uma derrotada, a postura de uma pessoa que caminhava já morta... Balancei a cabeça e as lágrimas presas em meus olhos caíram. Direcionei-me para recepção e pedi uma chave. Voltei ao carro e tirei Rachel de lá.

            Assim que ela desceu, agarrou-se a mim e não mais soltou. As mãos pequenas dela envolviam a minha cintura enquanto um abraço meu lhe apertava os ombros. Caminhamos lentamente enquanto eu lhe beijava o topo da cabeça de tempos em tempos. Chegamos ao quarto 13 e eu abri a porta, saí do caminho para ela entrar. Mas antes que ela fizesse isso, algo dentro de mim novamente gritou.

            Eu puxei Rachel de volta e a prensei no batente da porta. Dei um beijo nela, talvez, meu beijo mais esforçado. Envolvi minha boca na dela e explorei a sua língua com a minha enquanto apertava-lhe a cintura com uma das mãos e arranhava sua nuca com a outra. Ela, instintivamente, aproximou-se ainda mais de mim e envolveu meu pescoço. Um gemido e meu corpo todo se acendeu, o ar puro voltou e o pessimismo imediatamente se dissipou de minha cabeça. Nos abraçamos e eu trouxe seus olhos aos meus, encostando nossas testas.

            Ela me olhou com um sorriso de lado e corando, disse:

            - Me desculpe por agora pouco.

            - Eu não vou te deixar, jamais se esqueça disso. Não importa o que aconteça, não importa o que se transponha entre nós, tudo bem? Só nunca se esqueça disso. Eu sou eternamente sua, isso não muda. Eu te amo, para sempre. É eterno, ok? – Eu disse tudo de supetão e eu mesma senti a intensidade em minhas palavras, mas somente a resposta corporal dela seria o bastante. Aqueles olhos castanhos lindos marejaram e ela acenou a cabeça afirmativamente, sem palavras.

            Abracei-a de novo e selei a promessa. Não importava mesmo, eu daria um jeito.

            Eu poderia morrer, mas eu não ficaria sem ela.

            Não seria um Deus, um céu ou um plano astral que me impediria disso.

            Eu poderia voltar ao pó, mas estava em minha essência... Eu amaria Rachel Berry para sempre.


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Notas finais do capítulo

Eu gostei o resultado final, mesmo nesse capítulo pequeno... O que vocês acharam?
Escrevam reviews, hein!
Beijos e até a próxima,
FerRedfield