Everlasting escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 17
Capítulo 16: Impenetrável


Notas iniciais do capítulo

FELIZ 2013, GALERA!
Sei que muita gente não deve nem se lembrar de minha pessoa, enquanto outros devem ter pedido as minhas atualizações como graça no Ano Novo... Bem, aos últimos, seus pedidos foram realizados /aquelas
HSUHUAHUAHUASHUASHUSA
Brincadeiras à parte... Muita luz para todos vocês nesse novo ano que, aparentemente, começou bem comigo tendo uma boa inspiração para a história que mais me perturbava: Everlasting.
Bem, espero que curtem esse curtinho (e essencial) capítulo! Boa leitura!



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01 de dezembro de 2012. Lima, Ohio.

“Have heart, my dear... We’re bound to be afraid, even if it’s just for a few days making up for all this mess .”

(Run, Snow Patrol)

Eu estava sumida há um dia, sim, eu sabia que estava sendo extremamente irresponsável e inconseqüente. Faltei a escola no dia anterior e passara a noite em um hotel, agora, estava dentro do carro, em frente ao McKinley. Era irresponsabilidade, não só com meus pais, mas também com ela...

Rachel mandara uma mensagem de “bom dia”, não recebendo a minha tradicional resposta, ela mandara outra mensagem no almoço. Foi a partir dessa que as outras começaram a chegar, uma atrás da outra. Eu não fiz questão de responder por que a encontraria dali a pouco. Eu só não queria que Rachel visse certas partes de mim, as partes extremamente ruins, por assim dizer.

Aquelas partes necróticas, decompostas e fétidas que vinha à tona quando meu pai voltava para a minha vida. O homem que me abandonara, não apenas uma vez, mas em duas. Sendo que, na segunda vez, abandonara também a minha mãe por uma mulher anos mais nova... O cara que eu tinha nojo por ser meu genitor e que conseguira me jogar em um buraco tão fundo que eu mal conseguira me recuperar.

Desculpe-me a força maior que me trouxe de volta, mas eu não posso perdoar uma pessoa como ele. As feridas ainda sangravam profusamente, a dor ainda era intensa e o aperto em meu peito ainda sufocava. Nenhum pai fazia aquilo. Pais de verdade eram como os Berry que protegiam a filha acima de tudo. E que, ironicamente, a filha que eu queria roubar para mim...

O engraçado era que, com a volta daquele homem para minha vida, minhas dores voltaram a ser intensas. Passei a noite em claro com meus pulsos ardendo, quando consegui fechar os olhos, a dor em minha testa me deixou a morder os lábios, tentando sufocá-la. E quando o dia amanheceu, o aperto em meu peito quase moeu meu coração e meu ar faltou a ponto de fazer meus pulmões arderem.

Como sempre, meu pai me matava aos poucos sempre que tentava voltar a minha vida.

Era sempre assim e não ia mudar. Mesmo que ele se redimisse, mesmo que ele pedisse perdão, mesmo que ele se ajoelhasse... Tem certas palavras que, quando ditas, ferem tão profundamente que nem a mais preciosa declaração de amor pode cicatrizar o buraco no peito. Assim como certas atitudes eram o necessário para que a alma de uma pessoa se quebrasse de tal forma que se tornaria incapaz de se recuperar... Para sempre.

A minha sorte, de certa forma, era que a minha alma sempre pertenceu à Rachel Berry. Pelo menos, a parte boa dela. A parte ruim, aquela da cheerio com preconceitos e julgamentos, era a que eu sempre carregava comigo e era a que Russell prezava. E graças a ele, ela fora destruída no instante em que eu derramei minhas lágrimas ao escutá-lo me expulsar de casa.

Mas, como todo golpe, os efeitos colaterais atingiram a minha parte boa. A humilhação, a solidão, o sufoco dos meus sentimentos... Tudo aquilo e muito mais estava impresso em minha parte boa, afugentando e amedrontando Rachel cada vez que eu virava esse monstro que me mostrava ser agora.

Eu tinha vergonha e esperava, de verdade, que Rachel me perdoasse mais uma vez.

Porque a culpa era dele, sempre fora...

Eu não a amei antes porque eu não compreendia o que sentia enquanto ele esbravejava aos quatro ventos que um amor como o nosso era pecado. Eu precisei morrer para criar coragem de me perdoar e perdoar a minha mãe... Eu precisei desaparecer para escutar as três palavras que, mesmo sem saber, eu esperei durante tanto tempo. Eu perdi tanta coisa por ele e não ia ser agora que ia perder tudo de novo.

Não importava se eu perderia minha mãe, mas eu não vou suportar perder Rachel de novo...

Saí do carro quando senti as lágrimas borrarem minha maquiagem e escorrerem pela minha face. Alguns alunos já tinham saído da escola e caminhavam rapidamente para seus carros ou para o treino, no caso dos atletas ou das cheerios. Procurei pela pequena multidão e encontrei a minha morena a caminhar rapidamente. Olhos no chão, passos apressados, mãos agarrando o fichário.

Não precisava de muito para eu perceber quão nervosa ela estava.

Caminhei rapidamente e parei em frente a ela, inevitavelmente, ela trombou em mim. Rachel saltou para trás, pedindo desculpas freneticamente, ainda sem erguer os olhos. Eu sorri e segurei a mão dela entre as minhas, foi aí que ela ergueu os olhos.

Aqueles malditos e sinceros olhos castanhos. Mesmo secos, revelavam que ela chorara a menos de alguns minutos. Eu era realmente um monstro, por favor. Rachel crispou os lábios, puxou a mão de mim e irritada, perguntou:

- O que você está fazendo aqui?!

- Eu vim te buscar... Algum problema? – Murmurei insegura, sabendo a resposta de minha pergunta antes mesmo de terminar, sua expressão facial sumiu com a surpresa e nela talhou a frieza. Rachel remexeu-se e cansada, tornou a questionar:

- Não me refiro a isso, onde esteve ontem? Por que não respondeu minhas mensagens?

Ela quebrou no meio das próprias perguntas. E eu fiquei parada, com as mãos ao lado do corpo, observando-a chorar enquanto eu mesma controlava a minha vontade de desabar ali. Como tradicional, algo dentro de mim gritou. Refletindo em mim a dor que ela sentia.

Receosa, me aproximei calmamente. Ela me repeliu, mas eu insisti e consegui embrulhá-la em meus braços. Fiz um refúgio para ela junto ao meu corpo e ali, ela explodiu. Rachel soltou o fichário e agarrou-se a mim, afundando a cabeça em meu peito, molhando a minha camisa. Eu respirei fundo, afaguei seus cabelos e murmurei:

- Me descul...!

- Não diga nada, por favor. Vamos sair daqui. – Rachel disse abafada, ainda escondida em mim. Carreguei-a até o carro e coloquei-a no banco de passageiro e coloquei-lhe o cinto. Ocupei meu lugar e dirigi, sem saber muito bem onde ir, deixando que a minha memória me conduzisse a algum porto seguro.

Dirigi por minutos a fio e só percebi aonde estava quando visualizei as imensas árvores que circundavam a entrada. Era o nosso parque, o nosso porto seguro. O local para onde corremos quando os pais dela a proibiram de me ver e que, agora, era o local para onde corríamos quando eu a afastara porque não sabia lidar com meus demônios.

Parei o carro e nós duas descemos, em silêncio. Caminhei à frente, mas logo escutei seus passos apressados e sua mão pequena envolver a minha. Soltei o ar que sequer percebera que prendia, Rachel encostou a fronte em meu ombro e beijou ali, enviando ondas quentes por todo meu corpo. Apertei sua mão e inclinei a cabeça, beijando seus cabelos e respirando aquele perfume de baunilha, embriagando-me nele como uma viciada, tentando esquecer-me da minha realidade...

Sentamos no mesmo banco e assumimos a mesma posição. Rachel aconchegou-se em meu peito e eu afaguei seus cabelos, procurando uma maneira de dizer a ela sobre a minha dor, sem feri-la. Só que era difícil falar de uma coisa tão ruim a uma pessoa tão pura. Rachel ia conhecer a minha podridão agora, assim como a minha covardia. Lambi os lábios, suspirei... Mas as palavras não vieram.

- Eu sei que seu pai voltou, Quinnie... Sua mãe me disse. – Rachel quebrou o silêncio violentamente, erguendo o rosto e me olhando. Dessa vez, não havia mais tristeza em seu olhar, mas sim, uma energia que me inundou e me fez sorrir tristemente. Eu afaguei a sua bochecha e beijei seus lábios, sôfrega. Ela percebeu a minha urgência e agarrou meus cabelos, suspirando pesadamente.

Nos separamos, apenas o necessário para juntarmos nossas testas e nos olharmos. Eu não queria que ela visse o lado mais sombrio de mim. Fechei os olhos e me concentrei em entoar os versos da única canção que eu sabia que seria capaz de me descrever naquele momento:

– Something unusual,something strange comes from nothing at all... But I’m not a miracle and you not a saint. Just another soldier, on the road to nowhere.

Rachel arqueou a sobrancelha para mim e eu sorri, porque ela ficava tão perfeita assim que me doíam os olhos por observá-la. Beijei-a mais uma vez e ela retribuiu, com a mesma paixão das outras vezes. Olhei fundo em seus olhos porque o que eu diria agora, seria o mesmo pedido de antes, mas com muito mais certeza e muito mais exatidão. Era o que nós duas precisávamos para sermos felizes e eu lutaria por aquela felicidade até o fim.

Respirei, contei até 10 e cantei:

– Rachel, come sit on my wall and read me the story of O... And tell it like you still believe that the end of the century brings a change for you and me.

Rachel ofegou e arregalou os olhos. Eu me afastei, sabendo que ela não aceitaria aquilo. Eu fugira e a magoara uma vez. Mas quando eu menos esperei, ela mais uma vez me surpreendeu ao me beijar e segurar meu rosto com firmeza ao dizer:

- As coisas vão mudar... Mas para melhor. Eu te amo e vou com você para onde você for.

Eu me derreti em lágrimas, o que era dor se transformou em alegria. Ela converteu tudo em cores quando era preto e branco. Rachel se levantou e me puxou pela mão, ela assumiu a direção do carro e nos guiou para a periferia de Lima e, quando eu percebi, nós duas estávamos pegando a saída da cidade.

Rumo a nossa curta, porém, imperturbável felicidade.

***


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Valeu a espera?
Me desculpem pela demora, mas Everlasting exige muito de mim e eu não estava nos melhores dias para escrevê-la. Eu não quero estragar a melhor (!) fanfic que já escrevi até hoje.
Portanto, me perdoem, mais uma vez =/
Bem, é isso... A música que a Quinn canta é "Amie" do Damien Rice, escutem, é incrivelmente linda ♥
Ah, comentem... Por favor!
Beijos e até a próxima (: