O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz.

Aristóteles

– Capítulo Quatorze –

A Mansão Malfoy

Draco estacionou em frente à mansão Malfoy, já eram sete horas da manhã quando eles entraram. Agatha e Draco a frente e os outros quatro atrás cobertos pela capa de Harry. A mansão tinha um ar arrogante e frio com seus muitos móveis e quadros antigos e caros.

- Vamos – disse Draco fazendo menção de subir para o andar de cima.

- Draco – disse uma voz grave e arrastada atrás deles, era Lúcio Malfoy – onde você... Agatha Ridgeway? Estou espantado em te ver novamente na minha humilde mansão – disse Lúcio sarcástico.

- Fui buscá-la – disse Draco superior.

- Tão cedo? E Achei que vocês não se falassem mais – disse Lúcio olhando fixamente para os dois, Harry percebeu que ele queria tirar alguma mentira dali.

- Na verdade nós retomamos a nossa amizade ano passado. – disse Agatha rapidamente – E ele me buscou cedo por que eu meio que fugi para os meus pais não saberem onde fui.

- Verdade? – perguntou Lúcio irônico.

- Sim – disse Agatha nervosa – Eu gosto do Draco e as nossas diferenças não vão mais atrapalhar.

- Mesmo tendo o Potter entre vocês dois? – perguntou Lúcio com um ar divertido – Sei que você é muito amiga dele. – ele enfatizou a palavra “muito” e “amiga”.

- Mesmo tendo o Harry entre nós dois – disse Agatha decidida.

- Perfeito. – disse Lúcio medindo a garota – Draco, eu vou ao Ministério, volto para almoçar e teremos a reunião a noite – Harry entendeu que a reunião tinha a ver com os comensais da morte se reunirem na mansão dele. Lúcio saiu da mansão e desaparatou ao lado de fora.

- Vamos subir logo – disse Draco.

Eles o acompanharam até a parte superior da mansão, seguiram por um corredor extenso, que continha muitas portas e quadros de ancestrais. Draco abriu uma das portas e eles entraram os queixos de Harry, Rony Hermione e Gina caíram, o quarto de Draco era completamente diferente do resto da mansão ele era amplo e confortável, as paredes eram pintadas de verde claro e a cama continha uma colcha verde escura com prata, havia duas poltronas e um sofá ao fundo, também havia uma mesinha com algumas bebidas, ao lado da janela que dava para o jardim havia uma escrivaninha e do lado oposto um enorme guarda-roupa. 

- Seu quarto é incrível! – disse Gina quando tiraram a capa.

- Pode visitá-lo sempre que quiser – disse Draco malicioso. 

- Sobre o que o seu pai quis dizer com essa reunião? – perguntou Agatha séria.

- Sempre direta não é Agatha? – disse Draco sorrindo de lado – Meu pai quis dizer que a minha iniciação será hoje.

- Nós temos até a hora do almoço pra achar alguma coisa – disse Hermione ansiosa.

- Já disse pra vocês que se isso acontecer, eu vou passar informações pra Ordem de qualquer forma. – disse Draco cansado – Realmente não é necessário vocês estarem aqui.

- Mas você já pensou na possibilidade da sua mãe não estar feliz? – perguntou Agatha – Se descobrirmos o que a prende a ele, vocês dois saem daqui.

- Façam o que quiserem – disse Draco se jogando na própria cama – Vasculhem em qualquer lugar, menos nas masmorras, não vão lá ou podem acabar mortos.

- O que tem lá? – perguntou Harry interessado.

- Feitiços de proteção. – explicou Draco – Feitiços que somente reconhecem um Malfoy.

- Ok. – disse Harry – Quem vai primeiro?

- Sugiro que vão Hermione e Rony – disse Gina alegre – Harry e eu podemos ficar aqui. Você se importa Harry?

- Não – disse Harry incerto.

- Quer ir ao jardim Agatha? – perguntou Draco normalmente – Temos que manter as aparências.

- Claro – disse Agatha insatisfeita com o fato de deixar Gina e Harry sozinhos.

- É melhor você levar isso com você Granger. – disse Draco entregando um pergaminho a Hermione – É um mapa da mansão, vocês podem se perder.

Enquanto Draco e Agatha se dirigiam ao jardim, Hermione e Rony colocaram a capa de Harry e saíram do quarto.

- Aonde vamos primeiro? – perguntou Rony no ouvido de Hermione o que fez os pelos da garota se arrepiar.

- Pensei em ir primeiro na biblioteca – disse Hermione baixinho.

- Ah claro a biblioteca – disse Rony debochado.

Eles seguiram pelo mapa até o andar debaixo e seguiram por um pequeno corredor até a ultima porta. A biblioteca era extremamente grande, os livros eram separados por temas, no meio da biblioteca havia uma mesa cumprida, se Hermione não estivesse ali pra descobrir alguma coisa ela passaria o dia todo lendo naquele lugar. Ela reparou ao fundo uma porta meio escondida, ela e Rony seguiram em direção a ela e entraram.

- Uau! – exclamou Rony – Não estou surpreso.

- Aqui só tem livros das Artes das Trevas – disse Hermione boquiaberta.

- O que você esperava? Lucio Malfoy é um comensal da morte.

- Olha isso. – disse Hermione apontando para um livro grosso não muito grande.

- O que foi? É só um livro. – disse Rony irônico.

- Alguém mexeu nele recentemente – disse Hermione obvia.

- Como você sabe?

- Todos os livros aqui são devidamente organizados – explicou ela calmamente – e esse está de ponta cabeça, como se alguém não quisesse ser visto e colocou de qualquer jeito.

Hermione pegou o livro e o folheou, havia uma parte que estava amarelada como se alguém o tivesse aberto várias vezes ali.

- *Alica Virtus – leu Hermione séria – Esse feitiço consiste em você guardar a sua virtude ou de outra pessoa dentro de algum objeto. Diferente da Horcrux, ele não reparte a alma, se você quebrar o objeto que a guarda, a pessoa envelhece instantaneamente e morre em questão de dias, esse feitiço uma vez feito não pode ser revertido.

- Por que você ta lendo isso? – perguntou Rony ansioso.

- Não podemos deixar passar nada. – disse Hermione séria – Vamos sair, aqui não tem mais nada. Podemos tentar no escritório.

Quando saiam da biblioteca, eles ouviram os passos de alguém descendo as escadas, ao pararem para espiar viram uma longa cascata de cabelos longos e loiros sair pela porta da frente.

          - É a Sra. Malfoy. – disse Rony.

***

Agatha estava sentada em um dos bancos do jardim, esperando por Draco, que fora procurar o elfo doméstico dos Malfoy, pois, este nunca o ouvia quando chamava. Era estranho estar ali novamente, parecia que tinha voltado ao passado e tudo estava bem, mas, não nada estava bem, ou eles descobriam alguma coisa ou Draco viraria um comensal da morte. Agatha acordou dos seus pensamentos, pois, ouvira passos de alguém se aproximando.

- Draco, você demorou. – disse Agatha sem se virar – Se perdeu na própria mansão foi?

- Agatha, o que você faz aqui? – perguntou a voz da Sra. Malfoy. Agatha se virou abruptamente.

- Sra. Malfoy. Desculpe pensei que fosse o Draco – disse Agatha ofegante. Agatha reparou que mesmo a Sra. Malfoy estando com a feição abatida, ela continuava bonita, com seu corpo esguio, seus cabelos loiros quase pratas e seus olhos acinzentados.

- Querida o que faz aqui? – perguntou mais uma vez, e esta parecia assustada.

- Eu queria ver o Draco, sabe, ontem foi aniversário dele. – disse Agatha o mais normal possível – Comprei um presente. – disse tirando uma caixinha de dentro do bolso da capa, quando abriu havia um relógio de prata com algumas pequenas pedras de esmeraldas incrustadas – A Sra. acha que ele vai gostar?

- Claro. – disse a Sra. Malfoy parecendo mais serena – Ele ama verde.

- Ótimo – disse Agatha se fazendo de aliviada.

- Pensei que você e Draco, não fossem mais amigos. – disse ela se aproximando. – Como vai a Angeline?

- Bem. – respondeu Agatha sincera – Ela sente a sua falta. – Agatha percebeu um pequeno sorriso nos lábios de Narcisa.

- Eu também sinto falta dela. – disse um pouco mais alegre – É a minha única amiga... Draco – disse ela agora olhando pra trás, Draco se aproximara com a cara irritada.

- Bom dia mãe – disse Draco se aproximando.

- Bom dia querido. – disse a Sra. Malfoy com seu tom normal – Vim saber o que você gostaria para o almoço.

- Que tal carne mal passada? – disse irônico – Tenho certeza que a cobra Nagine irá adorar.

A Sra. Malfoy olhou assustada para Draco.

- Não se preocupe Agatha já sabe de tudo referente à minha iniciação – disse Draco indiferente.

- Então você sabe que não pode ficar aqui, não é Agatha? – disse ela ainda assustada – Você-Sabe-Quem estará aqui.

- Eu não tenho medo dele. – disse Agatha irritadiça, Draco sorriu satisfeito – O que ele pode me fazer? Torturar-me até eu dizer alguma coisa sobre Harry? Sem chance.

- Você não sabe o que diz – disse Narcisa olhando para os lados. – Tenho que ir dar o comando do almoço. Com licença. – saiu.

Eles ficaram quietos por uns instantes. Então Agatha quebrou o silêncio.

- Eu te comprei uma coisa – disse Agatha tirando novamente a caixinha do bolso da capa. – Feliz aniversário.

Draco o pegou e abriu, deu um sorriso sincero ao olhar o presente.

- Foi pra manter as aparências? – perguntou ele sorrindo de lado.

- Não. – disse Agatha indignada – Eu realmente quis te dar. Meu irmão David ajudou a escolher.

- Obrigado – disse sincero – é muito elegante.

- Então. – disse Agatha em tom zombeteiro – Por que os seus elfos não te atendem? Você ainda pertence a está família?

- Minha mãe deu ordem pra eles não saírem da cozinha – disse Draco se fingindo de chateado – Pra decidir o cardápio do jantar de iniciação de Draco Malfoy.

- Não diz isso, você não vai se tornar um deles – disse Agatha aborrecida.

- Eu apenas vou jurar fidelidade, coisa que eu não vou cumprir – disse ele sorrindo sarcástico – E depois eles vão me fazer uma tatuagem rápida e dolorida.

- Você leva alguma coisa a sério?

- Sim. Você. – disse ele fitando o céu – Minha mãe tem razão, vocês não podem estar aqui quando ele chegar.

- Não se preocupe com isso ta? Nós sabemos o risco que corremos – disse ela decidida.

          - Ok. Vamos entrar? – disse Draco preguiçosamente – A Weasley deve estar atacando o Potter nesse exato momento, e eu não quero perder a visão dele totalmente sem graça.

***

Harry estava na janela observando Draco e Agatha conversando no balanço, ele não sabia o porquê mais não gostava nada daquela situação, mas, ao mesmo tempo se sentia culpado por ter esses pensamentos, Malfoy não era do tipo fura-olho. Nesse momento Draco foi pra algum lugar e deixou Agatha sozinha.

- Você não devia ficar na janela sem a capa. – disse Gina deitada preguiçosamente na cama de Draco – Alguém pode te ver.

- E você não devia deitar na cama do Malfoy. – disse Harry ríspido – Ele não ia gostar da cama bagunçada.

- Tenho certeza que Malfoy ia gostar de me ver na cama dele. – disse Gina atrevidamente – Depois que vocês dois começaram a se entrosar, você começou a falar igual a ele.

- Desculpe. – disse Harry simplesmente – Olha é a Sra. Malfoy falando com a Agatha.

- Elas estão brigando? – perguntou Gina se aproximando da janela.

- Não parece. – disse Harry resoluto – Estão só conversando.

- A Sra. Malfoy devia usar o cabelo solto mais vezes – observou Gina – é bem melhor do que aquele coque que ela sempre usa.

- Por que você não solta o seu? – perguntou Harry mexendo no rabo de cavalo que Gina usava – Eu gosto dele solto.

- Está calor – respondeu ela vermelha seu coração disparado.

- Verdade – disse Harry sorrindo de lado, mas, ainda mexendo nos cabelos de Gina – ta muito calor aqui, a mansão é tão fria, talvez seja eu que esteja quente.

- Você. – disse Gina baixinho seu coração quase saindo pela boca.

- É sabe, poder de fogo entendeu? – explicou Harry sorrindo como se tivesse contando uma piada.

- A ta ok, poder de fogo, entendi. – disse Gina decepcionada.

- Estamos atrapalhando alguma coisa? – perguntou a voz de Rony perto da porta, onde também se encontrava uma Hermione risonha.

- Não, claro que não. – respondeu Harry rapidamente – Quando vocês chegaram?

- Vocês estavam tão distraídos que não perceberam – disse Hermione sorrindo se sentando na poltrona.

Gina saiu rapidamente de perto de Harry e se sentou na outra poltrona perto de Hermione.

- Descobriram alguma coisa? – perguntou Gina corada.

- Nada. – respondeu Rony – Essa mansão é enorme.

- Só conseguimos ir à biblioteca, e depois que a Sra. Malfoy acordou, aproveitamos que ela foi para o jardim para vasculhar no escritório, mas, não encontramos nada, achamos melhor subir antes que ela voltasse. – explicou Hermione desapontada.

- O que faremos a iniciação dele...

Mas Gina foi interrompida, por Harry que fizera sinal pra ela se calar.

- Estou ouvindo passos. – disse Harry baixinho – Vamos todos para debaixo da capa.

Foi questão de segundos pra eles se cobrirem e a porta do quarto abrir, a Sra. Malfoy apareceu com o seu cabelo já preso como habitualmente. Ela foi elegantemente em direção ao guarda-roupa de Draco, Harry pôde ver que no guarda-roupa Draco possuía muitas roupas na maioria negras. A Sra. Malfoy tirou de lá algumas vestes negras com detalhes em prata e verde, ela ia pendurar em um apoio na parede perto da cama, mas, alguma coisa na cama chamou a atenção dela.

- Estranho. – disse ela analisando a cama – Draco não gosta de desordem, ele é tão meticuloso como o pai. – Ela ignorou esse fato e voltou para o guarda-roupa em uma parte que só possuía sapatos, Harry nunca vira tantos sapatos juntos a não ser em uma loja. Ela pegou um sapato lustroso e colocou perto da cama, nesse momento a porta abriu, Agatha e a Sra. Malfoy se olharam assustadas.

- Mãe o que faz aqui? – perguntou Draco analisando discretamente o quarto.

- Vim separar a sua roupa. – disse Narcisa indiferente.

- Mas, por que agora? Minha iniciação será somente no jantar – perguntou Draco ainda vasculhando o quarto com o olhar.

- Seu pai acabou de me mandar uma coruja – disse Narcisa aborrecida e Agatha percebeu que seus olhos estavam ficando molhados. – Eles já estão a caminho. Não sei por que mudaram o horário.

- Mudaram o hor... Agatha você precisa sair daqui. – disse Draco rapidamente, e Harry entendeu que ele falava para todos no quarto. – Você pode usar a lareira da sala.

- Melhor não Draco. – disse Narcisa enxugando algumas lágrimas que insistiam em cair – Eles chegarão em segundos. É melhor que ela fique aqui sem fazer barulho.

- Não. – disse Draco em tom definitivo – Vamos descer, todos.

Narcisa não entendeu porque Draco disse todos, se só havia Agatha no quarto. Draco pegou Agatha pela mão e saíram às pressas do quarto com Harry, Gina, Hermione e Rony em seus calcanhares, desceram rapidamente a escada principal e seguiram em direção à lareira na sala de estar, quando os quatro fizeram menção de tirar a capa de invisibilidade para entrar na lareira, eles ouviram uma voz como um silvo da poltrona mais distante.

- Estou satisfeito em te conhecer, herdeira de Ravenclaw.

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* Feitiço da Virtude