Aqueles olhos… Não eram os olhos mais belos que eu já havia visto, porém me dava uma tranquilidade que eu só sentia… Olhando nos olhos de Carolline.

E isso me faz voltar ao passado. Novamente.

Fizeram com que aquele pequeno pedaço de vida em meus braços virasse minha irmã.

- Seu nome será Carolline! - Disse minha mãe sorrindo com o pequeno bebê em seu colo. 

Seu sorriso era radiante e seus olhos brilhavam. Ri em pensamento ao olhar para o lado e ver minha irmã mais nova, Katerina, jogar seus cabelos longos, cacheados e castanhos para trás e cruzar seus bracinhos, fazendo bico. 

Eu ri e fui até sua direção, jogando ela no chão e fazendo cosquinha na mesma.

O tempo foi passando, Carolline se tornou uma adolescente linda, com cabelos loiros até a cintura, lisos e nas pontas eram cacheados, suas bochechas pareciam duas maçãs, sua boca carnuda sempre me tentava.

Eu sabia que era errado. Ela era minha irmã. Não de sangue, mas isso apenas minha família sabia. Todos achavam que minha mãe estava grávida e a teve dentro de casa, devido a chuva daquele dia.

Porém eu sabia que ela não era minha irmã e, também sabia, que não era errado eu sentir uma atração por ela.

- Está tudo bem? Vai querer uma bebida? - Leana me perguntou, cortando meus pensamentos.

Percebi então, que estava até agora olhando para baixo, pensando em minha juventude. 

Olhei para a direção de onde a doce voz vinha e olhei seu rosto, procurei logo por seus olhos. Vi Leana corar e desviar seu olhar para o chão. 

- Me vê seu melhor whisky. 

Disse por fim, descendo meus olhos até seu decote tentador. Dei um dos meus sorrisos malandros e desviei meus olhos novamente. 

Leana trouxe uma garrafa de Jack Daniel’s e derramou o líquido no copo de vidro à minha frente.

- Então… - Comecei. - O que acha de sairmos depois de seu trabalho?

Vi que ela deu um meio sorriso e corou e, sem olhar em meus olhos, disse:

- Se você quiser…

Ela olhou em meus olhos novamente. Sorri.

- Vou ficar aqui te esperando enquanto bebo.

Ela riu. Eu acompanhei sua risada.

Logo outro rapaz a chamou, e então eu fiquei preso aos meus pensamentos novamente.

Lembro-me como se fosse ontem, sua festa de aniversário de 18 anos. Carolline estava radiante, estava com o cabelo preso em um rabo, com apenas alguns fios loiros caindo sobre seu rosto e com um vestido apertado sem alça azul. 

- O primeiro pedaço de bolo vai para o meu irmão que mais amo, James Sullivan!

Todos bateram palmas e eu sorri, olhando naqueles olhos cor de esmeralda. Me aproximei para pegar o bolo, sem tirar meus olhos dos dela.

Vi que ela sorriu e suas bochechas coraram, e então eu fui para um canto qualquer saborear o primeiro pedaço de bolo. 

Todos já tinham ido embora da festa, inclusive a aniversariante. Porém eu estava sentado na calçada, já era mais de três horas da manhã… E então eu ouvi uma voz feminina gritando.

Corri em direção à voz e percebi que era Carolline no braço de quatro homens tentando absuá-la.

Meu sangue subiu, fechei meu punho e fui para cima deles. Logo todos estavam machucados e saíram correndo.

Abracei Carolline muito forte, pensei que iria perdê-la. Ela estava chorando, então segurei seu rosto em minhas mãos e limpei suas lágrimas, ela sorriu para mim. Seus olhos verdes agora estavam vermelhos.

- Obrigada. - Sua voz quase saiu em um sussurro. 

- James, vou lá nos fundos me arrumar e podemos sair, pode ser? - A voz doce de Leana me cortou.

- Claro. - Eu sorri e avistei Leana entrando em uma porta de funcionários.

Estava hipnotizado pelos seus olhos verdes e parecia que ela também estava hipnotizada pelos meus olhos azuis. Involuntariamente, eu selei meus lábios aos dela e comecei um beijo calmo. 

Minha vida inteira, eu a queria. Fiquei surpreso comigo mesmo por enfim conseguir beijá-la. Ela era minha irmã. Quase minha irmã. Todos da redondeza pensavam que nós éramos irmãos de sangue.

Eu agora era o policial mais destemido da redondeza, todos tinham respeito por mim, eu tinha honra. O que vai acontecer daqui para frente?!

Todas essas perguntas me passavam pela cabeça mas, ao invés de eu fazer algo, eu continuava puxando-a pela cintura para colar seu corpo ao meu, sentir a sua pele quente na minha e continuar beijando-a calma, com delicadeza, com respeito, com vontade.

Então, de repente, ela puxou minha mão para uma velha casa onde quando nós éramos crianças costumávamos brincar. Carolline sorriu maliciosa. Eu fiz o mesmo.

Continuei a beijá-la, agora deitando-a na cama.

Ela me correspondeu durante a noite inteira.

Me despertei quando vi Leana saindo com um vestido vermelho sem alça e justo no busto e mais largo da cintura para baixo. Seus cabelos pretos estavam soltos, caindo sobre seu rosto pálido e delicado. Sorri.

- Você está linda.

Leana ficou vermelha e me deu um sorriso tímido de resposta. 

Nós começamos a andar pela cidade durante a noite, ela me mostrou vários cantos que eu não imaginava que tinha em alguma cidade.

Estava rindo, quando ela me fez uma pergunta que me pegou de surpresa:

- Por que… - Ela começou, porém parou alguns segundos antes de continuar. - Por que você tem que começar uma nova vida?

Meus olhos se arregalaram e fiquei em silêncio por alguns segundos, abaixei a cabeça e continuei andar, acompanhando seus passos. Pensando no que falar.

- Desculpe, eu sou muito direta. - Ela disse sem jeito.

De repente, eu parei de andar. Estávamos em uma rua escura. 

Fiz ela parar também, olhei em seus olhos.

- É uma longa história. - Disse, parando por alguns segundos para molhar meus lábios com a lingua antes de continuar. - Você já se apaixonou, Leana? E, quando você achou que tudo ia ficar bem, que vocês poderiam dar um jeito…. Se decepcionou? 

- Já.

Os olhos de Leana carregavam peso, angústia. Ela desviou o olhar para o chão enquanto eu falava.

- Eu pensei que depois dela, eu nunca mais ia me apaixonar, nunca mais ia me interessar por ninguém. - Levantei seu rosto pelo seu queixo, fazendo com que ela me olhasse, seus olhos estavam aguados. - Ela fez eu perder tudo, Leana. 

- Ele… - Ela disse, soluçando. - Seu ciúmes… Era tão grande… Matou… Meus pais. 

Ela me abraçou forte, um abraço desesperado. Não acreditei no que ela havia falado, fiquei surpreso. A abracei forte do mesmo jeito e beijei sua cabeça. 

- Eu sinto muito. 

- Eu tenho medo de me apaixonar desde então.

- Eu também, Le. Porém isso aconteceu.

Deu um sorriso torto e senti minhas bochechas corarem. As delas fizeram o mesmo. 

Puxei Leana pela cintura para colar nossos corpos, então senti seus braços entrelaçando meu pescoço e também senti seus lábios macios e doces no meu.