Crying In The Rain. escrita por deathcocktail


Capítulo 2
I'll do my crying in the rain.


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo! :D
Boa leitura.



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A despedida foi longa, apenas com olhares tímidos e meios sorrisos. E agora aqui estou, cavalgando, tentando achar a cidade novamente. Mas não a mesma cidade, não creio que eu tenha coragem depois de tudo que aconteceu.

Eu tinha uma família e meu pai era policial, tinha honra e respeito por aquelas redondezas. Sempre sonhei que, quando crescesse, seria igual à ele.

Mas então, em um dia que a chuva caía arrogante do céu, estava saindo do trabalho com meu pai e nós nos deparamos com uma linda mulher chorando, desesperada.

A princípio, achei que seria apenas mais uma cidadã querendo justiça. Mas não.

– Moço, pelo amor de Deus, me ajuda! - Ela se dirigia para o meu pai. - Eu não sou daqui, eu estava na estrada e de repente meu fusca virou! Eu consegui sair, mas minha filha não! Por favor moço, venha me ajudar!

Meu pai e eu trocamos olhares apavorados e saimos correndo em direção para onde a mulher apontava.

Estava nervoso, pois tinha cinco anos, como poderia ajudá-la?

Chegando lá, embaixo de toda aquela chuva, tinha certeza que pegaria um resfriado, porém não me importava, precisava ajudá-la de algum jeito. Eu e meu pai. Homens de honra.

Com a minha ajuda, meu pai conseguiu tirar a criança chorando e a deu em meus braços. Fiquei hipnotizado com o bebê. Parecia que era recém-nascido, e então, o bebê abriu os olhos.

Olhos grandes e verdes. Pareciam angustiados, precisando de ajuda.

– Moça? - Ouvi meu pai chamar, no meio daquela chuva. - Moça? Ela sumiu!

Meu pai disse, indignado, por fim. Olhamos em todos os lugares, realmente, ela havia sumido.

Coloquei uma toalha por cima do bebê e disse, desesperado:

– Vamos, corra! Antes que o bebê pegue um resfriado.

Meu pai assentiu com a cabeça e, ainda com a expressão de indignação e terror pela moça ter sumido, correu junto comigo, para a nossa casa.

Desviei meus olhos que, até então, estavam na estrada e olhei para o meu cavalo branco. Passei a mão em sua crina e continuei andando com o mesmo, já conseguindo ver rastros de alguma cidade por perto.

Porém, algo fazia com que eu me destraísse e não conseguisse continuar lembrando o passado. Pude perceber então, que não era algo, e sim alguem.

Leana me impressionou, aqueles seus olhos… Tinha algo que me intrigava naquela mulher.

Por toda minha vida, só tive olhos para Carolline. Imaginar que eu poderia me interessar por outra pessoa era algo impossível em minha vida.

Porém não conseguia esquecer seus olhares, gestos e sorrisos.

Eu tinha que me conformar, nunca mais iria vê-la.

Finalmente cheguei à alguma cidade. Li a placa que dizia “Bem-vindo à Miami”.

Quando entrei, havia crianças brincando, casais namorando, pessoas trabalhando, outras dançando, todas muito felizes e sorridentes. Não pude deixar de sorrir também.

Era assim que meu povo era, assim que meus pais e irmãos também eram.

Meu sorriso foi desaparecendo à medida que fui lembrando como fui feliz, e como aquela mulher estragou minha vida.

Vi um hotel se aproximando. Prendi meu cavalo em um poste e entrei no apartamento de cinco andares.

O hall era um tanto pobre e o corredor era escuro, mesmo na luz do dia. Fui me aproximando da recepção e encontrei um homem de terno. Traje muito chique para o lugar que se encontrava.

– Por favor, quero um quarto para uma semana.

O homem, com a mesma expressão de antes, pegou um papel e, em silêncio anotou alguns dados.

– Qual o seu nome? - Sua voz grossa soou pelo hotel. Por um momento achei que eu era seu unico hóspede.

– James Sullivan. - Respondi.

– Bom, James Sullivan, seu quarto é o de numero 11, aproveite bastante. Vai pagar depois ou agora?

– Depois.

Precisava arrumar um jeito de pagar o homem sinistro. Ou seja, precisava arranjar um trabalho e ganhar dinheiro em uma semana. Quase que impossível.

Deixei minhas coisas no quarto e me espreguicei, estava cansado. Porém sentia que não podia ficar parado, tinha que fazer alguma coisa.

Sai e procurei alguns lugares onde podia trabalhar. E tudo sem sucesso.

– Não precisamos de funcionários. - A mulher da banca me falou, por fim, esboçando um sorriso falso.

Com a expressão fechada, olhei para ela e em seguida fui em direção à porta. Sentei no chão e bufei de cansaço. Já estava escuro e não tinha achado nenhum trabalho sequer.

Olhei em volta e avistei um open bar, era tudo que eu queria. Bebida de graça.

Entrei no bar, estava muitas pessoas falando juntas, jogando sinuca, poker e outras coisas. Quase que não conseguia ouvir meus próprios pensamentos.

Sentei em uma das banquetas e avistei uma mulher com as costas nuas, ela usava um vestido preto curto e justo, estava com seus cabelos negros presos por um rabo-de-cavalo.

Estava esboçando um sorriso torto e, foi exatamente no momento que a mulher virou-se para mim, que minha expressão mudou para surpresa, arregalei meus olhos e me perguntei se isso estava realmente acontecendo.

– Leana?!

– James! - Ela disse, ficando vermelha, estava muito mais empolgada do que eu imaginei que estaria.

– O destino é estranho, não?

Eu disse por fim, dando um sorriso largo, sem conseguir tirar a atenção para seus olhos cor de mel.


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Notas finais do capítulo

Eaí, o que acharam?