Crying In The Rain. escrita por deathcocktail


Capítulo 4
You know me, the snakebite kiss.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Me espreguicei na cama e senti uma dor de cabeça, certamente pelo whisky da noite passada. Olhei para o lado e avistei Leana, dei um sorriso.

Levei dois de meus dedos para o rosto de Leana e acariciei o mesmo delicadamente. Porém ela acordou.

Quando Leana me avistou, deu um sorriso.

– Bom dia. - Eu disse em um sussurro, e correspondi seu sorriso.

– Bom dia.

Olhei em volta e foi aí que eu percebi que estava no meu quarto do hotel. E então lembrei que precisava de dinheiro para pagar a estadia. Levei minhas duas mãos até meu rosto, suspirei fundo de cansaço.

– O que houve? - Ela perguntou, confusa.

– Preciso de dinheiro para pagar a estadia no hotel, acabei de me lembrar.

Disse, constrangido. Leana sorriu e acaricou meu rosto, seu toque suave e suas mãos macias fizeram um sorriso brotar em meu rosto.

– Eu pago.

– Não! Não precisa. - Disse, minhas bochechas estavam corando, não podia aceitar dinheiro de Leana.

– Depois você me paga.

Leana sorriu sinceramente e eu não pude recusar, fiz que sim com a cabeça e, ainda sorrindo, levei meus lábios em direção aos dela, começando um beijo.

Acariciei seu rosto com uma das mãos, e com a outra em sua cintura, fiz com que subisse em meu colo.

Leana correspondeu, se ajeitando no meu colo, percebi então, que ela estava apenas coberta com um lençol, assim como eu.

– Vou tomar banho. - Leana disse sorrindo e selou seus labios com os meus, antes de entrar no banheiro.

– Ok. Vou ver se preparo algo para comer.

Fui olhar a pequena geladeira na cozinha. Suspirei. Realmente esse era um bom hotel, não era fácil achar lugares que tinham quartos com uma pequena cozinha e sala.

Na geladeira havia batatas para fritar, arroz e frango. Suspirei e olhei no relógio que marcava meio dia e meio.

Era isso que eu ia fazer para o almoço, comecei a descascar a batata.

– Arroz, batata e frango? - Ouvi uma voz vindo da porta da cozinha. Virei-me para Leana e sorri, ela sorriu também. - Meu favorito.

Foi chegando mais perto de mim e me abraçou por trás. E então eu senti uma dor forte, junto com algo quente escorrendo de minha mão.

Era meu sangue.

Estava tão distraído que acabei me cortando.

– Merda! - Exclamei.

Me virei para Leana e jurei que podia ter visto seu rosto diferente, e então ela logo se virou de costas para mim.

– Está tudo bem? - Perguntei, levando a mão que não estava ensanguentada até seu ombro, mas em um movimento brusco ela tirou a mão.

Então eu entendi.

Virei novamente para a pia, visualizei um pano de prato e estanquei o sangue.

– Eu entendi, você não gosta de ver sangue, né?

Dei uma risada de um segundo. Mulheres, sempre tão sensíveis.

Porém não obtive uma resposta, ainda sorrindo e achando engraçado aquela situação, me virei. E não vi ninguém.

– Leana? - Perguntei, com uma expressão confusa no rosto.

Ainda com a mão latejando, amarrei o pano de prato na mesma, e sai para a sala. Nada.

Quarto. Nada.

Banheiro. Nada.

Porém algo no banheiro me chamou a atenção… A pequena janela que lá havia estava quebrada.

– Que porra…? - Comecei a falar sozinho, indignado.

Então eu tirei um tecido vermelho, preso em um pedaço de vidro que estava na janela.

Esse tecido vermelho fazia parte do vestido de Leana. Eu tinha certeza.

Olhei para janela novamente, olhei para o tecido. Isso não fazia sentido.

Voltei para a cozinha e, ainda intrigado, continuei a descascar a batata.

E então meus pensamentos mudaram.

Fui acordado pelo sol que entrava na janela do quarto daquela velha casa onde ninguém morava. Me espreguicei e não vi ninguém.

Procurei Carolline por todos os quartos, e nada. Imaginei que ela havia acordado mais cedo do que eu e tinha ido para casa. Seria muito estranho aparecer eu e ela de madrugada, de repente.

“Garota esperta”, pensei e sorri.

Coloquei minhas roupas e fui em direção para a minha casa. Chegando lá, já pude sentir o cheiro gostoso da comida de minha mãe.

– Bom dia, meu filho. - Ela disse, sorrindo. - Onde estava?

Olhei em volta na cozinha e vi Katerina sentada na mesa, com uma expressão maliciosa no rosto. Sorri para ela.

– Eu dormi na casa de um amigo, mãe. - Respondi.

Me direcionei para a sala, onde encontrei Carolline lendo um livro. Fiquei parado, encostado na parede, apenas olhando-a com um sorriso no rosto.

Ela não havia percebido minha presença, porém após alguns segundos ela me viu e suas bochechas coraram, e um lindo sorriso brotou em seu rosto.

Sorri da mesma maneira e pisquei para ela, fui em direção ao meu quarto e busquei uma toalha e roupas novas.

– Vou tomar um banho. - Sussurrei em seu ouvido, e fui em direção ao banheiro.

Olhei para trás por um momento e vi ela sorrindo satisfeita.

Sorri e fechei a porta.

No banho, a água quente caindo em meu corpo e cabelos, me fez lembrar do dia anterior. Seu beijo, seus toques… Tudo tão perfeito.

Se tivesse alguém que eu pudesse perder a virgindade, seria ela. E foi.

“Ela é o amor da minha vida”, pensei, sorrindo.

Mal sabia o que estava para me esperar até então.

Acabei o almoço e coloquei um pouco de batata, arroz e frango no meu prato, deixando um pouco na panela. Ainda tinha esperanças de Leana abrir a porta e dizer que foi tudo um mal entendido.

Não sabia o que tinha acontecido e isso me intrigada.

Levei meu prato até a mesa, onde almocei, sozinho, apenas com meus pensamentos.

Quando acabei de almoçar, fui no banheiro tomar um banho e coloquei uma regata preta com uma calça jeans escura e tênis.

Comecei a andar pelas ruas, lembrando de Leana. Pensando nela e sentindo um vazio interior, por ela ter ido embora tão de repente e de um jeito tão estranho…

Tudo bem não gostar de ver sangue, muitas pessoas não gostam, até desmaiam.

Mas que pavor é esse, de não ver sangue, a ponto de se atirar pela janela do banheiro?

Parei em frente ao open bar onde Leana trabalhava. Fiquei olhando o bar por alguns segundos antes de tomar coragem para entrar.

Avistei uma garota loira, que logo veio me atacar com olhares e sorrisos maliciosos.

– Olá, você é carne nova por aqui. - Disse mordendo os lábios.

– É… Sou sim. - Respondi sem jeito.

– O que vai querer, amor? - Ela perguntou, se debruçando na mesa, deixando a mostra seu decote e quase seus seios.

– Uma informação. - Respondi seco, não ligando para ela. - Sabe onde posso encontrar a Leana Silver?

– Hum… Ela trabalha aqui na parte da tarde até de noite.

Olhei no relógio do bar que marcava duas horas da tarde.

– Ela devia estar aqui agora então, certo? Cadê ela?

– Sim. Ela devia estar aqui, não sei também. Eu estou cobrindo o horário dela.

Eu abaixei a cabeça. O que será que está acontecendo, afinal?

Sentei em uma das mesas, fechei meus olhos e voltei para os meus pensamentos.

Ao sair do banho, comecei a pensar: “Eu amo Carolline. Por mais que nosso amor não possa ser demonstrado, farei de tudo para deixá-la feliz, e, mesmo escondido, ao meu lado. Quero ela para sempre”.

Passei pelo corredor e algo me chamou a atenção. Fotos, milhares de fotos estavam pregadas no lugar.

Cheguei mais perto para ver melhor, e então percebi que era o quarto daquela casa abandonada que eu estava ontem. E então percebi que era eu e Carolline nos nossos momentos íntimos…

Comecei a me desesperar. O que isso poderia estar fazendo aqui?

Olhei indignado para frente, onde estava minha mãe chorando, minha irmã Katerina chocada, meu pai furioso, e mais para trás, Carolline chorando.

– Foi o que eu disse, papai! - Carolline disse. - Ele me abusou!

Aquelas palavras entraram em meu ouvido como farpas. Abusar? Eu a abusei?

– Pai… - Disse com a voz trêmula. - Isso é mentira…

E então quando vi, meu pai havia me dado um soco.

– Nunca mais volte aqui! Você desonrrou essa familia, não quero te ver nunca mais!

Quando estava sendo empurrado de casa, ouvi Katerina dizer baixinho:

– Meu maninho, eu te amo. Vou provar que Carolline está mentindo, você vai ver.

Eu assenti com a cabeça e continuei chorando desesperado, tentando falar em vão para meu pai que foi tudo um mal entendido.

Antes de fecharem a porta na minha cara, meus olhos procuraram Carolline. Ela estava mais atrás, com um sorriso de satisfação no rosto.

– Senhor? - Um homem perguntou e então fui despertado. Percebi que havia pego no sono. O homem continuou. - Vamos fechar.

Olhei para os lados assustado, ainda estava no bar. Avistei a janela, estava escuro.

– Leana… - Murmurei baixinho.

– Como? - O homem perguntou.

– Conhece Leana Silver? - Perguntei, ainda tentando abrir os olhos totalmente.

– Hum… Sim. Esse bar é meu, ela trabalha pra mim.

– Ela veio hoje?

– Não, senhor. Não tive notícias dela o dia inteiro. - O homem disse olhando para mim com uma expressão preocupada. - Mas, Leana é assim mesmo. Ela some de vez em quando.


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Notas finais do capítulo

Eaí? :3
A história está começando a tomar outro rumo, me digam o que estão achando.