Crying In The Rain. escrita por deathcocktail


Capítulo 28
I'm my own worst enemy.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! :)



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De repente, senti algo quente e grosso escorrendo pela minha boca. Molhei meus lábios com aquele líquido e lembrei-me daquela sensação, daquele gosto.

Fui abrindo meus olhos devagar, eles estavam embaçados por alguns instantes, mas então visualizei…

– Elena? - Perguntei, minha voz quase que não saia.

– Shii… - Ela falou, enquanto levava seu pulso com sangue escorrendo pela minha boca. - Você está fraco. Tome um pouco.

A obedeci, tomando um pouco de seu sangue, e então Elena tirou seu pulso da minha boca, indo até o frigobar e me trazendo uma bolsa de sangue.

Tomei a bolsa inteira, o que foi o bastante para me recuperar por completo.

– O que… O que aconteceu?

– Katerina estava te ajudando com um feitiço. Ela achou que tudo bem você se sentir sem sangue por dez anos, mas ela se enganou. Foi longe demais e… Ninguem conseguiu achar uma maneira de te acordar.

– Como assim? Por quanto tempo eu estou desacordado?

– Duas semanas. - Elena deu uma pausa e eu arregalei meus olhos, indignado. - Leana e Rick estão morrendo de preocupação.

– Duas semanas? - Gritei. - Ninguém pensou em me alimentar com sangue?

– Katerina já havia tentado. Ela está dormindo no momento e, só conseguiu dormir, depois de chorar muito. Kat se sente muito culpada.

– Então… Se já haviam tentado, por que só conseguiram me acordar agora?

Elena deu de ombros.

– Ahm… Leana estava preocupada comigo?

Elena deu um sorriso fraco.

– Sim, James. Vem aqui todos os dias para saber se conseguimos fazer com que você voltasse a vida.

– Nossa. Eu me sinto estranho… Diferente.

– Bom, espero que agora você controle mais suas ânsias. - Elena deu uma pausa, ficamos em silêncio por alguns segundos. - Não faça eu me arrepender por ter tentado te acordar.

Assenti com a cabeça e me levantei da cadeira, e me senti um tanto tonto. Elena me segurou e nós subimos as escadas.

Começo a andar pela minha casa e olhar para os lados, como se fosse a primeira vez que estava lá. Era tudo muito estranho, por mais que eu tenha ficado desacordado apenas duas semanas, já era muito para mim.

– Está tudo bem? - Senti a mão de Elena em meu ombro, a olhei nos olhos por alguns segundos e dei um sorriso torto.

– Sim. Está. Obrigado.

Fui em direção ao quarto de minha irmã, com passos lentos e calmos, sem querer acordá-la. Sentei ao seu lado na cama e fiquei olhando-a por alguns segundos. Acariciei seu rosto com dois de meus dedos frios.

Katerina era minha irmã, ela estava apenas tentando ajudar, eu sei que ela não fez por mal.

Após alguns segundos, Kat começou a abrir os olhos. Ela me viu e se espreguiçou, esfregou os olhos e me olhou novamente, espantada.

– Ja…James? - Katerina perguntou em um sussurro. Dei um sorriso largo e vi ela derramando algumas lágrimas, parecia emocionada.

Nós nos abraçamos muito forte e senti algumas lágrimas caindo pelo meu rosto também.

– James! - Katerina disse, agora sua voz não saiu mais em um sussurro, estava bem alegre. - Nunca mais me assuste assim!

Eu ri e ela também.

– Eu vou melhorar, Kat. Não irei cometer mais nenhum assassinato, não irei matar mais pessoas inocentes.

Ela assentiu com a cabeça.

– Eu espero que sim, James. - Minha irmã me olhava nos olhos, com dois de seus dedos em meu rosto. - Espero que o meu feitiço, por mais que não tenha saído como eu planejei, tenha feito algum efeito. - Nós dois sorrimos e Katerina continuou. - Como você saiu?

– Elena me deu seu sangue.

– Mas… Eu já tentei isso antes, várias vezes. Por que ela conseguiu?

Dei de ombros, realmente não sabia.

– Bom… Não importa. - Katerina continuou. - Você está bem agora.

Nós dois nos abraçamos por alguns segundos novamente, até eu quebrar o silêncio.

– Kat, vou sair. Preciso andar um pouco, esticar minhas pernas.

– Ok, maninho. Até mais. Se cuide.

Sorri para ela e sai do quarto, dando um “tchau” com a cabeça para Elena, enquanto abria a porta da sala.

Fiquei parado por alguns segundos em meu quintal. Tudo estava tão… Diferente.

Respirei fundo aquele ar puro. Apesar de não sentir o tempo que fiquei desacordado, sentia falta daquilo.

Comecei a andar devagar pelas ruas, até que avistei um parque com algumas crianças brincando e adolescentes andando de skate. Sentei em uma das cadeiras e comecei a observá-los.

Todo aquele cheiro de sangue. Eu conseguia ouvir o barulho dos corações, do sangue correndo pelas veias.

As ânsias haviam melhorado, agora eu conseguia me controlar.

Sorri, estava orgulhoso comigo mesmo.

Comecei a olhar para os lados e vi uma mulher com cabelos loiros quase brancos, repicados e até o ombro, com roupas pretas, andando um tanto depressa. Parecia tensa.

Fui até ela, tinha quase certeza de que era Taylor. E, bom, quando cheguei mais perto tive essa certeza.

Dei uma de minhas corridas de vampiro e parei em sua frente. Seus olhos carregavam medo. Suspirei de tristeza.

– Taylor… - Disse, em tom baixo, enquanto a segurava pelos ombros, em uma maneira de tranquilizá-la. - Eu sinto muito. Não estava na minha melhor fase quando nos encontramos pela ultima vez. Eu… Eu sinto muito, mesmo. O que eu posso fazer para concertar as coisas?

– Você pode ir para o inferno, James. - Taylor se soltou e começou a andar novamente, mas a segurei por um dos braços.

Ela me olhou e nossos olhos se cruzaram.

– Taylor… Por favor, eu mudei. Preciso que acredite em mim.

Os músculos dela começaram a ficar menos rígidos, parecia estar se entregando. Taylor deu um suspiro de derrotada e ficou frente a frente comigo. Sorri de satisfação.

– Obrigado por me dar mais uma chance.

Taylor deu um meio sorriso, estava claro que estava magoada, mas eu também sabia que ia me dar mais uma oportunidade de fazer as coisas certas.

Puxei Taylor para perto de mim, abraçando-a forte, e ela contribuiu.

Nesse momento, pensei em Leana. Será que ela me daria mais uma chance de fazer as coisas certas?

E então lembrei de Brian. Uma raiva subiu por mim e eu tentei me acalmar.

Sai do abraço de Taylor e nós ficamos nos olhando por alguns segundos.

– Bom… Eu preciso… - Parei minha frase por alguns instantes, enquanto pensava em Leana. - É… Eu preciso fazer uma coisa. Vamos se ver outra hora?

Taylor sorri timidamente e diz que sim com a cabeça. Contribuo meu sorriso da mesma maneira e começo a andar, sabendo exatamente onde eu iria.

Paro na porta daquela casa. Mais uma vez. Quantas vezes já hesitei antes de tocar a sua campainha? Não fazia mais ideia. Respirei fundo e fui em frente.

Ouvi o som da campainha ecoar pela porta e, em questão de alguns segundos que, para mim, pareciam horas, Leana atendeu.

Seus olhos se arregalaram ao me ver e eu dei um sorriso torto, olhando fundo nos seus olhos, enquanto ela fazia o mesmo.

– Você… Mas…

– É. Eu estou bem. - Disse, por fim.

Leana me abraçou apertado. Seu abraço me pegou de surpresa, mas fiz o mesmo. Abracei da mesma maneira, demonstrando que estava com saudades, assim como ela.

Sai do abraço, ficando centímetros perto de seu rosto e, assim, de seus lábios.

Fiquei olhando fixamente para seus lábios e sabia que ela também olhava para os meus. Mordi o piercing do meu queixo e o larguei rapidamente, olhando agora em seus olhos. Ela também olhou diretamente em meus olhos.

Eu parecia estar hipnotizado. Estava cada vez mais perto de seus lábios, mas logo desviei meus olhos e, com eles, meu rosto. Não podia. Não era certo.

Um dos meus piores defeitos, era o orgulho.

– James… - Ouvi Leana sussurrar meu nome. - Eu sinto muito.

A olhei novamente, fitando seus olhos. Sua expressão era indecifrável, assim como a minha.

– É… - Desviei meu olhar para o chão. - Eu sei. - Falei, por fim, no mesmo tom que o dela. Calmo, triste, baixo e de uma forma que mostrava decepção.

Sim, eu estava decepcionado com Leana. Isso era claro de se ver. E parecia que ela estava decepcionada com ela mesma também.

Meu corpo ainda estava em uma certa proximidade do dela, quase que colados. Virei meu rosto, olhando o horizonte por alguns segundos.

A tensão sexual e o clima estavam pertubadores.

Senti suas mãos geladas em uma das faces de meu rosto, puxando para olhá-la.

Leana fitava meus olhos fixamente, e eu fiz o mesmo. Ela aproximou seus lábios dos meus e eu desviei.

Não foi a primeira vez que fiz isso. E também não foi a primeira vez que eu sabia que ia ficar puto comigo mesmo por ter recusado.

Mas, mais uma vez, meu pior defeito é meu maldito orgulho.

– Leana… - Agora eu a olhava nos olhos. Levei minhas duas mãos até seu rosto, segurando-os. - Eu não posso te beijar. Não… Não é certo.

– É certo. Só que não agora. - Leana parou por alguns segundos, enquanto fitava meus lábios e em seguida fixou seu olhar em meus olhos de novo. - Eu sei que você precisa de um tempo.

– Eu… - Não sabia exatamente o que falar. Mas continuei assim mesmo. - Eu te amo. E sim, eu preciso de um tempo. Que bom que entende isso.

– James… - Leana sussurrou, e eu fechei meus olhos por alguns segundos. Abri novamente, continuei olhando fixamente em seus olhos. - Eu amo você. Não duvide disso.

Suspirei, estava arrasado.

– Queria poder acreditar. - Larguei seu rosto, embora Leana ainda segurava meus braços.

– Acredite. É a unica coisa da qual eu tenho certeza.

– É a unica coisa da qual eu tenho certeza também. Meu amor por você. O resto, eu não tenho certeza de mais nada. - Mordi meu labio inferior, separando mais nossos corpos, indo para trás e fazendo com que Leana largasse meus braços. - Boa noite.

E então, sai de seu quintal, desaparecendo depois disso.

xxx

– James?

Rick se pergunta, um tanto confuso, enquanto abre a porta de sua casa. E, depois de alguns instantes processando o que estava vendo, deu um sorriso vitorioso. Contribui o sorriso da mesma maneira.

Nós dois chegamos um mais perto do outro, se abraçando.

– Como você saiu? - Rick perguntou, saindo do abraço.

– Elena me deu um pouco de seu sangue.

– Mas Katerina tentou isso um milhão de vezes.

– É. Eu sei. Não sei por que dessa vez foi diferente.

Rick deu de ombros e abriu mais a porta.

– Entre.

Rick pegou uma bolsa de sangue, derramou o liquido em dois copos e me ofereceu um. Sorri e brindei com ele.

Quando ia sentar em seu sofá, vi um terno jogado no mesmo.

– Por que tem um terno em seu sofá? - Perguntei.

– Daqui a pouco tenho um encontro com Charlotte. - Rick sorriu malicioso. - Preciso me arrumar, me espere aqui na sala.

Rick foi, com passos lentos, até o quarto, junto com seu terno. Dei um sorriso fraco, nunca imaginaria ele em um encontro. Ainda mais com Charlotte.

Alguns segundos ele voltou e eu dei uma gargalhada. Rick me olhou com cara de tédio e me mostrou o dedo médio.

– Eaí… Você está tipo… Gostando dela? - Quis saber.

Pela primeira vez, vi Rick constrangido e logo suas bochechas começaram a corar. Soltei uma risada, o que o deixou mais sem graça ainda.

– Isso é inédito, cara. - Falei, por fim.

– Cala boca. - Rick falou, jogando uma almofada que estava em cima da poltrona em mim.

A campainha soou pela casa.

– Suas mãos estão suando? - Provoquei - Cuidado pra não vacilar, hein.

– Cala boca. - Rick disse, me levando até a porta dos fundos. - Vai.

– Vai me expulsar assim? - Fiz um biquinho debochado. - Assim enfraquece a amizade!

Dei mais uma gargalhada enquanto Rick me tirava de sua casa e fechava a porta.

Esperei Charlotte entrar na casa para sair.

Fiquei parado por alguns segundos no quintal de Rick, apenas observando a noite. De repente, aquela sensação estranha de que fazia muito tempo que eu não via isso tudo voltou a me dominar.

Por quanto tempo será que ainda ia me sentir assim?

E então, graças à minha audição apurada, ouvi alguns barulhos estranhos dentro da casa de Rick com a Charlotte. Poderiam ser apenas coincidência, coisa da minha cabeça ou até poderia estar me confundido. Mas não sabia explicar.

Senti que havia algo errado e definitivamente minha audição não me deixava pensar ao contrário.

Dei meia volta e toquei a campainha, sem me importar se estaria atrapalhando algo ou não. Silêncio. Toquei mais uma vez. E outra vez.

Nada.

– Rick! - Gritei. Sem resposta.

Meu coração começou a ficar acelerado e comecei a sentir minhas mãos suarem.

Dei um pontapé na porta, fazendo com que ela caísse no chão.

Entrei pela casa e não havia ninguem na sala nem na cozinha. Fui até o quarto e nada também.

Estranho. Muito estranho. Não os vi sair pela porta da sala e com certeza Rick não sairia com Charlotte pela porta dos fundos.

Comecei a andar, com passos calmos, até a janela do quarto de Rick, e então senti que havia pisado em algo.

Olhei para o chão e me agaxei, pegando o objeto.

Uma… Siringa? Continha um líquido verde dentro dela. O que isso poderia estar fazendo aqui?

Coloquei um pouco do líquido verde claro em minha mão e logo a queimou. Verbena.

Por que raios tinha uma siringa contendo verbena no chão do quarto de Rick?

Me debrucei até a janela, olhando para os lados. A rua estava muito quieta e um sentimento de desespero começou a tomar conta de mim.

– Rick? - Gritei pela janela, mesmo sabendo que não ia obter nenhuma resposta.

E eu estava certo.


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Notas finais do capítulo

Eaí, o que acharam?



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