Eu estava sozinho, como sempre, apenas com meus pensamentos. Mas dessa vez era diferente, eu havia perdido tudo que mais amava na noite anterior.

Sentei no chão, encostado em uma parede qualquer. Estava calor, muito calor neste deserto. O sol penetrando minha pele, o suor escorrendo pelo meu rosto.

Mas eu não me importava. Se eu morresse desidratado, melhor ainda. Melhor do que enfrentar o mundo sem minha cidade, sem minha honra, sem minha família e, principalmente, sem ela. Por mais que tenha sido a culpada de tudo, não consigo deixar de amá-la.

O amor é um puto, não é?

– Está precisando de ajuda?

Uma voz delicada cortou meus pensamentos. Estava tão destraído que não percebi que a mulher falava ao meu lado, perto de meu ouvido.

Olhei para a dona da voz, seus cabelos batiam no ombro, pretos e lisos, seus olhos cor de mel eram lindos. Seu corpo esguio estava vestido com apenas um shorts jeans claro e uma blusa sem manga branca e, na cabeça, carregava um chapéu também branco.

Fiquei olhando atentamente naqueles olhos e buscando força para responder, porém minha boca estava seca demais.

Desviei os olhos para o horizonte, porém sentia que a mulher ainda me olhava com uma expressão preocupada.

– Preciso de água. - Disse, com a voz falhando, tentando em vão passar a lingua nos meus lábios para molhá-los.

Olhei para a mulher novamente, vi ela pegando sua bolsa branca do chão, sacudi-la um tanto para tirar a areia e abri-la, tirando uma garrafa de água que me tentava, ainda mais brilhando daquele jeito no sol quente daquela manhã.

Ela segurou minha nuca e fez com que eu olhasse para ela, e depositou o líquido em minha boca.

Tomei a garrafa inteira, porém ela parecia não se preocupar.

A mulher não disse mais nada, apenas se levantou. Eu estava crente que ela ia embora.

Só que, em vez disso, a mulher se virou para mim e estendeu sua mão.

Em alguns gestos lentos, pois estava muito cansado e fraco, segurei em sua mão macia, tomei impulso e levantei.

Percebi que estava sentado por muito tempo no chão com muito calor, então ao levantar fiquei tonto por alguns segundos.

– Obrigado. - Disse por fim.

A mulher deu um sorriso antes de falar:

– O que está fazendo aqui sozinho?

Olhei para o lado e avistei meu cavalo dormindo.

– Eu estava cavalgando sem rumo e, quando percebi, estava perdido. - Menti.

Na verdade estava fugindo de tudo que mais amava e fui parar neste deserto. Essa porra de fim de mundo.

– Onde você mora? - A mulher perguntou com a voz doce.

Abaixei a cabeça.

– Em lugar nenhum. Preciso recomeçar a minha vida. Mas, muito obrigado por ter me ajudado. Se não fosse você, eu estaria perdido.

Olhei sério dentro de seus olhos cor de mel e pude perceber que ela olhava para o chão, porém, finalmente também me olhou nos olhos. Pela sua expressão, parecia fascinada com a cor dos meus olhos azuis brilhando com o sol.

Dei um sorriso torto.

– Qual o seu nome? - Perguntei.

Por um tempo, pensei que a mulher estava em transe, porém ela logo remexeu a cabeça algumas vezes, fechou os olhos e reabriu, e disse:

– Leana Silver. Qual é o seu? - Perguntou, agora fitando meus olhos com atenção, novamente.

– James Sullivan.