Cuidado Com O Que Você Deseja escrita por Katie Anderson


Capítulo 6
Capítulo 6




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Capítulo 6

   Acordei totalmente exausta. Devia ser umas oito da manhã quando recebi uma jorrada de água no rosto. Claro, isso deve ser o modo mais carinhoso que minha querida mãe encontrou para me acordar no domingo.

   – Acorda pra vida, garota! Você vai ter um longo dia!

   Ninguém merece! Ir dormir de quatro da manhã depois de uma festona, acordar de oito da manhã e ter um dia de trabalho duro, que não envolve internet ou TV. Minha mãe é mesmo um amor! Ainda bem que eu tinha meu iPod para emergências. Bem, ela não proibiu escutar música. Enquanto dava uma geral na sala, dei uma olhada nos comerciais, e percebi que eum deles falava sobre um palmtop de última geração, e todas essas coisas. Mas aquele palmtop me pareceu familiar, e, voltando ao meu/Annie quarto, vi que o que eu tinha ganhado era o mesmo da TV.

   Minha mãe tinha saído para fazer compras então acho que não teria problema eu fazer uma pequena pausa. Vi que ele estava meio empoeirado, então comecei a limpá-lo com meu espanador. Algo muito estranho aconteceu. Aquilo começou a brilhar, e fazer barulhos muito estranhos. Comecei a ficar assustada. De repente, uma nuvem de fumaça laranja envolveu o quarto. Droga, acabei de limpar, pensei. Mas aquele não era o momento para pensar na limpeza que eu teria que fazer depois. Estava prestes a acontecer algo que marcaria minha vida para sempre.

   – Finalmente! – Disse uma voz masculina. – Você demorou para me tirar daqui. Estou lá dentro há séculos!

   Hum... o que exatamente era aquilo? Um cara com cerca de vinte e poucos anos saindo de dentro de um palmtop? Deveria ser algum tipo de jogo?

   – Espere. Quem é você? – Perguntou-me

   – Catherine Stewart. E quem é você? Como você saiu dali de dentro? – Apontei paro o palmtop.

   – Mais uma adolescente. Ninguém merece. Quanta ingênuosidade! Eu sou um gênio, sua tola.

   – O mesmo das histórias árabes?

   – Não, o mesmo das histórias chinesas. Claro que sim! O que você estava pensando?

   – Só isso? Não diz nem seu nome? Nem aquela apresentação daquele negócio dos 3 desejos? Que gênio mais inútil!

   – Aí, garota! Pra começar, são cinco desejos. Os tempos evoluíram.

   – Ok. Me diga seu nome, pelo menos. Se não, serei cruel em relação aos meus pedidos.

   – Garota esperta. Gosto disso. – Ele hesitou. – Ok, você venceu. Meu nome é Jeff. Que tipo de apresentação você quer? Um show de mágica?

   – Engraçadinho. Que negócio é esse de desejos?

   – É simples, garota mortal. É igual nas histórias, que você deveria saber que foram reais. Cada pessoa tinha direito a três pedidos, como você mencionou. Mas essa pessoa geralmente ficava insatisfeita. Tentava fazer mais pedidos. E aquele negócio de "Quero mais cem pedidos!" ou "Quero mais duzentos pedidos!" não funciona. Quero dizer, funciona, mas a pessoa se torna dependente. Não vive sem. E se acaba, ela se suicida, pois não sabe mais viver sem a facilidade dos desejos. Por isso, o Conselho da Magia resolveu aumentar os números aos poucos. E os gênios que não seguir as regras será punido. Pra falar a verdade, isso foi criado recentemente.

   – Os gênios? Como assim? Existem outros além de você?

   – Sim, na minha época existiam muitos. Mas apesar de sermos imortais, alguns não são achados e perdem a vontade de viver. Então desaparecem.

   – Na sua época? Quantos anos você tem?

   – Chega de perguntas... Catherine, não é? Então, você vai fazer algum desejo ou não?

   – Ainda não entendi muito bem. Que tipo de coisas eu posso ou não pedir?

   – O que você quiser. – Disse Jeff, mas meio em dúvida. – Menos coisas como morte ou deixar alguém em estado vegetativo. Mas dinheiro, fama, beleza... basta pedir e terá tudo isso.

   – E amor? – Perguntei, esperançosa.

   – É, pode, mas tem suas consequências. O poder de um gênio é muito grande, mas nada pode combater o amor verdadeiro. Então se você desejar que alguém se apaixone, esse alguém estará meio que... hipnotizado. Não te amará de verdade. Mas se ele encontrar alguém que ame de verdade o encantamento provavelmente será quebrado.

   – Ah. – Disse, bem decepcionada.

   – Então? Vai pedir algo ou não?

   No momento que eu ia pedir que essa maluquice acabasse, escutei a porta bater.

Minha mãe tinha acabado de chegar. Das compras. Chegou irriadíssima, vale frisar. Ficou reclamando algo sobre não conseguir desconto suficiente para uma daquelas calças ridículas que ela gosta de usar. Sabe, estilo anos 80. Maria (nossa secretária da vez) ficou ouvindo e concordando. Mas nada se compara a fúria que ela teve quando viu que eu não tinha terminado o serviço.

   – Catherine! O que esse monte de poeira está fazendo de baixo do tapete? Era para você limpar, não esconder a sujeira, sua preguiçosa!

   – Vai, se esconde! – Disse a Jeff.

   Então a mesma fumaça laranja cobriu o quarto. Só que mais leve dessa vez. Escondi o palmtop na gaveta e fui ver a mamãe.

   – Ah, mãe! É trabalho demais para uma pessoa só! Deixe-me descansar um pouco!

   – Está bem! Dez minutos!

   No meu estado normal eu reclamaria, mas não estava no meu estado normal. Estava mais para estado paranóico.

   Era algum tipo de brincadeira? Um gênio na minha casa? Mais especificamente, na minha gaveta de meias?

   – Anda, Catherine! O serviço não vai ser feito sozinho! – Berrou minha mãe

   Já estava cansada daquilo. Ordens. Reclamações. Nenhum reconhecimento.

   – Ui, sua mãe é um amor. – Disse Jeff, sua imagem aparecendo na tela do palmtop.

   – Ai! Estou cheia disso! Desejo que minha mãe esqueça esse maldito castigo e faça tudo o que eu quiser que ela faça!

   – Ok. – Jeff apenas estalou os dedos sem que eu me desse conta do que tinha acabado de fazer.

   De repente, escuto um leve toc-toc na minha porta.

   – Cath? Está tudo bem? Você quer um milk-shake ou algo assim?

   – Mãe? – Perguntei com a cara mais espantada que consegui fazer.

   – Sim, querida. O que houve?

   – Mas... e o castigo?

   – Que castigo?

   – Deixa pra lá. Sim, eu quero um milk-shake. Mas agora preciso ficar sozinha.

   – Tudo bem.

   Olhei para Jeff.

   – O QUE VOCÊ FEZ?

   – O que você pediu. Se eu não me engano foi algo como: "Desejo que minha mãe esqueça esse maldito castigo e faça tudo o que eu quiser que ela faça!". O que, na minha opinião, não foi o melhor jeito de gastar um pedido.

   – Mas... o q... não ent... o quê?

   – Calma aí garota! Quer falar em uma língua que eu entenda?

   – O quê aconteceu?

   – Você pediu que sua mãe esquecesse o castigo, e foi o que aconteceu.

   – Mas já? Tão instantaneamente?

   – Você não escutou o que eu acabei de dizer? Que nós, gênios, somos muito poderosos?

   – Sim, mas...

   – Descanse um pouco. Tome seu milk-shake. Acho que é muita informação para você absorver durante pouco tempo.

   Estava cansada e tonta demais para discutir. Enquanto dormia, não tive sonhos estranhos. Muito pelo contrário. Acho que foi um dos melhores sonhos que eu já tive. Eu estava num lago, bem feliz. Sem essa maluquice de gênios. Sem Chad ou Danny para atrapalhar as minhas idéias. Sem Katie para me deixar confusa. Sem ninguém, só eu. Sem deveres. Sem pressão. Era tudo o que eu mais queria no momento.

   Com aquela calma toda, resolvi dar um mergulho no lago. Não estava gelado, ou quente, mas na temperatura perfeita. Depois de nadar um pouco, resolvi me deitar sob a grama. Até aí, tudo bem.

   Enquanto descansava, vi algumas formas se movendo. Sombras, ou algo assim. Pensei que fosse besteira minha, mas então, dez minutos depois, aconteceu de novo. Levantei-me e fui olhar.

   A coisa ia se movendo rapidamente. Entrou na floresta. Segui-a. Devo ter andado uns 200 metros, quando cheguei perto o bastante para ver do que se tratava a "coisa". Sinceramente, não sei dizer a sensação que eu senti o ver aquilo. Era o animal mais engraçado, ou mais aterrorizante, que eu já vira na vida. Era meio que um cruzamento de um rinoceronte com um ornitorrinco. Só que ele era rosa! Então aquele mutante se virou e começou a correr atrás de mim! Era totalmente bizarro!

   Eu não faço idéia de como, mas eu era mais rápida do que a coisa. Depois de uns dez minutos correndo, o rinoceronte-ornitorrinco estava com um vestido de noiva. Sério, para um sonho que começou normal, esse estava muito estranho. Enquanto corria, ela (pelo vestido, presumi que fosse uma fêmea) gritava:

   – Derek, lembre-se do acordo! Case-se comigo e eu não te entrego aos hipopótamos! – Disse ela, mas aquilo não fazia nenhum sentido! E quem diabos era Derek?

   – Mas meu nome não é Derek! É Catherine! – E então percebi. No sonho, a minha voz não saía. Por mais que eu gritasse, não adiantaria de nada.

   Não me lembro de já ter corrido tanto. E o monstro sempre me alcançava. Não importa a que velocidade eu estivesse.

   Acordei num salto. Estava no chão, tinha caído da minha cama. Estava transpirando, mesmo com o ar-condicionado ligado. Tentei lembrar de que horas fora dormir, devia ser umas dez e meia da manhã.

   – Finalmente! Achei que você nunca mais fosse acordar! – Disse Jeff. Não fiquei surpresa em vê-lo ali, mas ainda não acreditava naquela maluquice de magia.

   – Jeff, por quanto tempo eu dormi? – Perguntei, mesmo sabendo que podia ficar assustada ao ouvir a verdade.

   – Sei lá, cerca de quatro horas. Sua mãe veio te chamar para almoçar, mas ficou com pena de te acordar.

   – Ela viu você? – Disse, pensando no pior, no que minha mãe faria se visse um homem no meu quarto.

   – Não, sua pequena tola. Eu tenho os meus métodos. – Então ele estalou os dedos mais uma vez, e vi o palmtop (não fazia ideia de onde ele estava) na minha mão.

   – Pronto! – Disse ele.

   – AAAAHH! – Quase deixei o palmtop cair de minha mão quando vi o que estava vendo.

   Era Jeff, mas era só a imagem dele na tela do palmtop, só dos ombros para cima. Era muito estranho. Pense numa imagem de dentro de um palmtop falando com você. É de assustar qualquer um.

   Quanto mais eu pensava em Jeff, mais eu pensava quem teria me dado aquilo. Ele já estava em cima da minha mesa quando eu cheguei da festa ontem a noite, então era de alguém que conhecia meu endereço e sabia que minha vida estava uma droga no momento, que eu realmente precisava de algo como aquilo, não tinha muitos suspeitos. Alguém da minha casa não podia ser. Deve ter sido alguém, de fora, que eu posso ter encontrado no caminho. Sam? Era uma boa opção. Ela sabia do castigo, dos garotos e era a minha vizinha desde que eu me entendo por gente. Danny? Ele sabia da metade das coisas, e morava perto de mim. Mas ele ficou surpreso ao saber disso. Mas ainda é uma opção. Kat? Não acho. Ela não sabe de nada. Só da escola, não do castigo ou dos garotos. E ela não é o tipo de garota que acreditaria em coisas como gênios. Rick? Ele nem se importa comigo. Will? Nunca tinha visto aquele garoto até aquela noite. Estava ficando sem opções.

   Então, no meio dos meus pensamentos, senti a minha barriga roncar. Já eram quase três horas da tarde, eu não havia percebido como estava faminta, já que não tinha almoçado. A casa estava totalmente vazia. Meu pai tinha viajado para New Jersey, passar uma semana trabalhando. Minha mãe tinha saído. Ann ainda estava na casa de sua amiga Jéssica. Maria tinha levado Spiky até a pet shop para darem uma banho nele. Eu estava praticamente sozinha naquela casa. Sem inspiração, fiz um sanduíche e tomei um refrigerante. Um dos melhores almoços que eu já tive. Ainda estava assustada com o sonho e Jeff, então fiquei na sala assistindo TV.

   Não tinha nada interessante passando na TV, então passei a tarde entediada. Fiz o maior esforço possível para não voltar ao meu/Annie quarto. Mas eu dei um volta no meu quarto. Ele ainda estava rosa. Muito estranho.


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