Cuidado Com O Que Você Deseja escrita por Katie Anderson


Capítulo 5
Capítulo 5




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Capítulo 5

   Ir a uma festa de populares sem ser popular não é tão simples como parece. Mas eu ainda tenho minhas suspeitas que estão tramando algo contra mim. É meio estranho, eu conheço as pessoas, mas não tenho amizade, então acabo me sentindo em uma posição desconfortável. Claro que eu não estou totalmente sozinha, conheço algumas pessoas. Mas isso não foi o que aconteceu de pior.

   Eu tinha acabado de sair do banheiro, quando vi Katie indo até as líderes de torcida com Chad abraçando-a. Danny estava com os seus outros amigos, e então fui até o povo do teatro, que, para ser sincera, eram minhas únicas opções. Quando cheguei lá, vi Fred no meio deles. Não sei muito bem por que, mas dei meia volta e fui pegar um pouco de ponche, acho que para aliviar um pouco minha cabeça de todo aquele stress.

   Quando tomei o primeiro gole, vi Fred vindo em minha direção, com uma cara nada simpática. Estava prestes a sair dali, quando vi Danny vindo pelo outro lado. Isso só ia piorar as coisas, pensei. Ainda me restava uma saída, mas eu teria que passar pelas líderes de torcida. Dei o primeiro passo e Chad também começou a vir em minha direção. Agora ferrou, pensei. Não tinha como sair dali. Se algum deles me visse com outro, tinha até medo de pensar no que eles poderiam pensar. Nessa confusão toda, não percebi que ainda estava com um copo de ponche na mão e estava do lado de uma tigela cheia.

   Não sei o que passou pela minha cabeça, só sei que quando pensava quais eram as minhas chances de sair dali, escorreguei em um dos salgadinhos caído no chão, e aquele copo caiu sob meu vestido. Kat ia me matar, pensei. Mas aquilo não foi o pior. Enquanto escorregava, não tinha nada para me apoiar, então agarrei a primeira coisa que vi. Por sorte, aquilo deixou minha queda um pouco mais lenta. Por azar, tratava-se da tigela de ponche. Quando vi o que tinha acontecido, minha vontade era de morrer. Eu meio que me senti como Jennifer tinha se sentido com o negócio da piscina. Só no meu caso não era água, e sim ponche. E não apareceu ninguém para vir me ajudar. Todo mundo estava preocupado demais com a própria reputação. Depois que me levantei, totalmente humilhada, Danny e Chad apareceram ao mesmo tempo.

   – Você está bem? – Perguntaram os dois ao mesmo tempo. – Quem é você? – Perguntaram quando se viram.

   – Danny, Chad, Chad, Danny. Estão apresentados. Agora, me respondam: por que vocês não apareceram pra me ajudar quando eu escorreguei? Não me diga que não me viram, porque eu sei onde vocês estavam, e lá tinha um ponto de vista perfeito para ver o que estava acontecendo ao meu redor. – Eu sei, peguei um pouco pesado, mas eu ainda estava chateada com o... recente acontecido.

   – É que...

   – Sabe... – Danny estava mais inquieto do que Chad. – Ok! Eu tinha visto você Cath, só que não consegui chegar a tempo. Quando você caiu, muitas pessoas foram ver, e eu não consegui chegar! Desculpe, de verdade.

   Olhei para Chad.

   – Olhe, eu estava do lado de Katie, quando resolvi sair para pegar um ar. Estava indo tomar ponche, e vi que você estava lá. Só que a Katie ficava me agarrando, e não consegui chegar a tempo. Desculpe.

   Refleti sobre as duas respostas. É, podia ser verdade, mas mesmo assim, com um pouquinho de esforço eles poderiam chegar e me ajudar. Mas cheguei a conclusão que uma desculpa sincera seria o melhor que eu conseguiria obter.

   – Chad, aí está você. Estava te procur... – Katie deu uma olhada em mim, depois, com horror no meu vestido, e em mim de novo. – Por que você está toda molhada? Isso aí é ponche? Meu Deus, o que aconteceu com o seu cabelo? Você era a garota do ponche?

   – Sim, para tudo. Menos para a parte do cabelo. Você devia saber melhor do que ninguém que para acabar com uma escova é só jogar algo líquido em cima de um cabelo escovado.

   – Gente, chega de drama. É só um cabelo. Cath, pegue uma toalha e vamos dançar. – Ah, quase voei em cima do pescoço do Danny.

Continuamos conversando por cerca de uma hora. Quando deu três e quinze, achei que já estava na hora de ir pra casa. Não tinha dinheiro para um táxi e nem por 1 milhão de dólares eu iria subir num ônibus com aqueles sapatos. Por isso, minha última opção era aceitar a carona de Danny.

   – Vamos lá, é só uma carona, o que tem de mau nisso? Te levo direto pra casa, prometo. – Eu ainda estava meio molhada, sem dinheiro e de castigo. Me chame de louca, mas essa era minha última opção. Nada no mundo me faria voltar a pé pra casa.

   Minha casa ficava na parte central de Manhattan. Fiquei surpresa quando Danny me disse que sua casa ficava a apenas algumas quadras da minha. Tipo, mais ou menos cinco casas depois.

   Danny me deixou na frente da minha casa, e, enquanto olhava na minha bolsa, me dei conta de um pequeno problema: tinha esquecido a chave. Não podia pular o muro pelas seguintes razões: estava com um vestido (vestido!) curto (curto!), minha casa tinha um daqueles sistemas de segurança super avançados, qualquer coisa disparava o alarme; além de Spiky, nosso cão de guarda. Eu sei, Spiky é um nome estranho para um cachorro. Não me culpe, eu tinha sete anos quando meus compraram ele! Além disso, eu tinha uma daquelas chaves que abrem qualquer porta para emergências, mas eu estava com a cabeça cheia antes de sair de casa, e devo ter esquecido no meu closet.

  Enquanto pensava em algo que poderia me fazer entrar em casa, esbarrei num cara que devia estar fazendo sua corrida da madrugada. Bem, é o que eu acho, ele estava usando um moletom cinza meio suado, com uma camisa azul-marinho por baixo.

   – Ei, cuidado por onde anda, garota. – Disse ele (bem) irritado.

   – Ei, você esbarrou em mim. Então você deve tomar cuidado por onde corre. – Aquele cara me parecia familiar. Não sei bem porque. Ele tinha cerca de 16 anos, cabelos pretos como a meia-noite e olhos profundamente verdes e um pouco intimidadores, também, acho que eu deveria estar meio sonolenta, mas ele era extraordinariamente bonito. Porém, o que ele tinha de bonito, tinha de irritante.

   – A propósito, o que você faz fora de casa toda molhada às duas e meia da manhã?

   – Isso não é da sua conta. E o que você estava fazendo?

   – Estava correndo. Sou atleta, mas isso não é da sua conta, não é mesmo?

   Droga! Como um cara tão lindo pode ser tão irritante?

   – Ok, não precisa ser tão grosso. Catherine. – Estendi minha mão.

   – William. – Nossa! Esse nome me é familiar também. – Eu entraria em casa se fosse você. Não é seguro ficar plantada como uma árvore para fora numa hora dessas. – E voltou a correr.

   Essa última frase dele me deu uma ideia. Com certeza não foi a melhor que eu já tive, mas acho que poderia funcionar.

Ding-dong. Atenda, pensei. Ela tinha que estar em casa.

   – Cath? O que você está fazendo aí fora? – Disse Samantha. – Tem ideia de que horas são?

   Minha ideia era simples e insana. Samantha (Sam) era minha vizinha desde sempre. Como ela era uma grande amiga minha, provavelmente me deixaria entrar e subir de volta naquela bendita árvore. Ia entrar do jeito que saí. Era assim que fazíamos quando éramos menores. É, essa árvore já é bem antiga. A gente costumava usar para fugir do castigo. Quando uma ficava de castigo, trancava a porta e ia atráves da árvore para casa da outra. Era meio louco, mas era bem divertido. O hiperatismo de Annie era mas sério na época, então Ela ficava onde hoje é o meu quarto, e eu onde hoje é o dela. Digamos que eu fiz algo que realmente não devia, e então perdi o quarto.

   – Você está louca? – Perguntou-me Sam – Você está de vestido, molhada e ainda que subir numa árvore?

   – Sim, mas você não faz idéia do que eu passei. Sam, se você não deixar eu passar, eu vou ir do mesmo jeito, mas, na minha situação eu sou capaz de deixar danos permanentes! – Surtei, total.

   – Ok, pode ir. – Disse, vencida.

   Wow! Foi fácil!

   – Mas só depois que você me contar TODA a história!

   Sinceramente, estava cansada de mentir. Mas para que eu poderia contar a verdade? Eu menti até para Katie! Danny tem se mostrado um bom amigo, mas eu o conheço há mais ou menos dois dias, e ainda contei a parte do castigo. Mas eu queria alguém de confiança, que eu pudesse contar tudo, até a parte de Chad. De Ryan, que parece ter acontecido há tanto tempo.

   Então eu contei para ela. Tudo. Sobre o castigo, de Chad, Katie, Danny e até William. Sam ouviu com atenção, não me interrompeu. Só fez uma careta quando eu mencionei Katie, já ela sempre teve um pouco de ciúme. Acho que eu demorei cerca de meia hora, só falando.

   – Cara, você é mesmo louca. Eu sei que você não escolhe por quem se apaixona, mas, por favor, como você fez isso com Katie? Ela conheceu o cara primeiro. E você ainda reclama! Pelo o que eu entendi dessa história maluca, só hoje você conheceu três caras bem gatos. Estou contando com o cara que tava correndo! William, não é? Acho que ele é da sua escola. Daniel? Por que você não fica com ele? Ouvi dizer que ele está solteiro no momento.

   – Por que você está defendendo Katie? Você nunca gostou dela!

   – Cath, isso não é o mais importante. Mas coloque-se no lugar dela. Você gostaria que ela se apaixonasse por um cara que é quase seu namorado?

   – Mas...

   – Olhe depois a gente conversa. Vá logo pra casa, pelo que você me contou, vai ter um dia duro cumprindo seu castigo. Sério, se te pegarem, você está ferrada.

   – Ok. Obrigada, Sam. E desculpe ter te acordado.

   – Tudo bem. Quem não quer ser acordada numa madrugada de sábado? – Foi sarcástica. Cara, eu adoro aquela garota!

A volta foi bem mais difícil do que a ida. Na ida, eu joguei os meus sapatos pela varanda e estava seca. Na volta, quando me lembrei de tirar os sapatos, já estava na metade do caminho. E cada passo que dava, eu corria o risco de tropeçar e escorregar. Cheguei muito perto de cair umas três vezes, mas cheguei ao quarto em segurança. Tomei meu banho (claro! Não ia dormir cheirando a ponche!) e praticamente desmaiei na cama, de tão cansada. Tive um sonho meio estranho, nele eu estava na prisão com Freddie Highmore. Se bem que, na minha situação seria melhor do que ficar em casa. Eu estava de castigo, sem TV e sem internet, atolada de dever de casa. Corria o risco de ser chamada de garota do ponche para sempre. Não conseguiria olhar para a cara de Katie sem pensar em Chad. Falando nisso, pensei no que Sam disse, mas não cheguei a nenhuma conclusão. Será que ela estaria certa? Ou será que não?

   Enquanto me questionava, vi algo brilhando em cima da minha mesa. O que seria aquilo? Cheguei mais perto e vi um palmtop com um laço vermelho em cima, como o de um presente. Atrás dele tinha um bilhete, que dizia: "Realizará o que você desejar", que parecia meio suspeito. Quem será que tinha mandado aquilo? Não tive tempo de descobrir. Ouvi passos no corredor e enfiei aquilo na primeira gaveta que eu encontrei.


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