O Corredor escrita por Valkeera


Capítulo 5
Fale agora ou cale-se para sempre


Notas iniciais do capítulo

Hello, fiquei um tempo sem postar por que comecei a escrever outra história, que já está com 11 páginas! Quando eu acabar de digitar, vai estar aqui!
Fora isso, bom proveito desse capítulo, apesar de ter poucas palavras ;P



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O ar tremulou, os sons evaporaram e as cores escorreram como tinta da parede. O ser seguiu caminhando indiferente, sempre para frente. Ele existia para isso. Ou deveria mesmo chamar aquilo de existência? Respirar e caminhar, ouvir o ritmo constante e invariável de seu coração, porém sem nenhum sentimento ou verdade além daquilo? Poderia ser mesmo chamado de vida?

O que é existir? O que é viver? Talvez seja saber que as coisas não são eternas, mas sim únicas e talvez inevitáveis. Tentar evitar o inevitável, correr atrás do impossível. Vida. Querer ir além do necessário, buscar um motivo para sua existência, sem a certeza de sucesso.

Caminhar para o infinito vagando além do tempo; talvez não se enquadre na definição de viver. Mas a cada gota de cor que pingava pelo corredor após a eternidade de passos dados nele; isso sim, era uma vida. Sofrer, correr, buscar. Amar. Sentir algo de verdade, tocar em algo sólido.

Por pior que seja a dor, às vezes é melhor senti-la do que ser um eterno amortecido, intocável.

Um perfume vagou no ar, brincou nas narinas do ser, e despertou uma memória. A brisa de cores entrou como uma intrusa no corredor.

Michael fechou a janela, depois de uma porta bater graças ao vento. O perfume das flores na sacada já não podia ser sentido. James estava sentado no sofá, nervoso, mexendo suas mãos ansiosamente. Carlos, seu melhor amigo estava tentando acalmá-lo. Arrumou a gravata de James, deu batidinhas em seu ombro e falou uma mensagem positiva, mas o rapaz continuava suando, nervoso.

- Calma, vai dar tudo certo! – Disse Carlos - Ela vai chegar a tempo. Agora, acho melhor você ir logo. O noivo não pode se atrasar!

James sorriu para ele. Estava muito feliz, afinal, Lauren era a mulher da sua vida. Depois de quatro anos morando juntos, uma hora ou outra iriam se casar.

Aquela era a ocasião.

James entrou no carro, acompanhado de seus amigos, inclusive Carlos, o padrinho do casamento.  Dirigiram até a igreja próxima de um parque. Era primavera, e a vegetação verde do parque se enchia de cores, com galhos floridos e arbustos vistosos. Era de tarde, o sol estava se movendo em direção ao parque, o que deixava a cena ainda mais exuberante. James, no banco de trás, suspirou novamente, tentando se localizar nos acontecimentos.

Foi no passado inverno que, depois um longo dia de trabalho para ambos, James propôs noivado à Lauren. Ela ficara de fato muito emocionada, tanto que se jogara em seu colo e o enchera de beijos, logo após colocar o brilhante anel que James havia escolhido com tanto carinho. Ele nunca esqueceria aquele dia, nem ela.

E Vanessa nem surgira em sua mente durante todo aquele tempo. Foram longos anos de felicidade.

James se posicionou no altar e esperou alguns minutos, quando a Noiva finalmente entrou. Estava linda, com os olhos reluzindo alegria, e isso acalmou o coração de James. O vestido dela era lindíssimo, um tomara-que-caia bem simples, sem grandes detalhes além de alguns brilhantes formando desenhos. Mas a noiva em si dava vida ao traje. As Damas de honra, filhas de 6 e 7 anos de Carlos, vinham logo atrás, jogando pétalas de rosas, e estavam adoráveis; mas nem foram notadas por James. Não havia ninguém ali para James.

Lauren se posicionou ao lado dele, lançando um olhar que beirava as lágrimas de alegria, e se viraram para o padre, que seguiu a cerimônia.

No momento que o padre falou “se tem alguém que seja contra esse casamento, fale agora ou cale-se para sempre” James ouviu alguém perder o fôlego, e lentamente virou o rosto, encontrando à porta da igreja Vanessa sorrindo, logo após se retirando sem dizer uma única palavra. James quase não pode esconder seu terror, mas a cerimônia seguiu, e James beijou a noiva, praticamente esquecendo o súbito aparecimento do seu inferno no casamento.

Quando Lauren e James saíram juntos da igreja, os grãos de arroz voaram sobre eles, e ambos sorriam, enquanto um carro preto os esperava em frente. Uma névoa tomou conta de tudo, como uma deixa para a memória acabar e voltar para a sua verdadeira e deprimente forma, onde sonhos eram tão sólidos como o ar: O corredor.


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Notas finais do capítulo

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