O Corredor escrita por Valkeera


Capítulo 4
Finalmente, felicidade


Notas iniciais do capítulo

Olá! Fiquei uns dias sem escrever em função do natal, mas to aí x3 fiquei com um pouco de pena do James, então vou melhorar um pouco as coisas pro lado dele



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Lauren observou a expressão pensativa de James por uns instantes e tentou chamar sua atenção. Ele continuava com os olhos vidrados em nada, simplesmente imóvel.

- James?

Ele não se moveu.

- James!

Ela segurou seus ombros e o sacudiu. Ele pareceu despertar, em choque, e a observou como se não a tivesse visto antes.

- Ah, sim, Lauren?

- Tá tudo bem? Hoje você ta meio distraído...

Então ele finalmente notou que estavam na areia, sentados de novo. Por quanto tempo ele ficara perdido em lembranças?

- Er... Por quanto tempo eu fiquei sem falar nada?

Ela ficou pensativa por alguns segundos e disse:

- James, tem algo te incomodando? – Ele ficou um pouco surpreso – Quer dizer, alguém? Eu sei que fazem só alguns meses que estamos juntos, mas você nunca me falou do seu passado! As vezes, você simplesmente fica estático, sem falar nada. Começa a murmurar coisas...

- Murmurar coisas? – Agora sim ele se assustara – que tipo de coisas?

Lauren baixou a cabeça, com a franja loira tapando seus olhos, e falou quase num sussurro.

- Você ainda a ama, James. E ela te deixou. Muitas vezes.

Ele olhou triste para ela. Ela não merecia suportar o que ele sofria todos os dias. James sempre havia evitado comentar esse tipo de coisa com qualquer um, pois para ele já era um sofrimento imenso ter de lembrar o tipo de coisa que Vanessa fez com ele. Mas pior ainda era ser alvo de pena dos outros. Ele não precisava disso. Lauren engoliu em seco e voltou a falar.

- É horrível não poder escolher a quem amamos, não é? – Ela tinha os olhos embaçados, lacrimejantes – As vezes as pessoas simplesmente gostam de brincar com os nossos sentimentos, e fazem todo tipo de coisa conosco. E ainda assim, a gente continua ligado a essa pessoa, por mais que tente esquecer. – lágrimas correram pelo seu rosto moreno, e olhou sorrindo, triste, para James – Não se preocupe, não estou com pena – Ele se assombrou em como ela leu sua mente – Mas o sentimento é familiar. Só isso.

James olhou admirado para ela.

- Talvez nós dois consigamos superar isso juntos, Lauren.

- Vamos tentar – ela disse, com o nariz já congestionado e o rosto vermelho. Riu de si mesma. Uma coisa que James admirava nela era conseguir rir até naqueles momentos mais doloridos, mostrando que nunca estava completamente entregue à tristeza. Porém ele estava.

Uma única lágrima escorreu do rosto de James, pingando na areia e sugando todas as cores da praia. Levou as cores do sorriso de Lauren, levou o azul dos olhos de Vanessa da mente de James, levou o mundo; estava o ser caminhando novamente no corredor.


Ao contrário de James, o ser – que era ele próprio – caminhava sem um único rastro de melancolia em suas simples feições. Era desprovido de sentimentos ou de qualquer reação à longa lembrança, tão vívida.

Talvez o ser não fosse mente e corpo ligado. Quem sabe todos os sentimentos, consciência e curiosidade não estavam aprisionadas num corpo de movimento eterno? Não havia como saber, pois se havia algo lá dentro, não podia se manifestar.

Os corredores brancos pareciam irradiar uma suave luz, pois não havia como ele ser iluminado por lâmpadas, não havia nenhuma. O corredor era simplesmente um espaço alto o suficiente e largo o suficiente para o ser passar caminhando, e longo o suficiente para passar toda a eternidade ali.


Sons invadiram o corredor, fazendo as paredes tremularem de leve. A cada novo impacto do som nas paredes, as cores apareciam nelas, mostrando o pequeno e bagunçado quarto de James. Os sons se tratavam das risadas de Lauren, sentada na cadeira do pequeno escritório improvisado. James estava sentado em sua cama, ao lado da janela com vista para outro prédio. Havia se mudado fazia algum tempo da sua antiga casa num bairro residencial. Não podia pagar todas as contas depois que havia mudado de emprego.

Todos os motivos que o levaram para aquele pequeno apartamento não eram relevantes, perto do real motivo: fugir das lembranças de Vanessa. Vivera por alguns meses com ela na casa. Ocasionalmente encontrava objetos que pertenceram a ela, roupas dela, presentes dela, o perfume dela no ar; as lembranças eram intensas de mais. Viveram meses de pura paixão, quase não saíam de casa. Depois que ela se fora para outro estado, viver com outro, ficava muito difícil conviver com qualquer coisa que trouxesse alguma memória dela; ainda mais quando James ainda a amava.

Porém, no momento, nada daquilo importava. Estava com Lauren, e pela primeira vez em anos estava muito feliz. Ela fazia James se esquecer das feridas feitas por Vanessa e o lembrava como ser feliz com pequenas coisas. Estavam morando juntos já fazia um ano, e James não poderia estar mais satisfeito. Pensou, rindo consigo, como a ajudinha dos amigos foi útil.

Era uma festa muito animada, cheia de gente dançando e bebendo. Os seus amigos estavam com suas respectivas namoradas, menos o Michael, que cantava sem sucesso uma garota que tentava evitava o rapaz desesperadamente. As namoradas de seus amigos trouxeram algumas amigas solteiras, umas até dando em cima de James. Felizmente para ele, desistiram depois. James sabia que garotas não gostam muito dos caras que foram rejeitados ou largados, ainda mais quando tinham uma atitude como a dele; mas ele não queria um relacionamento tão cedo. Pelo menos era o que pensava.

Ele caminhou para fora da festa, num lugar mais calmo. Sentou-se num banco e notou que estava num lugar cheio de casais. Olhou para uma moça, de cabelos escuros, de costas para ele. Ela estava com um rapaz, mas virou-se para ele. Com um susto, viu que era Vanessa, observando-o sorridente. James quase caiu do banco, e começou a se afastar, suando frio. Olhou para o outro lado, e viu outra moça que virou para ele. Era outra Vanessa, que perguntou com uma expressão de preocupação se estava tudo bem. James começou a olhar para os lados rapidamente, perturbado. Havia várias Vanessas na rua, olhando para ele, que estava caído no chão, confusas e preocupadas. Sua visão começou a ficar turva, os batimentos aceleraram loucamente, sua cabeça estava para explodir.

Desmaiou.


Sentia um cheiro estranho e familiar, que reconheceu da vez que fora visitar sua avó no hospital. Havia um estranho zumbido em seu ouvido e sua boca estava seca. Piscou os olhos e viu o teto branco de um quarto de hospital.

– Senhor?

Uma enfermeira olhava para ele. Loira, pele morena, olhos claros.

– Estou morto?

Ela riu.

– Não, senhor. – Ela observou a ficha em suas mãos – Me parece que o senhor entrou em coma alcoólico.

– Como? – Ele piscou confuso. Não se lembrava de ter bebido uma única gota de álcool.

– Oh, desculpe, ficha errada. O Senhor é James Williams?

–Ah, sim.

– Certo... Parece que o senhor teve uma hipoglicemia. Entrou em coma.

James notou a agulha em seu braço, levando soro para sua veia.

– Oh.

– Mas amanhã de manhã o senhor pode ir para casa. Não houve nenhuma sequela.

James coçou a cabeça, confuso, e procurou seu celular sobre a mesa. A enfermeira alcançou o celular para ele, e ele olhou para a tela.

Passara dois dias adormecido.

–Como eu cheguei aqui? – Ele falou, lentamente. Estava um pouco assustado.

– Uma moça viu o senhor desmaiando na festa. Achou que fosse a bebida, e disse que parecia que estava tendo alucinações. Chamaram uma ambulância, mas logo ficou tudo bem. – Ela sorriu. James ficou um pouco envergonhado pelo acontecimento da festa.

– Alucinações? E como se chama a moça?

A enfermeira parou para pensar.

– Acho que Vanessa. Lembra-se do que aconteceu?

Ele congelou. Então ela estava mesmo lá.

– Ela deixou telefone?

– Sim, mas...

– Ela veio aqui?

– Senhor, por favor acalme-se...

James começou a se cansar, e deitou-se novamente nos travesseiros brancos.

– Perdão... Qual seu nome?

– Lauren, Sr. James. – ela sorriu – Agora vou deixá-lo descansar. Esqueça-se um pouco do que aconteceu, mas depois precisamos conversar.


E algumas semanas depois eles se encontravam novamente em um shopping, por coincidência.

E ele a convidou para sair.

Os amigos ficaram surpreendidos e alegres. Segundo eles, James havia esquecido Vanessa. Estavam errados, é claro. Mas era muito mais fácil não estar sozinho sempre.


–James, eu acho que já está na hora de eu ir. Não posso me atrasar, o hospital...

Ela estava se levantando da cadeira do quarto de James. Eles estavam relembrando de como se conheceram, e rindo da situação.

James se levantou e a fez sentar-se novamente.

– Lauren, ainda falta uma hora. Aliás, você não ia entrar de férias?

– Sim, mas...

Ele se aproximou dela e segurou os seus ombros. Deslizou suas mãos até seu rosto e a puxou para um beijo. De inicio, ela se afastou, dizendo que tinha que ir trabalhar, mas não resistiu e se rendeu a ele. Ela afundou seus dedos no cabelo castanho enredado de James e ele acariciou o pescoço dela.

– James, assim vou me atrasar... – ela falou entre os beijos.

– Eu não ligo – falou ele, puxando seu rosto para perto, aprofundando o beijo.



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Notas finais do capítulo

Sorry pelos prováveis erros! E aí, gostaram?
Que tal uns Reviews pra variar? ^^ Quero saber se vale a pena continuar escrevendo! (mentira, vou continuar mesmo assim)



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