Eu não sabia quanto tempo demoraria para chegar no necrotério.

Sam devia saber, mas não falava nada, quem estava no comando era Chad, e este resolveu descansar nessa última cabana em que nós nos encontrávamos.

Estava escuro lá fora, a noite fazia a floresta parecer algo que saia de algum filme de terror.

Todos dormiam. Até aquele filho da mãe do Mansion.

Eles conseguiam, mas eu não.

Olhei para meus irmãos, que dormiam tranquilos sobre ao lado de Big D.

Meus olhos estavam pesados e, por algum motivo, meu braço doia. Mas eu não podia dormir.

Tinha que ficar de vigia. Mas vigiando o quê? Sacudi a cabeça, bocejando.

Acho que fechar os olhos por alguns momentos não mata ninguém.

***

– Helen? Helen?

Quando abri os olhos, fiquei fitando o chão de madeira escura da cabana. Que sonho doido.

Eu já tive alguns assim antes, mas nada que envolvia dois garotos com os nomes dos meus irmãos.

Principalmente com Ciel com o cabelo em um tom escuro de azul.

Não é a toa que me chamam de maluca.

– Helen, está tudo bem? - perguntou Samuel.

Ele era o único além de mim acordado.

Estava encostado na parede, olhando para mim, segurando alguma coisa.

– O que está segurando? - perguntei, desconfiada.

– Caneta e lápis, achei aqui na cabana. Fiquei entediado e resolvi escrever.

Assenti com a cabeça, mas mesmo assim me encolhi. Samuel não transmitia algo bom. Lógico, era um Mansion.

– Você pode voltar a dormir, Helen, nada vai acontecer. - ele disse, olhando a caneta.

– Mas eu não quero. - falei, e a dor no meu braço esquerdo se intensificou. Massageei ele, e bocejei em seguida.

– Calma, Helen, as coisas que acontecem de ruim são apenas um sonho. - Samuel falou antes de eu fechar os olhos novamente.

***

Quando acordei na manhã seguinte, o latejar em meu braço não existia mais.

Ciel e Alois estavam brincando juntos, com Big D, que estava com a cara na parede contando, com um sorriso brincando nos lábios.

Os dois saíram para se esconder em lugares óbvios demais, mas eu sabia que Big D iria ignorar esses lugares.

Chad ignorava as crianças e rabiscava algo em um papel, em cima da mesa. Reggie.... Bom, quem liga pra ele? Pode morrer a qualquer hora mesmo.

Samuel estava no mesmo canto em que o encontrei noite passada.

Ele ora me olhava, ora escrevia algo no papel. Era pertubador, mas eu não mostraria isso para ele.

Quando Big D achou Ciel, este tentou correr, rindo, e tropeçou na perna de Sam que estava esticada.

Ciel murmurou algo parecido com desculpa, e Sam sorriu.

Mas era o sorriso de um monstro.