Bitter Revenge escrita por Fadaf


Capítulo 5
Capítulo Cinco - Drowning Lessons


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal.
Aqui mais um capítulo do Bitter. Espero que se divirtam :3



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Eu engoli em seco. Estavamos mortos também, meu Deus.

Olhei para Chad, que estava ao meu lado o tempo todo, e ele também me olhava, sem saber o que fazer.

– Eu não sou tão paciente assim. - disse o Mansion, virando para nossa direção. - Ou vocês vem até mim ou eu vou até vocês.

Eu me levantei, a batalha já estava perdida.

– Tá maluca, Helen? - perguntou Reggie, segurando meu pulso. - Ele vai te matar.

– Dará tempo suficiente para salvarem meus irmãos. - falei, olhando para Big D sobre o ombro. Ele assentiu.

Sai da proteção das sombras e encarei o sujeito. Ele era mais alto que eu, claro, mas eu ia olhá-lo de igual para igual.

O Mansion riu, guardando o facão na bainha.

– Não achei que fosse aparecer. - ele disse, tirando o capacete e sacudindo o cabelo. - Sou Samuel.

Ele estendeu a mão, mas eu não a segurei. Estava desconfiada demais com um Mansion sendo simpático.

– Eu sei que seus amigos estão ali atrás, escondidos. - ele falou, um pouco animado demais. - Quero me juntar as vocês.

Eu fiquei em choque.

– Você... O quê?

– Me juntar a vocês. Vocês querem sair daqui, certo? - ele perguntou, franzindo as sobrancelhas. - O chefe disse que queriam.

Eu fiquei paralizada, olhando para ele. Tinha descoberto nosso plano, iam matar a gente do pior jeito possível.

– Hey, companheiro, do que está falando? - disse Chad, saindo das sombras. - Estamos dando um passeio noturno.

– Você que armou tudo isso. Tinhamos achado que era o Derick. - falou Samuel, apontando para Chad. - O chefe achou que o plano foi por água abaixo quando matou aquele garoto, mas eu suspeitei.

Chad olhava com um fascínio misturado com medo para o Mansion, como se as engrenagens de sua cabeça formassem outro plano louco.

– E se fosse verdade? - perguntou, colocando a mão em meu ombro. Senti que ele me jogaria para cima do Mansion se a resposta que ele desse fosse negativa.

– Eu quero acompanhá-los, já disse. - falou Samuel, impaciente. - Não suporto matar loucos, quero gente de verdade, sã.

– Não é um motivo muito bom. - comentei, olhando para ele como quem olha para uma lata de lixo.

Ele deu de ombros.

– Não quero sua aprovação, não é a líder do grupo, apesar de parecer estar no comando. - o Mansion disse.

Chad me olhou, sorrindo, como se estivesse satisfeito. Eu balancei a cabeça, tirando a mão de Chad do meu ombro.

– Você é louco, Chad, mas quem liga? Está cavando a sua cova. - falei, virando na direção dos outros, que ainda estavam escondidos nos arbustos.

– Minha cova é bem ao lado da sua, Helen querida. Você sabe disso tão bem quanto eu. - Chad falou, e eu soube que ele estava sorrindo.

***

Havia se passado dois dias desde que Samuel entrou para o nosso grupo. Tinhamos conseguido achar comida em uma cabana de suprimentos abandonada e algumas roupas.

Eu andava bem longe do Mansion. Não confiava nele.

Suspeito que nem Chad confiava, apesar de que contava com ele no plano. Chad excluiu a possibilidade de uma traição. Mas ele é muito idiota mesmo.

O Mansion não havia nos dado mais motivos nem tinha se explicado pela morte de mamãe, apenas insistiu em acompanhar a gente.

– O que você acha, Helen? - perguntou Big D, ao meu lado, balançando Alois para um lado e para o outro, fazendo-o rir.

– Não gosto dele, não confio em nenhum Mansion. Eles fedem a morte e a maldade. - disse, acariciando a cabeça de Ciel.

Eu estava contente com essa camaradagem que surgiu entre eu e Big D. Eu precisa de alguém forte para me defender e defender meus irmãos, Big D se encaixava direitinho nesse papel. Além disso, ele era a única pessoa que conversava normalmente comigo.

– Não acho que ele esteja mentindo, Helen. - falou Big D, olhando Samuel bater de leve nas costas de Chad.

– As aparências enganam, Big D. Tome-me como um exemplo. - falei, suspirando em seguida.

Big D parou de sacudir Alois e me olhou.

– Não te acho esquisita, como o Chad falou. Nunca tive vontade de pertubar você.

Eu sorri para ele. Eu estava começando a ver Big D como uma criança enorme, daquelas que só tem tamanho.

– Você sabe, né. O único jeito de sair daqui é pelo necrotério. - Big D disse para mim repentinamente, e eu senti meu sangue gelar.

O necrotério. Aquele lugar horrivelmente frio e isolado, que fedia a Mansion, sangue e fumaça. Ás vezes tenho uns flashs de lembrança, onde aparecem enfermeiras, seringas gigantes e algo parecido com um quarto branco alcochoado.

– Não quero ir. - falei, e me surpreendi ao ver que minha voz soava trêmula.

– Não se preocupe, não vou deixar nada acontecer com você ou com os bebês. - disse Big D, tentando me acalmar.

Não era nem por causa de Ciel e Alois que eu não queria ir. Era medo daquele lugar. Um medo irracional de pessoas vestidas de branco e da dor que eles causaram quando eu acordei.

– He...len?

Olhei para baixo, para o rostinho de Ciel que possuia um olho enfaixado. Era muito difícil para meus irmãos falarem, apesarem de já terem dois anos. Eu não tive muito sucesso educando-os e não podia contar com minha mãe.

Ele pôs mão em minha bochecha, como se soubesse que eu estava nervosa, e esse simples gesto me acalmou.

– Está tudo bem. - falei, mesmo que para convencer a mim mesma. - Tudo bem.

– Helen, querida. - chamou Chad, virando-se repentinamente para trás.

Reggie, que estava logo atrás, quase esbarrou no garoto, o que o fez receber um daqueles olhares assassinos de Chad.

– O que foi? - perguntei, voltando a minha carranca de sempre.

– Por que não vem aqui conversar um pouco com o Sam? Ele disse que lamenta muito a morte de sua mãe. - o sorriso de Chad era cruel. O filho da mãe estava se divertindo com a situação toda.

Olhei para o Mansion, o cara que possuia cabelos cacheados e escuros, um corpo atlético e olhos claros, em um tom perfeito de azul. A aparência perfeita, a personalidade errada.

– Sou antissocial, deixe-me em paz. - falei. - Além disso, não estou afim de me socializar com nenhum Mansion.

Samuel sorriu, passando a mão no brinco que tinha na orelha direita. O brinco era composto de três bolinhas pretas seguida por uma cruz prateada.

– Já me desculpei, Helen. - ele falou.

– Não quero desculpas, quero distância. - disse, quase cuspindo alguns xingamentos em seguida, mas eu me controlei. Ele ainda tinha armas.

Samuel abriu ainda mais o sorriso.

– Queria saber como você "desmorreu", Helen. O quê fizeram com você depois que acordou?

Fiquei em silêncio. Eu não ia responder ele nem ninguém que me fizesse essa pergunta. Dos meus traumas, só quem tem que saber sou eu.

– Nao te interessa.

Samuel continuou sorrindo. Seu sorriso parecia o de Chad, só que tinha algo mais perigoso.

– Tem uma cabana aqui perto, vamos descansar nela. - falou Samuel, apontando para a estrada a frente. - Depois dessa cabana, não terá mais nenhuma.

Chad concordou, mas voltou seus olhos para mim.

– Você virá, Helen?

Ele sempre me perguntava isso, como se pudesse ver que, em minha mente, eu calculava todas as rotas de fuga possíveis.

– Tenho escolha?

– Querida, você nunca teve.


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