Bitter Revenge escrita por Fadaf


Capítulo 21
Capítulo Vinte e Um - Helena


Notas iniciais do capítulo

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Olhei para a lâmina afiada em minha mão, e depois para meu pulso, onde o relógio de Ciel indicava que em pouco tempo Sam viria me buscar.

O que eu vou fazer?

Eu não tinha mínima ideia. Chad tinha proposto essa ideia, dizendo que em seguida se juntaria a mim, mas eu ainda achava tudo insano.

Inclinei a cabeça para trás, encarando o teto branco, como se esperasse pela resposta. Se existisse um Deus, ele podia me ajudar agora.

Fechei os olhos, deixando uma lembrança em particular fluir.

A sensação da grama nos meus pés. Os dedos gordinhos de meus irmãos sujando meu vestido de chocolate. Sons de risadas. Um leve cheiro de churrasco no ar.

Acho que tinha sido um dia de verão, bem quente, perfeito para uma reunião em família. Mamãe ainda estava bem e papai ainda estava conosco. Eu devia ser bem jovem.

Nessa memória, a garota de cacheados cabelos negros corria pela grama, dava estrelinha, sorria como se tivesse certeza que o dia seguinte seria igual aquele.

Quando abri os olhos novamente, estava no memso quarto escuro, encolhida em um canto. Esse tinha sido o futuro daquela garota.

– Eu nunca mais terei liberdade. - suspirei, encarando novamente a lâmina de Chad.

Pensei em meus irmãos, que ficariam sozinhos no mundo.

Ou não, sempre tivemos uma tia apaixonada por eles. Poderia cuidar de Ciel e Alois até a maioridade.

Apertei entre os dedos e senti a lâmina cortando minha pele, logo sentindo o cheiro de sangue.

O que fazer?

Eu não sabia. Queria ficar com Chad, mas aqui nunca seria possível. Queria que tudo fosse como aquele dia feliz de verão, antes de mamãe começar a beber e levar a família a loucura.

"Mas isso não seria fugir da realidade?", me perguntei, voltando a encarar a lâmina, como se ela tivesse algum tipo de encanto.

Seria esta a melhor opção? Fugir?

Afinal, esse era o plano desde o inicio não?

Engoli em seco, girando o pequeno e afiado objeto na mão, fazendo outro corte.

E então, quando os ponteiros do relógio sincronizaram no número doze, eu decidi. Eu não me entregaria a Sam.

Rapidamente, peguei a lâmina, mordendo o lábio com força para não gritar de dor ao fazer o corte.

Em seguida, joguei ela longe e vi ela sujando o chão de vermelho.

Descansei a parede na cabeça, vejando os olhos novamente, voltando para aquele dia de verão, confundindo a realidade com a ilusão de novo.

"- Papai! - gritei, enquanto corria de volta, extasiada, sentindo a grama em meus pés. - Tem uma porção de grilos ali.

Apontei para o imenso campo de flores rasteiras enquanto meu pai dava uma gargalhada e minha mãe sorria, partindo mais um minusculo pedaço de chocolate para os gêmeos.

– Você gosta de grilos, Helena? - perguntou papai, puxando para seu colo, pegando um sanduíche na cesta de piquinique.

Fingi que pensava um pouco apenas para balançar a cabeça depois.

– Prefiro pinguins.

– Mas por que pinguins? - surpreendeu-se mamãe.

– Eles são fofinhos. E vestem smoking.

Meu pai desarrumou meus cabelos.

– Quer saber uma coisa legal sobre eles? - perguntou.

– Claro!

– Quando um pinguim escolhe outro pinguim, eles ficam juntos pra sempre. Mesmo que estejam longe, eles sempre acham o caminho de volta um pro outro.

Pensei um pouco sobre a afirmação de papai e sorri.

– Somos todos pinguins então, né? Vamos ficar juntos pra sempre!

De repente, olho para o lado, e havia uma moça ali. Ela estava machucada, mas parecia que ninguém além de mim percebia sua presença. Ela mexeu em seu cabelo curto e cacheado, parecendo nervosa, e depois me chamou.

Meu pai nem reparou quando sai de seu colo e me afastei em direção a estranha.

– Está tudo bem? - perguntei, olhando para sua mão, que pingava algum liquido vermelho.

Ela balançou a cabeça e levantou o rosto, mostrando conhecidos olhos amendoados.

– Quer comer algo? - perguntei, apontando para onde minha família estava, mas quando olhei nessa direção, elesh haviam sumido.

– Não podemos mais ficar aqui. - a moça disse.

– Tenho que achar minha família. - murmurei.

– Eles não precisam de você.

– Mas somos pinguins. Vamos ficar juntos para sempre.

– Não, não vão. Acredite em mim, a pior coisa que você pode fazer agora é ficar. - e ela estendeu a mão, cuja o liquido vermelho escorria.

Hesitante, eu a peguei, e ela me guiou para dentro de uma imensa escuridão.

***

Agora eu sei que... Eu matei ela. Por isso em minhas ilusões eu estava morta. - sussurrei, rindo, olhando para minha mão, para os fiapos de sangue que escorriam entre os dedos. - Eu matei... O que eu mais acreditava depois de tudo. Matei meus sonhos.

Senti as lágrimas correndo pelo meu rosto, que tinha começado quando subitamente entendi algumas coisas, o motivo das ilusões.

– Eu matei Helena pra virar Helen porque ela tinha um passado que eu não queria. Era mais fácil esquecer tudo.

Abaixei a mão, fechando os olhos, suspirando.

– Era mais fácil fazer o papel de louca. Fingir que não tinha um coração quando na verdade eu tinha um muito ferido. As pessoas que eu mais amava quebraram ele de diversas formas. Meus sonhos se partiram. Eu não podia ser mais a mesma.

Senti que estava começando a respirar com dificuldade.

– Tive que me transformar. Virar uma pessoa sem esperança nenhuma. E aprendi que a dor psicologica pode machucar muito mais do que a fisica.

Estendi a mão na direção da janela com grades.

– Mas... Eu esqueci da luz. Esqueci que tinha momentos felizes. Obrigada, Chad. Por ficar do meu lado. Por me amar quando a sanidade não me alcançava.

Esperei, arfando um pouco, até que ele esticou a mão e pegou na minha.

Fechei os olhos novamente, cantarolando uma canção.

What's the worst that I can say? Things are better if I stay. So long and goodnight, so long not goodnight.

E então, apesar de várias pessoas entrarem no meu quarto gritando ordens, ou de tentarem me erguer, eu finalmente consegui dormir em paz.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso. O penúltimo capitulo. Obrigada a todos que leram até aqui. Aguardo vocês ansiosos no fim dessa fic. :3
E sim, tem mais um capítulo u__u



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