Se Der, Deu; Se Não Der, Fudeo! escrita por apataeavaca


Capítulo 4
Que bruxaria é essa?


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEEEEY, olha só, uma atualização na fanfic dos bracinhos o/ Até eu fiquei animada agora, fala ae!
Então, divirtam-se, nos vemos lá em baixo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/182294/chapter/4

“Sinto-me assediado”

– É isso ai, JANELA! Adooro ficar de janela! – comentei me recostando na cadeira e cruzando os braços atrás da cabeça. Meu segundo dia de aula e olha só onde eu estou! Com certeza meu destino é NÃO estudar.

– As aulas da dona Nicole até que são legais – disse Michelle. Quem tava perguntando mesmo? Puff – Apesar de todos os meninos ficarem babando em cima da mulher. Nojinho.

– Perai, quem que é essa fulana? – perguntei me sentando direito e começando a prestar atenção de verdade no que a coisinha estava falando.

– Ah, bagaço, é aquela ali, ó! – respondeu Michelle apontando uma foto colada na porta da sala. DE ONDE SURGIU AQUELA FOTO QUE EU NÃO VI ANTES?

– Que bruxaria é essa? – perguntei, chegando mais perto pra ver a foto. E, cara, QUE BRUXARIA É ESSA? Era a fulana macumbeira! – Como é o nome dessa mulher?

– Nicole – respondeu Michelle como se tivesse repetido isso mil vezes. Ah, poxa, não prestei atenção! – Nicole Lee. Ela tirou uma licença e só volta daqui uma semana. Mas por que o estresse?

– Eu, hm... – comecei, pensando no que dizer. Quero dizer, eu não podia simplesmente contar pra ela. Seria uma conversinha bem animada: “Então, Michelle, eu sou o Axl Rose, mas a sua professora de filosofia fez uma macumba do inferno e puff!, lá se vai a minha dignidade. Mas vamos ser amiguinhos?”. Não. Definitivamente era melhor ficar de bico fechado – Ela, hm, deve dinheiro pro... meu pai.

Ótimo. Colocar a culpa no Duff. É sempre a melhor saída.

Esperei que ela confirmasse que se engolido a desculpa e Michelle deu de ombros. Suspirei... credo, coisa gay!



– Toma aqui, bagaço, a diretora me mandou te entregar o seu uniforme de ginástica – gritou Michelle vindo sabe-se-lá de onde (na verdade, ela com certeza estava vindo da diretoria, mas enfim) correndo como uma doida. – Faça sua aula e me encontre aqui assim que acabar. Não posso perder você de vista.

Estava me sentindo um bichinho de estimação, uma criança de dois anos que grita... o que não era bem uma mentira. Enfim, só sei que a doida tacou uma troca de roupa vermelha e branca na minha cara e saiu correndo. Pessoas loucas: tenho medo.

Entendi o recado, então comecei a seguir o fluxo de pessoas em direção ao campo de futebol que ficava nos fundos da escola. Eu não sei como aquilo era possível, mas eu tinha certeza que eu tinha visto um bosque lá atrás também... o que não faz muito sentido, se levarmos em conta que estamos no meio de Los Angeles. Sério, mano, que bruxaria é essa?

Acabei indo parar no vestiário masculino. Só tinha uma palavra para aquilo: eca. Sério, QUE VISÃO DO INFERNO! Um bando de macho junto num cubículo, se trocando e ECA, me deu até piniquice.

Fiquei lá paradão, olhando das roupas que Michelle tinha me dado para o bando de babuínos se trocando numa indecência sem pudor. Foi nesse momento que um cara jogou uma mochila do meu lado e começou a arrancar a camiseta.

NA. MINHA. FRENTE.

– Cara, você ficou sabendo – começou ele com a camiseta presa no cabeção. Minha pequena avaliação inicial e definitiva: idiota – que um maluco abaixou as calças no meio do refeitório e... espera, eu conheço você. Era você! Hey, cara, eu sou seu fã!

Dei um sorrisinho amarelo pra ele. Ameba super-social!

– Meu nome é Gabriel – disse o cara, estendendo a mão. Apertei. Apesar de tudo, meu sexto sentido (é, eu tinha um) me dizia que ele até que era legal.

– Willian – respondi. Não vou dizer que não era estranho. Quero dizer, quando você fica um tempão atendendo pelo lindo, prático e sexy nome com três letras que era o meu, se desacostuma de ser chamado desse nomão.

– Então, Willian, posso te chamar de Will? Vou te chamar de Will. Eu acho que esses uniformes são uma tremenda sacanagem. Olha só, é possível ver o umbigo pelo outro lado se a gente abaixa – comentou o tal de Gabriel esticando o shorts antes de vesti-los. – Sinceramente, acho que eu não entro aqui dentro. – disse, tentando se enfiar no shorts vermelho – Como as pessoas esperam que a gente entre nesse treco? Quero dizer, isso é quase humanamente impossível.

Então ele olhou pra mim. Enquanto o cara falava e falava, aproveitei pra me trocar, já que todos estavam ocupados em tentar se enfiar no shorts.

– COMO, COMO EM NOME DO SENHOR, VOCÊ COUBE NESSE NEGÓCIO? – perguntou ele, chocado, vendo-me vestido. Parecia mais que eu tava com uma camisola que qualquer outra coisa, já que a camiseta era larga... e comprida; e o shorts era curto... e apertado.

– Sorte de principiante – respondi dando de ombros. Na verdade, eram anos de prática, mas eu não diria isso pra ele. Enfim.

Quase cinco minutos depois, Gabriel e eu estávamos do lado de fora – finalmente – do vestiário. Não vou dizer que foi fácil, mas ele finalmente conseguiu se enfiar no shorts – com muito, muito esforço.

– VAMOS LÁ, TIME! – gritou uma voz trovejante atrás de nós, nos fazendo dar um salto. Bufei e me virei pra xingar o filho da mãe que tinha me assustado, mas parei ao ver o tamanho do cara, que parecia mesmo um general ou sei-la-o-que. Fiquei quietinho ouvindo o que o cara ia dizer. – Vocês sabem as regras, aqui só os fortes sobrevivem! Sugiro que as meninas voltem para a saia das suas mães. Vamos lá, florzinhas, duzentas voltas no campo!

Começamos a correr em passo de tartaruga. Os meninos, quero dizer. Já que as meninas estavam praticando salto com vara; afinal, qual era o objetivo daquela escola, formar a próxima geração de atletas pra representarem os Estados Unidos nas Olimpíadas? Acontece que tinha uma menina que estava me olhando tanto que eu estava me desconcentrando; simplesmente não consigo fazer as coisas com essa sensação de estar sendo observado baforando na minha nuca.

– Ei, a Natalia ta te dando mó mole – comentou Gabriel “correndo” ao meu lado justo quando a tal de Natalia errou o salto (provavelmente porque se distraiu com a minha beleza estonteante) e, por um infeliz infortúnio (coitadinha), caiu em cima da Michelle. Me esforcei pra não rir enquanto Michelle ameaçava arrasta-la pela escola pelo que ela chamou de “gambá fedorento que você chama de cabelo”, berrando a todo pulmões.
– Err, Will... – começou Gabriel, me cutucando. Não dei atenção, mas então aquela sensaçãozinha de ter um cubo de gelo escorrendo pela sua espinha se apoderou de mim.
Fudeu. Ferrou. Lascou. Danou-se. COOOORRE NEGADA!
A questão era que, quando eu me virei pra ver do que o energúmeno estava falando, dei de cara com os cinco brutamontes do time de futebol que tinham me perseguido no dia anterior.
– Não sei se você está sabendo – começou um dos armários sem cérebro -, mas hoje a nossa querida diretora não está na escola...
Foi bem ai que eu entendi que essa era a minha deixa e sai correndo, sem prestar atenção nem por onde estava indo e esbarrando em Deus e o mundo. Porque eu sabia que, dessa vez, eu tava mesmo fodido. Eu só percebi que estava no meio dos testes pra entrar pro time da escola quando uma bola veio voando na minha direção, como se já não tivesse tudo fodido mesmo. Eu não fazia idéia do que fazer com aquele treco – que afinal nem devia ser chamado de bola porque nem sequer era redonda -, então agarrei ela e continuei correndo. Não tenho certeza se essa foi a melhor decisão a tomar, já que número de pessoas correndo atrás de mim aumentou significativamente, de cinco pra vinte.
Os caras começaram a se jogar para todos os lados, tentando me pegar. E, cara, fazia dois dias que eu tinha chegado naquela escola, não era possível que eu já tivesse tantos inimigos assim!
Na verdade, era possível...
Então a ficha caiu. Eu estava correndo no meio do campo de futebol E segurando a bola, por isso aquele bando de marmanjo tava correndo atrás de mim, de modo que arremessei a coisa pra longe e voltei a correr, mas infelizmente, minha aerodinâmica já havia sido estragada e fiquei sem ter pra onde fugir, encurralado no canto na grade.
Foi o bastante para os caras me rodearem e um deles – aquele infeliz que, por minha causa, não podia mais ter filhos – me pegou pelo colarinho e me levantou do chão. Fodeu.
– Pois é, agora ferrou – comentou ele, rindo e levantando o braço pra me bater. Me encolhi.
Senhor, me ajude! Me livre dessa e eu prometo nunca mais falar palavrão!
– MATHEUS!
– Treinador Jones! – respondeu o cara, me largando.
Meu salvador! Anjo, devo beijar os seus pés?
– Deixem o novo membro do time em paz! – continuou o treinador, aquele cara enorme que nos obrigara a correr em círculos ao redor do campo.
MAS É O QUE, HEIN, MEU FILHO? Mas nem fodendo que eu vou entrar pra esse timinho meia boca... Espera. Deus, eu sei que eu prometi não falar mais palavrão, mas eu sei que o Senhor vai me perdoar, porque o Senhor sabe a pessoa fraca que eu sou, obrigado.
– Ele? – perguntou o brutamontes sem cérebro, apontando pra mim e rindo.
– Sim. – respondeu o treinador anotando alguma coisa em uma prancheta – Ele driblou o time inteiro, que tem treinado desde o começo do ano para o campeonato, e pelo que eu senti, ele não tinha a mínima idéia do que estava fazendo. Imagina o que ele vai poder fazer com um pouco de treino! Eu não quero que vocês encostem UM DEDO nele, estão entendendo?
E com isso, o cara se virou e voltou pra sabe-se lá de onde ele tinha vindo. Aproveitei a deixa pra sair de fininho dali. Eu já estava do outro lado do campo quando os ouvi gritar “Cadê o moleque?” e me virei pra ver a reação dos idiotas. E eles resolveram se virar ao mesmo tempo e me viram. Droga.
Voltei a correr, mas aquele bosque me parecia um esconderijo bem mais atraente do que a quadra – já que eu, definitivamente, não ia mais voltar naquele campo.
– Hey, oi – disse uma voz no meio das árvores. Dei um pulo com o susto e me joguei em cima da pessoa pra fazê-la calar a boca antes que estragasse meu esconderijo.
O time passou correndo por onde estávamos, comentando sobre como eu poderia ter sumido tão rápido. Bando de idiotas.
Olhei, finalmente, para a pessoa que estava sendo esmagada por mim. Era uma garota. Demorei um segundo pra perceber que era aquela fulana que tinha esbarrado na Michelle, mas quando percebi, tive que concordar com o Gabriel: ela era lindona. E ela tava dando sopa... a gente tava ali, sabe, atrás dos arbustinhos e eu, estrategicamente, tinha me jogado em cima dela, você sabe o que eu quero dizer.
– Desculpa, você ta bem? – perguntei saindo de cima dela e destapando a boca da coitada, que já estava ficando roxa sem ar. Algo me dizia que ela não era exatamente a pessoa mais inteligente do colégio. Ela era mais do tipo silicone e água oxigenada.
– To ótima – respondeu ela sugando todo o oxigênio da Terra. – Mas muito melhor agora que você está aqui.
Credo, que menina, hm, dada. Não que eu esteja reclamando nem nada parecido.
– O que, exatamente, você está fazendo aqui? – perguntei, tentando manter um dialogozinho no mínimo descente.
– Me escondendo da Michelle.
Hm, faz sentido.
– E você?
– Me escondendo do time de futebol. – respondi como se fosse óbvio. Ela realmente era meio burrinha.
– Ah! – exclamou ela. E depois disso, ficou um silenciozinho chato. – Ih, olha, você se machucou!
– Onde? – perguntei, já que não estava sentindo dor nenhuma.
– Bem aqui – respondeu ela colocando a mão no meu rosto e começando a se aproximar. Ah, entendi.
Caramba, até que ela não era tão burra assim. Cheguei a essa conclusão porque ela começou a me beijar. Pois é.
Foi depois disso que as coisas começaram a ficar meio quentes...

– Você tem certeza de que não sabe onde está? – estava perguntando a menina uma porção de tempos depois, andando de um lado para o outro no meio das árvores só de sutiã, super preocupada. Eu, por outro lado, estava deitado de barriga pra cima na grama, super tranqüilo, me segurando pra não gargalhar da garota, que nem percebera que eu estava com a blusa (que mais parecia uma faixa de cabelo) amarrada na testa em forma de bandana.
– Não faço ideia. – respondi ficando de pé. – Me lembro de tê-la jogado, hm, por ai.
– Ah, meu Deus, e agora, como eu vou sair daqui? – perguntou ela. Qual era o nome dela mesmo? – Escuta, você tem que ir até a Jessica e dizer pra ela que eu preciso da ajuda dela.
– E como eu vou saber quem é Jessica?
– É aquela branquela de cabelo curtinho. Vai por mim, ela vai estar gritando, não tem erro.
– Certo – respondi e me mandei.
Fui andando na maior rapidez que minha cautela permitia, atento sobre as atividades do time de futebol, até me aproximar de onde as garotas estavam saltando. A tal de Jessica era exatamente o que a outra fulana lá tinha descrito: branquela de cabelo curto que berra. É sério, ela tava berrando mesmo.
– Oi, err, você é a Jessica? – perguntei chamando a atenção dela. Ela me lançou um olhar de cima à baixo e confirmou. – Certo, a... a... Bem, tem uma garota lá no meio do bosque chamando por você.
– Uma garota?
– É, sabe, uma... – fiz um gesto tentando exemplificar a medida avantajada da comissão de frente da menina.
– Ah! A Natália! Espera, o que ela está fazendo lá?
– Hm, é melhor você mesma ir lá ver. – respondi e me virei pra procurar pela Michelle.
– Te achei, bagaço! – disse a louca, me puxando pelos cabelos. Pois é, acho que eu a achei. – Onde, diabos, você estava?
– Ah, eu...
– Não interessa, vem comigo.
Beleza, se ela não queria saber então porque, em nome do Senhor, ela perguntou? Enfim, ela começou a me arrastar pra sabe-se-lá-onde e eu a segui – bem, eu a segui é modo de dizer, já que eu tinha muita escolha, pra falar a verdade.
– Malditas sejam aquelas duas barangas! – estava berrando Michelle enquanto me arrastava pelos corredores em direção ao vestiário feminino. Espera, vestiário feminino?
– Ei, ei, eu não posso entrar ai! – falei fincando o pé no chão e impedindo que ela se mexesse.
– Cala a boca e entra logo! – gritou e me empurrou. Tudo bem, você quem manda. – Vida injusta! Professorzinho puxa saco do inferno, me expulsou da aula e não fez nada com aquelazinha!
– O que você fez, exatamente? – perguntei vendo-a esvaziar uma mochila freneticamente, espalhando objetos pelo vestiário.
– Nada de mais...
– O que? – repeti.
– Ela esbarrou em mim, tá legal?! Eu tinha que fazer alguma coisa!
– Mas o que, diabos, você fez?
– Eu só ia atravessar o estômago dela com a vara. – respondeu dando de ombros inocentemente. Arregalei os olhos.
Nota mental: ficar longe da Michelle quando ela estiver treinando salto com vara.
– Bagaço, vem aqui e estende os braços.
Fiz o que ela pediu, sinceramente com medo. Ela colocou uma pilha de roupas nos meus braços e parou pra olhar pra minha cara.
– O que é isso na sua testa?
– Hm, é a blusa da... – tirei a camiseta da testa e a virei para olhar o nome da garota escrito nas costas – Natália.
Michelle arqueou uma sobrancelha e me olhou com cara de nojo.
– Vocês dois não...?
Sorri.
– Eeeeeca. Você é muuuito descarado. Mas, certo, me dê aqui essa blusa e cuidado para não derrubar as minhas coisas! MUITO CUIDADO!
Michelle continuou espalhando coisas pelo vestiário – objetos pessoais. Pessoais de mais. Arregalei os olhos.
– Que foi? – gritou ela prendendo o absorvente nos dentes – Até parece que nunca menstruou na vida!
Revirei os olhos. Era melhor não discutir, eu já tinha aprendido isso.
Ela então pegou a blusa e amarrou na minha testa outra vez, mas tampou meus olhos.
– O que você vai fazer?
– Tomar banho – respondeu ela como se fosse óbvio.
– Então POR QUE tampar meus olhos?
– Te enxerga, moleque!
Não dá, to com os olhos tampados. Não que eu tenha dito isso pra ela, porque afinal de contas, eu ainda tinha esperanças de sobreviver a esse lindo segundo dia de aula.
Eu já tava ficando irritado. Sabe como é, tava tudo escuro e tal. Eu só conseguia ouvir a Michelle desafinando Aerosmith sob o som do chuveiro ligado. Eu estava mesmo era morrendo de vontade de poder enxergar qualquer coisa que fosse, se é que me entende.
Quando o chuveiro parou, pensei – aliviado – que logo ia voltar a ver a luz do dia, mas havia me esquecido que Michelle era uma garota, então ainda demoraria um ano se arrumando. Suspirei derrotado, até sentir o aperto da blusa na minha cabeça ficando frouxo. O sorrisinho foi crescendo na minha cara e eu tinha certeza que estava com cara de idiota, mas eu tava beeem feliz. Pensei em avisar que... não. Não mesmo.
A blusa caiu. Por um momento, fiquei tentando me acostumar com a claridade repentina, mas não demorou muito para que eu avistasse a Michelle. OBRIGADO, SENHOR!
Ela estava de costas e já estava de calças e tudo, mas já era alguma coisa.
– Bagaço, você tá vivo ai? – perguntou ela enquanto enfiava coisas no armário.
– Aham – respondi com a voz arrastada. Só faltava começar a babar.
– Não, mas, sério, você não concorda que eu deveria mesmo ter enfiado a vara na barriga daquela lambisgoia? – continuou Michelle, se virando pra pegar seja-lá-o-que-for. Obrigado, Senhor, muito obrigado! Espera... ela se virou.
Ah, meu Deus, fodeu.
– Hey, por que você está me olhando com essa cara de... – começou ela me olhando estranho. É agora... – Espera!
Não deu tempo de fazer ou pensar em mais nada. Só sentir. Sentir o peso da maciez da sua pele contra o meu rosto e a marca dos seus cinco dedos ardendo na minha face. Aaaaai.
– Seu bagaço laranja do inferno! – gritou. Berrou, na verdade. Se esgoelou, me chutando pra fora do vestiário e jogando um punhado de coisas em mim. Coisas que eu logo descobri que eram todo o estoque de rolos de papel higiênico do lugar.
Cinco minutos depois – eu ainda estava me recuperando do tapa – Michelle saiu do vestiário totalmente vestida.
– Quer saber? – começou ela, como se nada tivesse acontecido, embora o olhar assassino ainda estivesse piscando na cara dela – Me estressei. Eu vou pra casa.
– E como você pretende fazer isso? – perguntei seguindo-a para a sala de aula.
– Pela porta da frente.
– E, sabe, ninguém fica, sei lá, vigiando?
– Não – respondeu como se fosse obvio, o que realmente NÃO era.
– E POR QUE você não me disse isso antes? Quero dizer, o que nós ainda estamos fazendo aqui?
– Eu queria participar do treino, tá?! Mas agora eu definitivamente não quero mais ficar aqui – respondeu cruzando o portão e olhando pra trás. – Você vem?
Olhei para baixo – para as roupas de ginástica que eu ainda estava usando – e pensei se eu deveria. Bem, dane-se.
– Claro! – respondi dando de ombros e a seguindo para fora.
– Puta que pariu – comentou Michelle arrastando os pés na calçada – Por que, diabos, está todo mundo olhando pra mim? Tem alguma coisa colada na minha cara ou...
– Eu não tenho certeza se eles estão olhando pra você. – respondi. Porque obviamente era eu quem estava naqueles shortinhos minúsculos e com aquela camiseta comprida que mais parecia uma camisola. Michelle olhou para mim de cima a baixo e pareceu entender, rindo.
– É verdade, o único ridículo aqui é você – concordou. Revirei os olhos. Eu não era ridículo, eu era lindão.
Ela ainda estava rindo sozinha da própria piada quando um carro passou voando por nós, espirrando água de uma poça que mais parecia um lamaçal na coitada da Michelle. Espere, eu disse “coitada”? Definitivamente não, ela mereceu.
– Virá de cima o castigo divino sobre os injustos! – gritei, rindo. Ela me fuzilou.
– E AGORA, O QUE É QUE EU FAÇO? – berrou ela esticando a camiseta que antes fora branca e agora era de uma cor feia que beirava entre o marrom e o verde. Parecia mais com vômito.
– Eu não sei você, mas eu vou virar essa esquina e chegar na minha casa. – respondi acenando – Foi bom te ver, até amanhã!
– Até amanhã uma pinóia; eu vou com você.
– É o que, hein?!
– Cala a boca e mostra logo o caminho. RÁPIDO!
Okay, manda quem pode, obedece quem tem juízo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Só adiantando que o próximo capítulo é - modéstia a parte - SENSACIONAL! Esperem e verão, é super comédia! ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Se Der, Deu; Se Não Der, Fudeo!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.