Passagio escrita por Nymphadora, Mirackles


Capítulo 6
Capuccino - Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Gentee... Faltam dois capítulos para Capuccino acabar G.G
Vamos tentar postar o sete nesse fim de semana, mas não tem nada certo ainda. Espero que gostem
boa leitura



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“15 de Novembro

Querido Capuccino,

Eu ainda não falei com ele. Afinal de contas, não é algo tão importante assim, é? Mas, de qualquer forma, vou falar com ele hoje. Vamos nos encontrar em duas horas, e é uma boa oportunidade. Casualmente, como quem não quer nada. Mas vou, porque não posso ir embora sem nem dizer tchau, né? E não sei como ele lida com esse tipo de coisa – acho que vou descobrir hoje.

[...]

Me deseje boa sorte!

Beijos, Carla”

As tardes ficavam cada vez mais frias à medida que o inverno se aproximava. Essa tarde, em especial, estava com o tempo mais ameno, ou menos frio – o que nos deixa mais clara a situação, já que estava frio, de qualquer jeito. Carla tomou seu banho e se sentou na poltrona em frente à sua cama para terminar alguns deveres, ainda com a toalha enrolada nos cabelos, antes de ir se encontrar com Ricardo. Colocou então uma bata de manga curta com uma legging e uma bota de cano curto preta. Colocou um casaco de algodão, pegou a mochila e saiu, com as idéias latejando na cabeça.

É claro que ele sabia que isso ia acontecer; intercâmbio não é para o resto da vida. Talvez ele até risse, talvez só tivesse se envolvido com ela porque sabia que não seria nada com compromisso. E provavelmente seria assim, ela pensava enquanto caminhava pelas ruas que passou a conhecer tão bem durantes aqueles meses.

Ele não se importa tanto comigo quanto eu me importo com ele. Eu me envolvo demais.

Ela se encaminhava para o café onde eles tiveram seu primeiro “encontro”, quando ainda eram amigos. Entrou e foi até a mesma mesa daquela vez. Ricardo estava lá, sentado com um sorriso no rosto e uma das mãos dentro dos cabelos loiros, que pareciam cada vez mais sedosos.

- Oi vida – ele disse com um meio sorriso safado e um cintilar dos olhos castanhos.

- Oi mô...

Ela se sentou e eles passaram longos minutos se olhando em silêncio. Quando ficou inquieto, Ricardo a beijou.

Carla sentiu um arrepio e abaixou o rosto. Ela não sabia como poderia viver sem aqueles beijos. Permaneceu assim por um longo tempo, pensando em como poderia deixar todos esses meses maravilhosos para traz, como deixaria todos os amigos que tinha feito, e algo mais: como ela deixaria Ricardo. Saber que em breve teria que colocar as palavras para fora, quase soltou um soluço, mas segurou-se para não parecer boba. Ele finalmente percebeu a expressão em sua face.

 - Vai me dizer o que está acontecendo? – perguntou com a voz suave. Seu rosto não estava tão triste quanto o de Carla, mas começava a tomar a mesma expressão.

Ela não conseguia responder. Não queria dizer a verdade, e mesmo que quisesse não poderia. Ou pensava que não poderia. Mas ela tinha que ser justa. Tinha que contá-lo, ou simplesmente o deixaria sem ao menos se despedir, e isto sim é uma coisa que a faria se arrepender pelo resto da vida.

Ele estava cada vez mais preocupado, e isso conseguiu deixar Carla ainda mais nervosa – algo que ela não julgava ser possível. Mordeu os lábios e mexeu em um botão do casaco.

- É... Vou embora daqui a uma semana.

Os dois ficaram calados por alguns minutos. A respiração de Carla estava acelerada e ela olhava diretamente nos olhos de Ricardo, ciente de que não conseguiria voltar a olhá-lo se abaixasse os olhos naquele momento. Ele também a olhava, como se esperasse por mais alguma coisa.

Ela achava que ele já sabia. Que, como tinha pensado, ele não se importava com sua partida. O silêncio dele só a dava cada vez mais certeza de seu desinteresse, e a possibilidade a deixava com dor de cabeça. Com dor no coração.

Mas tudo em que ele conseguia pensar eram nos dias em que tinham passado juntos, e como eles não se encaixavam naquelas palavras. Contrastando com a respiração de Carla, a dele mal saía dos lábios subitamente secos. Analisou os cabelos dela, soltos nos ombros, e imaginou o vento que o estaria acariciando em uma semana. E sentiu inveja.

- Desculpa? – ele perguntou, com a voz baixa e seca.

- Dia vinte. – ela disse, e esperou alguma reação. Nada. Ele parecia estar paralisado – Na verdade, são cinco dias. Vou voltar para o Brasil, mô.

- E eu?

Mais silêncio. Os olhos de Carla começaram a arder, mas ela lutou contra as lágrimas e respirou fundo.

Você...

- Eu não sei. Eu não sei...

- Realmente, eu fiz a pergunta errada. Isso não é sobre mim. Não mais, e já há algum tempo. É sobre nós. Como a gente fica? – ele sentiu um nó na garganta, pois sabia que não teria as respostas para suas perguntas, não ali, não naquele momento. E ele precisava delas.

- Mas...

- Cinco dias... – ele balbuciou – Não consigo acreditar que você me contou faltando cinco dias. – e remexeu nos cabelos loiros com urgência.

- Não achei que fosse ser grande coisa – ela disse de uma vez –, pensei que você soubesse, que até preferisse assim.

Carla teria se sentido aliviada por finalmente ter falado o que pensava se o olhar de Ricardo não tivesse despencado com suas palavras. Ele a olhou como se não entendesse.

- Rick, você tem seus amigos, tinha uma namorada. Talvez você estivesse esperando para voltar à sua rotina, talvez tivesse se cansado disso tudo. Eu sou intercambista. E você sabe bem o que isso significa.

Ele fez que não com a cabeça, com a boca entreaberta na tentativa de puxar uma lufada de ar. Era um lado dele que ela ainda não conhecia, aquele lado frágil. Ela se assustou com isso, e os olhos voltaram a arder. Finalmente desprendeu o olhar do dele, ciente do que tinha acabado de fazer.

- Eu o quê?! – ele perguntou, com a voz embargada, num grito abafado. Não estava mais paralisado. Agora estava nervoso, inquieto. Ela voltou o olhar para o dele – Não sei o que te faz pensar o contrário, ou se não quer acreditar em mim. Mas eu não brinquei das outras vezes e não vou brincar agora. Eu te amo, Carla – ele disse enquanto uma lágrima escorria pela sua bochecha direita. Olhou para a mão dela e fez desenhos com a ponta dos dedos – Quer você acredite ou não – disse, em um último sussurro antes de se levantar e sair do café, cabisbaixo.

Ela ficou parada, olhando enquanto ele sumia na esquina. Alguns minutos depois a garçonete chegou com uma bandeja de prata e colocou um sorvete de cappuccino na mesa.

- O rapaz que estava com você pediu para eu trazer, mas só ficou pronto agora...

- Ah, tudo bem – disse automaticamente, quase dominada pelo torpor. Mas assim que viu o que vinha enrolando o guardanapo de pano, sentiu um arrepio seguido de um aperto no peito que fez com que ela se contraísse.

Era uma corrente fina de ouro. Com um anel também de ouro pendurado como pingente.


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Notas finais do capítulo

E aí? ~ le pedido de review u-u



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