Passagio escrita por Nymphadora, Mirackles


Capítulo 7
Capuccino - Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo de Capuccino -le cry
Espero que gostem..
Boa leitura!



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“17 de Novembro

Querido Capuccino,

Eu não consegui dormir direito de novo. Minha mãe me ligou ontem para saber se já estava tudo certo, e eu tive que lembrá-la que ela já tinha perguntado isso antes de ontem. E semana passada. E sempre, na verdade, já que ela tinha muito medo de que eu não me adaptasse. Ela quer muito que eu volte para casa, e esteve tão focada em me dizer isso que não percebeu minhas respostas monossilábicas. Eu não contei a ela sobre Ricardo. Foi uma atitude errada, claro, mas fiz meu irmão jurar que não diria uma palavra. Ela já se preocupa demais achando que eu tenho muitos amigos e estou livre. Se soubesse que eu tinha um namorado, ia surtar completamente e ao invés de ligar as duas vezes por semana ia ligar todos os dias para ter certeza de que eu estava bem. Ela não confia muito em homens que não sejam o meu pai – o que vai dificultar muito as coisas para mim quando eu for me casar.

Vou voltar para o Brasil com notas excelentes; a universidade vai ser minha última preocupação. Não fui reprovada em nada, então estou tranquila quanto à minha mãe. Não vai ser difícil voltar a falar apenas português, já que eu estive dando aulas nesse período aqui.

E falando nessas aulas, eu não o vi. Ricardo não apareceu nem ontem nem hoje na universidade ou durante as aulas, e temos quase todas elas juntos. Amanhã é meu último dia de aula. Minha última sexta-feira com aquele professor lunático. E pela tarde vou arrumar quase a mala toda, já que não terei mais nada para fazer mesmo.

Eu queria poder ligar para alguém, só para saber que tem alguém do outro lado da linha. É sempre reconfortante, acho. Eu geralmente fazia isso quando sentia medo, ou quando me sentia sozinha, como agora.

São sete e meia, mas eu duvido que vá ter fome tão cedo, então acho que vou tentar adiantar alguma coisa hoje. Talvez. Não sei, pois meu quarto está exatamente como me sinto agora. Bagunçado, confuso e, sobretudo, está diferente. Claro que o diferente dele se refere apenas à forma bela e organizada de quando eu cheguei, e o meu se refere a uma infinidade de coisas.

Estou mesmo ficando meio doida, se escrevi uma coisa dessas.

É, eu vou arrumar algumas coisas por aqui mesmo.

Carla”

Levantou-se da poltrona e guardou o diário na caixa de madeira. Foi até o armário e pegou um vestido de seda indiana de alças e decote em V e deixou na cama. Tomou o primeiro banho bem tomado desde que saiu do café na tarde de terça-feira, lavando o cabelo que viu água pela última vez três dias atrás. Vestiu-se e começou a arrumar as roupas que sabia que não iria mais usar em uma das malas, enquanto preenchia a nova com as coisas compradas durante a estadia.

Ligou o som e colocou o pen drive. Without You começou a tocar.

I am lost, I am vain

I will never be the same

Respirou fundo e arrumou a bolsa que usaria no dia seguinte para ir à faculdade com o mínimo de coisas possível, já que colocaria na mala do jeito que estivesse. Guardou a roupa suja em sacolas de plástico e os sapatos nas de pano. Deu uma olhada ao redor e depois de ter certeza da melhora desligou o som, pegou a chave e saiu do quarto.

A rua estava fria, mas ela não quis voltar para pegar um casaco. Atravessou a rua até ao portão de ferro que a levaria à margem do Rio Arno. As luzes estavam acesas e era o último dia de lua cheia. O movimento na rua era quase como pela manhã, e ela se sentiu com sorte ao verificar que não havia ninguém depois do portão. Apoiou-se no muro e ficou apenas observando as águas do rio. Tocou a corrente em seu pescoço e pensou sobre todos os dias que passou junto de Ricardo. Sobre o cinema e como Piratas do Caribe foi colocado outra vez em cartaz meses depois da primeira estreia, e em como Ricardo ficou feliz com isso. No sorvete inesperadamente bom, no parque de diversões e do russo no museu. Ele tinha levado tudo aquilo a sério. Ele queria algo mais e aquilo era tão bom para ser verdade que ela de fato não tinha acreditado. E a corrente acabou como um sinal de tudo isso. Resolveu retirá-la.

– Espero que não esteja fazendo o que eu penso que está – ela ouviu atrás de si. Deu um pulo involuntário e ficou surpresa ao identificar o dono da voz. Não se permitiu dar um sorriso.

– Não ia jogar no rio. – ela disse calmamente enquanto se virava – Na verdade, eu acabei de descobrir que deveria te devolver.

– Mas eu não quero de volta. É seu. – ele disse, chegando mais perto.

– Talvez. Acho que as coisas não foram exatamente do jeito que você planejou.

Os dois começaram a caminhar em direção ao hotel, e Ricardo soltou um suspiro.

– Não, não foram. Se as coisas fossem do jeito que eu planejei, você não estaria indo embora.

– Eu pensei que não o veria de novo.

– Você tem pensado muitas coisas estranhas ultimamente.

– Não, não tenho.

Ficaram em silêncio até que já estivessem quase no quarto de Carla.

– Eu pensei muito sobre nós. Pensei sobre o que você me falou. – ele disse cautelosamente.

– E...

– Ainda não sei por que você achou que eu não me importava, e ainda também não descobri por que você resolveu me avisar cinco dias antes. Mas acho que esses quesitos nunca foram minhas prioridades, de qualquer jeito. Então parei para pensar na minha própria pergunta. Em como a gente ficaria. E vai ser muito difícil manter um relacionamento quando você estiver a mais de dez horas de avião daqui.

Carla parou em frente à porta do quarto e a destrancou, deixando entreaberta. Sentiu que logo a conversa terminaria.

– É o que eu queria dizer. Quando eu for embora...

– Foi exatamente aí que eu cheguei. Eu não vou pensar em quando você for embora – ele disse e colocou as mãos na cintura dela – Eu vou pensar no agora. E agora tudo que eu quero é você.

Ela jogou os braços ao redor do pescoço dele e os dois se beijaram. Beijos que foram ficando cada vez mais insistentes e ferozes. Foram dois dias, mas poderiam ter sido dois anos. Ele tentou segurá-la contra a porta, que se abriu. Entraram em passos trôpegos, se segurando no que podiam, e Ricardo a colocou sentada na escrivaninha. Passou uma mão pela perna dela, por baixo do vestido, e a outra ainda a segurava pela cintura. Os beijos dele queimavam a pele de Carla, e começaram a descer pelo pescoço, se transformando em mordidas na orelha. Ela colocou a cabeça para trás e suspirou, agarrando com uma das mãos os fios de cabelo da nuca dele. O envolveu com as pernas e segurou a barra da camisa dele com a mão livre, o puxando para si.

Os beijos voltaram para os lábios e as mãos contornaram o caminho do corpo dela até o pescoço, que ele envolveu, acariciando os cabelos, antes de voltar à cintura e a levantar, conduzindo-a até a cama. Passou a mão de novo pelas pernas de Carla e subiu, deixando um rastro de fogo na pele dela. Ela tirou a camisa dele e o envolveu pelas costas. Deitou-se, ouvindo um leve e doce Ti amo sussurrado em seu ouvido.


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Notas finais do capítulo

A gente tá aceitando reviews e recomendações, sabe... Sei lá... Só para avisar né...



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