Daughter Of Sun escrita por Katie Anderson


Capítulo 8
Capítulo 8 - Pequenos obstáculos


Notas iniciais do capítulo

TÁ UMA MERDA, EU SEI.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/182063/chapter/8

Capítulo 8

           

            Olhei perplexa para David. Ele parecia confuso, tanto quanto eu.

            – Não olhem pra mim. – Raissa falou assim que ambos lhe dirigimos o olhar.

            – Realmente, semideuses. É pra mim que vocês deviam estar olhando. – Uma voz feminina disse a alguns metros. Esperava uma deusa, algo bem legal, mas vi uma... garota. Ruiva, aproximadamente uns doze anos. Muito bonita e autoconfiante, mais ainda assim, uma garota.

            Era a primeira vez que eu via uma deusa, ao vivo e em cores. Eu não tinha a menor ideia do que fazer. Sorte que David estava comigo.

            – Senhora Ártemis. – Ele ficou de joelhos. Raissa seguiu o exemplo e eu fiz o mesmo. Apesar de ser muito esquisito chamar de senhora uma garota mais nova do que eu. Fisicamente falando, é claro.

            Ela o olhou com desprezo.

            – Então, Katie Anderson. – Ela disse. – Era você mesma com quem eu queria falar.

            – Claro. – Assenti, meio desconfiada.

            – Em particular. – Ela lançou um olhar sugestivo. David e Raissa se entreolharam.

            – Ok, Kit Kat, a gente vai estar te esperando.... ham... ali na árvore.

            A deusa observou eles se afastarem.

            – A garota de Atena é boa. Pena que anda em tão má companhia.

            – Ei! – Exclamei.

            – Estava falando do garoto. – Ela usou a palavra garoto como se fosse a pior ofensa que uma pessoa podia receber.  – Apesar de que seu parentesco não é um dos melhores.

            – Mesmo assim! David é meu melhor amigo, ele não é uma má companhia. – Meu parentesco? Pelo que me lembro, Ártemis e Apolo são irmãos. Irmãos supostamente não deveriam se dar bem?

            – Se você diz. – Ela não parecia confiar em minhas palavras. – E, não necessariamente. Veja Zeus e Poseidon. Eles não se odeiam, mas estão um pouco perto disso. – Ela disse, como se lesse minha mente.

            Isso era assustador. Mas ela parecia ter razão. Apolo era o deus da beleza e da masculinidade, o que provavelmente fazia ter mulheres aos seus pés. E Ártemis tinha toda aquela coisa da caçada, então...

            Isso me deixou com raiva. Será que tinha sido assim com minha mãe? Apenas mais um caso de uma noite?

            – Se acalme. – Ártemis de alertou. Notei que estava começando a esquentar de novo. – Esse é só um poder dos muitos que você ainda vai descobrir. Mas você precisa aprender a controlá-lo. – Ela ponderou por alguns minutos.

            – Senhora Ártemis, não quero ser rude, mas dá pra dizer logo o que você veio fazer aqui? Não temos muito tempo, sabe.

            – Há! Claro! Como se não precisasse da minha ajuda, semideusa. Você não faz ideia pra onde ir. E não tem nenhum tipo de transporte.

            Ela estava começando a me irritar.

            – Enfim, havia vindo ajudá-los. Na verdade, estava caçando a Hidra há um tempo, agora que os monstros se regeneram mais rápido. Mas vi que estavam em boas condições de luta. – Ela hesitou. – Apesar do meu problema com homens, eu gosto de Hermes. E me pergunto o que é forte o bastante para seqüestrá-lo, uma vez que isso já aconteceu comigo.

            – Você tem alguma ideia de onde ele possa estar?

            – Venho procurando há uns dois dias. E parece que está mais a oeste do que eu penso.

            Oeste? A minha profecia fala do sul. O que seria o suficiente pra juntar sul + oeste?

            – Texas. – Falamos ao mesmo tempo.

            – Impressionante. – Ela admitiu. – Mas minhas caçadoras precisam da minha ajuda agora. Não sei se voltarei a ajudá-la, semideusa. E a Caçada está sempre à disposição.

            Lutar eternamente com uma garota de 12 anos que não vai muito com a minha cara e não ter nenhum contato com homens? Não, muito obrigada.

            – Bom saber, mas acho que vou recusar por ora, obrigada. – Ela assentiu, provavelmente pensando algo como: “é cria do meu irmão mesmo” e sumiu.

            Andei até a árvore onde Raissa e David conversavam, e falei:

            – David, más notícias. Descobri qual o nosso destino, e tenho a leve impressão que você não vai gostar muito.

– TEXAS? – Ele exclamou. – Car... – Ele me notou mandando um olhar feio na sua direção. – ...amba, com todos os estados desse país a gente vai pro Texas?

            Não posso culpá-lo por essa raiva meio repentina.

            – Hm, não entendi. – Raissa se pronunciou. – Qual o problema com o Texas?

            – David é de lá. E... bem, tem toda uma história, que ele nunca me contou, pelo menos não completa.

            – Quer parar de olhar feio pra mim? Eu disse que ia te contar, mas no tempo certo.

            – Tá, depois você conta pra gente essa história completa. Agora, a gente precisa de um plano. Como chegamos lá? – Raissa perguntou.

            – Estamos longe demais da estação de trem. E, além disso, podem ter mais monstros naquela área.

            – Algum de vocês tem dinheiro suficiente pra nos levar de táxi? – Perguntei, e ambos negaram. – Maravilha. Então a gente vai andando até conseguir alguma coisa.

            – Andar? – David olhou indignado. – De New York até o Texas? Você tá bem?

            – Katie, isso é loucura. – Raissa concordou.

            – Tem ideia melhor, espertinha? – Ela ruborizou e negou com a cabeça. Olhei pra David e ele fez o mesmo. – Pois é. Então vamos, temos uma longa caminhada pela frente.

Seria uma caminhada imensamente longa, mas juntando o que tínhamos de dinheiro, era possível que conseguíssemos um táxi até Maryland. Com sorte, podíamos ir até Baltimore.

            Poderíamos partir logo, mas Raissa disse que era melhor irmos andando enquanto ainda tínhamos pique. Eu concordo. Se torrássemos todo o dinheiro no táxi, como nos viraríamos depois? Era melhor andar um pouco para no mínimo se acostumar com isso.

            Mas eu não parava de pensar se teríamos mais ajuda no caminho. Tipo, Ártemis apareceu. E mesmo que ela não tenha ajudado em praticamente nada, agora sabíamos para onde deveríamos ir. E, com a minha sorte, meu palpite é Brownsville, a cidade natal de David. E onde ocorreu meu último... incidente, quero dizer. Na verdade, foi lá eu nos conhecemos.

             – Será que podíamos parar pra dormir um pouco antes de pegarmos o táxi? – Raissa interrompeu meus devaneios.

            Eu também estava exausta. Talvez fosse uma boa ideia, exceto por:

            – Raissa, nosso dinheiro é pro táxi. E você quer que passemos a noite num hotel, ou algo assim? Não acho que seja possível.

            – Na verdade... – David lançou um olhar sugestivo.

            – Não. – Sussurrei para que Raissa não ouvisse. – Você sabe minha opinião sobre manipular as pessoas.

            – Ok, mas seria uma boa ideia. – Ele deu de ombros e eu revirei os olhos. Não mesmo, no acampamento era uma emergência. Minha saia ia virar. Mas aqui, não mesmo.

            – Gente, tem uma espécie de floresta a uns 100 metros. Pode ser seguro passar a noite, o que acham?

            Concluí que seria a melhor oferta que teríamos, então:

            – Vamos lá,

            – Não é bem uma floresta, sabe. Mas é um lugar afastado da cidade, então eu pensei que talvez...

            Seguimos em frente, um pouco esperançosos. Por mim eu deitava e dormia ali mesmo, no meio da estrada.

            Depois e encontrarmos uma pequena caverna, que parecia segura e escondida para não sermos encontrados por mais monstros, começamos a decidir com quem ficaria com qual turno de vigília.

            – Bem, eu não estou muito cansado, posso ficar com o primeiro. – David se ofereceu.

            – Eu fico com o terceiro! – Eu e Raissa falamos ao mesmo tempo, mas eu um pouco antes. – E falei antes, hahahaha!

            – Droga. Mas na próxima vez o terceiro turno é meu. – Ela murmurou, e dois minutos depois estava caída no chão, adormecida.

            David e eu trocamos olhares.

            – É melhor você dormir também.

            – David, você sempre diz que eu posso usar meus poderes, mas eu nunca vejo você usar os seus. Eu nem ao menos sei quais são!

            – Eu não usei ainda porque não vi necessidade. – Ele deu de ombros. – E quanto ao que você disse mais cedo, você é poderosa sim, Katie. Você não é uma semideusa comum, é mais poderosa. E eu não sei o porquê, mas temo que isso nos torne mais fácil de encontrar. – Lembrei do Ártemis disse mais cedo. Sobre o negócio de aumentar a temperatura ser apenas um de muitos poderes. – E eu tomaria muito cuidado se fosse você. Agora, vá dormir, esquentadinha. – Ele sorriu.

            Garota-sol. Gatinha da luz. Garota-musical. Garota-poema. E agora, esquentadinha. De onde eles conseguem tantos apelidos?

            David deu uma piscadela e eu simplesmente caí no sono. Que veio seguido de um pesadelo.

Eu estava numa caverna familiar. Não dava pra saber direito, porque estava tudo bem escuro, exceto por um ponto meio luminoso, que me chamou a atenção. Caminhei e vi um homem preso a correntes.

            Ele tinha feições familiares. Cabelos castanhos, feições de elfo, e um olhar perdido. Mas aposto que se ele não estivesse preso, seu olhar não seria tão distante. Reconheci-o, e de imediato sabia de onde conhecia essa caverna.

            – Finalmente alguém. – Ele sussurrou, fraco. – Espera, você consegue me ver, certo?

            – S-sim. – Ele não podia ser quem eu estava pensando. Não mesmo. – Eu conheço esse lugar.

            – Eu sei. Por isso quis falar com você, não com um dos outros.

            – Senhor Hermes, o senhor tem alguma ideia do que está te mantendo aqui? – Perguntei, andando pelo lugar.

            – Infelizmente sim, criança. E como você me reconheceu de imediato? –  Ele perguntou.

            Ops. Eu não podia dizer simplesmente dizer que ele lembrava o filho dele, né.

            – É por isso que estou liderando essa missão, certo?

            Ele murmurou em concordância.

            – Olha, esse não é o ponto. Vocês precisam se chegar, e logo. Ele não vai aguentar esperar por muito tempo. E ela também não. – Ele apontou pro ponto oposto, onde tinha uma mulher também acorrentada, mas ela estava desmaiada.

            – MÃE! – Corri, se sucesso. Ela não ouvia e tinha uma espécie de... campo de força. Eu não consegui me aproximar.

            – Eu já tentei falar com ela. – Ele hesitou. – Espera, sua mãe? Você tem quantos anos? Ela tem quantos anos?

            – Eu tenho quinze. Ela tem 31. Longa história. – Não, por favor, já basta ela ter escondido de mim que eu era filha de um deus esse tempo todo. Não preciso que outro se envolva com ela. Não agora.

            – Então como ela... ah, você é uma filha de Apolo. Está explicado.

            – Hey! Não desvie do assunto! Estamos tentando chegar, mas não está tão fácil assim. Onde vocês estão? Exatamente?

            – Sul do Texas. Afastados da cidade. Eu imagino que você saiba de onde eu estou falando. – Mesmo hesitante, concordei. Era bom pensar que minha mãe e Hermes estavam presos juntos. Mas isso não estava fácil demais? Bem, tínhamos que ir mesmo a Brownsville. Isso não era bom.

            Tudo começou a ficar embaçado.

            – Lembre-se! – Ele continuou, falando mais alto. – ...aqui! Precisam... você... preparados! Ele não vai esperar... Elfiates... oh, não...

            Então tudo ficou preto.

Acordei num salto, assustando Raissa.

            – Você está bem? – Ela perguntou, preocupada.

            – Só... um pesadelo. – Contei a ela do meu sonho com Hermes. Não mencionei minha mãe, porque senti que tinha algo errado ali. E se eu tiver que escolher e salvar apenas um? Quem eu escolheria?

            – Elfiates... isso definitivamente não é algo bom. – Ele murmurou.

            – Elfiates... é um nome familiar. Quem ele era? Um monstro, ou algo assim?

            – Pior. Sabe os 12 gigantes, filhos de Gaia? – Eu assenti e ela continuou. – Um para cada olimpiano. Acho que não é por acaso que você está liderando essa missão, Katie. Elfiates é o... sei lá, como eu posso dizer, o anti-Apolo?

            – Do jeito que minha sorte é, eu esperava por isso. – Murmurei. – Vá dormir, eu assumo daqui em diante. Não quero voltar e ter outro pesadelo. – Estremeci.

            – Tem certeza? Ainda falta um tempinho pro seu turno chegar.

            – Sim, eu preciso de um tempo pra pensar. – Ela concordou e voltou a dormir.

            Pois é, essa coisas. Sempre acontecem comigo.

Coloquei meus fones de ouvido. Eu sei, eu deveria estar atenta e tudo, mas eu estava desesperada. E música sempre me acalma. Tudo o que eu precisava era da voz do meu querido Billie Joe.

            Ate que a gente não estava tão mal assim. Provavelmente pararíamos em Baltimore, e dez minutinhos pra procurar e conseguir uma foto com o All Time Low não vai matar ninguém.

            Eu não escutava barulhos, mas tinha uma moita que estava se mexendo. Só um animal, pensei. Mas como poderia ser? Estávamos lá há um tempo, e não vimos vestígio de nem um coelho.

            Ela para de se mexer e mexia de novo. Comecei a desconfiar. E se fosse um monstro, ou algo assim? E estava chovendo. E deviam ser umas duas ou três da manhã. Se fosse um animal, eu deveria trazê-lo pra caverna. Eu acho que não seria um monstro. O que um monstro estaria fazendo do lado de fora de uma caverna, onde dá pra ver que tem gente, e ainda na chuva? Guardei meu iPod na bolsa e fui verificar.

            Me aproximei lentamente, e ouvi vozes. Não eram animais, porque aqui não é a Era do Gelo, então animais não falam.

            Quando estava bem perto, a criatura se revelou. Duas mãos seguraram meus braços e taparam minha boca. E alguém apontava uma espada pra meu pescoço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Daughter Of Sun" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.