Daughter Of Sun escrita por Katie Anderson


Capítulo 7
Capítulo 7 - A missão enfim começa


Notas iniciais do capítulo

O poder da Katie é meio esquisito, mas tem origem de Apolo mesmo, nada a ver com Hefesto. E ela é minha protagonista, vou dar um monte de poderes HAHAHHHAHHHAHA -nnnnn :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/182063/chapter/7

Capítulo 7

                Matthew continuava a me encarar. Não como de manhã, mas... de uma maneira mais peculiar. E isso me assustava.

            E eu simplesmente não agüentava ingerir mais comida. Não era nada reconfortante ver todas aquelas pessoas comendo e eu lá, com cara de paisagem.

            – May, posso voltar pro chalé? – Perguntei.

            – Você está bem? – Ele me olhou meio preocupado.

            – Na verdade não. – Admiti. – Mas eu vejo vocês na fogueira?

            – Ok. Descanse um pouco, você vai sair amanhã cedo, não é?

            Tinha até esquecido que amanhã eu sairia em missão. Concordei com a cabeça e sai andando em direção ao meu chalé. Meus planos incluíam meu iPod, meu travesseiro e minha cama. Não um moreno de olhos verdes que me esperava em frente à reluzente casinha dourada.

            – Katie, tem um minuto? – Percy perguntou.

             – Agora? Mas, a fogueira é...

            – Isso é mais importante que a fogueira. – Ele me cortou. – Por favor.

            – Hm, ok. – Olhei estranhamente, mas o segui.

            Conhecia o caminho. Estávamos andando em direção a praia. Parecia que não era só eu que me sentia bem ali.

            Percy se sentou na areia e eu fiz o mesmo. Me pergunto o que ele queria falar comigo. Na verdade, pensamentos terríveis passam na minha mente, quando eu começo a pensar qual seria a reação da Annabeth se nos encontrasse ali. Sabe, sozinhos, na praia, apenas a lua iluminando tudo...

            Percy e eu somos amigos, mas eu odeio quando as pessoas não vêem assim.

            – Sua missão. – Ele começou. – Você parte pela manhã, não é?

            – Sim. – Assenti. – Ao nascer do sol.

            – Irônico, não? – Ele sorriu. – Você sai na hora que seu pai chega.

            Ri com o comentário. E então pensei numa coisa.

            – Você já encontrou com seu pai, Percy? – Perguntei.

            – Sim, eu gosto dele. – Ele deu de ombros. – Desde o começo a gente se deu bem.

            – Ah, legal. – Desviei meus olhos para a areia.

            – Eu sei como você se sente. – Ele fitou o mar, que estava surpreendentemente calmo.

            – Ah, não creio.

            – Sei sim, exatamente como se sente. – Ele continuou. – Sabe qual foi minha primeira missão? Há quatro anos. Fui acusado de ter roubado o raio mestre de Zeus e tive que atravessar o país com Annabeth e Grover, só para não começar uma nova guerra entre os deuses.

            – Nossa. Mas o que isso tem a ver comigo? – Perguntei, sem deixar de prestar atenção no movimento das ondas.

            – Eu não estava nem aí pro raio de Zeus. Nem me importava com o fato de ajudar meu pai. Não me sentia seguro dele. A única razão que me fez partir nessa busca, foi o fato da minha mãe ter sido refém de Hades.

            Eu não conseguia falar. Percy sabia como eu me sentia. Ele estava certo. E isso era algo que eu não gostava de admitir.

            – Olha, eu sinto muito pela sua mãe, Katie. Mas saiba que, se você se concentrar em encontrá-la e salvá-la, pode esquecer o fundamental. E acredite, as profecias nunca falham.

            Permaneci em silêncio, brincando com a areia. Percy continuou.

            – Eu sei que isso não são palavras de encorajamento, mas... eu só achei que você precisava saber. Eu não...

            – Está tudo bem. – Voltei minha atenção a ele. – Eu só... é a primeira vez que eu falo com alguém sobre isso. Eu não queria que mais ninguém se envolvesse. Minha mãe não era a pessoa mais carinhosa, feliz ou simpática do mundo, mas ela ainda era minha mãe, caramba. – Lágrimas começaram a brotar. Parecia que eu estava mais tentando convencer a mim mesma do que a Percy.

            – Tudo bem. – Ele pareceu querer mudar de assunto. – David eu entendo, mas por que você não quis levar Connor também? É Hermes, afinal, tenho certeza de que ele aceitaria.

            Olhei estupefata pra ele.

            – Isso devia ser segredo! Como você sabe de tudo isso? Minha mãe, Hermes...

            Ele riu, balançando a cabeça levemente.

            – Fácil, só juntar as coisas. Quase não consigo falar com meu irmão, Íris praticamente parou com as mensagens. Sem internet. O mundo real está uma completa bagunça e eu conheço essa sua expressão. Eu disse, já passei exatamente pelo que você está passando.

            Sorri, sem graça.

            – Obrigada. – Murmurei.

            – De nada. – Ele piscou. – Então, Connor Stoll, hein? – Percy sorriu maliciosamente.

            Fingi indignação e dei um tapa no braço dele.

            – Ah, cala a boca! – Rimos.

            – Ouvi que vocês sumiram pela tarde. – Ele continuou. – O que quer que tenham feito, eu espero que...

            – PERCY! – Exclamei. – Não foi nada desse tipo, a gente foi só conversar.

            – Ahã. Conversar.

            – Idiota. – Revirei os olhos. – Já estamos há um tempo aqui, não é melhor voltarmos?

            – Claro. Connor deve estar sentindo sua falta. – Fuzilei-o com o olhar. Isso só o fez rir ainda mais.

            Caminhamos até os nossos chalés, ele ainda fazendo piadinhas. Já tinha passado de Connor, agora ele falava sobre o meu cabelo. Dessa vez eu tinha um argumento, afinal a tinta lilás não tinha saído completamente do cabelo dele.

            Paramos em frente ao chalé 3.

            – E quanto ao seu pai, não se preocupe. – Ele disse, ficando sério outra vez.

            Eu não sabia o que fazer em relação a ele. Tinha ficado tanto tempo fora. Minha mãe teve que se virar sozinha, ela engravidou quando ainda era uma adolescente, e ainda assim conseguiu manter a carreira de modelo. Eu sinceramente não saberia como reagir quando o encontrasse. Isso é, se eu o encontrasse.

            – É normal se sentir assim. – Ele deu de ombros. – E os deuses são, no geral, legais. Mas tente não irritá-los. Porque eles se irritam facilmente. Então explodem as coisas.

            Soltei um risinho.

            – Então, boa sorte na missão amanhã. Você vai precisar.

            – Obrigada. – Abracei-o. Era esquisito, Percy tinha cheiro de... peixe.

            – PERSEU JACKSON! – Ouvimos uma voz feminina se aproximando. – O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ... ah, é só você. – Annabeth disse ao chegar mais perto. Mas ela não parecia nem um pouco mais tranqüilizada, pelo contrário, aqueles olhos me davam medo.

            – Então, acho melhor eu ir. Tchau, vocês. E obrigada de novo, Percy. – Acrescentei e saí dali rapidamente. Na porta do meu chalé, ainda era possível escutar os protestos de Annabeth.

            Entrei e cai na cama, sem colocar o pijama nem nada. Eu arrumei a “mala” pra missão antes, é claro. Uma mochila com algumas roupas e itens básicos de higiene. E meu fiel companheiro, o iPod. Sei que não era algo certo pra levar, mas sabe-se lá quanto tempo ficaríamos fora, e eu definitivamente não queria passar muito tempo sem ouvir música. Parece besteira, mas a música pra mim é como... minha vida.

– Katie? – Raissa me chamou pela trilhonésima vez, enquanto eu continuava olhando ao redor.

            – Kit Kat, você está bem? – David perguntou.

            Ele tinha razão quando disse que a gente não ia se ver mais. Suspirei, decepcionada. Procurar por Connor era inútil.

            – Estou só, nervosa. Argos já chegou? – Havíamos combinado que ele nos levaria até Manhattan, depois estávamos por conta própria. Tivemos muito pouco tempo para o planejamento, e a profecia não ajudava em droga nenhuma. Dirija-se ao sul do país? Sim. Sudeste? Sudoeste? México?

            Como a gente não fazia ideia pra onde ir, resolvemos que seria melhor se Argos nos levasse até uma estação de trem, para irmos ao sudeste. Com certeza alguma coisa vai acontecer pra nos dar pistas.

            – Sim, Argos está aqui há uns cinco minutos, é por isso que eu estou te chamando. Não deixe nada te distrair, Katie. – Raissa disse séria.

            Droga! Por que todo mundo fica dizendo isso pra mim? Que eu me lembre, a profecia diz claramente “Concentre-se e mantenha o foco”. E é a MINHA profecia. Não preciso que ninguém a lembre pra mim.

            Argos nos levou até a estação central de Manhattan, enquanto David e Raissa discutiam para onde devíamos ir. Eu permaneci o tempo todo em silêncio. Dói o fato de saber que sua mãe pode estar sendo torturada agora mesmo e você não está lá para ajudá-la. E eu odeio esconder as coisas das pessoas. Quando Connor descobrir que eu já sabia sobre Hermes...

            Concentre-se e mantenha o foco, a voz de Rachel soou na minha mente.

            – Finalmente. Muito obrigada, Argos. – Dei uma piscadela e ele retribuiu, uns dez olhos fazendo o mesmo. – Vamos logo com isso.

            David e Raissa se entreolharam, mas me seguiram.

            O lugar estava, no mínimo, lotado. Hoje era sexta-feira, mesmo antes das sete da manhã tinha muita, muita gente.

            Quando estávamos na fila para comprar nossos bilhetes, foi que eu avistei uma coisa estranha.

            Nem um pouco humana.

            A figura tinha cerca de sete, ou oito pescoços, por aí. Cada um com uma cabeça de réptil. Era do tamanho de um rinoceronte e dava muito medo.

            Me pergunto como os mortais não conseguiam ver um troço daquele tamanho. Então me lembrei do Annabeth me disse sobre a névoa, que podia manipular a mente dos mortais, e de alguns semideuses também.

            – Daaave! – Sussurrei. – Olha, por favor, me diga que aquilo não é o que eu estou pensando.

            Ele olhou na direção que eu apontava, e seu rosto perdeu a cor

            – Depende do que você está pensando. – Ele sussurrou de volta. – Se for algo sobre um unicórnio saltitante com chifres de duendes, não. Mas se pensou na Hidra... lamento.

            Era o que me faltava.

            – Raissa, temos uma Hidra aqui. – Ela arregalou levemente os olhos. – David é filho de um dos três grandes, e você é quase isso. Temos que sair daqui e pelo menos atraí-la para fora, antes que algum mortal inocente se machuque.

            Ela concordou.

            – Nem venha com isso, Anderson. Seu cheiro é tão forte quanto o meu. – Ele me rebateu. – Se não, não teria sido necessário explodir sua casa.

            – Vocês explodiram a casa dela? – Raissa se intrometeu, terrivelmente surpresa. – Vocês são pirados ou o quê?

            – Longa história. – David nos empurrava até a saída. – Foi preciso, ok? Agora, anda logo, eu acho que a coisa nos ouviu.

            Corremos muito, até chegarmos a um terreno vazio, que aparentemente não pertencia a ninguém. Se pertencia, a pessoa não ligava a mínima. Estava surpreendentemente maltratado, com mato que em alguns lugares chegava até o meu joelho, e algumas árvores nos cantos. Isso mesmo, árvores.

            – Se abaixem! – David empurrou minha cabeça contra o chão, para que ficássemos escondidos pelo mato.

            – Completo silêncio. – Raissa murmurou. – A visão dela é péssima, mas a audição é aguçada, e os reflexos costumam ser rápidos.

            Ótimos. Como iríamos derrotar a coisa?

            Mas a coisa se aproximava, e deslizávamos pra trás, na esperança de despistá-la. Até que chegamos perto a algo que parecia uma parede, e David cometeu o erro de se levantar, e acabou pisando em um graveto.

            Sete cabeças se viraram rapidamente em sua direção.

            – CORRA! – Raissa gritou, e foi o que fiz. Ativei meu arco o corri em direção a Hidra.

            – Katie, fique longe! – David gritou me alertando, e a Hidra voltou sua atenção a ele. Dois segundos depois ele se jogou no chão, e o lugar que ele estava antes estava coberto por uma substância meio pegajosa corrosiva, a mesma substância que escorria de uma das bocas de serpente do monstro.

            Ácido.

            David se levantou e pegou sua espada. Sua ação foi completamente instintiva, ele levantou a arma de ferro estígio e cortou uma cabeça. E depois outra. E mais outra.

            – NÃO, DAVID! – Gritei, agora com dez cabeças olhando em minha direção. Saquei meu arco e lancei umas quatro flechas de uma vez, acertando quatro pescoços. A Hidra urrou, mas isso não era suficiente pra matá-la.

            – Fogo! – Raissa gritou de repente. – Foi o que Herácles fez, precisamos queimar antes que as cabeças se multipliquem! – Ela olhou sugestivamente pra mim.

            – Não olhe pra mim! – Revidei. – Meu pai é o deus do sol, isso não significa que eu possa fazer fogo aparecer do nada.

            – Ah, apenas o deus do sol, não é Katie? – Ela sorriu, irônica. Eu odiava esses sorrisos, me lembrava os eu o Matthew me mandava. Isso começou a me enraivecer, e comecei a sentir calor, muito calor. Quando eu ia dar um leve tapa nela, ela tocou meu braço. – Sua temperatura!

            David me olhou estupefato.

            – Você deve estar com no mínimo uns 50 graus! Esquente mais! – Assenti. Quando eu toquei minha própria pele não senti nenhuma diferença, mas me concentrei. Pensei em todas aquelas líderes de torcida irritantes. Todas de todos os colégios que eu freqüentei, e comecei a sentir minha temperatura subir, era um calor incontrolável.

            Era doloroso, como se tivesse fogo nas minhas veias. Olhei pra baixo e vi meus braços num tom amarelado. Era como se eu absorvesse a energia do próprio sol.

            – Mais Katie, precisamos de mais! – Eu tentava ignorar a dor, mas era difícil. Me foquei, e consegui. Eu estava praticamente em chamas, mas ainda conseguia me mover. Praticamente não, minha pele irradiava tanto calor que tudo o que eu tocasse poderia se transformar em cinzas. – Perfeito.

            Foi uma coisa bem nojenta. Cada vez que eles cortavam um pescoço, eu metia a mão em cima e o fogo simplesmente surgia. Eu não sabia como isso era possível, mas doía, e muito. Após alguns minutos o monstro estava sem vida, e havia virado aquele pó esquisito. Havia sobrado apenas uma cabeça da Hidra.

            – É um troféu de guerra, Katie. Pegue-o. – David quebrou o silêncio.

            – A ideia foi sua. – Olhei para Raissa.

            – Você que teve o corpo com a temperatura de 5 mil graus e a matou. É seu. – Ela deu de ombros.

            Peguei a cabeça, e quando estava prestes a guardá-la, ela foi atravessada por uma flecha.

            Não podia ser minha, meu arco e minhas flechas já estavam no formato da pulseira.

            E, além disso, a flecha era prateada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!