Daughter Of Sun escrita por Katie Anderson


Capítulo 6
Capítulo 6 - Connor Stoll


Notas iniciais do capítulo

Não achei um nome decente pro capítulo, estou desculpada? rs :x



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/182063/chapter/6

Capítulo 6

            Saí da sala de Quíron completamente abalada. Precisava de um tempo pra pensar. E, é claro, decidir quem levaria comigo pra missão.

            Não podia voltar ao chalé. Não naquele momento. Então me lembrei como me senti bem na praia pela manha, e caminhei até sentir a areia quente sob meus pés.

            Caí sentada no chão e comecei a refletir. É claro que a profecia se referia a David. Não restavam dúvidas. Mas como eu podia pedir uma coisa dessas a ele? Era meu melhor amigo de quem estávamos falando! Uma escolha forçada resultará em morte. Não queria que ninguém morresse.

            – O que faz aqui sozinha? – Perguntou uma voz, me assustando.

            – Estou bem, Dave. – Enxuguei uma rápida lágrima que insistiu em cair.

            – Não está. E você só me chama de Dave quando está mal ou quando quer algum coisa. – Ele sorriu. – Anda, me conta logo.

            Hesitei por um momento, mas logo as palavras começaram a ser despejadas da minha boca. Só não mencionei o fato da minha mãe ter sumido.

            David ouviu em silêncio, sem interromper, apenas prestando atenção.

            – Eu sei que é meio loucura, mas você não precisa fazer is...

            – Está louca? É claro que eu vou com você. – Ele respondeu de imediato. –Nunca te deixaria sozinha, você sabe disso.

            Momento de silêncio.

            – Quem mais você vai levar? – Ele perguntou.

            – Não sei. – Respondi, enquanto me distraía com uma ponta do meu cabelo. – Hermes é o deus desaparecido, então acho que um dos seus filhos gostaria de ir. – Instintivamente pensei em Connor. – Mas fala sobre encontrar a sabedoria e a guerra, e eu presumo que isso signifique Atena.

            – Raissa? – Ele perguntou.

            – Ela é boa. Sabe lutar e é legal. – E eu não sei se aguentaria que Connor morresse. Se uma escolha forçada termina em morte, não quero Connor no meio disso.

            Nem David muito menos Raissa, mas a profecia deixa claro que ambos fazem parte dela. E não se deve questionar (ou tentar entender) uma profecia.

            Ficamos em silêncio por um tempo.

            – Hm, olha quem estão sozinhos na praia. – Ouvi a voz de Matthew se aproximando, e Mayron resmungando como ele odeia a areia da praia. Segundo ele, ela gruda em todos os lugares.

            – VOCÊ! Você disse a Travis para me pendurar de cabeça pra baixo com Percy! – Me levantei e fui atrás de Matthew, na expectativa de dar um belo soco na sua cara.

            Posso ser sincera? Ele me irrita e age como uma pessoa meio detestável, mas por alguma estranha razão eu o acho divertido.

            – Hey, cabelo-de-algodão-doce, aquilo foi divertido. – Não sei exatamente quando perdi o controle. Talvez dois ou quatro segundos depois dessa frase.

            E Matthew teria perdido alguns dentes se não fosse por Mayron e David que me impediram.

            – HEYEYEY! – Mayron gritou, nos afastando. – Sem brigas!

            – É, Katie, sem brigas. – Matthew voltou a dar aquele sorriso presunçoso.

            Avancei em cima dele novamente, mas David me segurou.

            – Não vê que ela não está no humor, idiota?

            Ambos, Matthew e MayMay, me olharam sérios. E um pouco preocupados.

            – Aconteceu alguma coisa, Katie? – Mayron perguntou, franzindo as sobrancelhas.

            – Eu... recebi uma profecia de Quíron e agora vou ter que sair em missão. – Falei rapidamente. – Nada demais, sério.

            Matthew arregalou os olhos, mas MayMay não parecia muito surpreso.

            – Não é justo! Ela está no acampamento há dois dias e meio, ela não pode simplesmente sair! Sem treino, ou algo assim. – Matthew exclamou.

            Acho que os outros notaram minha expressão, pois Matthew recebeu um tapa muito bem dado dois segundos depois.

            – Não que isso fosse escolha dela, imbecil. Ela não previu que...

            – David, não se dê o trabalho. – Interrompi antes que ele espalhasse minha profecia por aí. – Eu já vou. Preciso falar com Raissa.

            E comecei a andar, deixando David com eles, e ignorando todos os chamados indignados de cada um.

Apareci em frente ao chalé de Atena.

            Havia deixado os três sozinhos na praia, e depois de andar alguns metros, notei que eles ainda conversavam. E pela expressão que David mantinha, não parecia algo muito bom.

            Enfim, estava eu lá, paralisada em frente àquele grandioso chalé, que estava com a porta entreaberta, sem tem a mínima noção do que fazer. Tipo, eu não podia simplesmente chegar para a garota e dizer: hey, vamos comigo até o sul do país e resgatar o deus perdido! Provavelmente ele foi seqüestrado por algo que a gente não pode lutar contra! Hey, eu disse que minha profecia fala sobre morte?

            – Katie? – Ouvi a voz de Raissa atrás de mim. – O que faz aqui?

            – Hm, Raissa! – Exclamei, surpresa. – Precisamos conversar.

Ela não teve reação. Ficou tanto tempo em silêncio que eu realmente não sabia o que fazer. Um copo de água? Um tapa? Um...

– Por que eu? – Ela perguntou de repente. – Existem tantas outras campistas.

– Mas a profecia fala de você. – Respondi cordialmente.

– É uma profecia! – Exclamou. – Como você pode saber de quem ela fala? A única parte que eu peguei é que eles vão encontrar minha mãe. Podia ser qualquer campista, não necessariamente um de seus filhos.

Ela disse mãe como se fosse a pior palavra que viesse a sua mente. Me pergunto qual o possível desentendimento que pode ter acontecido entre as duas. Por que, tipo, Apolo não tem sido um dos pais mais presentes ou dos melhores, mas ele me trouxe Chad. E ele deve ter me observado para saber o quão importante meu violão é pra mim.

E por algum motivo, era como se o nome Raissa estivesse escrito na profecia. Eu não tinha como afirmar, mas aquilo fazia um total sentido, pelo menos pra mim. Não sei, talvez porque eu seja filha do deus dos oráculos, mas se encaixava.

– Isso não vem ao caso. – Respondi. – A questão é, é a minha missão, eu escolho os componentes. E eu quero que você venha comigo. – Acrescentei, humildemente.

Pude ver o início de um sorriso. Me dei conta de que havia perdido o almoço com toda essa loucura, e meu estômago não gostou nem um pouco. Mas eu estava sem vontade de comer comida do acampamento, precisava de uma coisa que realmente me acalmasse. Como não podia sair do acampamento para ir a qualquer fast-food, caminhei até o chalé que poderia me proporcionar o que eu estava precisando.

Pela segunda vez no dia, estava parada em frente a um chalé. Eu não podia simplesmente entrar, então bati na porta.

            Toc-toc.

            Toc-toc.

            TOC-TOC. Será que ninguém vai atender essa droga?

            – PORTA! – Alguém gritou. – Alguém atende essa merda!

            Pois é, pensei em concordância. Então, finalmente e violentamente, a porta foi aberta por um garoto familiar. Que não usava nada além de uma toalha ao redor da sua cintura.

            – Putz Jared, por que você não pode abrir essa por... – Ele arregalou os olhos ao me ver. – ...caria.

            – Oi. – Murmurei, começando a corar. Droga, um dia eu ainda tenho controle disso. Nada mais constrangedor do que ficar vermelha em horas inoportunas.

            – Desculpe por... isso. – Ele apontou pra baixo, com um sorriso travesso. – Hey, eu nem tive chance de dizer o quanto você ficou engraçada ali em cima com Percy.

            – Connor, vá vestir alguma coisa. – Murmurei.

            – Desculpe pelo Travis. Mas você é a campista nova, devia andar armada. E admita que aquilo foi hilário. – Ele continuou falando enquanto fechava a porta atrás dele, me ignorando completamente.

            – Eu ESTAVA armada! Mas eu não queria que minha saia virasse numa tentativa de pegar minha adaga! – Exclamei. – E Connor, por Zeus, vá vestir alguma coisa!

            – Por quê? Minha falta de roupas a incomoda? – Ele levantou uma sobrancelha sugestivamente. Eu me limitei apenas a revirar os olhos.

            Mas eu não podia dizer que a barriga dele não era impressionante. E eu acho que eu não estava fazendo um bom trabalho tentando disfarçar meu olhar. E do jeito que ele sorria, eu tenho quase certeza de que ele notou.

            Convencido.

            – Me incomoda o fato de você estar apenas de toalha do lado de fora do chalé falando comigo assim. E pelo que eu ouvi, os campistas de Ares ainda estão ressentidos com a explosão da porta do chalé 5. – Minha vez de levantar a sobrancelha sugestivamente.

            Isso o trouxe de volta a realidade.

            – Ér... você pode esperar um minutinho enquanto eu vou ali dentro?

            – Claro. – Dei de ombros. Não que o fato dele estar assim me incomodasse, imagina.

            Alguns minutos depois ele estava de volta.

            – Então? O que a traz até aqui? – Ele apontou para o chalé 11. – Quer se vingar do meu irmão?

            – Deuses, não. Nem tudo gira em torno de pegadinhas, Stoll. – Ele fez um bico, desapontado. Mas os olhos, azuis como os meus, brilhavam como se tivesse tramando mais alguma. – A questão é... bem...

            Como se explica pra um cara que você está morta de fome e com vontade de comer Mcdonalds? Felizmente, meu estômago fez o trabalho.

            – Fome? – Ele riu e eu apenas assenti, mordendo o lábio inferior. – Já sei do que você precisa, e não é comida do acampamento. – Ele deu uma leve piscadela. – Não é bom que Quí... quero dizer, alguém veja, mas me espere na floresta. Uns cinco metros depois da entrada. Não, já sei! No punho de Zeus.

            Acho que ele notou minha cara de wtf? porque continuou.

            – Entre pela lateral, e logo você acha. É só ir em frente que você encontra um negócio que parece muito um monte de cocô de alce amontoado, mas é só terra. – Ele completou, antes que eu gritasse um “ECA” bem espalhafatoso.

            – E como eu vou ter certeza de que você vai mesmo aparecer? Que não é só mais uma pegadinha dos Stoll?

            – Ah, fala sério, Katie! Você teve a chance de fazer qualquer coisa comigo enquanto eu não usava nada alem de uma toalha há uns minutos atrás! – Sim, e ele queria que eu fizesse o quê? Pegasse a toalha e saísse correndo? – E, como você mesma disse, nem tudo gira em torno disso. Dez minutos.

             Ele correu e eu fui até a entrada lateral da floresta. Andei, andei e andei, e encontrei o tal punho. Realmente. Parecia uma pilha enorme de cocô. Fui até o topo e esperei sentada até Connor chegar com minha comida, o que não demorou muito.

            – Eu disse que estaria aqui. – Ele subiu e me entregou um saco com um Big Mac, uma batata frita grande e uma lata de diet coke.

            Como eu sentia falta disso. Há meses eu não comia gordura e carboidratos assim. Eu sei, estou no acampamento há dois dias, mas como eu disse, minha mãe era modelo. Você dizer que quer comer fast-food é uma sentença de morte lá em casa.

            Connor me olhava curiosamente, como se nunca tivesse visto uma garota comer antes. Eu estava prestes a perguntar onde ele conseguiu essas cicatrizes quando ele interrompeu meus pensamentos.

            – Então, é verdade? – Ele perguntou. – O que andam dizendo? Você vai sair em missão?

            – C-c-como você sabe? – Gaguejei. Mas me dei conta logo. – Matthew.

            – Mas... eu pensei que a gente fosse ter um pouco de paz, pra variar. O que aconteceu?

            Bem, o assunto era uma coisa delicada. Eu não queria que Connor ficasse sabendo sobre Hermes. É claro que ele ia descobrir cedo ou tarde, mas eu não queria ser a pessoa a contar para ele.

            – Cara, como você adivinhou que eu amo Big Mac? Isso aqui tá ótimo!

            – Eu notei que você gostou. – Ele riu. – Mas, então? O que você tava dizendo sobre a missão?

            – Eu falei que eu não como batata frita há meses? – Continuei enrolando. – Sabe, minha mãe...

            Parei. Pensar nela era suportável, mas falar não. Minha voz falhou e antes que eu percebesse, lágrimas começaram a cair.

            Senti os braços de Connor ao meu redor. Não era certo, então eu os afastei.

            – Katie, o que está acontecendo? É algo com a sua mãe? – Hesitei. Isso era algo que eu não tinha contado nem pra David.

            Não. Mais uma pessoa sabendo significaria mais uma pessoa envolvida.

            – Olha, eu não quero falar disso. – Baixei o olhar.

            – Tem certeza?

            – Sim. – Falei, ao mesmo tempo que ouvi a corneta chamando-nos para o jantar. – Estou sem fome.

            – Do jeito que você devorou aquele hambúrguer, eu estranharia se você dissesse o contrário.

            – Eu parecia tão desesperada por comida assim?

            – Parecia alguém que não via comida há uma semana. – Ele riu e eu o acompanhei. Quando eu tenho fome o termo “bons modos” não consta no meu vocabulário. – Temos que ir antes que Travis mande um esquadrão atrás de mim.

            – Que provavelmente vai ser liderado por Mayron.

            Caminhamos em silêncio até ele me deixar em frente ao meu chalé.

            – Olha, se eu não te ver até amanhã, boa sorte na missão, ok?

            – Mas, você não vai aparecer na fogueira? – Perguntei.

            – Provavelmente não. Se tiver qualquer problema me manda uma mensagem de Íris? – Connor, Hermes sumiu, Íris tem estado muito ocupada para mensagens! Era o que eu queria dizer, mas sabia que não podia. Então apenas assenti. Ele beijou o topo da minha testa, no momento que MayMay abriu a porta, juto com todo o chalé 7.

            – Katie, finalmente, não te vi a tarde inteira! Já ia mandar alguns campistas atrás de você.

            Connor se afastou, enquanto eu mandava o meu melhor olhar de “Eu não disse?”. Matthew sorria com aquele sorriso presunçoso que me tirava do sério, mas eu tinha outras coisas em mente. Stoll foi até seu chalé e eu segui o meu até o refeitório. Coloquei algumas coisas no meu prato, mas nem toquei na comida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!