Daughter Of Sun escrita por Katie Anderson


Capítulo 5
Capítulo 5 - Recebo uma missão




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Capítulo 5

            Depois disso, me senti obrigada a comer em silêncio. Voltei pro chalé com Mayron e a garota loira, Sam. Os outros partiram para as suas atividades rotineiras. Eu devia ter ido falar com Quíron, mas algo me disse para não interromper a conversa com o Sr. D.

            Sam disse que ia praticar arco e flecha. Eu falei que ia com ela, e Mayron disse que precisava resolver algumas coisas antes, e resmungou como tinha sido um excelente momento para a internet simplesmente parar de funcionar.

            Achei que internet seria contra as regras, como os celulares. Mas Sam me disse que o sinal da wi-fi do acampamento era protegido pela deusa Íris.

            Se ele era protegido, por que simplesmente parou de conectar? Estranho.

            Bem, eu não tinha nenhum arco, ou flecha. Então fui com minha irmã até o chalé de Hefesto para ver se conseguia alguma coisa.

            – Hm, arcos… é, acho que veio ao lugar certo – disse Jake Mason, nos levando até uma prateleira do chalé 9.

            Nunca tinha visto tantas armas. Ali tinham espadas, adagas, lanças, escudos, e muitos, muitos tipos de arco.

            Não tinha certeza se arcos seriam a melhor opção, mas era a única coisa que eu sabia fazer.

            – Que tal esse? – Ele pegou um de madeira.

            – Horrível! – Sam exclamou, antes que eu pudesse pegá-lo. – Tente esse aqui. – Ela me deu um meio azulado.

            Não sei de qual material era, mas com certeza era de algo pesado.

            – Não. – Respondemos imediatamente.

            – Esse? – Jake me mostrou um prateado.

            Até que era bom, mas tinha um pequeno problema.

            – Não mesmo, vão confundi-la com uma caçadora de Ártemis! – Sam observou, omitindo um riso.

            – Tem certeza que quer um arco? – Ele perguntou. – Muitas garotas usam adagas. Podemos tentar uma espada, também.

            – Espadas não fazem muito meu estilo. – Admiti. E adagas… não sei. Talvez fossem até úteis.

            Mas, como sempre, um brilho dourado me chamou a atenção.

            – Aquilo… é um arco? – Perguntei, pra algo bem no fundo da prateleira.

            – Bem, é. – Jake pegou o arco. Era dourado, e tinha algumas escritas em grego antigo.

            – Hm, não seria minha primeira opção. – Sam falou, dando um passo pra trás.

            Peguei. Encaixou-se perfeitamente na minha mão.

            – É, ficou bom. Mas, Katie… hm, passe a mão pela corda. – Assim o fiz. Então eu não tinha mais um arco, e sim uma pulseira de ouro, com alguns pingentes no meu braço. Os pingentes eram letras gregas.

            Jake e Sam ficaram olhando estupefatos, como se esperassem alguma coisa.

            – Está sentindo algum… desconforto? – Sam me perguntou, levantando a sobrancelha.

            – Algum choque, náusea, ânsia de vômito… – Mason começou a falar.

            – Não, por quê? Eu deveria? – Perguntei. Era uma pulseira tão leve e legal.

            – Hm, a última garota que pegou nisso quase morreu eletrocutada. – Sam confessou.

            Ok, agora eu to começando a ficar assustada.

            – Se não aconteceu nada, não se preocupe. – Jake sorriu. – É uma arma meio estranha, como se escolhesse seu dono. E tem uma longa história, é claro. Aqui estão as flechas. – Ele me entregou uma dúzia de flechas brilhantes, como a espada de Percy. – Bronze celestial. Mata monstros, mas não fere mortais.

            – Ah, entendi. – O estranho é que eu realmente havia entendido. Como se meu cérebro estivesse começando a se acostumar com aquelas loucuras.

            – Flechas são boas, mas sempre tem o risco de elas acabarem. Leve uma adaga, pra manter sempre por perto.

            Assenti. Concordo, aliás. Bem, pelo menos tenho duas armas.

            Agradeci e saí do chalé com Sam, senti que já havíamos tomado tempo demais do Jake. E ele murmurou algo sobre um problema para resolver na floresta, e então Sam me arrastou para fora de lá, me levando pra onde os arqueiros costumavam treinar.

            – E agora, vamos praticar sua pontaria?

Bem, fiquei sentada na maior parte de tempo, assistindo. Não sei, eu era novata, e me sentia desconfortável fazendo isso na frente de muita gente. E todo mundo começou a me encarar de maneira estupefata quando eu acertei cinco alvos que se movem de uma vez.

            Matthew e Sam pareciam impressionados, mas eu voltei e me sentei. Odiava ser o centro das atenções.

            – Oi, de novo. – Disse um garoto sentando-se ao meu lado.

            – Connor? – Arrisquei.

            – Ainda não me reconhece? – Ele riu. É, definitivamente era o Connor. – E então, garota-sol? Como vai?

            – Não me chama de garota-sol. – Resmunguei.

            – Garota-musical? Garota-poema? – Ele estalou os dedos. – Já sei! Gatinha da luz?

            – Pode voltar pro garota-sol. – Falei, revirando os olhos. – Estou bem, obrigada.

            Percy passou por nós, olhando estranhamente pra Connor, que começou a rir.

            – Percy é ótimo. – Disse, me fazendo levantar uma sobrancelha. – Quer ver a cara dele quando descobrir o que Travis planejou pra essa semana.

            – Isso é normal? Quero dizer, vocês vivem pregando peças com todo mundo?

            – Não com todo mundo. – Encarei-o. – Mas com a maioria. E Percy é o alvo mais divertido. – Ele sorriu torto.

            – Ele me avisou pra ter cuidado com vocês. – Falei, fazendo-o gargalhar.

            – STOLL! – O grito de Percy nos interrompeu.

            – Vem, vamos ver se ele gostou da surpresa. – Connor agarrou meu braço e saiu correndo. Eu corri junto óbvio.

            – ESPERA, CONNOR! – Quase tropecei. Eu ainda carregava a adaga, já que havia descoberto que as flechas podiam virar um pingente. Prendi a faca no meu cinto, e corri junto.

            E encontrei um Percy completamente tingido de lilás pendurado em cima do chalé, de cabeça pra baixo.

            – TRAVIS! ME TIRE DAQUI! – Ele gritou.

            Era impossível não rir. Tipo, Percy estava tingido. E de cabeça pra baixo,

            Matthew tinha corrido pra lá, com o boa parte do chalé 7. Então ele e mais umas três pessoas se aproximaram de Travis e falou alguma coisa bem baixo. Por leitura labial pude pegar as palavras ela, novata, igual e também.

            Ops. Isso não estava me parecendo algo muito bom.

            Travis apareceu do meu lado, e Connor havia saído dali. Olhando com atenção pude notar que eles eram um pouquinho diferentes. Connor tinha olhos um pouco mais claros, e era um pouco mais alto. Além das linhas do rosto mais retas.

            – Então Katie. – Ele sorriu travessamente. Tudo o que eu queria era sair correndo dali. – Não me olhe assim, só queria te dar essa flor. – Ele fingiu inocência.

            Talvez eu tenha entendido errado. Era apenas uma flor, oras. Uma rosa cor-de-rosa. Talvez…

            BUM! Eu não sei o que aconteceu, mas de repente eu estava nos ares e, quatro segundos depois, pendurada pelos tornozelos ao lado de Percy.

            Que belo dia eu escolhi para usar uma saia.

            – Ainda acha engraçado? – Percy riu. – Eu bem que avisei.

            Pois é, metade do acampamento ria da gente.

            – Hey, Anderson! Você fica bem de rosa! – Ouvi a voz de um campista.

            – Muito engraçado. – Eu segurava desesperadamente minha saia, seria ainda mais vergonhoso se ela simplesmente virasse.

            Eu estava com minha adaga. Podia cortar a corda dos meus tornozelos e sair dali. Mas não podia simplesmente soltar a droga da saia.

            – Percy, você está com sua espada?

            – Não, ela fica na minha calça jeans. – Olhei, ele usava bermudas. Ótimo.

            Só me restava uma saída.

            Não, havia dito pra mim mesma. Não faria aquilo de novo. Não depois do que aconteceu com aquela multidão em Seattle.

            Bem, mas eu tinha que tentar. Não podia pedir pra Percy pegar minha adaga no meu cinto, ele não alcançaria. E eu não queria soltar minha saia.

             E eu era uma filha de Apolo, certo?

            – Close your eyes… – comecei a cantar, e vi que Percy já estava obedecendo. – TODO MUNDO! Feeeeechem os ooolhos, e virem pra trás… não virem de volta até que eu permita. – Continuei cantando, mais alto. – Naada de trapaça, até que volte a fita.

            Não olhe assim. Sou péssima com rimas.

            Todos obedeceram, e eu pude soltar a saia pra pegar minha adaga e cortar a minha corda e a de Percy.

            – C-como você faz isso? – Ele perguntou.

            A verdade é que eu não sei, honestamente. Há uns três anos eu havia descoberto que as pessoas fazem o que eu quiser se eu cantar. No começo era muito tenso, um dia eu estava cantando Girlfriend, da Avril Lavigne, e logo depois ouvi o garoto do meu lado dando o fora na namorada dele e me chamando pra sair. Mas depois eu aprendi a controlar isso.

            Imagina se eu não soubesse administrar e começasse a cantar Killing Me do FTSK? Não, o resultado seria deprimente.

            – Podem voltar! – Cantarolei, enquanto descíamos do telhado do chalé 3.

            Pois é. Eu precisava de um banho, urgentemente.

Não poupei tempo no meu banho. Demorei mais de meia hora só pra tirar a tinha do meu corpo.

            Meu cabelo… céus, era um caso perdido.

            Se bem que eu me senti a própria Avril com ele loiro mesclado de rosa. Voltei pro chalé, colocar uma roupa adequada caso fosse pega por um dos Stoll novamente

            – Hey, Katie. Quíron disse que queria falar com você. – Disse Mayron, sem tirar os olhos do livro que estava lendo.

            Algo que eu notei nele desde que nos conhecemos, ontem: ele sempre estava lendo alguma coisa. Ou escrevendo.

            Bem, algo em comum. Exceto, é claro, pela parte do parentesco.

            – Ah, obrigada, Mayron. – Falei. – Posso te chamar de MayMay?

            Ele hesitou, erguendo os olhos do livro.

            – Hm, não.

            – Awn. Ok, vou atrás dele. Tchau MayMay.

            – Eu disse pra não me…

            Saí do chalé, rindo.

            Mas minha risada parou quando cheguei à varanda da Casa Grande.

            – Quíron?

            – Entre, minha querida Katie. – Ele respondeu amigavelmente. Ao seu lado estava a mesma garota ruiva da noite anterior. – Essa é Rachel, nosso oráculo.

            – Oi. – Respondi.

            – Olá. – Ela disse, um pouco séria. – Quíron, tem certeza de que é ela? Parece tão…

            Tão o quê? comecei a me irritar.

            – Inexperiente. – Ela completou, me olhando curiosamente.

            – Mas é ela, sim. Me diga, Katie, quando foi a última vez que você viu sua mãe?

            Eu não queria falar sobre isso. Mas, a maneira que ele falou… será que ele sabia de alguma coisa?

            – T-três dias atrás. – Gaguejei.

            – E você sabe onde ela está agora?

            Ele sabia. Definitivamente sabia.

            – Não. – Murmurei. – Quero dizer, andei tendo uns sonhos… mas como você sabe que ela está desaparecida?

            – Tenho os meus meios, criança. – Ele piscou. – A questão é, Rachel recebeu uma profecia há três dias, a última vez que você viu sua mãe. E ela fala sobre uma filha do deus do sol. Acredito que exista uma relação.

            – Uma… profecia?

            – Eu sou o oráculo. O espírito de Delfos habita em mim. – Ela sorriu.

            – E como isso vai ajudar a minha mãe? – Eu soava como uma garotinha desesperada, mas não me importei.

            – Vamos ver. Você aceita? – Ela perguntou.

            – O quê?

            – Estamos te oferecendo uma missão. Você vai aceitá-la?

            – Posso ouvir a profecia primeiro? Gostaria de saber do que se trata.

            Os dois se entreolharam. Acho que eles prefeririam que eu aceitasse de uma vez para poupar o trabalho.

            Só que eu não era assim. Adorava dar trabalho às pessoas.

            – Ok. – Responderam, enfim.

            Então Rachel começou a falar:

            – Uma filha do deus sol, ao sul partirá;

            O garoto dos mortos deve a mesma acompanhar;

            Em busca do deus desaparecido, os semideuses partirão;

            A sabedoria e a guerra viva encontrarão;

            Uma escolha forçada, resultará em morte;

            A mãe deve ser impedida, antes que a destruição acorde;

            Concentre-se e mantenha o foco; Delfos deseja boa sorte. – Ela encerrou.

            Deus desaparecido? Morte? Mãe impedida?

            Eu não devia aceitar. Isso definitivamente não é algo bom.

            – Eu… aceito. – Murmurei. – Aceito a missão.

            – Ótimo. – Quíron viu como eu estava abalada. Rachel me olhava, ainda curiosamente.

            Isso estava começando a me irritar.

            – Geralmente são concedidos dois companheiros a cada líder, mas a profecia determinou cinco pessoas ao total. Você sabe quem escolher?

            – Primeiro, uma coisa: quem é o deus desaparecido? Não é meu pai, né?

            Por favor, não. Já basta a minha mãe, não preciso que meu pai também suma.

            – Não criança. O motivo de Íris estar ocupada demais para mensagens, a internet sem conexão… O deus dos ladrões e mensageiro, Hermes, desapareceu há exatos três dias.


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