Daughter Of Sun escrita por Katie Anderson


Capítulo 4
Capítulo 4 - Daughter of Sun


Notas iniciais do capítulo

Eu tento, mas NÃO É FÁCIL fazer um Connor Stoll decente. Comédia definitivamente não é o meu forte. Me desculpem, ok?



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Capítulo 4

            Pois é né. Você está feliz pensando que é normal pois sabe cantar, compor, escrever e tocar violão; tem uma intuição aguçada e sonha (ou sonhava) em cursar medicina. Mas aí você descobre que seu pai é Apolo, o deus de tudo isso.

            Faria um incrível sentido, se juntasse todas as informações, mas mesmo assim eu me recusava a acreditar.

            – Não. – Caí sentada no chão. – Isso simplesmente… não é possível.

            – Você acabou de ser reclamada, querida.

            – Mas ainda…

            – Sugiro que vá se deitar. Ah, e fale com Mayron, o líder do chalé sete. – Ele se aproximou, de modo que ninguém mais ouvisse. – Nem sempre estou certo, mas acho que sei por que foi reclamada apenas essa noite. Encontre-me amanhã de manhã, após o café-da-manhã, precisamos conversar.

            – Hm, claro. – Me dirigi ao garoto que ele tinha apontado, Mayron.

            Saímos dali, ele foi comigo até a casa grande para me ajudar com as minhas coisas.

            – Desculpa por isso. – Sorri. – Sabe, por essa caminhada enorme.

            – Não se preocupe. – Ele sorriu de volta. Ele parecia ser apenas um pouco mais novo do que eu, mas aqueles olhos já deviam ter passado por muita coisa. – Então, finalmente recebemos uma campista nova de Apolo. Pensei que papai estava perdendo a prática.

            Não pude deixar de rir com isso.

            Perdendo a prática? Cara, devia ter uns quinze campistas nesse chalé. E todos, magicamente, com a faixa etária próxima.

            Tenso.

            – Esse? – Perguntei, parando em frente a um chalé todo dourado.

            – Esse mesmo. – Ele concordou. – Vamos entrar?

            Estava vazio, e era enorme. Por fora parecia pequeno, mas era simplesmente gigante por dentro. Sabe aquelas cabanas que o Harry Potter ficou na copa mundial do quadribol? Algo assim.

            – Então, tem essa cama aqui livre. – Ele apontou para uma cama perto da porta, com o acabamento revestido em dourado, e um colchão que certamente era bem mais confortável do que o da casa grande. – Era do último líder, Michael. Na verdade, o último líder era Will, mas ele resolveu voltar a ser apenas um campista de verão, então eu assumi o cargo. Mas tecnicamente, o último conselheiro do chalé 7 foi Michael.

            – O que aconteceu com ele? Digo, Michael?

            Os olhos de Mayron ficaram sombrios. Algo me diz que eu fiz a pergunta errada.

            – Eu vou voltar para a fogueira. Você vem?

            – Hm, acho que não. Preciso de um tempo, sabe… pra pensar.

            – Ok. – Ele olhou rapidamente para os lados. – Quer um conselho? Durma com um dos olhos abertos. – Ele deu uma piscadela. – Os filhos de Apolo costumam pegar meio pesado com novos integrantes. Principalmente garotas como você.

            – Eu?

            – É. Bem, você representa bem o papai. Sabe, com um pouco de tudo. Alguns não encaram isso muito bem. Enfim, é só um aviso. Boa noite. – Ele sorriu e fechou a porta ao sair, deixando apenas a luminária ao lado da minha cama acesa.

            Precisava dormir. Mas antes achei seguro guardar as minhas coisas. Não eram filhos de Hermes, mas ainda assim…

            Mas eu não sabia onde. Tipo, não tinha visto cômodas ou coisas assim. Meu sapato caiu embaixo da cama. Levantei para pegá-lo, e tive uma surpresa. Tinha uma porta deslizante em baixo da cama. Movi-a e encontrei um closet vazio. Mas cada porta era protegida por senha.

            Não protegida, mas precisava inserir uma nova senha. Fui em frente, podia ser numérica ou com letras. Então digitei a data do meu aniversário.

            Ninguém ia pensar nisso. Tipo, mesmo que descobrissem, eles tentariam digitar os números, não a frase.

            Aquele closet era muito grande. Nem com o que eu havia deixado em casa eu conseguiria lotá-lo.

            Então notei um pequeno brilho no canto, e vi que vinha de um pequeno cartão, dourado como a maioria das coisas ali. Curiosa, abri-o.

            Achei que se sentiria mais confortável com eles por aqui. – A.

            Pude ver meu violão e minha pasta de músicas que eu havia deixado na casa do David. Como ele havia chegado ali, eu não faço a menor ideia. Mas achei que podia ser um presente do meu pai.

            – Obrigada. – Murmurei, olhando para cima. Chad realmente ma acalma, costumo tocá-lo o tempo todo. Mas ainda não sei como me sentia em relação ao meu pai. Cara, eu estive sozinha todo esse tempo. Assim que acabou a carreira de modelo da minha mãe, ela tinha dinheiro o suficiente pra nos sustentar pelo resto da vida, mas parece que isso não bastava pra ela. Então ela trabalhava como advogada em tempo integral. Nunca tinha sequer mencionado uma única palavra sobre meu pai. A não ser, é claro, sobre o meu colar. O da caveira dourada. Ela disse que foi um presente dele, mas eu nunca acreditei direito. Agora eu tenho algumas dúvidas.

            Escutei algumas vozes vindas de fora. Sai do closet o mais rápido que pude, colocando Chad em uma das portas e trancando todas elas. Joguei-me na cama e coloquei fones de ouvindo, vendo se pelo menos o Christofer Drew me acalmava. Eles disseram que telefones não eram permitidos, mas não falaram nada sobre iPods. Antes que me desse conta, já estava dormindo tranquilamente.

Acordei e ainda estava escuro. Aparentemente, o sol não tinha nascido. Olhei ao redor, todos ainda dormiam. Ótimo.

            Eu precisava clarear as ideias. Fui até o meu closet subterrâneo e peguei meu violão, saindo do chalé silenciosamente. E fui até a praia, que parecia um lugar calmo.

            Comecei a dedilhar alguns acordes aleatoriamente. Música sempre me fez sentir melhor.

            Mas nem eu mesma sabia o que eu estava sentindo naquele momento. Uma mistura de raiva, ressentimento, alívio e medo. Depois de todos esses anos, descobri que meu pai estava vivo. Mas também descobri que ele nunca se preocupou comigo ou com minha mãe. E minha mãe foi raptada e corre risco de vida.

             – Precisava sair para pensar? – Percy saiu da água e sentou ao meu lado.

            – Informação demais para uma pessoa só. – Concordei. – Por que você está seco? Acabou de sair da água.

            – Filho de Poseidon, tenho meus truques. – Ele deu uma leve risadinha. – Olha, eu imagino o que esteja pensando. Eles se preocupam.

            – O quê?

            – Os deuses. No geral se preocupam com a gente. Só que a maioria é orgulhosa demais para admitir. Eu fiquei com raiva quando meu pai me reclamou.

            Olhei pra ele, curiosa.

            – Eu tinha 12 anos. É uma história meio longa. Mas assim que ele me assumiu, fiquei ressentido por nunca ter tirado minha mãe da vida horrível que levava. Mas depois descobri que ela sabia disso. Havia sido uma escolha dela. Acredite, seu pai se preocupa com você.

            Percy parecia ser confiável. Mas não queria contar do meu sonho pra ele. Não queria que ele se envolvesse nisso.

            – Obrigada. – Então o sol nasceu, e ficamos sentados ali admirando a vista. Mas assim que o primeiro vestígio de luz cobriu o céu eu me senti instantaneamente melhor. – Eu acho que é melhor a gente voltar para os chalés. Apesar de não estar muito confiante para entrar lá. – Sorri.

            – Ah, a “iniciação”. Todo chalé faz a seu modo. Uma das razões que me agrada estar no chalé 3 sozinho. Se bem que os Stolls nunca me deixam em paz. – Resmungou. – Cuidado com Connor e Travis.

            Comecei a rir.

            – Sério! Eles tingiram todas as minhas roupas de rosa na semana passada! – Não estava mais rindo, e sim gargalhando. Percy era muito, muito estúpido. Mas estupidamente legal. – Fiquei o dia inteiro sem notar.

            – Suas roupas estavam rosa e você nem ao menos notou? Você é um alvo fácil, Jackson. – Alfinetei.

            – Ah, garota do sol. Vai dizer que você teria notado?

            – Qualquer um teria notado! – Ri. – Vamos logo, não quero que eles acordem e descubram que eu saí. Nem que meu violão está por aqui. Estremeço só de pensar que poderia acontecer algo com Chad.

            – Chad?

            – É o nome dele. Não ria! – Disse, já fazendo Percy rir.

            – É claro, porque é um nome super comum para um violão. E é completamente normal as pessoas darem nomesa instrumentos musicais.

            Saímos rindo em direção aos chalés. Tive a impressão de ouvir alguém me chamando, mas acho que devia ter sido apenas isto, uma impressão. Fiquei deitada de bruços escrevendo até que o chalé acordasse para irmos ao refeitório.

– O que é isso? – Perguntou Mayron, me assustando.

            – Ah, é apenas uma história que eu estou escrevendo. – Sorri.

            – Você escreve? Que maneiro! É sobre o quê?

            – Bem, é uma garota que leva uma vida entediante então ela encontra um gênio. Aí acontecem umas coisas bem doidas.

            – Legal. – Os outros campistas começaram a entrar em baixo da cama para se arrumar. Alguns deles só pegavam a roupa, e se vestiam no quarto mesmo. Deuses, se não fossem meus irmãos… :9

            – Olha, se não é a campista nova. – Disse um moreno já pronto se aproximando.

            – Katie, Matthew; Matthew, Katie. – Mayron fez as apresentações.

            Sabe quando você cisma com a cara de uma pessoa? Pois é. Senti que Matt havia cismado comigo.

            – Matt também escreve. – Mayron sorriu e saiu em direção ao seu closet subterrâneo.

            – Então, o que você faz da vida?

            – Tenho quinze anos. Sou estudante, dã. – Ou pelo menos era, até ser expulsa pela décima vez.

            – Ah, que legal. Eu sou um campista integral. Quíron disse que sou um dos melhores espadachins.

            Que bom, hein. E isso tem a ver comigo por que… espera, não tem nada a ver comigo.

            – Legal. – Respondi, indiferente.

            Ele continuou falando algumas coisas sobre si mesmo, mas tudo o que eu ouvia era blábláblá bláblá bláblábláblá blá blá.

            – Chalé 7, reunir! – Gritou Mayron, nos conduzindo em direção ao refeitório.

Finalmente uma refeição de verdade. Havia perdido o jantar, e no almoço de ontem eu conversava tão atentamente que não fazia ideia do que estava comendo.

            Hoje a mesa estava cheia. Waffles, torradas, diversos tipos de bolos, panquecas e omeletes. Depois da usual oferenda aos deuses (Paul me disse para não questionar; por alguma estranha razão eles gostam do cheiro) comemos tranquilamente, a mesa nunca em silêncio. Assunto sempre surgia: pássaros, textura de massas, escritores, esculturas de pudim. Até que:

            – Katie, por que Connor Stoll fica olhando pra cá a cada cinco segundo, hein? – Perguntou uma garota loira ao meu lado.

            – É, eu vi vocês conversando ontem de manhã. – Alfinetou um garoto mais novo.

            – Connor? Será que ninguém nota que é o David que super interessado nela? – Matthew falou casualmente, me ruborizando da cabeça aos pés.

            Não sabia que Apolo havia se tornado o deus da fofoca.

            – Connor? David? Ah, fala sério! – Forcei uma risada despreocupada. – Estou no acampamento faz um dia, quem sabe daqui a uma semana vocês possam fazer suas suposições.

            – Um dia que você conhece Connor, mas quanto tempo que você conversa com David? – Matthew deu um sorriso presunçoso.

            – Isso não é da sua conta. – Respondi entre dentes.

            – Quem garante?

            – Eu garanto.

            – Não me é suficiente. – Ele deu de ombros.

            – Quem você acha que é pra me dizer o que fazer? – Comecei me levantar.

            – Seu irmão mais velho. – Ele seguiu meu exemplo.

            – Cara, a gente tem a mesma idade! – Exclamei.

            – Acho que não. Quando é o seu aniversário?

            – Maio.

            – HÁ! Março, ganhei! Quer dizer que eu sou mais velho!

            – Dois meses. Isso não faz a mínima diferença! – Começamos a aumentar o tom de voz.

            – Faz, porque eu-sou-o-mais-velho. – Ele respondeu, falando sílaba por sílaba.

            – E daí? Eu sou mais madura e mais inteligente.

            – Gente… – Mayron começou a dizer.

            – E estou no acampamento há mais tempo. – Matthew retrucou.

            – E daí?

            – Eu tenho muito mais treinamento.

            – GENTE! – Mayron gritou. – Dá pra pararem de discutir?

            Foi aí que eu notei. O refeitório inteiro nos encarava. Dava pra escutar um alfinete, caso ele fosse jogado no chão.

            Sentei-me novamente. Quíron me olhava com curiosidade. Por alguma razão minha voz tinha chamado atenção a todos. O que é estranho, já que nem estávamos falando tão alto assim.

            É, acho que teríamos alguns pontos interessantes para descobrir depois que terminássemos o café-da-manhã.


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