Daughter Of Sun escrita por Katie Anderson


Capítulo 3
Capítulo 3 - Minha mãe corre perigo




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Capítulo 3

            Hm, não era bem essa que eu esperava. Se bem que faz sentido: David tem uma cara de mau, e ficava incrivelmente assustador com aquela espada negra.

            O que me faz lembrar: eu não tenho espada nenhuma.

            – Dave, eu quero uma arma. – Disse, assustando-o. Não sei bem como ele queria que eu reagisse. Com medo? Confusa? Assustada? Feliz?

            – Uma… arma?

            – É. Tipo, quando a gente estava com as líderes de torcida eu não tinha nada com o que lutar. E com aquela ciclope também não. – Falei, dando ombros.

      – Você está certa. – Ele respondeu, após alguns segundos. – Podemos passar no chalé de Atena mais tarde, o que acha? Sabe, ela é a deusa da estratégia e da guerra, eles devem ter um bom arsenal. Ou no de Hefesto.

            – Parece ótimo. – Consegui sorrir. Cara, meu melhor amigo era filho de Hades. Tenso.

            Tivemos alguns minutos de conversa, enquanto arrumávamos minhas coisas. Também resolvi colocar minha nova camisa laranja do acampamento meio-sangue (David tinha conseguido uma pra mim) e dar um jeito no meu cabelo, que parecia mais um ninho de ratos. Ainda bem que eu tinha pensado nisso ao fazer  mala, peguei a primeira tiara que eu encontrei, uma vermelha com um laço dourado. Então fomos interrompidos pelo som de uma trombeta, que deve ter sido tocada a certa distância.

            – Vamos? – David me ofereceu a mão. Levantei-me e seguimos juntos para o refeitório.

            Ao chegar lá, eu simplesmente não sabia o que fazer. Todas as mesas eram divididas pelos chalés. O ponto era: eu não estava em nenhum chalé.

            – Me desculpe. – David falou, ao me ver encarando o refeitório. – Eu te convidaria pra sentar comigo, mas creio que isso não seria permitido.

            É né, como sempre, eu era a garota excluída.

            – Não se preocupe comigo, eu posso dar um jeito. – Sorri.

            – Vá falar com Quíron. Ele pode te ajudar. – Então David se distanciou, sentando-se numa pequena mesa, onde tinha apenas um outro garoto com os mesmos cabelos e olhos negros dele. Provavelmente era seu irmão.

            Quando me virei para procurar Quíron, tropecei no meu próprio pé. É, uma das artes que eu domino: se eu estiver numa superfície lisa, esteja crente que eu vou conseguir tropeçar. E eu teria caído se alguém atrás de mim não tivesse me segurado.

            – Hey! Cuidado! – Pude ouvir uma voz masculina seguido de um sorriso atrás de mim. – A propósito, você está mais linda do que de manhã.

            Pisquei inúmeras vezes e consegui retornar a minha posição normal. Ao me virar, encontrei um garoto familiar. Mas ele não estava sozinho, tinha um idêntico ao seu lado.

            – Hm, eu não sei quem agradecer. Mas obrigada pelo elogio mesmo assim. – Sorri.

            – Connor, e não precisa agradecer pelo elogio. – Connor, o garoto que eu tinha conhecido mais cedo, sorriu e levantou a mão direita.

            – E eu sou Travis, e acho a mesma coisa que ele! – O outro levantou a mão, recebendo um tapa do irmão em resposta.

            – Katie. – respondi, sem graça. – Vocês são… hm…

            – Gêmeos? – Travis perguntou. – Todo mundo pensa que sim, mas, não.

            – É, eu sou o mais novo. – Connor sorriu em resposta. – Então, Katie, nos encontramos de novo.

            – De novo? – Travis se surpreendeu. – Foi por isso que você demorou tanto hoje de manhã? Ah claro, vamos deixar o pobre Travis ser massacrado pela Clarisse enquanto o outro Stoll se diverte com as novas campistas.

            Ok, acho que foi aí que meu rosto mudou de cor. Da minha pele branca como papel para a cor da minha tiara.

            – Foi você que teve a ideia! Eu estava indo procurar ajuda e…

            – Meninos! – Interrompi. Mas meu estomago falou mais alto. – Preciso comer alguma coisa, será que dava pra gente conversar depois?

            – Claro. – Responderam em uníssono. – Nos vemos depois, Katie. – Ambos me beijaram, cada um em uma bochecha.

            Vermelha? Não, eu devia estar roxa mesmo.

            É, pelo visto, vai dar um pouquinho de trabalho de diferenciar o Travis do Connor.

            Vi Percy sentando-se numa mesa sozinho. Pensei em ir falar com ele, mas lembrei que não podia. Annabeth sentou-se à mesa 6 com um bando de crianças atléticas de aparência séria, todas com olhos cinzentos e cabelos loiros.

            Finalmente, encontrei uma figura conhecida.

            – Paul? Será que tem algum problema se eu me sentar aqui com você?

            – Claro que não. – Ele sorriu em resposta. Então eu me sentei numa mesa com o cara gordinho loiro que eu havia visto mais cedo, o Sr. D, Quíron e outros adolescentes levemente parecidos com Paul. Todos com suas pernas de animal.

            – Tem certeza de que não tem nenhum problema?

            – Deixa disso, Katie. Você está hospedada na casa grande. Tecnicamente falando, pode sentar onde quiser, já que seu parentesco divino ainda não foi definido.

            Eu podia me levantar e sentar com David ou com Percy, mas eu sentei ali mesmo com Paul. Por mais que aquelas pernas me assustassem, eu amava aquele baixinho.

            – Paul, seria indelicado perguntar por que você é meio… jumento?

            – Bééééé! – Ele baliu em resposta. – Bode!

            – O quê?

            – Bode. Eu sou um sátiro. Meio humano, meio bode.

            – Ah, ok. – Fingi que entendi. – Você podia me explicar algumas coisas?

            Ele me olhou curioso.

            – Pensei que David e Annabeth já haviam falado com você. Mas, sim, é claro. O que você não entendeu?

            – Tudo.

            Ele arregalou os olhos.

            – Ok, mudando a pergunta. O que você entendeu?

            – Hm, nada.

            – Aí é mais difícil. – Ele murmurou enquanto comia uma latinha de diet coke. – Você não quer beber nada? É só falar com seu cálice.

            Uhh, legal.

            – Hm, cherry coke? – Perguntei, e logo vi o copo se encher com um líquido espumante.

            – Escolha interessante. – Disse um sátiro um pouco mais velho que eu, ruivo. – É o favorito do meu melhor amigo.

            – Grover, você podia me ajudar com ela? – Paul perguntou e Grover assentiu.

            – O que você precisa saber?

            – Tudo, na verdade. – Dei um meio sorriso. – A maioria daqui não tem muita paciência em me explicar as coisas, e falam como se eu já soubesse o que está acontecendo.

            – Ah, deve ser o TDAH. Mas você conseguiu entender alguma coisa? – Ele perguntou.

            – Bem, meu pai é um deus grego. E fim. – Hesitei. – AHH, e o pai de David é Hades.

            Paul e Grover se entreolharam.

            – Ok, Katie. Vamos começar do inicio. – Grover começou. – Os deuses gregos nunca estiveram mortos. Eles apenas seguem pra onde o maior índice de poder mundial aponta. Grécia. Roma. Inglaterra. E agora, Estados Unidos.

            – Essa parte eu entendi.

            –Que bom, porque dá um trabalhão pra explicar. – Grover suspirou, aliviado. – Essa é a base de tudo. O que você não entendeu?

            – O que são reclamações?

            – É o sinal que um deus manda assumindo que a pessoa como filho. – Ele respondeu calmamente. – Mas eles nem sempre faziam isso. É por isso que Percy está tão preocupado; ele fez os deuses jurarem pelo Estige na última vez que tivemos contato direto com eles, para reclamar os filhos com 13 anos. Antes todos os não reclamados ficavam no chalé de Hermes, agora já mandamos construir oito novos chalés.

            – Por que 13 anos? – Perguntei.

            – É o mais tarde que uma criança consegue sobreviver. Bem, você é uma exceção. Provavelmente teve ajuda divina.

            – Hm, acho que não.

            – Nunca se sabe. – Ele se levantou. – Já conheceu o acampamento?

            – O refeitório e a casa grande. – Sorri.

            – Vamos então. – O segui e Paul nos acompanhou.

            Andamos um pouco, e me deparei com várias pequenas instalações, vinte no total. Deviam ser os chalés. Os dois primeiros eram grandiosos, e eram seguidos de outros, cada um diferente do anterior.

            – Alguma ideia de quem é seu pai? – Paul me perguntou.

            Neguei com a cabeça.

            – Se fosse sua mãe, eu provavelmente chutaria Afrodite.

            Ri alto com isso.

            – Ah, CLARO! Escolha super sensata.

            – Você é bonita e atrai atenção, Katie. Só você não nota isso. – Grover falou um pouco indiferente.

            Encolhi os ombros. Nunca fui muito boa com elogios. Talvez porque não estava acostumada a recebê-los.

            – Você provavelmente não é dos três grandes, mas tem um cheiro realmente forte. Não sei como não morreu atacada por monstros todo esse tempo.

            Ele acabou de dizer que…

            – Talvez seja porque ela tinha um sátiro e um filho de Hades protegendo-a, cabeção.  – Paul retrucou, um pouco ofendido.

            – Aqui é a arena. – Grover continuou, ignorando Paul. – A maioria dos combates acontece aqui. Muitas vezes liderados pelos chalés de Ares e Atena.

            Andamos mais um pouco.

            – Ali os estábulos…

            – BLACKJACK! – Interrompi-o e saí correndo em direção ao pégaso.

            – Ele gosta de você. – Paul me disse, enquanto eu acariciava a cabeça do pégaso.

            – Como você sabe?

            – Sou um sátiro. Falo com animais.

            Isso explica porque ele conversava com o time de futebol de vez em quando.

            – Você quer um torrão de açúcar, amigão? – Perguntei, Blackjack relinchando de felicidade em resposta. – Toma aqui.

            – Tentando roubar meu pégaso? – Percy perguntou, me surpreendendo. Afinal, ele não estava ali antes.

            – Hm… quero dizer, não…

            Percy apenas riu.

            – Brincadeira. Mas é bom saber que mais alguém gosta do Blackjack. – Ele passou a mão numa de suas asas. – Fique quieto. Não, eu não vou contar pra ela o episódio do vestido do baile. Porque é totalmente embaraçoso, oras!

            Ok, Percy estava falando com um cavalo. Fugindo em 3, 2, 1…

            – Katie! Aí está você! – David se aproximou. – O que acha de uma partida de vôlei?

             E assim a tarde se passou. Quando me dei conta, já estava começando a anoitecer. Tomei um banho e caí na cama.

            E tive meu pior pesadelo até então.

– Katie! – Gritava minha mãe. – KATIE!

            Queria correr para ajudá-la, mas não sabia como me aproximar. Ela estava acorrentada numa rocha. Mesmo suja e machucada, ela ainda estava encantadora.

            Vamos, criança. Ajude sua mãe. Ela já está acorrentada, não queira que ela sofra como Prometeu com os abutres.

            Eu queria gritar, mas minha voz não saía. Minhas pernas não se mexiam.

            – Você a quer segura? Venha até ela. Salve-a.

            – Quem está aí? – Minha mãe gritou novamente. – Katie? É você? ALGUÉM ME AJUDE!

            – QUIETA mulher! – Uma figura apareceu logo atrás dela e ela se calou. – Posso mantê-la viva até você chegar, mas isso terá um preço. Com certeza você terá que pagar.

            Eu não sabia quem era o que exatamente queria, mas de uma coisa eu tinha certeza.

            Minha mãe estava em perigo. E eu precisava salvá-la antes que fosse tarde demais.

Uma batida insistente na porta me acordou.

            – Katie? – Annabeth e David entraram.

            – Ahn. – Resmunguei. – Hm, jantar?

            Eu sou a pessoa mais inteligente e sensata do mundo quando eu acordo.

            – Você dormiu durante ele. – Annabeth sorriu. – Quíron pediu pra te chamarmos pra fogueira, vamos?

            – Claro. – Saímos andando. Não, eu passei longe dos espelhos, não queria  ver minha cara toda amassada e meu cabelo bagunçado.

            Se bem que, do jeito que as pessoas me olharam quando eu cheguei ali, talvez eu não estivesse tão ruim assim.

            Ou talvez eu estivesse pior do que eu pensava.

            CARA, desde quando eu me preocupo tanto com a minha aparência?

            Enfim, chegamos e nos sentamos. Assamos marshmallows, cantamos algumas músicas, eu fiquei conversando com uma das irmãs de Annabeth, Raissa, que parecia mais ser filha de Hipnos do que de Atena, mas era muito legal.

            Até que Quíron anunciou a volta de David e a minha chegada.

            – Conseguimos mais uma campista, que chegou junto com o David. Katie Anderson. – Ele sorriu.

            – E por alguma razão, ela não foi reclamada ainda. – Percy resmungou.

            Eu não sei bem o que aconteceu depois do comentário de Percy, que eu acredito que muita gente ouviu. Mas todos começaram a me olhar estranhamente.

            – O que foi? – Perguntei.

            – Katie… Katie… – Paul gaguejava e apontava para a minha cabeça.

            Quando olhei pra cima, vi um pequeno sol dourado rodando em cima dela. Se prestasse atenção, também conseguia ouvir levemente o som de uma lira.

            Mentira, né?

            – Ela está determinada agora. – Quíron e uma menina ruiva ao seu lado sorriram, como se soubessem disso há tempos. – Apolo. Beleza, música, medicina e profecias. Essa é Katie Anderson, filha do deus do sol.


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