Brian percebeu que estava atrás dele, mas não esboçou nenhuma reação. Ou pelo menos tentou não esboçar. Finalmente parou, em um lugar mais reservado, perto da porta dos banheiros e cruzou os braços.

Aproximei-me lentamente, olhando-o cada vez mais.

- Obrigada por parar – sorri – Sabe, não é fácil seguir alguém usando salto alto.

- E veio atrás por quê? – perguntou ironicamente.

- Oras, como se você não soubesse.

- Por que não vai lá com o seu amiguinho?

- Ciúmes Synyster? – provoquei, aproximando-me cada vez mais.

- De você? – me olhou de cima a baixo. – Sempre.

- Synyster Gates. – sussurrei em seu ouvido. Brian adorava quando fazia isso, arrepiou-se rapidamente e fechou os olhos.

- Ele é bom? – perguntou, voltando ao assunto do Michael.

- Você nem imagina o quanto. – coloquei meus braços em volta do seu pescoço e encarei-o.

- Vai lá com ele, então. – empurrou-me para longe. Sorri maliciosamente e me aproximei mais uma vez. Dessa vez colocando nossos corpos.

- Você sabe que prefiro um tal de Brian, mil vezes mais. – sussurrei em seu ouvido. Ele fechou os olhos aparentemente concentrado em não perder a cabeça.

- Bom saber. – abriu os olhos, encarando-me tão profundamente que quase perdi o folego. Quase.

Brian’s POV.

Ela sabe provocar uma pessoa como ninguém, sem duvida alguma. É tão difícil dizer não àqueles lábios, aquele corpo. Como cheguei nesse ponto estupido? Qual é.

- Quando você vai parar de segurar Brian? – falou mais uma vez ao pé do meu ouvido. – Você sabe que não consegue dizer não pra mim.

- Vai parar de provocar quando?

- Vou parar quando você parar de resistir.

- Vai demorar.

Nesse exato momento ela tirou os braços do meu pescoço e afastou-se. Olhou-me por alguns segundos e virou-se para partir.

Segurei seu braço.

- Me solta.

- Por quê?

- Já provou que não quer nada Brian, me solta. – sorri.

Marie’s POV.

- Vou sempre querer algo com você Marie. – falou, com o sorriso mais malicioso do mundo.

- Prove.

Brian me puxou para mais perto dele, nossos corpos estavam colados. Colocou sua mão lentamente na minha cintura e encarou-me por alguns minutos. Sorriu. Prendi o ar.

- É melhor respirar Marie. – falou, percebendo que estava segurando todo o ar. Nosso rosto estava tão próximo que a ponto do nariz encostava-se de leve.

- Brian... – qualquer coisa que pudesse ter dito naquele momento foi interrompida. Brian me beijou de inicio levemente, mas o beijo começou a se intensificar proporcionando-nos uma falta de ar desgraçada. Não queria respirar, não queria ficar longe daquela boca por mais muito tempo.

Sua mão explorava minhas costas, descendo até minha bunda algumas vezes. Brian gosta de apertar minha cintura, normalmente fico com uns roxos horríveis ali, nunca liguei pra isso e provavelmente nunca vou ligar, adorava quando fazia isso.

Meus dedos estavam engrenhados naquele cabelo maravilhoso e de vez em quando dava alguns puxões, trazendo-o para mais perto de mim em seguida.

- Você vai se arrepender disso amanhã. – falou mordiscando meu pescoço. Sim, provavelmente me arrependeria disso no dia seguinte, acharia a coisa mais estupida que já fiz em toda minha vida e não olharia mais na sua cara. Não hoje, contudo.

- Você também. – falei ofegante.

- Nunca me arrependo de nada que tenha haver contigo. – e me beijou mais uma vez. Dessa vez foi mais calmo, mais doce, suave.

Nenhum beijo no mundo conseguia proporcionar todas as sensações que aquele beijo consegue. Ninguém consegue ser igual ou melhor que ele. Separamo-nos e ficamos nos encarando por um longo, longo tempo. Suspirei.

- Quando chegamos a esse ponto?

- Quando deixamos todo o orgulho tomar conta de nós. – estava fazendo carinho em seu rosto, enquanto ele me abraça pela cintura.

- Se eu me manter bêbada pelo resto da vida, talvez possamos continuar desse jeito. – ele riu. Contornei seus olhos com os dedos.

- Talvez. – beijou meu dedo enquanto passava o dedo por seus lábios. Sorri. – Acho que temos que voltar a realidade. – falou, apontando com os olhos a mesa onde estávamos sentados. Suspirei.

- Só mais um pouquinho. – continuei explorando seu rosto com minha mão, enquanto ele fechava os olhos com o carinho que estava recebendo. Queria dizer que o amava que ele era lindo e meu, mas não consegui. Sabia que me arrependeria disso no dia seguinte e daria esperanças para ele, não queria o magoar mais.

Se eu pudesse desfazer tudo de errado entre nós e apagar cada lembrança sua que ainda existe em mim... Eu sei que nada que eu diga vai trazer o longe pra mais perto de mim dessa vez, porque gostar de alguém vai ser sempre assim, irreversível.

Suspirei mais uma vez, cansada de toda essa situação. Não queria ir embora, não queria sair daqueles braços, por que tenho de ser tão orgulhosa? Tão cabeça dura!

- Vai queimar o cérebro se continuar pensando tanto. – falou, sorrindo para mim, soltei um riso cansado.

- Queria não ser tão... – comecei, mas ele me cortou.

- Posso dar um jeito nisso. Você sabe. – sorri.

- Você sempre consegue. – dei de ombros. – Vamos?

Brian abriu os olhos, sorriu e apertou meu nariz de leve, fiz uma careta e pela cara que ele fez achou fofa. Deu-me um selinho e foi na frente.

Dei uma passada rápido no banheiro para arrumar meu cabelo e finalmente voltei para a mesa. Sentei ao lado de Jimmy e bebi mais uma dose de tequila.

- Que tal irmos embora? – Zacky perguntou aparentemente cansado. Concordei com a cabeça.

- Vamos ter que ficar apertados no carro. – Johnny resmungou, Matt deu um tapa na sua cabeça.

- Não reclama anão.

- Posso pegar um táxi. – respondi.

- Vamos ter que levar Thomas pra casa mesmo, você podei r junto sem problema algum. Vão ter que um no colo do outro, mas vocês estão acostumados.

- Precisamos de mais carros, isso sim. – Johnny falou.

- Ou uma van. – Zacky disse, todos concordaram rindo.

- Certo, vamos. – eles começaram a se levantar e dirigiram-se ao caixa para pagar a conta. Michael havia ido embora e nem ao menos reparei. Deve ter ido enquanto estava lá com o Brian. Que seja. Esperei-os na porta e finalmente pudemos ir embora. Foi uma suruba dentro do carro, mas conseguimos entrar.

Deixamos Jimmy e Zacky em casa primeiro porque eram os mais perto (todos morávamos relativamente perto, uma quadra de diferença cada um). Depois foi a vez de deixar o Brian em casa. Antes de despedir-se dos outros, ele lançou um olhar para mim. Foi o olhar mais triste que vi em toda minha vida, talvez. Ele sabia que quando acordássemos, no dia seguinte, tudo voltaria a ser como era antes. Como se nada tivesse acontecido.

- Tchau povo. – falou e bateu a porta do carro. Matt seguiu caminho e finalmente deixou eu e Thomas em casa.

- Falou ai pra vocês. – Johnny reclamou. Ele morava ao lado da casa de Matt então sempre era o que sobrava dentro do carro.

- Tchau bebêzão. – falei, apertando suas bochechas. Fez careta. – Tchau armário. – dei um beijo na bochecha de Matt e finalmente sai do carro. Tom despediu-se deles e finalmente saiu também.

- Vou hibernar por dias. – reclamou, entrando em casa.

- Idem. – resmunguei.

Mais dois dias e as aulas começavam, então com certeza iria hibernar o fim de semana inteiro. Nada dessa de beber ou ver filme na casa de alguém. Chega. Festei demais já.

Michael’s POV.

Finalmente havia chego ao hotel. Joguei-me na cama e passei a encarar o teto. Comecei a refletir sobre o que aqueles babacas haviam dito para mim no bar.

Se eles achavam que uma simples ameaça ia me fazer recuar, estavam enganados. Muito enganados. Iriam pagar por isso e bem caro se querem saber. Mal sabiam de todos os planos que ainda tenho praquele grupinho idiota. E a Marie? Ela vai ser minha querendo ou não. Não desisto dos meus alvos tão fácil assim. Brian que se prepare.

Todos eles vão pagar.

Dois dias depois.

Marie’s POV.

- É melhor acordar se não quiser começar o ano com uma falta. – Tom entrou no meu quarto e tirou as cobertas. Ainda ousou abrir as cortinas para o sol poder entrar. Resmunguei. Levantei da cama fazendo o maior esforço do mundo e fui tomar um banho rápido sem molhar o cabelo ou ficaria uma desgraça. Preguiçosamente andei até meu closet e procurei alguma roupa para usar. Acabei pegando um top preto, uma saia xadrez escura, meu all star de cano alto também preto. Fiz uma maquiagem não muito exagerada e coloquei uma toca no cabelo porque não queria sair expondo aquela juba. Peguei minha mochila do Misfits e meus óculos e desci as escadas.

Mamãe e Tom estavam tomando café da manhã, não senti nenhuma vontade de me juntar a eles então simplesmente roubei uma maçã da fruteira e fui esperar meu irmão do lado de fora de casa.

Não demorou muito e Tom já estava ali comigo. Andamos calmamente até a escola, minha preguiça era notada por qualquer pessoa do mundo, assim como meu mal humor. Ele não tentou puxar papo, o que geralmente faria em um dia comum em que estivesse com um humor mais radiantezinho.

Chegamos não muito tempo depois e fomos procurar o pessoal. Lá estavam eles, jogados cada um de um jeito diferente no banco, resmungando de estar mais uma vez naquele inferno. Joguei-me no colo do Jimmy e dei um oi geral.

- Marie sem salto? – Zacky falou entediado. Dei de ombros.

- Achei meu all star no closet e resolvi usar.

- Ultima vez que te vi usando isso a gente ainda estava no fundamental. – Jimmy falou, me abraçando pela cintura. Concordei.

- Ele era maior que o meu tamanho naquela época lembra? Agora serve certinho. – ri lentamente.

- Essa saia xadrez hein... – Matt falou, fazendo uma cara de tarado. Tive que rir da cara dele.

- Quero saber que putaria de blusa é essa dona Merrie. – Johnny falou.

- O que tem?

- Olha o tamanho disso! Tsc. – mandei o dedo do meio para ele e todos riram. Ficamos ali conversando até o sinal bater. Thomas já havia ido a um bom tempo atrás. Parou só pra dar oi pra todo mundo. Ele era mais novo então, obviamente, não estava na nossa sala. Andamos preguiçosamente até a sala de aula e sentamos no nosso lugar de sempre.

O professor de física não demorou a entrar. Dei uma olhada geral na sala e parou seu olhar em mim, a cara que ele fez foi a melhor. Resmungou algo de não ter se livrado de mim e começou sua aula. A secretaria bateu na porta, interrompendo o discurso monótono do professor que falava sobre como deveríamos nos portar bem nesse ultimo ano, já que era o ultimo ano na escola e que finalmente iriamos para uma universidade e blá, blá, blá.

- Professor temos um aluno novo. – a mulher sorriu entediada.

- Certo, mande entrar.

Michael de repente entrou na sala e meu sangue gelou. Tinha até esquecido que ele existia nesses dois dias dormindo em casa. Porcaria, o que ele estava fazendo aqui?

- Quer se apresentar ou não? – o professor perguntou. Michael negou com a cabeça e foi sentar-se em uma carteira vaga que ironicamente era perto do nosso grupo, no fundo da sala. Ele lançou um olhar para todos nós e finalmente olhou para mim. Observou por alguns minutos a roupa que estava usando e parou por um bom tempo nas minhas pernas. Esticou-se e cochichou perto de mim.

- Continue mostrando essas belas pernas e não vai poder reclamar quando alguém te agarrar no meio da escola. – lançou um olhar malicioso para mim. Sorri sem jeito.

- Bem vindo a escola. – resmunguei. Ele sorriu mais maliciosamente ainda.

- Assim espero. – olhou mais uma vez para minhas pernas. – A escola tem realmente seus pontos positivos.

E finalmente virou-se para frente, prestando atenção no que o professor falava. Ainda sobre aquele mesmo assunto irritante de compromisso com a escola, cuidado com notas e blá, blá.

Lancei um olhar assustado para Matt que retribuiu com um olhar nem um pouco bonito. Falei um “Socorro” sem som para que ele pudesse entender, Matt acenou com a cabeça entendendo o que queria dizer com isso.

- Vamos ter encrenca em breve. – Jimmy, que estava sentado ao meu lado, falou. Concordei com a cabeça. – Nem queira ver a cara do Brian atrás de você.

As garotas babavam por Michael, os garotos o encaravam com um olhar de ódio. E meus amigos planejavam algo realmente ruim. Seria um longo ano.