Pov Marlene McKinnon

Já passava das quatro da manha e nós dois continuávamos no fundo do lado negro utilizando um feitiço nadador á fim de encontrar as tais pedras que invertiam o feitiço de Lily e James. Sirius aceitara me acompanhar já que recentemente o casal maravilha conseguiu uma semana de detenção por tumulto nos corredores!

Apontei para uma abertura na rocha á alguns metros á nossa frente, estávamos ambos cansados de procurar, já era a segunda noite seguida que fazíamos essas expedições ao fundo do lago desde que voltamos á Hogwarts no começo do outono.

Sirius parou apontando para a superfície suplicando para que parássemos por hoje, sacudi a cabeça positivamente e o maroto subiu em disparada.

Olhei á minha volta suplicando para que magicamente as tais rochas aparecessem e me livrassem da tarefa dolorosa de passar horas á fio com Sirius.

Impulsionei meu corpo, mas não me movia, as algas me prendiam e me puxavam para baixo, tudo parecia incrivelmente lento e quieto.

Tentei mais uma vez procurando por minha varinha que estava presa dentro de minhas vestes encharcadas.

Ago movia-se em baixo de meus pés, garras apareceram e corriam por minhas pernas criando pequenos cortes que sangravam intensamente.

“Socorro!”

Ninguém podia me ouvir.

“Por favor, alguém me ajude!”

Algo surgia das algas, tinha cabelos negros e familiarmente bagunçados, seus olhos eram frios, mas ainda sim tinham a coloração que fazia com que meu coração saltasse todos os dias.

“Marlene” Sussurrou Sirius subindo cada vez mais “ Você realmente pensou que eu iria me interessar por uma garota estúpida como você enquanto tenho Hogwarts na palma de minhas mãos?”

Suas mãos tinham garras longas que se enrolavam em meus cabelos enquanto segurava minha cabeça erguendo meus olhos até o encontro dos seus.Aproximou-se lentamente sorrindo sinicamente e me deixando ver suas presas fora do comum que por um segundo me pareceram extremamente atraentes.

“Não Sirius! Eu não...”.

“Shh... Calada!” Sussurrou levando seus lábios frios até meu pescoço, minha visão escureceu.

Dor.

A dor com certeza foi dilacerante quando senti meu pescoço ser perfurado, as mãos do mostro saíram de mim, mas parecia estar ainda próximo.

“Lene fuja!” Sirius gritava.

“Marlene fique comigo” Sirius sibilou novamente.

“Não acredite nessa coisa! Você, porque está fazendo isso?” Disse parecendo confuso, minha visão continuava sem reação nenhuma e a dor em meu corpo aumentava assim como a inconsciência que tomava conta de mim.

Escuridão, as vozes se foram.

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-Seu idiota! Tire essa coisa da minha cara!

-Lily, não é culpa minha se você não enxerga direito!

-Pra você é Srta. Evans Potter!

-Remo tire esses dois daqui, estão me deixando nervoso!

-Nós dois?! – a garota exclamou- Esse boçal tentou arrancar meus olhos fora!!!

-Boçal?! Eu nem sei o que isso significa!- a voz masculina adocicada retrucou.

-Significa que a Lily quer te comer e ter cem filhos retardados, agora parem com essa besteira já! – uma segunda voz masculina interveio fazendo com que os dois primeiros se calassem.

As vozes cessaram, tentei abrir os olhos, mas sem sucesso aparente, tentei me lembrar de algo, mas nada me vinha em mente.

Por que estava aqui? O que acontecera? Quem estava falando?

-Merda Lene! Porque você me deixa assim?! – a voz masculina voltou á dizer.

-Sirius, nós temos que sair, Dumbledore nos proibiu de ficar aqui á noite no último mês esqueceu?!

Dumbledore...

-Vá com eles Remo, eu simplesmente não consigo, a culpa foi minha! – a voz rouca choramingou.

-Não é culpa sua Sirius... Ela não estaria viva aqui conosco por mais de um ano se você não a tivesse salvado aquele dia!

-ELA NÃO ESTÁ VIVA!!!VOCE ACHA QUE ISSO É VIDA!?

Dumbledore! Sim, agora me lembrava, o diretor da escola foi á minha casa entregar a carta de admissão, meus pais ficaram radiantes naquele dia. Onde estaria Dumbledore?

Os últimos dois deixaram a sala muitas horas mais tarde quando pude sentir que já era dia, o calor do sol fazia com que meu rosto pegasse fogo.

Permaneci consciente a noite toda, mas sem conseguir mover um músculo sequer, quem seriam aqueles na noite anterior? Deduzi que provavelmente estava no leito de algum hospital por motivos desconhecidos e que o dono da voz rouca teria algo á ver com tal condição. Consegui me recordar de várias coisas durante a madrugada, estava em uma escola de magia onde minha casa era chamada Grifinória, gostava de mel e almíscar nas panquecas quentes e detestava dias de sol forte, morava em Boston em um condomínio bruxo com meus pais e meus irmãos.Vim para Hogwarts onde conheci Lily , James , Remus , Petter e ... Algo faltava , sim, algo muito importante faltava!

Continuei á vaguear pelas lembranças até certo ponto onde comecei á sentir uma fraca dormência nas pontas dos dedos que foi crescendo até os ombros e joelhos, logo todo meu corpo formigava.

Tentei mover os dedos obtendo sucesso no movimento, abri os olhos com um pouco mais de dificuldade e os mesmos arderam devido á forte luz, olhei á minha volta, a enfermaria como havia imaginado.

Sentei-me e meus cabelos caíram até a altura das costelas, tinha um formado mais acentuado e brilhoso como nunca fora antes. Apoiei minhas mãos no colchão notando que minhas unhas agora compridas permaneciam bem cuidadas e destacadas com um vermelho carmim.

Fiquei em pé sentindo o chão gelado entrar em contato com meus dedos, estava definitivamente bem mais alta e minha cintura era fina e definida, as pernas mais longas e os peitos mais protuberantes.

Andei por entre as camas sorrindo bobamente, todas estavam vazias, o quarto parecia restrito, sob uma mesa estavam depositados arranjos de flores de todos os tipos: Alguns secaram ao longo do tempo, mas não foram repostos, alguns envelheciam lentamente e outros se mostravam novos, mas algo os tornava similares, a flor era a mesma, rosas vermelhas.

Abri as grandes portas de madeira saindo na conhecida enfermaria de Hogwarts, os pacientes dormiam, porque eu não estava com eles?

Saí para os corredores, vazios, o relógio na parede indicava seis horas, deveriam estar dormindo.

Segui em frente em direção ao salão principal, finalmente consegui acordar cedo para pegar os melhores quitutes! Estaria Lily dormindo? Porque me tiraram de nosso quarto e me mandaram para este nos fundos da enfermaria? Provavelmente a ruiva quisera estudar quieta para as provas do quarto ano.

Cheguei ao salão principal que estava vazio á não ser por um corvinal que dormia sob seu prato, sentei – me e escolhi uma grande rosquinha enfeitada sentido-me feliz por ter acordado cedo , devia ter estado muito bêbada no dia anterior para não me lembrar de nada!

Quando o relógio soou seis e quinze comecei á me preocupar pelo fato de Lily não ter chagado ainda ,a ruiva sempre aparecia á esse horário para sair para as aulas ás seis e meia e ainda ter meia hora de vantagem até que James desça para o café.

Ah finalmente! A ruiva passava pelas portas de madeira cabisbaixa, seus cabelos estavam mais compridos e agora lisos e brilhantes, usava uma saia mais curta do que o usual revelando belas pernas. Qual é?! Todo mundo decidiu ficar diferente hoje?!

-Lily! – chamei quando a garota passou por mim.

Ela parou balançando a cabeça negativamente.

-Não, de novo não, estou tomando a poção! Porque continuo com as alucinações?

-Lily?! Ficou louca? Eu estou aqui! – sorri pulando sobre ela.

A ruiva pareceu pasma por um instante e logo depois se pôs á chorar abraçando-me compulsivamente.

-Eu não acredito! Oh meu Merlin! É você! É VOCE! LENE SENTIMOS TANTO SUA FALTA!

Ela continuou chorando até que um garoto alto, moreno de cabelos bagunçados, veio em nossa direção.

-Lily?! O que esta acontecendo? Você se machucou? Meu amor o-q?

-Não foi porque eu aceitei sair com você que sou seu amor! James, Lene voltou!!! ELA VOLTOU!! – James? Aquele era James, bem parece que alguns se beneficiaram muito do embelezamento instantâneo!

-LENE!- ele gritou me agarrando e girando-me no ar.

-Qual é?! Porque todo mundo está tão estranho hoje?! E qual é a de vocês saírem?! Hey! O que foi que a gente fumou ontem? Porque eu quero de novo! Fiquei doida a noite toda!

-Fumou? – Lily perguntou olhando acusativamente para James.

-Shhhhh ninguém fumou nada não... Am... Eu não sei da onde ela tirou isso Lily!

-Vamos, temos que leva-la de volta para a enfermaria ou Madame Pomfrey colocará os dementadores atrás de nós!

Seguimos de volta á enfermaria conversando bobagens enquanto todos que me viam pelos corredores pareciam extremamente admirados.

-LOUCORA!EUSEI QUE FOI SUA CULPA!SENHOR BLACK VOLTE AQUI! – Ouvimos Pomfrey gritar da enfermaria e logo um garoto saiu correndo em nossa direção seguido pela enfermeira.

A cena passou em câmera lenta por mim , o garoto... Tinha olhos , os olhos mais lindos que já vira em toda minha vida , azuis acinzentados , seus cabelos lhe caiam até os ombros em cahcos indisciplinados e tinha o peito e os braços fortes , malhados e cobertos por tatuagens que seguiam para dentro das calças onde não poderia ver a continuidade delas.Os sorriso maroto ... Nunca me esqueceria dele: Sirius Anthony Black, o motivo pelo qual meu coração saltava neste instante, o motivo pelo qual tenho um histórico de 475 detenções durante o segundo ano, o motivo pelo qual sou aclamada pelo time do quadribol, a melhor dupla de batedoras da historia de Hogwarts, o motivo pelo qual eu estava na enfermaria...

O lago. As garras. Os olhos. As presas. A escuridão. Eu estivera em coma todo esse tempo.

-Oh meu Merlin! – sussurrei tonta pelo excesso de informação apoiando-me em Lily e James.

A cena toda se tornou mais lenta ainda, seus olhos encontraram os meus, ele corre em minha direção soluçando meu nome, me solto do casal caindo tonta em seus braços. Desmaio.

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-ELA VOLTOU! LENE! LENE!

-Sai daí Senhor Black ou serei obrigada á deixa-lo de castigo novamente – Madame Pomfrey advertiu chegando perto de minha cama – Como se sente querida?

-Bem, e-eu...- Minha mãe vinha em meu encontro juntamente com meu pai ambos sorrindo.

-Senti tanto a sua falta querida! Sr. E Sra. Potter passaram a manha toda com você aqui! 

As horas se passaram e tudo foi explicado, meus amigos não saíram de perto um segundo sequer e quando pelo meio da tarde meus pais foram requisitados no ministério , Madame Pomfrey permitiu que todos permanecessem comigo até que eu conseguisse sair do quarto.

Remus falou pela maior parte do tempo explicando que o que realmente me atacara fora um Adnominis , um raro tipo de criatura das trevas que se alimenta das almas das pessoas fazendo com que fiquem á seu comando assumindo á forma de seu maior medo. Fiquei inconsciente por dois anos e algumas semanas, pois boa parte de minha força vital fora retirada , não passei um dia sequer sem companhia.

-Provavelmente Dumbledore vai lhe deixar frequentar o sexto ano como nós , seria grosseria se não o fizesse!- Lily reclamava enquanto voltava á se sentar ao lado de James.

-E quando foi que a guerra cessou? – perguntei sorrindo maliciosamente para os dois que ruborizaram na hora.

-Em algum momento milagroso entre o natal e o ano novo... Foi o visgo – Remus sussurrou a ultima parte em baixo tom.

-Eu ouvi isso! – James resmungou atirando em Remus a maçã que mordiscava – Na verdade Lily ficou trancada no quarto de Sirius comigo no natal... Tivemos um tempo para conversar.

-Vocês passaram o natal na mansão Black?!- olhei irônica – Ok, qual de vocês é o comensal agora?

-Não é essa a questão Lene... Muitas coisas mudaram enquanto você não estava consciente... Sirius foi uma delas, ele... Enlouqueceu Marlene – Remus explicou em um tom sério.

-Ele pensa que é o culpado Lene... Muitos pensam, chegou á ser levado para Askaban por algumas semanas por ser suspeito de tentar matar você, mas Dumbledore conseguiu provar a verdade... – Lily explicou chorosa.

-Tem momentos de lucidez onde se parece consigo mesmo quando você ainda estava aqui mais na maioria das vezes ficou traçado aqui com você, chorando... Tem sido assim por dois anos Lene... – James continuou com as lágrimas saltando dos olhos – No final do quarto ano brigou com os pais e saiu de casa, foi deserdado, desde então vive comigo e com meus pais, as coisas parecem estar um pouco melhores...

-Mas ele nuca seria o mesmo sem uma coisa que lhe foi tirada á dois anos e que agora esta de volta... - Remus completou confortando James.

-Amor- Lily finalizou sorrindo para mim – A falta dele é como um beijo de dementador faz com que nossas vidas fiquem sem qualquer sentido.

Continua....