Lembranças Vivas escrita por Lety Paixão


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora postar.



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A chuva é algo da qual sempre me foi estranho, não que eu tenha algo contra, pelo contrario quando chove parece que tudo esta sendo limpo, como se as coisas ruins fossem arrastadas e apenas o bom resiste. Porém passei boa parte de minha vida vendo o sol, sentindo seu calor sobre minha pele, sendo castigada por sua fúria. No fim a chuva me lembra o novo, o sol o passado.


Mas não posso perde minha concentração agora com isso, lembranças e pensamentos não podem mudar o que está feito, o que eu fiz. Eu só espero que a chuva realmente leve o que é ruim e deixe o bom, e espero mais ainda que eu seja um dos que fique. Mas infelizmente não posso traça meu destino, mas posso impedir que o meu prejudique os de outros.


-Chegou a hora.- Uma voz diz atrás de mim satisfeita.


-Estou quase pronta. -Respondi sem me dar o trabalho de me virá.


-Não há mais tempo para desistir.


-Eu não quero. -Mentir, sempre mentir muito bem, são poucas as pessoas que sabem separar minhas verdades das mentiras, nenhuma delas é o que está atrás de mim.


-Bom, estou esperando. -Dito isso ele se foi me deixando sozinha novamente.


Olhei mais uma vez para a janela vendo a chuva, vendo a cidade, meu lar. Fechei os olhos e respirei fundo, ignorando o bolo que só formava em minha garganta, depois de tudo que aconteceu não seria agora que eu ia quebrar.


Então como num último ato antes de enfrentar o que vinha fugindo há semanas, agarrei com força a Estrela de Davi pendurada no meu pescoço, e invés de busca alguma paz ou oração, lembrei-me de quem havia me dado a corrente, seu rosto fez crescer em mim uma confiança perdida.


Soltei o pingente, mas não à imagem do homem que meu deu, que agora tinha como companhia a seu lado minha família.


Sei que daqui não há volta, e sei dês de muito tempo que quando não nos dão escolha temos que enfrentar e vencer os desafios. Mas sei que ninguém e nada pode mudar quem sou agora:


Ziva David, uma agente do NCIS.


Isaac assuma sua posição, esta na hora. Falei fechando a janela, tinha visto as figuras vestidas de preto que se aproximavam do prédio. Nós já preparamos tudo, sabemos que seriamos atacados e temos que nos proteger.


Durante todo o tempo que estávamos preparando as bombas que ainda não tinha esquecido como preparar, juntando as armas, vendo onde era melhor para esconder e atirar não conseguir tirar lembranças da minha mente, mas não lembranças de mal passado distante e sim do recente. Lembranças de quando eu e Tony nos colocávamos em situações parecidas, Gibbs dizendo que se desobedecesse ia me chuta de volta para Israel, hoje sei que ele não faria isso, mas tudo isso que aconteceu antes formou o presente, e Tony esta certo em eu não poder apagar nada, mas é para isso que sou trazida? Para mais guerra?


-Ziva. -Olhei para Isaac que estava atrás do sofá com sua arma posicionada, ele apontou para a porta, prestam atenção e ouvi que passos estavam cada vez mais alto apesar dos cuidados para serem silenciosos. Peguei minha arma e fiquei do outro lado da sala, não muito escondida mais com uma ótima visão. E durante um breve momento que antecedeu nossas ações sentir o velho sentimento de ansiedade para entra em ação, a Ziva do Mossad não tinha morrido.


Um pequeno barulho foi ouvido, eles tinham conseguido abrir a porta, as bombas caseiras estavam escondidas nos moveis que colocamos na frente, o plano não era se esconder e sim se defender, eles sabem que eu já espero um ataque, então tínhamos que agir rápido.


Assim que o primeiro entrou Isaac começou a atirar, eu o seguir, escondi atrás de um móvel pequeno, eles devolveram o ataque, contei ate cinco e apertei o detonador como planejado, o estrondo tomou conta do ambiente, envolvi minha cabeça com as mãos, a poeira do que havia sido destruído empatou minha visão, mas nada eu ouvi.


-Isaac?- Me atrevi à pergunta, mas não obtive uma resposta. Voltei a pegar minha arma e fui para onde ele devia estar. Isaac.


Chamei novamente, nada. A poeira abaixou um pouco e pude ver que não havia ninguém onde ele estava, olhei ao redor e vi três corpos no chão, os mesmo que estavam do lado de fora da janela. De repente ouvi passos perto de mim, rapidamente me virei colocando a arma em frente a meu adversário, mas não apertei o gatilho não pude.


Eu não gostaria que fizesse isso. Isaac disse, mas não havia tom de brincadeira em sua voz, não tinha como haver, um braço passava por seu pescoço e outro prendia suas mãos. O estavam usando como escudo, se atirasse mataria Isaac, se não atirasse nos morreríamos, porém antes que pudesse tomar qualquer escolha percebi movimentos atrás de mim, tentei me defender, consegui da primeira vez, mas ás vezes não se ta em desvantagem por esta em menos numero, e sim porque seu adversário foi treinado com os mesmos movimentos que você. Eu me aplicava às duas situações e o resultado foi algo batendo de contra minha cabeça antes de tudo ficar escuro.


**


As portas do elevador se fecharam e eu respirei fundo, não será uma missão difícil, mas não é o que estou habituada, mas não cheguei tão longe para recuar agora, eu não recuo, não adianta tentar mudar as coisas, a vida sempre acaba te levando para o mesmo ponto.


Mas o que realmente me incomoda é porque quero esta aqui, não é só porque não tenho escolhas, mas diante de todo que aconteceu preciso respirar, ficar um tempo longe do Mossad, do meu pai, de minha família. A verdade é que não consigo encarar mais ninguém e disser que estou bem, que foi um acidente, não existem acidentes, meu irmão está morto, eu o matei, mas não queria obedecer essas ordens, queria apenas fugir, o salvar, salvar o único irmão que me restava, queria acreditar que ele ainda era meu Ari, a pessoa que sempre me segurou quando ia cair. Não fugimos, Ari fugiu para tão longe que não o via mais, apenas o monstro que ocupava o corpo do meu irmão, o monstro que atirei.


A porta abriu, afundei meus pensamentos em minha mente e dei um passo à frente, eu posso fazer isso. Procurei por Gibbs, mas não o vi, nem McGee ou Tony. Tony... Quase sorri a lembrar dele, seria divertido me aproximar dele, o do sexo por telefone, que havia me seguido, que esconde suas intenções e sentimentos por uma mascara de palhaço. Mas eu tenho a mascara do Mossad, que comece o baile, eu tenho uma missão para concluir.

**


-Ziva? Você esta me ouvindo? -Ouvi Gibbs me pergunta, tentei responder, mas simplesmente minha boa não se abria, palavras não foram proferidas por mais que tentassem, a dor em minha cabeça gritava mais alto que qualquer coisa.


Senti que estava me movendo, mas não conseguir mexer meu corpo, Gibbs falou outra coisa para mim, não conseguir entender o que dizia, sei que são ordens, era o Gibbs, me dando ordens ate quando não posso obedecer.


Tentei falar novamente, pergunta o que estavam fazendo comigo... Isaac. Conseguir mexer meus lábios, ou pelo menos acredito ter conseguido, tentei disser seu nome, ele precisa de ajuda, mas aos poucos senti sendo levada de novo apara escuridão, fiz de tudo para me manter acordada, mas não foi possível. Á ultima coisa que senti antes de ser levada novamente foi o toque suave de uma mão sobre a minha.



Quando acordei novamente não havia ninguém dizendo meu nome, gritos ou ordens. A única coisa que consegui ouvir foi o barulho irritante da maquina ligada ao meu lado que me fez perceber onde estava. Hospital.


Abri meus olhos e confirmei minhas suspeitas, aqui estou eu em uma cama de hospital, em um quarto sem graça de hospital ligada a fios e agulhas espalhadas pelo meu corpo. Presa como uma paciente que precisa de cuidados, frágil e fraca, não é o que preciso ou o que sou neste momento.


Sabendo que provavelmente não deviria me sentar mexi meu corpo me sentando, o que resultou em uma dor de cabeça lembrando-me porque estava ali. Tinham pego Isaac, tinham me derrubado, tudo deu errado.


-Você devia estar deitada. -Olhei para a porta e vi Gibbs entrando.


-Como me acharam? -Perguntei sabendo que não é bom jeito de inicia uma conversa com ele.


-Tony te achou, é a segunda vez que ele desobedecer ordens por você.- Senti a verdade em suas palavras me atingindo, Tony sempre me protegendo, e eu sempre o prejudicando.


-Não pedi para ele vim atrás de mim, deixei claro que podia lidar com a situação. -Falei, Gibbs riu, mas sabia que não estava achando graça.


-Estou vendo que pode.


-Eu estou bem.- Menti, mas uma dor de cabeça não ia mudar isso.


-Serio? Então me diz por que foi encontrada no chão em uma poça de sangue, uma fratura na cabeça e um tiro de raspam no ombro?


-Coisas assim acontecem. -Respondi como se fosse à coisa mais normal do mundo levar um tiro, ou melhor, nem saber que tinha levado um tiro até agora.


-Ziva para com isso, as coisas deram errado, você não conseguiu cuidar de tudo sozinha, tem três agentes do Mossad mortos em sua sala, seu pai esta furiosa querendo explicações, Vance que te punir, você esta em um hospital e todo o resto da equipe esta assustado. Não precisa fingir.


-Eu só queria deixar vocês fora disso.- Disse sem olhar para ele, procurei por meu colar mais não o encontrei.


-Tony tirou estava com sangue, ele esta guardando bem. Quando você vai aprender que pode confiar em nós?


-Eu confio, só não queria colocá-los em perigo, como na Somália. -Não sei ao certo porque disse a verdade, pela primeira vez admitir indiretamente meus erros e diretamente meus sentimentos de preocupação. Mas disser a verdade, admitir que errei, foi meu maior acerto durante todo a dia, e após disser tais palavras senti um alivio dentro de mim. Gibbs me olhou e sorriu se aproximando de mim e disse:


-Eu sei, mas não faça isso novamente. -Quase ri com isso se ele não tivesse dito tais palavras não seriamente, mas me recordei de quando era criança e largava as bonecas para subir em arvores com Ari, quando minha mãe gritava comigo e me mandava não fazer mais isso. Uma lição, sermão ou reclamação, uma ordem, da qual disse que não iria mais desobedecer.


-Sabe o que vai acontecer se me desobedecer novamente, não sabe?


-Vai me chuta de volta par Israel?


-Não, isso não. -Gibbs disse pensativo e então beijou minha testa com cuidado. -O NCIS assumiu o caso, eu estou no comando Vance querendo ou não, quando estiver melhor poderá ajuda.


Não protestei, não adiantaria, apenas concordei e o vi sair do quarto ligando para McGee. Então percebi de que adiantava sim se arrepender de algo, pois o arrependimento não me deixaria cometer o mesmo erro de quase, quase perde a família que me restava. Suspirei e voltei a deitar.


-Olha só, a grande e poderosa ninja detida por uma cama de hospital, nunca achei que viveria o suficiente para ver esta cena, como estou emocionado.


-Oi Tony.- Disse ignorando seu comentário. -Gibbs disse que vocês assumiram o caso.


-Isso mesmo, mas ele me mandou ficar com você.


-Não preciso de uma babá, eu não vou fugir, prometi o Gibbs.


-Eu sei.


-Você ouviu a conversa dos outros atrás da porta, Tony! -Falei não tão admirada assim com sua atitude.


-Foi um acidente.- Ele disse como justificativa.- Esqueça isso veja o que lhe trouxe, tirei para não ficar manchado, está limpo.


Ao disser isso Tony tirou do bolso meu colar e se aproximou de mim.


-Posso?- Fiz que sim e o deixei prender em mim o que havia me dado confiança na ausência daquelas que fazem isso todos os dias para mim.


-Obrigada. -Disse não exatamente por sua ação, e sim pela preocupação, mas não esclareci, de alguma forma soube que ele entendeu.


-Ainda estamos brigados?- Tony me perguntou, agora sentado ao meu lado na cama, me sentei e sentir novamente minha cabeça doer, mas disfarcei para que não percebesse.


-Eu não gosto de briga com você.- Confidenciei, não foi bem uma resposta, mas deu origem a uma.


-Eu também não.- Ele me disse, mas senti que faltava alguma coisa, algo estava sendo escondido.


-O que foi? -Perguntei e ele sorriu.


-Você não deixa nada passar não é ninja?


-Tenho que fazer jus a meu nome. -Falei brincando, mas ele não sorriu, pelo contrario, disse às palavras que não esperava receber naquele momento.


-Depois de te encontrar liguei para Gibbs, você veio para cá, os médicos nos mandou espera, não queríamos, então fomos trabalhar.


-O que aconteceu Tony?


-Encontramos o corpo de Isaac a duas quadras de sua casa. Eu sinto muito Ziva, não gostava dele, mas sei que você sim.


Os olhos de Tony percorreram meu rosto atrás de alguma reação, mas eu não conseguir ter qualquer uma. Eu ouvi suas palavras, na minha mente imagens do que havia acontecido no meu apartamento não eram as que me invadiam, e sim do passado, de quando ainda podia ser uma criança, de quando ainda tinha irmãos e amigos, como Isaac.


-Ziva? -Tony me chamou, olhei, nenhuma lagrima delatava minha tristeza. -O que esta sentindo?


-Nada, já vi a morte de perto muitas vezes para me desespera com mais um encontro. Eu estou bem Tony, não estou surpresa com isso.


P-or quê? Não precisa fingir Zi. -Não precisa fingir, a mesma coisa que Gibbs havia me dito.


-As pessoas que eu amo, ou que estão perto de mim sempre têm dois destinos Tony: Ou me traem, ou acabam mortos. Não estou fingindo, mas não posso mais chorar por cada um deles, eu não vou agüenta se sempre me importa, fica mais difícil quando se sente.


-Não é verdade Ziva, guarda tudo dentro de você é que torna mais difícil. --Tony me disse olhando diretamente nos meus olhos realmente tentando me convencer.


-Prove.


-Quando guardamos sentimentos dentro de nos ele invés de sumir só aumentam, vão acumulando a cada momento que algo nos lembra da existência deles, vai nós provocando cada vez que tentamos esconde-lo mais e mais, ate que chega o momento do estopim, quando não se é capaz de segura-los dentro de si.


-Se pode evita o estopim Tony, é só ignora. -Ele riu com o que disse e voltou a olhar para mim.


-Não, não é Ziva, não se pode evitar.


-E quando ele chegar o que você vai fazer? Simplesmente coloca tudo para fora? Quebrar?


-Não se trata de quebrar, se trata de ser forte para enfrente sua própria situação de frente não esconde-la, você é a pessoa mais forte que conheço, pode fazer isso.


-Você pode? Pode enfrentar tudo aquilo que esconde?


-Ás vezes eu penso que sim, outras que não.


-Deveria enfrentar.


-Estamos falando de mim agora? -Ele perguntou sorrindo e eu o acompanhei, apesar da conversa tensa sobre enfrentar o que sentimos Tony ainda era capaz de me fazer sorri.


-Estamos à maioria das vezes falamos de mim, vamos fala de você, afinal você é minha babá esta noite.


-Tudo bem, o que quer saber David?


-O que você esconde dentro de você? O que tem medo de mostrar?


-Isso não, próxima pergunta.


-Porque não? Vamos lá Tony, responda.- Insistir e ele suspirou em derrota.


-Porque você pode não gosta da resposta.


-Você nem tentou. -Protestei.


-Tenta arriscaria muita coisa, muito mais do que você gostar ou não.


-A vida é feita de riscos, nos sabemos disso muito bem. Vamos Dinozzo, eu te desafio a me contar a verdade.


-Não me provoque David. -Ele falou entrando na brincadeira.


-Por favor. -Pedi, ele me olhou surpreso com meu pedido e ao contrario do que imaginei ele não tentou escapar com mais brincadeiras, ele aceitou.


-Quer mesmo saber? Perguntou e eu fiz que sim.


-Eu quero sim, me diga logo. -Falei impaciente ele sorriu e antes que pudesse reagir sua mão estava em meu rosto.


-Esse é meu segredo. -Ele falou, não reagi ao toque, não conseguir ignora o pequeno calor que ele provocava em mim. Esse é o sentimento que escondo todos os dias dentro de mim, ou pelo menos tento.


Dito isso e ainda sem reagir a suas ações seus lábios, os lábios te Tony Dinozzo meu parceiro se se encostaram ao meu. Não como foi quando estávamos disfarçados no meu primeiro ano no NCIS, não foi uma invasão, provocação, ou fingimento. Foi simples, singelo e verdadeiro, tão verdadeiro que quando menos esperava estava devolvendo o que me deu, estava finalmente reagindo a seu toque, estava enfrento algo que mentia dentro de mim, abafado por tantas outras coisas.


Ou melhor, nos dois estávamos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, bjs