Lembranças Vivas escrita por Lety Paixão


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo é constituido mais por uma lembrança que queria escrever a um tempo. Espero que gostem.



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  Tomar decisões nunca foi fácil, escolhas que podem nos levar a caminhos perigosos e que em alguns casos não à volta. Esse é meu maior medo, não poder voltar, joga fora tudo que conquistei por uma resposta que provavelmente não vou gostar. Mas o que esta feito não pode ser desfeito, eu estou envolvida nisso quando atendi aquela ligação, quando não deixei para trás as lembranças e vivi as que poderiam vim.

  Só que não são arrependimentos e duvidas que vão fazer as coisas melhorarem e sim eu termina logo com tudo. É isso que estou fazendo, voltando para meu apartamento, não para descansar e sim para procurar respostas junto com aquele que trouxe as perguntas.

  -Isaac! –Chamei antes de abrir a porta, como não obtive resposta, peguei minha arma entrando com cuidado.

-Solte isso, sabe que não gosto de ser recebido assim. –Suspirei fechando a porta, temi que chegasse tarde demais, para minha sorte, eu acho, isso não aconteceu.

-Pode guarda as malas você fica.

-Porque mudou de idéia?

-Porque não fica agradecido e vê se tem alguém nos vigiando? –Sem reclama ele fez o que eu disse e foi para a janela enquanto atendia meu celular que tocava.

-Ziva é McGee, eu consegui o que me pediu.

-To ouvindo.

-Bem, Sebstien Parke foi enviado para Israel pela CIA um ano antes da sua morte, não consegui muito sobre sua missão, o arquivo é bem protegido, mas parece que ele tinha que criar laços com o Mossad para fazer uma investigação sobre á agencia. Foi só o que consegui.

-Obrigado McGee. –Falei desligando o telefone antes que ele dissesse mais alguma coisa, eu sei o Tony deve o ter deixado em paz, quanto menos ele soube o que farei melhor para ambos.

-Ziva você estava certa, Mossad esta nos vigiado não tem com sair. Será que eles vão tentar entrar?

-Eu não sei, provavelmente. –Respondi verificando a janela e confirmando a informação.

-O que vamos fazer?

-O que nos resta fazer, nos proteger. –Disse colocando minha arma novamente aposta em minha mão, isso não é bom, mas é o que nos resta. “Proteger” Pensei enquanto segurava minha Estrela de Davi.

 ***

O vento frio da madrugada brincava com meus cabelos enquanto atravessava a rua, instantaneamente afundei minhas mãos no bolso do casaco.

Respirei fundo pela terceira fez antes de coloca minha mão na maçaneta da porta e gira-la. A primeira vez foi quando tentei me acalma ao acorda gritando novamente, a segunda foi quando criei coragem para sair do carro e atravessa a rua ate aqui.

 Aqui...Não me admiro esta logo aqui, mesmo com tudo que aconteceu não a outro lugar para se ter respostas, para ver a verdade em suas próprias palavras que parecem não existir. Para conseguir respirar sem não ter mais que fingi, porém só faz um mês que voltei e conhecendo o dono da casa, sei que as coisas levam tempo para se firmarem, no meu caso se reconstruírem.

 -É melhor entra de uma vez, vai chover. –Uma voz bastante familiar falou de dentro da casa, sem mais escolhas abri a porta e entrei a fechando em seguida.

 A sala estava com a luz acessa e tirando a xícara de café na mesinha do centro não havia nada fora do lugar, ninguém no local para ser exata. Mas não esperava que tivesse, não era ali que teria minhas respostas e sim no lugar que matei meu irmão.

 Quase ri com meu pensamento, então era aqui que eu parava depois de sobreviver três messes na Somália? Na casa do meu chefe, indo para seu porão no mesmo lugar que dei um tiro em meu próprio irmão e que quebrei dias depois de ter voltado a America, parecendo uma criança que não consegue dormi e vai para cama de seus pais?

Pais, quem eu quero enganar, é exatamente por isso que estava aqui, para ser ouvido mesmo não querendo falar, para que alguém me abrace e diga que vai ficar tudo bem, para que não me mande para a morte, mas que me faça aprender com meus erros.

-O que veio fazer aqui? –Gibbs me perguntou assim que apareci em cima da escada.

 Não era assim que devia ser, ele devia apenas me olhar e trabalhar na madeira, esperar eu fala algo. Ele nunca pergunta antes, nunca força. Mas eu já sabia, cedo demais.

-Eu não sei. –Menti, não que eu realmente saiba, mas tinha uma breve noção.

-Enquanto descobre faça alguma coisa, pegue a lixa. –Desci as escadas e fiz exatamente o que me mandou, peguei a lixa e fui para seu lado tentando imitar seus gestos.

-Mas suave. –Ele disse, relaxei um pouco a mão e recomecei meu trabalho não tirando meus olhos da madeira.

-Vai fazer outro barco? –Perguntei não como uma tentativa de ameniza a situação, mas sim curiosa.

-Ainda estou esperando a madeira me disser. Continue assim.

 Eu continuei, ele continuou, os minutos também continuaram a trabalhar. E depois de um tempo percebi que estava mais relaxada, meus movimentos estavam mais calmos, como se já trabalhasse nisso há anos.

-A madeira já lhe disse? –Perguntei quebrando nosso silencio, estava bom poder finalmente respirar sem pensar porque me sentia sufocada, apenas respirar.

-Não, não disse. –Gibbs respondeu parando com o trabalho e jogando a lixa para o lado antes de se virar para mim. –Já te disse?

-Nunca precisou. –Respondi também parando de lixar, mas sem desvia meu olhar do que tinha feito. –Nunca parei para perceber isso, o depois.

-Do que esta falando?

-Da madeira. –Respondi simplesmente como se não tivesse nada de estranho. –Ele vem para você com defeitos, nivelamentos e fiapos. Em pouco tempo com apenas paciência fica desta forma, lisa apenas esperando seu destino, pronta para se transforma no que você quiser. Só paciência, é isso que me falta.

-Parece que a madeira te respondeu.

-Parece que sim, esta tarde é melhor eu ir, obrigado por te me recebido. –Falei antes de tentar sair dali.

-Ziva espere. –Eu parei, depois de anos recebendo suas ordens era que instantâneo não o obedecer. –Você esta bem?

-Estou, agora estou. –Respondi e logo percebi que era mais para mim mesma. Eu tinha que ter paciência, espera o tempo passar para tudo se ajeita e eu ia supera o que passou. Mas ainda não reconfortava, não me deixava mais confiante, eu ia para de ser atormentada por minhas lembranças, mas quando isso ia acontecer?

-Pare de mentir, achei que já tinha passado dessa fase. –Suas palavras me acertaram com muito mais força do que qualquer coisa que já me feriu, e eu não posso revidar, não contra a verdade. Eu menti, escondi minha missão, escondi minhas ordens, e por mais que todo o resto tenha sido real para mim não ia adiantar discuti.

-Eu passei, mas eu não sei se estou bem. –Tentei explicar pela primeira vez olhando e sua direção, percebi que seus olhos me estudavam a procura da verdade. –Estou confusa.

-Com o que? Você voltou, esta na equipe e vai se torna uma cidadã americana, o que falta?

-Eu não sei! Eu estou feliz por ter tudo isso Gibbs, eu realmente estou. Mas também estou cansada, acorda assustada, não conseguir dormi, chegar ao trabalho e ver que eu podia ter perdido aquilo para sempre, arrependimentos, provar que posso esta ali, eu só quero ser eu!

  Gritei, gritei esquecendo onde estava e com quem estava falando. Gritei colocando todos meus tormentos para fora e enfim respirando, e desta vez de verdade. Mas ainda atordoada pelo que tinha me atrevido a fazer olhei para Gibbs que não demonstrava qualquer emoção, mas que se aproximou de mim e sussurrou:

-Então seja você mesma, não prove que merece confiança, mostre isso, não finja que mudou, mude.

-Eu não consigo, eu não sei quem eu sou Gibbs. –Falei sentindo meus olhos arderem com a dor da verdade, como um instinto passei minha mão sobre meu pescoço, não havia nada lá que me desse confiança. –Parte de mim ficou na Somália, outra parte em Israel.

-Essas partes são você Ziva, você não tem que aboná-las por esta aqui. Elas te formaram, e anda te formam, são mais que um passado, é seu presente. Não as perca, mesmo aquela que te traz dor, afinal é ela que mostra suas conquistas.

-Mas eu não quero mais sentir dor. –Falei deixando que um lagrima teimosa rolasse pelo meu rosto e antes que eu pudesse enxugá-la os braços de Gibbs cruzaram meu corpo e antes que pudesse me impedir minha cabeça estava sobre seu ombro que começava a ser molhado por lagrimas.

-Eu sei Ziver, eu sei. –Ele sussurrou em meu ouvido enquanto sua mão acariciava minha cabeça, meus soluços se tornaram mais intensos, porém apesar de tudo sentir-me melhor, como se tudo que eu estava tentando segurar finalmente tivesse saída.

-Gibbs...

-Não diga nada, eu sei que senti muito, todos nos sentimos. Mas não se lamente tanto você tem uma vida, amigos por mais que tenha sofrido você é forte.

-Você tem razão, eu só estava...

-Cansada, eu percebi. –Gibbs me completou. –Eu sei que você sofreu Ziva, mas quero que não se torture mais com isso, quero que viva, entendeu?

-Entendi. –Respondi sentido sua mão passar por minha nuca e para em uma de minhas cicatrizes da Somália. Gibbs não disse mais nada, me afastou tirando algo de seu bolso.

-Estava esperando você aparecer. É igual à antiga, mas espero que traga coisas novas.

 Olhei incrédula para o que ele me estendia. A corrente dourada balançava ao ser empidurada em sua mão, ela carregava com sigo um pingente da mesma cor e que eu conhecia muito bem, A Estrela de Davi. Sem saber o que disser deixei que Gibbs a colocasse em meu pescoço a assim que a senti sobre minha pele segurei o objeto.

-Obrigado. –Falei finalmente e então olhei para o homem que depois de trair sua confiança devolvia um pedaço de mim.

-Vá para casa e descanse. –Obedeci sem pergunta à resposta da única pergunta que tinha ficado no ar. Quem eu era. Mas Gibbs não precisou disser, eu já sei quem sou.


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