Kira escrita por atalanta


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Perdida no Egito. Meu sonho de consumo.



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Os corredores estavam escuros, as longas paredes adornadas por pinturas representando divindades, estendiam-se tortuosamente como num labirinto. E aquela voz que me chamava. Kira! Eu podia ouvir nitidamente no início, mas agora o som era mais urgente e abafado. Eu adentrava cada vez mais na pirâmide, com certeza se algo acontecesse comigo levariam dias até me encontrarem. Nem mesmo os exploradores mais experientes iriam tão longe sem companhia.


Eu abandonei o acampamento, deixei meu pai e os demais historiadores na entrada da pirâmide e parti sozinha quando eu ouvi a voz. Era feminina, suave e agradável. Ela me chamava tão docemente como deixar de seguir? Eu ainda ouvia a voz do meu pai liderando a expedição quando comecei a me afastar. Eu já havia visitado aqueles corredores. Havia pequenas marcações nas paredes que indicavam um caminho a seguir para se encontrar a saída.


Eu conhecia tão bem aquelas pinturas, aprendi a identifica-las ainda criança, a maior parte do que eu sei sobre o Egito eu aprendi com meu pai, importante arqueólogo. Os livros de história parecem não ser realmente completos sobre esse povo tão intrigante.


Cada vez que eu percorria a luz da minha lanterna pela parede novas imagens surgiam para mim, eram tão belas. Grande parte dessa história está contada em paredes, pintadas eternamente em lugares quase inatingíveis das pirâmides.


Era como estar num intrincado labirinto, cada corredor se dividia numa bifurcação. Atrás de cada porta havia uma outra escada. Eu passei por mais uma sala vazia, ainda ouvindo aqueles chamados. Eu sei que a cada passo eu me aproximava de algo misterioso, talvez perigoso. Aquela voz parecia tão urgente, parecia aflita quase. Preocupava-me que alguém estivesse perdido ali.


A luz da minha lanterna reduziu muito, eu só sentia a areia sob meus pés. Não adiantaria chamar meu pai, meu celular estava em minha bolsa, porém eu duvido que a operadora de Londres funcionasse em pleno deserto do Cairo.


Kira! Venha Kira! Eu percorri esses corredores por tanto tempo, talvez horas. Por que eu decidi seguir uma voz, uma voz que agora era quase fantasmagórica? A atmosfera de medo era palpável, o que eu sentia era pavor puro. Minhas pernas começaram a falhar, recusavam a seguir adiante. Voltar eu não poderia, pois não me lembrava do caminho. A única opção é continuar em frente. Sempre em frente. Eu poderia encontrar uma saída.


O típico calor do deserto deu lugar a um frio horrível, eu passei por mais uma câmara vazia e segui por uma escada que escurecia cada vez mais profundamente. Eu pensava em meus pais, minha mãe que me cria desde seu divórcio, meu aventureiro pai. Eu sentia que não havia mais esperanças para mim. Este era meu fim.


A escada terminou. Havia apenas uma porta simples de madeira que não resistiu quando a empurrei. Ela se abriu ruidosamente e revelou montes de areia espalhados, minha experiência em história egípcia me fez crer que naquela sala poderia haver armadilhas, eu devia ser cautelosa. Havia mesas em mármore fino cobertas de peças em ouro e prata, ainda que no escuro eu pude ver de relance pedras preciosas brilhando quando eu passei a lanterna pelo ambiente.


Eu observei que uma da paredes começara a ruir, havia uma abertura por onde entrava um feixe de luz. Repentinamente eu reagi num reflexo me escondendo atrás de uma das mesas. Havia mais alguém na sala. Eram duas pessoas.


- Olá, senhorita Kira. É bom que tenha chegado a tempo.  - Cumprimentou um homem mais velho aparentava ter em torno de quarenta anos. Tinha cabelos castanhos e pele morena, estava acompanhado de um jovem alto de cabelos cumpridos e olhos bem verdes, sua pele era igualmente corada pelo Sol.


- Me desculpe senhor, eu estou perdida pode me ajudar a voltar para a expedição. Meu pai é Pierre Glian decerto ele poderá recompensá-lo.


- Não será necessário, apenas me acompanhe pode ser perigoso ficar aqui. - este homem pareceu bastante tranqüilo, mas ainda assim era estranho encontrar uma pessoa ali, talvez eu estivesse sofrendo de uma alucinação do deserto.


- Senhor como devo chamá-lo, já que parece conhecer-me? - Perguntei, pois não queria confiar facilmente num estranho.


- Meu nome é Derek e este jovem, é Sed meu aprendiz. - Disse-me apresentando também o garoto. Sim era um garoto, não parecia ter mais que dezessete anos.


- Está bem.


- Venha a saída é por aqui. - Mostrou o homem, ele passou na frente pela porta eu o segui e o garoto veio logo atrás. Andamos por um corredor estreito, mas eu já podia ver uma luz a frente. Curiosamente eu não atentei ao fato de que eles estavam vestidos com antigas roupas egípcias.


- O que é isso? - Eu perguntei aturdida, era remotamente impossível que aquilo fosse verdade. Eu estava vendo o Egito em pleno apogeu, estava tudo lá. E a pirâmide de que eu acabara de sair era apenas o início da suntuosa construção que viria ser. - Explique,onde eu estou? Onde está meu pai? Eu vou ligar para ele. - eu tirei meu cular da bolsa, mas ele estava sem sinal.


- Garanto que seu celular não funcionará aqui, ele só será inventado em alguns milênios.


- Não brinque comigo, o que está acontecendo? - eu perguntei nervosa, ele se mantinha calmo e Sed parecia me desprezar.


- Acalme-se. Venha comigo e eu contarei tudo.


- Eu não vou com você. - Eu corri pela areia fofa, escorregando em meus próprios pés nessa fracassada tentativa de fuga. Em um minuto Sed me alcançou e me carregou em seu ombro. Ele era forte para sua idade. Não adiantou me debater ele me segurava forte junto ao corpo.


- Vamos Sed, vamos levá-la para casa.


- Não pode fazer isso comigo. Você está me seqüestrando. - Eu me debatia e gritava, mas eles ignoravam. Eu me arrependi tanto de ter me perdido na pirâmide, agora eu era levada por dois estranhos.


- Eu disse que não era uma boa idéia traze-la aqui. - Retrucou o garoto, que não falou nada até agora e quando fala, diz isso. Se era verdade que eles me trouxeram para cá? É impossível.


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Notas finais do capítulo

O que será que a jovem Kira vai fazer em pleno Egito?


Capítulo inicial da minha história favorita. Esta é uma das primeiras histórias que escrevi. A única, por enquanto, em primeira pessoa. Fico muito feliz em poder mostrá-la a voces. Espero que gostem!



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