Mas Eu Não Me Importo. escrita por Sophie


Capítulo 10
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Notas iniciais do capítulo

Espeero que gostem!



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– Felipe, por que você tem esse emprego? – perguntei assim que coloquei o telefone no ouvido.

– Porque eu gosto. – respondeu ele imediatamente.

– Não, isso não é resposta, ninguém gosta de ver cadáveres.

– Olha, na verdade – ele começou – foi por causa do meu irmão.

O Felipe tem irmão?

– Ele foi assassinado. – ele continuou

Tinha irmão.

– Não que ele fosse uma boa pessoa – ele hesitava antes de falar – ele era um estuprador, e a sua última vítima o matou.

Será? Não, não era possível, será que o mundo era tão pequeno assim?

– Felipe, você se importa em fazer um exame de compatibilidade de rins?

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Acordei com a minha cabeça deitada no peito dele, notei uma tatuagem que ocupava parte do peito e do braço, não haveria como notá-la se ele estivesse de camiseta. Minha saia estava levantada, deixando a minha calcinha exposta, e era onde ele descansava sua mão. Movimentei a minha cabeça de leve, e ele me puxou pra mais perto, aninhando - me mais em seu peito.

– Hmmm – disse Tom.

Abri um olho, ainda estávamos naquele prédio velho.

O celular dele tocou.

– Bosta- ele disse- é o alarme.

Eu ainda estava um pouco sonolenta.

– Que?

– Eu marquei um ensaio pra hoje.

– E você não ia me avisar?

– Eu já sabia que você estaria comigo.

Eu me levantei, arrumei a saia e comecei a procurar pela minha jaqueta.No caminho, achei a camiseta dele e arremessei ela em sua direção, ele pegou a no ar vestiu-a e disse :

– Vamos.

Pegamos o metro, sempre de mão dadas o que me deixava um pouco envergonhada, não sei se estava pronta para alguma coisa séria. Eu ainda teria que fazer o esquema das baladas, eu era sem-teto e um namorado certamente não aceitaria isso.

Quando chegamos no nosso salãozinho de ensaios, os outros já estavam lá.

– Quem diria que você fosse ser uma má influência pro Tom assim- disse Rique - ele até chegou atrasado.

– Não existe esse negócio de má influência – disse me sentando - a gente faz o que a gente quer.

Tom se deitou com a cabeça do meu colo e eu comecei a brincar com os cabelos loiros dele.

– ÔÔÔ casal maravilha – começou Mike.

– Casal o que? – perguntei

–Não importa – ele continuou – eu fiz uma música pra vocês*.

– Se eu fosse você não se animava, a última música que ele fez pra mim se chamava “Tom is gay” (Tom é gay em português).

Mike começou a tocar e cantar:

Beauty Queen of only eighteen

Rainha da Beleza de apenas 18 anos

She had some trouble with herself

Ela tinha alguns problemas com si mesma

He was always there to help her

Ele estava sempre lá para ajudá-la

She always belong to someone else

Ela sempre pertenceu a outro.

Eu estava prestes a falar que não pertencia a outro quando alguém arrombou a porta:

– Sou da polícia, Srta. Gabriela Buenocore, você terá que me acompanhar.

Tom automaticamente olhou pra mim:

– Você fez alguma coisa?

–Não – respondi.

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Eu estava em uma sala cinza com uma luminária apontada pra minha cara.

– Então, é exatamente igual nos filmes – eu disse.

– Eu sou a agente Susana – ela disse.

– Você já sabe meu nome.

– Estamos aqui pra falar do assassinato de Marcos Carvalho.

–Quem é Marcos Carvalho?

Ela abriu gaveta, pegou a foto que estava por cima e na foto de baixo era o “João”. Aquele João, daquele dia da rua. Será que ele tinha sido atropelado? Era culpa minha.

– Me dê as duas fotos. – eu disse.

Ela entregou as duas.Olhei a primeira, era o taxista que falava errado, mas não estava interessada nessa, quando olhei a segunda, quase caí da cadeira, era realmente o João.

– Ele está bem?- eu estava falando do João.

– Ele foi assassinado.

– ASSASSINADO?

– Sim.

Mostrei a foto do João.

– Assassinado?

– Não, ele foi atropelado.

– ATROPELADO?

Meu Deus,era minha culpa.

– Ele precisa de um rim – ela disse

– Eu ficarei feliz em fazer o teste.

– Ótimo. – ela continuou- De onde conhecia ele?

– Foi numa balada, passei a noite com ele depois.

Isso pareceu suficiente para ela, então não mencionei que ele tinha sido atropelado por minha culpa, eu podia não ter largado ele no meio da rua falando sozinho, se arrependimento matasse....

– Você está aqui por causa da outra foto.

– O taxista?

– Isso. – O que sabe sobre ele?

– Que eu andei de taxi com ele, e ele falava errado.

– Ele foi assassinado.

– E você acha que eu o matei.

– Você é a única suspeita.

– Ele tinha filhos?

– Uma, oito anos.

– Se eu fosse você estaria falando com a filha dele.

– Porque?

– Porque daqui há dez anos você vai acusá-la de matar um taxista.

Dito isso me levantei e fui embora. Precisava ver se o João estava bem, a foto dele ainda estava na minha mão.

–--------------

Porque aquela menina tinha falado aquilo?

Resolvi pesquisa-lá no Google.

Ah, certamente não tinha sido ela. A morte já havia infernizado demais a vida dessa menina.


*A música já existe e é She Will Be Loved – Marron 5




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Notas finais do capítulo

E ai? Me contem o que acharam!!